A BORBOLETA DOURADA
De tempos em tempos as borboletas se
reuniam no bosque para conversarem, trocarem ideias e se conhecerem
melhor. As borboletas novas se apresentavam à comunidade e as mais velhas
as admiravam por sua beleza e as animavam para o trabalho junto às flores.
Todas tinham a missão de espalhar o pólen e assim levar a beleza a toda parte:
às matas, às florestas, aos bosques e aos jardins. Sentado à porta de sua casa,
um velho gafanhoto observava a passagem das borboletas.
Todas
o cumprimentavam respeitosamente, pois o velho gafanhoto era tido e realmente
era um grande sábio.
Até
que, se aproximou dele uma borboletinha bem jovem, inexperiente, e, diga-se de
passagem, bastante sem graça...
-
Bom dia, senhor Gafanhoto! – disse ela timidamente.
-
Bom dia! – respondeu o gafanhoto – Vai à reunião das borboletas pela primeira
vez?
-
É isso aí! – falou a borboleta insegura – E estou um pouco preocupada... Será
que vão gostar de mim?
Diga
com franqueza: você não me acha meio feiosa, minha cor não ajuda e as minhas
asas são grandes demais?
-
Não! – respondeu o velho gafanhoto - Cada um é como é! E a aparência das coisas
não é muito importante.
Cada
um se faz bonito ou feio. – acrescentou o gafanhoto com bondade.
Na
reunião todas conversavam entre si alegremente. Riam e brincavam, mas nem
olhavam para a borboleta dourada. Era como se ela não existisse. Foi a última a
deixar a reunião, na esperança de que alguém ainda a visse e falasse com ela.
Mas nada!
Ninguém
a enxergou ninguém reparou nela.
Quando
na volta para casa, passou novamente pela casa do velho e sábio gafanhoto e ele
perguntou:
-
Olá borboletinha, não vem da reunião das borboletas? Então... Que tristeza é
essa? Não te trataram bem?
-
Pra ser sincera, nem me viram... Ninguém me notou na reunião.
-
Ora borboleta, espera aí! Você não é feia como pensa! Falta-lhe um pouquinho de
charme... Talvez... Mais isso não é difícil conseguir. Se quiser ouvir os meus
conselhos...
-
Ah, senhor gafanhoto! Seria um favor! Eu sei, os seus conselhos são
maravilhosos! O senhor já ajudou muita gente a ser feliz!
-
Em primeiro lugar, quero saber por que você não usa uma das armas mais
poderosas que todos nós possuímos para ser felizes: O SORRISO!
-
O sorriso? – perguntou a borboleta espantada.
-
Sim, o sorriso ilumina o nosso rosto! Faz a alegria sair de dentro do coração
da gente e se espalhar, deixando todos em volta de nós, muito alegres!
-
Mas como vou sorrir se eu não estou alegre?
-
Ora Borboletinha! Neste mundo não existe ninguém que não tenha um motivo para
ficar alegre! É só procurar! Você não acha maravilhoso o fato de poder voar?
-
Ah! Isso eu acho mesmo! É legal demais voar por cima de tudo! Fazer piruetas,
pousar em qualquer lugar, ir para qualquer parte... É claro! Voar é muito bom
mesmo.
-
O seu trabalho não é espalhar o pólen das flores para multiplicá-las por toda
parte?
-
É exatamente esse o meu trabalho!
-
Espalhar a beleza por onde passa será esse um trabalho qualquer? Não é maravilhoso
fazer isso?
-
Pra falar com franqueza, não reparo. Faço o meu trabalho por obrigação!
-
Repare então criatura! – tornou a insistir o gafanhoto – Verá que beleza existe
em volta de você! Experimente sorrir, seu sorriso será um grande aliado. Pois
todo mundo gosta de um belo sorriso! Procure também, fazer as coisas por amor,
e não por obrigação!
A
borboleta animada agradeceu os conselhos e voou confiante e esperançosa.
Feliz, ela vinha observando a beleza do
pôr-do-sol e o vento a brincar com a folhagem das árvores.
- Coisa linda! – pensou – Esse lugar onde moro é realmente uma beleza!
De repente notou que estava sorrindo e
sentiu esse sorriso vir do fundo do seu coração.
Estava
assim, distraída quando ouviu uma vozinha muito fraca a chamá-la:
-
Olá... Borboletinha! Você parece ser tão boa. Poderia ajudar-me? Estou coberta
de areia e não consigo livrar-me dela. Você não dará um jeitinho?
Era
uma formiguinha já quase sem fôlego a se debater na areia.
-
Pois não! – Falou a borboletinha aflita descendo imediatamente para bem perto
dela.
–
Estou aqui para ajudá-la!
-
Vi o seu sorriso tão bonito por isso me animei a pedir ajuda. Quem sorri como
você, só pode ter um coração cheinho de coisas boas!
Essas
palavras da formiga foram as mais lindas ouvidas pela borboleta até aquele dia,
e jamais se sentira tão feliz!
Em
sua grande alegria a borboleta teve um desejo enorme de cantar e dançar numa revoada
de felicidade.
Um
besourinho ao passar ao seu lado voando também, falou:
-
Como você dança bem! E é linda sabia?
