terça-feira, 28 de novembro de 2017

TIRINHAS COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO

TIRINHAS

1 – Níquel Náusea, Fernando Gonsales


a)   O que leva a mulher a observar que o papagaio “fala tudo errado”?
A mulher identifica, na fala do papagaio, diferenças entre a maneira de ele pronunciar certas palavras e a pronúncia socialmente aceita como “correta” das mesmas palavras.

b)   A que conclusão se espera que o leitor chegue, ao ler o segundo quadrinho, sobre o motivo que leva o papagaio a falar como fala?
Quando o leitor lê a fala da pessoa de quem a mulher supostamente comprou o papagaio, identifica o mesmo tipo de pronuncia observada no papagaio. O papagaio aprendeu a falar da mesma maneira como o dono que ensinou.

c)   O que a observação da mulher sugere a respeito da maneira como as pessoas costumam avaliar diferentes maneiras de falar?
A reação da mulher, ao classificar como “errada” a fala do papagaio, deixa implícita uma expectativa característica dos membros de qualquer comunidade linguística: a de que existe apenas uma forma “correta” de pronunciar as palavras.

2 – O melhor de Calvin, Bill Watterson

a)   A graça da tira está no uso que Calvin e sua mãe fazem da linguagem nos três primeiros quadrinhos. Explique essa afirmação.
A graça da tira está no estranhamento com relação à linguagem utilizada por Calvin e sua mãe nos três primeiros quadrinhos. Isso deve-se ao fato de que a língua falada por eles é extremamente formal em um contexto de informalidade.

b)   No último quadrinho, Calvin pergunta se não há nenhum seriado policial em que as pessoas falem como “gente de verdade”. Como seria a fala de “gente de verdade”?
Calvin faz uma crítica à linguagem utilizada em um “seriado de polícia” a que ele e sua mãe assiste. Para ele, essa linguagem não corresponderia à que ele conhece e que, de fato, deveria ser usada em programas de televisão.


3 – leia a tira e responda:

a)   Para entender a tira, é preciso identificar o contexto estabelecido em cada um dos quadrinhos. Quais são esses contextos?
No primeiro quadrinho, vemos uma dona de casa que faz uso de uma vassoura para limpar o chão.
No segundo, uma bruxa voa com o auxílio de uma vassoura.
No terceiro quadrinho, um homem utiliza uma vassoura para matar um rato.

b)   Embora a fala das personagens seja exatamente a mesma, ela traduz um sentido diferente para cada uma das situações em que ocorre. Quais são esses sentidos?
No primeiro quadrinho, o uso da vassoura provoca dor nas costas da mulher. Por isso ela afirma, “essa vassoura está me matando”.
No segundo quadrinho, observa-se que bruxa está em queda livre e, se não conseguir controlar sua vassoura voadora, vai se espatifar no chão.
No terceiro quadrinho, o desejo do homem é utilizar a vassoura para matar o rato. A fala dita pelo rato, deve ser entendida que se ele for atingido provavelmente morrerá.

c)   Explique por que a identificação do contexto é fundamental para a compreensão do sentido do enunciado “Essa vassoura está me matando”.
Somente vendo as imagens podemos traduzir que os sentidos são diferentes um do outro, embora a fala dos personagens são exatamente a mesma.
4 – Leia a tira abaixo:

a)   Para responder de modo adequado à primeira pergunta, o homem de terno verde deve interpretá-la de uma determinada maneira. Explique.
A primeira pergunta deve ser entendida como um questionamento sobre a capacidade do homem de terno para usar computadores em um contexto profissional.

b)   Como ela foi interpretada pelo homem de terno verde?
O homem de terno verde interpretou a pergunta como se referindo à sua capacidade de “provocar” ou “irritar” um computador.

c)   O que, na tira, indica que foi dada outra interpretação à pergunta inicial?
A atitude da personagem que, logo após a pergunta, passa a “ofender” o computador, chamando-o de “calculadora de bolso” e perguntando se ele tinha sido importado de Neanderthal.

d)   Que termo, na fala inicial, desencadeou a segunda interpretação? Por quê?
O termo que gerou essa interpretação foi o verbo mexer, que pode significar tanto “ter habilidade para uma determinada tarefa” quanto “provocar, irritar”.

e)   Considerando o contexto em que as duas personagens se encontram, essa segunda interpretação é possível? Explique.
Não. O contexto de uma entrevista de emprego, como o que está retratado, impede que se interprete o verbo mexer como sinônimo de “irritar”.

5 – Leia a tira abaixo:

a)   No último quadrinho da tira, o galo reage enfurecidamente a algo que foi dito no segundo quadrinho. Por que o galo tem essa reação?
Ele imagina que a galinha está pensando em algum outro galo e, por isso, se enfurece.

b)   Que trecho da fala da galinha, permitiu a interpretação equivocada do galo?
Trecho: “... estou com esse belo galo na cabeça!”.

c)   Que sentido tem, para a galinha, esse trecho da sua fala?
A galinha faz referência ao calombo que se formou após ela ter batido a cabeça.

d)   O duplo sentido foi um efeito desejado pelo autor da tira para produzir o humor. Como ele produziu esse efeito?
O autor produz esse efeito ao fazer com que o galo não ouça o início da conversa. O duplo sentido, nesse caso, é gerado porque galo e galinha associam a expressão “esse belo galo”.

6 -  Leia a tira abaixo:

a)   Na tira, o general Dureza diz à sua secretária, dona Tetê, que não consegue retirar a aliança de casamento do dedo. A observação feita por dona Tetê, no último quadrinho, sugere que ela considera isso um problema. Por quê?
Ela imagina que a aliança esteja muito apertada no dedo e possa, por esse motivo, prejudicar a circulação de sangue no local.

b)   A resposta dada pelo general deixa claro que ele deu uma interpretação inesperada à fala de sua secretária. Que interpretação é essa?
Pela resposta do general Dureza, fica evidente que ele está se referindo à sua liberdade para fazer o que bem entender e ir a qualquer lugar que deseje. Circulação, esse caso, significa deslocamento de uma pessoa e não fluxo de sangue, como na pergunta de dona Tetê.

c)   Que opinião sobre o casamento fica implícita na fala do general?
Como o general atribui sua impossibilidade de se deslocar livremente ao fato de ter se casado, podemos concluir que ele julga que o casamento cerceia a liberdade das pessoas.

d)   Explique por que o efeito de humor da tira depende da dupla interpretação da fala da secretária.
É justamente a dupla interpretação dada à observação de que a aliança pode prejudicar a circulação que desencadeia o efeito de humor, porque ela permite ao general revelar sua opinião sobre o casamento.

7 – Leia a tira abaixo:

a)   Considerando as falas das personagens no primeiro quadrinho, explique por que Hagar imagina que o homem com quem conversa seria “sentimental”.
O homem diz que sente saudades do vento salgado batendo em seus cabelos. Hagar provavelmente associa esse sentimento a uma postura mais sentimental, de alguém que relembra o passado com nostalgia.

b)   A resposta dada pelo homem à pergunta de Hagar é a esperada? Justifique.
Não. A primeira fala da personagem, aludindo à saudade do vento batendo em seus cabelos, sugere que Hagar tem bons motivos para considera-lo sentimental. Sua resposta é surpreendente, porque muda completamente o foco do diálogo para uma condição física.

c)   Qual pode ter sido a intenção do autor da tira ao mudar o foco do diálogo? Explique.
O autor da tira provavelmente pretende provocar o riso do leitor com a resposta inesperada do interlocutor de Hagar.


8 – Leia a tira abaixo:

a)   Na tira a mãe de Calvin procura convencê-lo a comer um prato de comida vegetariana. Como o menino reage à sugestão da mãe?
Calvin demonstra aversão à comida vegetariana. Alega que não é vegetariano.

b)   Elabore uma hipótese, a partir da análise da estrutura da palavra vegetariana, para explicar a reação de Calvin.
Calvin conclui, pela observação do prato de comida, e também pelo adjetivo que a qualifica, que os alimentos presentes são todos vegetais.

c)   No último quadrinho, Calvin cria uma palavra para explicar suas preferências alimentares. Que palavra é essa?
Sobremesiano.

d)   Explique qual foi o processo de formação de palavras utilizado pelo menino.
Calvin faz uso da derivação por sufixação e cria, por analogia a vegetariano, o adjetivo sobremesiano.

9 – Leia a tira abaixo:

a)   Qual a intenção de Mafalda ao dizer que é um presidente?
Mostrar-se como uma autoridade superior, que toma as decisões sobre a sua própria vida.

b)   Por que a resposta da mãe deixou Mafalda sem ação?
Porque a mãe de Mafalda mostra que existem organizações internacionais que têm mais poder que um presidente.

c)   Você já ouviu falar em algum dos organismos internacionais citados pela mãe de Mafalda?
Resposta pessoal do aluno.