-
Obrigada! – respondeu a borboleta meio sem jeito, pois nunca havia sido
elogiada antes – Suas asas também são muito bonitas sabe? Cada um é bonito ao
seu jeito!
E
lá se foi o besourinho alegremente a dançar também, feliz com as palavras da
borboleta.
Daí
por diante, começou a observar tudo: a relva, as árvores, o céu, as nuvens, a
brisa, a chuva, as montanhas ao longe...
Nada
mais escapava de sua vista e tudo era importante pra ela.
Encantada,
olhava as flores, reparava na beleza de cada uma, conversava com elas e, sem
querer, passou a fazer o seu trabalho de todos os dias com um amor enorme
brotando em seu coração.
-
É incrível mesmo, a diferença de quando se faz tudo com amor!
O
tempo foi passando e a borboleta era cada vez mais feliz, pois por onde passava
sentia como era querida. Todos a festejavam e a olhavam com grande simpatia.
Todo mundo queria conversar, dançar e brincar com essa borboletinha tão gentil,
sempre a sorrir para todos.
A
sua tarefa diária a borboleta passou a fazê-la muito melhor! É claro! Agora
fazia com amor! Afinal, chegou o dia da nova reunião das borboletas.
Muito
alegre ela recebeu a notícia. Na data marcada, saiu de casa mais cedo. Queria
passar pela casa do gafanhoto antes da reunião, pois desejava agradecer-lhe
pessoalmente os conselhos preciosos e quase mágicos. Como algumas poucas
palavras boas podem ajudar tanto!
A
chegada da borboleta à reunião foi sensacional! Todas pararam para admirá-la.
-Mas
que borboleta linda! - diziam.
-
É dourada! ... Venham ver!
-
Parece luminosa! Você é super legal!
Todas
a rodearam alegremente, e perguntaram:
-
Você é uma das novas, não é? É a primeira vez que vem aqui?
-
Não! –respondeu ela - Já estive aqui na reunião passada, mas ninguém me notou!
-
Não é possível! Você é linda demais! É uma borboleta dourada! Sabe lá o que é
ser uma borboleta dourada? Ninguém deixaria de vê-la!
–Essa
é uma história muito comprida... Qualquer dia eu conto a vocês. Agora quero me
apresentar a todas as borboletas, quero conhecer todas as minhas irmãs,
conversar com elas e se muito amiga da comunidade das borboletas. À tardinha,
depois de sair da reunião, passou novamente pela casa do velho
gafanhoto. Desta vez queria fazer-lhe uma pergunta
- Senhor gafanhoto, diga-me uma coisa:
eu mudei de cor?
-
Não borboletinha, a sua cor é a mesma...
–
Por que então me chamam de borboleta dourada?
-
Mas você é uma borboleta dourada! Sempre foi... Apenas a sua beleza estava
escondida.
-
Agora você reflete o seu interior! E é dele que vem a verdadeira beleza: A que
sai do coração e se reflete em todo o ser!
-
Por isso você está luminosa e linda!
-
Você agora, é a borboleta dourada mais linda que eu já vi em toda a minha vida!
Bellah Leite Cordeiro
1 – Por que as borboletas de tempos em tempos faziam
uma reunião?
Para conversarem, trocarem ideias e se conhecerem melhor.
2 – Qual a missão das borboletas?
A missão delas é espalhar o pólen e assim levar a beleza a
toda parte.
3 – Por que o velho gafanhoto era tão respeitado?
Porque ele era tido e realmente era um grande sábio.
4 – Como foi o primeiro encontro da borboleta
dourada com a comunidade das borboletas?
Na Reunião todas conversavam entre si
alegremente. Riam e brincavam, mas nem olharam para ela. Era como ela não
existisse.
5 – Por que a borboleta dourada foi a última a sair da
reunião?
Para ver se alguém a visse e falasse com ela.
6 – O gafanhoto notou
que a borboleta não sorria. Por que o sorriso é tão importante?
Porque, o sorriso ilumina o nosso rosto.
Faz a alegria sair de dentro do coração da gente e se espalhar, deixando todos
em volta de nós, muito alegres.
7 – Como era a borboleta antes dos conselhos do
sábio gafanhoto?
Ela se achava
feiosa, suas cores e as asas grandes demais.
8 – Como fazia ela o seu trabalho?
Ela voava
espalhando pólen das flores para multiplica-las por toda parte.
9 – Quais foram os conselhos do gafanhoto?
Sorrir e fazer o serviço por amor, não por obrigação.
10 – Como a borboleta passou a agir depois dos conselhos
do sábio?
Passou a perceber a beleza do pôr-do-sol,
do vento a brincar com as folhas das árvores.
11 – Qual foi a transformação da borboleta?
Sorrindo, ela mostrou sua bondade e
começou a ajudar os outros, e a observar tudo em sua volta.
12 – Ela mudou de cor?
Não.
13 – Então por que ficou tão bonita?
A sua alegria, o
seu sorriso e bondade, é que fez as outras perceberem sua presença e elegância.
14 – De onde vem a verdadeira beleza?
Vem
do interior do coração.