MÚSICA(ATIVIDADES): METEORO - LUAN SANTANA - COM GABARITO

Música(Atividades): Meteoro

                                             Luan Santana
Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Depois que eu te conheci fui mais feliz
Você é exatamente o que eu sempre quis
Ela se encaixa perfeitamente em mim
O nosso quebra-cabeça teve fim

Se for sonho, não me acorde
Eu preciso flutuar
Pois só quem sonha
Consegue alcançar

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Depois que eu te conheci fui mais feliz
Você é exatamente o que eu sempre quis
Ela se encaixa perfeitamente em mim
O nosso quebra-cabeça teve fim

Se for sonho, não me acorde
Eu preciso flutuar
Pois só quem sonha
Consegue alcançar

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Tão veloz quanto a luz
Pelo universo eu viajei
Vem! Me guia, me conduz
Que pra sempre te amarei

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar!
Ah! Como é bom poder te amar!

Interpretação do texto:
01 – O eu lírico afirma que deu a alguém o sol, o mar. Isso é possível? O que ele quis dizer?
      Não. Significa que entregou seus sentimentos a alguém.

02 – O que é ganhar o coração? Que outros verbos podem substituir o ganhar?
      Ser amado, sentir que é correspondido pelo seu amor. Podem ser os verbos: apaixonar, conquistar.

03 – Que outras palavras aparecem no texto fora do sentido, que podemos encontra no dicionário?
      Meteoro, raio, explosão, universo, flutuar, etc.

04 – Complete com as figuras de linguagem os seguintes versos:
a)   “Te dei o sol, te dei o mar.”
Hipérbole, metáfora e anáfora.

b)   “Você é raio de saudades.”
Metáfora.

c)   “Meteoro da paixão / Explosão de sentimentos.”
Hipérbole, metáfora e comparação.

d)   “Coração no peito sofre.”
Hipérbole.

e)   “Minha terra, meu céu, meu mar.”
Ironia.

f)    “Pelo universo eu viajei.”
Hipérbole.

g)   “Tão veloz quanto a luz pelo universo eu viajei.”
Comparação.

05 – Meteoro (Sorocaba)
        Te dei o sol
        Te dei o mar
        Pra ganhar seu coração
        Você é raio de saudade
        Meteoro da paixão.
        Explosão de sentimentos que eu não pude acredita
        Aaaahh...
        Como é bom poder te amar [...]

O trecho da canção de autoria de Sorocaba, que ficou famosa na voz de Luan Santana, está escrito em linguagem coloquial. Quanto ao uso dos pronomes oblíquos, marque a alternativa correta.
a)   Se o autor tivesse optado pelo uso do pronome de acordo com a gramática normativa, e, desse modo, tivesse realizado a colocação do pronome oblíquo após as formas verbais com que se iniciam os dois versos do início da canção seria possível interpretações diferentes das apresentadas por conta da cacofonia (união sonoro de sílabas que provoca estranheza auditiva).
b)   O fato do texto trazer pronome oblíquos em vez de retos acentua a ideia de precisão ao escrever de acordo com as normas estabelecidas pela gramática normativa, pois os oblíquos, de uso mais elaborado que os retos, garantem mais legibilidade ao texto escrito ou falado.
c)   A opção pelo uso de pronomes oblíquos é um indício das tentativas do autor de gerar duplo sentido em seus enunciados, uma vez que nos dois primeiros versos houve ajuste preciso ao que se determina nas gramáticas de línguas portuguesa.

     d) Os pronomes oblíquos presentes no trecho da canção visam promover             elegância e estilo, uma vez que estão estritamente de acordo com o que           se preconiza nas gramáticas normativas

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

TEXTO: CARTA DE CAMINHA - FRAGMENTO - COM GABARITO

Texto: Carta de Caminha(Fragmento)
            Silvio Castro


   Nesse trecho de sua Carta, revela o olhar do europeu na avaliação que faz dos índios.
        [...]
        Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocavam por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho; Outros não o podiam suportar. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade. Andavam todos tão bem dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. [...] E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que estávamos entre eles. [...]
        Quando saímos do batel, disse-nos o Capitão que seria bem que fôssemos diretamente à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.
        Parece-me quente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!
        [...]
                            Castro, Silvio (Intr., atualiz. e notas). A carta de Pero Vaz de Caminha.
                                                                        Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 93-94. (Fragmento).
Interpretação do texto:

01 – Nesse trecho da carta, é possível perceber que o primeiro contato entre portugueses e índios foi bastante amistoso. Que informações do primeiro parágrafo comprovam essa afirmação?
      Índios e portugueses convivem pacificamente: os índios trocam arcos e flechas por presentes, comem e bebem o que lhes é dado.

a)   De que maneira o comportamento tranquilo e amistoso dos indígenas é interpretado pelos colonizadores?
O comportamento dos índios leva os colonizadores a acreditar em uma índole que pode se adaptar facilmente às novidades. A inocência desse povo e seu caráter amável são vistos por Caminha como a possibilidade de moldá-los segundo os valores europeus.

02 – Além de encontrar ouro e metais preciosos, os portugueses tinham outro objetivo para a terra recém-descoberta. Identifique-o e transcreva no caderno o trecho em que isso fica claro.
      A intenção dos portugueses era converter os índios à fé católica. Esse objetivo fica explícito na sugestão que faz o Capitão de que os homens beijassem a cruz para os índios percebessem o “acatamento” diante do símbolo católico. O trecho que comprova essa afirmação é: “[...] que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para que eles vissem o acatamento que lhe tínhamos.”

a)   Como os índios são retratados por Caminha?
Caminha retrata os índios como “bem dispostos”; “bem feitos”; “galantes”, inocentes, bons e com uma simplicidade “bela”. Todas as expressões utilizadas para caracterizá-los enfatizam a índole cordata e pacífica dos índios.

b)   Por que, segundo ele, os índios “seriam logo cristãos”?
Segundo Caminha, o fato de os índios demonstrarem grande inocência e não terem ou não entenderem crença alguma faria com que se tornassem logo cristãos, se a comunicação com eles fosse possível.

03 – Releia:
        “E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons”.
a)   O trecho destacado revela os princípios que nortearam a colonização portuguesa. Explique por quê.
O trecho destacado deixa claro que, na visão do escrivão português, é muito natural impor os valores da civilização europeia aos povos nativos encontrados na terra nova. Foi exatamente isso que aconteceu no Brasil: índios foram submetidos aos valores culturais e religiosos da metrópole, tendo sua cultura, comportamento e religião desconsiderados pelos colonizadores.

b)   Por que, segundo Caminha, a aparência dos índios revela sua índole boa?
Caminha atribui a Deus a aparência dos índios. Portanto, se receberam de Deus “bons corpos e bons rostos”, devem ser “homens bons”.

04 – Que elementos do texto indicam a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena?
      O principal elemento que indica a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena é a referência à provável falta de crença dos índios. Além disso, as referências frequentes à simplicidade, à ingenuidade, à bondade e a índole pacífica dos índios revelam uma visão condescendente que Caminha tem dos gentios, que o faz afirmar que o rei “deve cuidar da salvação deles”. Para ele, Deus levou os portugueses até lá por uma boa causa: salvar os índios.

a)   É possível explicar o processo de aculturação dos índios a partir dessa visão de mundo do colonizador? Por quê?
Sim. Como em todo processo de aculturação, o que determina a eliminação de todos os traços da cultura colonizada e a visão de superioridade daquele que coloniza. Ora, é isso que fica evidente nesse trecho da Carta. Para Caminha, os índios representavam um povo dócil e ingênuo que deveria ser salvo. Mais do que isso: Deus queria que os portugueses o fizessem, por isso os levou até a terra descoberta, ao encontro desse povo.

05 – Observe as informações referentes ao ano de 1549 na linha do tempo. Discuta com seus colegas: há contradição entre as ações autorizadas por Portugal nessa data e o projeto de salvação dos indígenas pela fé católica declarado na Carta? Explique.

      Gostaríamos que os alunos, ao compararem os acontecimentos que envolvem as tentativas de escravização indígena por parte do governo colonial ao desejo de evangelização dos “gentios”, expresso na Carta de Caminha, perceberam que as relações entre portugueses e índios se alteraram durante o processo de colonização. O projeto de catequização dos indígenas e a expansão da fé católica passam a ser colocados em prática efetivamente com a chegada dos primeiros missionários. Mas o conflito de interesses permanecerá durante todo o período: de um lado, os missionários desejam “salvar” as “almas dos gentios”; do outro, os donatários e os colonos necessitam da submissão indígena e de sua mão de obra para colonizar a terra que se apresentava plena de possibilidades econômicas.

SONETO: QUEM VÊ, SENHORA, CLARO E MANIFESTO - CAMÕES - COM GABARITO

SONETO: Quem vê, Senhora, claro e manifesto
                   Luís Vaz de Camões


Neste soneto, o eu lírico expressa seus sentimentos pela mulher amada.
Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só em vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já me não fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança,
E tudo quanto tenho, tudo é vosso;
E o proveito disso eu só o levo.


Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
                                   
                                             Camões, Luís Vaz de. Obra completa.
                                     Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988. p. 295.

Interpretação do texto:
1 – Como a mulher amada é caracterizada no soneto? E o eu lírico?
      A mulher amada é caracterizada como uma “Senhora”, “O lindo ser” que se manifesta nos olhos do eu lírico. Ele, por sua vez, é alguém que não hesitaria em pagar para a própria visão, a vida e a alma a oportunidade de contemplar tal manifestação de perfeição.

a)   Essa caracterização da mulher corresponde a uma idealização? Por quê?
Sim. Ao caracterizar a senhora como “o lindo ser”, o eu lírico mostra a mulher como exemplo de perfeição, por quem ele abdica de tudo, da própria essência (sua vida e sua alma).

b)   A imagem de mulher presente no poema pode ser considerada típica do classicismo? Explique.
Sim. A visão da mulher como símbolo de perfeição é típico do classicismo, já que essa idealização é o que permite a manifestação do amor neoplatônico. Essa mulher perfeita é o que desencadeia o amor espiritualizado, puro, capaz de libertar o eu lírico dos desejos profanos.

2 – Qual é o raciocínio desenvolvido pelo eu lírico para explicar seus sentimentos nas duas primeiras estrofes do soneto?
      Segundo o eu lírico, a visão da perfeição manifesta nos olhos da senhora teria como preço (justo) a cegueira de quem a contempla. Mas ele, para merecê-la, “pagou” ainda mais: deu “mais a vida e alma por querê-los, / Donde já me não fica mais de resto.”

3 – Releia:
                 “Assim que a vida e alma e esperança,
                 E tudo quanto tenho, tudo é vosso;
                 E o proveito disso eu só o levo”.

a)   Qual será o “proveito” que terá o eu lírico?
O proveito que advirá de entregar tudo o que tem e pode a essa mulher é obter “tamanha bem-aventurança”. É tão grande o bem-estar que toma conta do eu lírico com essa atitude que ele afirma que, quanto mais pagar, mais deverá a ela.

b)   Explique por que essa atitude do eu lírico expressa uma visão de amor característica do neoplatonismo.
Na visão neoplatônico, a partir de um amor puro, o indivíduo liberta-se das realidades ilusórias e contempla o belo em si, o mundo das essências. Dessa forma, aperfeiçoa-se como ser humano. É o que ocorre com o eu lírico neste soneto: ele abdica de tudo que o caracteriza e, ainda assim, conhece a “bem-aventurança” de sentir-se pleno.

4 – Considerando o tema desenvolvido no soneto, a qual das visões de amor representadas no quadro de Ticiano ele poderia ser associado? Por quê?

      Ao amor sacro, porque, tanto no poema como no quadro de Ticiano, temos a ideia de um amor mais espiritual, que não necessita da realização carnal ou material dos desejos.

MÚSICA(ATIVIDADES): ABELHA - JORGE E MATEUS - COM GABARITO

Música(Atividades): Abelha (part. João Bosco & Vinicius)
                                                   Jorge e Mateus


Como pode, chegou em pouco tempo
Suave como o vento, me deixou assim
Como pode, mas veloz que o pensamento
Dominou meu sentimento, fez parte de mim

Mas seus pensamentos são maus
Você só pensa em vingança
E a sua segurança é dominar

Eu já não suporto mais sofrer
Quero viver
Arruma outro pra envenenar

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferroou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão

Como pode, chegou em pouco tempo
Suave como o vento, me deixou assim
Como pode, mas veloz que o pensamento
Dominou meu sentimento, fez parte de mim

Mas seus pensamentos são maus
Você só pensa em vingança
E a sua segurança é dominar

Eu já não suporto mais sofrer
Quero viver
Arruma outro pra envenenar

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferrou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão

Como uma abelha pousa numa flor
Mansa, você chegou me dando amor
Como uma abelha ferrou meu coração
Deixou saudades e o veneno da paixão.

Interpretação da música:
01 – Qual a temática abordada nesta canção?
      A desilusão amorosa.

02 – A opção que corresponde ao estilo desta música é:
a)   Bossa Nova.
b)   Marcha rancho.
c)   Samba enredo.
d)   Sertaneja
e)   Funk.

03 – O termo a Capella, encontrado na música refere-se à música vocal:
a)   Com acompanhamento instrumental simples.
b)   Em uníssono com acompanhamento de piano.
c)   Executada em capelas com acompanhamento de cravo.
d)   Sem acompanhamento instrumental.
e)   N. D. A.

04 – Na primeira estrofe há a repetição de: “Como pode”, que figuras de linguagem é esta?
      Anáfora.

05 – Nos versos: como pode, chegou em pouco tempo / suave como o vento, me deixou assim: quais as figuras de linguagem podemos encontrar?
      Metáfora / comparação.

06 – O eu lírico se diz decepcionado com sua amada e a compara com uma abelha. Cite estes versos.
      Como uma abelha pousa numa flor mansa,
      Você chegou me dando amor.
      Como uma abelha ferroou meu coração
      Deixou saudades e o veneno da paixão.

07 – Existe pessoas como a citada na música? Você já viveu algo parecido?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – E, afinal o eu poético não suportava mais sofrer e fez o quê?

      Mandou ela arrumar outro pra envenenar.

domingo, 26 de novembro de 2017

SONETO: QUANDO NA PASSAGEM DO TEMPO PERDIDO - WILLIAN SHAKESPEARE - COM GABARITO

Soneto: Quando na passagem do tempo perdido
               Willian Shakespeare


        No soneto abaixo, Shakespeare reflete sobre como a beleza é registrada pela literatura.

Quando na passagem do tempo perdido
Vejo descritos os belos ramos,
E a beleza emprestar seus dons à velha rima,
Ao elogiar as damas mortas e os belos cavaleiros,
Então, no brasão da melhor doçura da beleza,
Da mão, dos pés, dos lábios, dos olhos, da fonte,
Veja que sua antiga pluma teria expressado
Mesmo tal beleza como teu senhor agora.
Então, todos os elogios não são senão profecias
Deste nosso tempo, tudo que pressagias,
E, mesmo vendo com olhos de adivinho,
Não tinham talento suficiente para cantar os teus dons;
Pois nós, que hoje aqui estamos, e vemos,
Temos olhos para sonhar, mas não línguas para louvar.

               Shakespeare, William. 154 Sonetos. Tradução de Thereza
 Christina Rocque da Motta. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2009. p. 125.

 Interpretação do texto:

1 – Qual é o assunto do soneto?
      O eu lírico fala da impossibilidade de descrever a beleza de sua amada através das palavras. Sua beleza é tal que não há “línguas” que possam louvá-la.

2 – Qual é a imagem de mulher apresentada no poema?
      É a imagem de uma mulher perfeita, de beleza incomparável e indescritível. As mais belas imagens utilizadas para louvar a beleza feminina não estão à altura da amada do eu lírico.

      --- Essa imagem determina o sentimento do eu lírico em relação à sua amada? Por quê?
      Sim. Porque a beleza de sua amada e sua perfeição que não podem ser “louvadas” pelas palavras de que dispõem aqueles que a contemplam, inspirando, assim, a admiração do eu lírico.

3 – Como podem ser interpretados os versos “Vejo que sua antiga pluma teria expressado / Mesmo tal beleza como teu senhor agora”?
      O eu lírico se refere a outros poetas que, no passado, tentaram louvar uma beleza como a de sua amada, mas não conseguiram.

4 – Como poderia ser caracterizado o tipo de amor que essa mulher desperta no eu lírico?
      A mulher amada desperta no eu lírico a manifestação de um amor mais distanciado, idealizado, puro.

      --- De que forma a manifestação desse amor indica a filiação do soneto de Shakespeare ao Classicismo?
        A manifestação desse amos mais puro, idealizado, por uma mulher de beleza indescritível, a quem o eu lírico louva exaltando a perfeição, é um tema bastante típico do classicismo.

5 – Compare as informações referentes à produção artística apresentadas na linha do tempo deste capitulo com as da linha do tempo do capítulo anterior.
      Espera-se que os alunos, durante essa comparação, percebam o contraste evidente entre a produção artística da Idade Média e a do Renascimento.

      --- Discuta com seus colegas: o termo “Renascimento” traduz o processo de transformação ocorrido na Europa durante o século XV? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.