quarta-feira, 23 de agosto de 2023

CONTO: A FESTA NO CÉU - NELCINA ALVES - COM GABARITO

 CONTO: A FESTA NO CÉU

                Nelcina Alves   

Ia haver uma festa no céu e o amigo urubu convidou todos os bichos.

Dona juriti, que era cantora afamada, foi convocada para animar a festa.

Nesse tempo, o sapo andava em pé, e era muito farrista. Encontrou- se com a juriti, que estava polindo a garganta. Logo que viu o sapo, ela começou a zombar dele:

— É, amigo sapo, você não pode ir à festa do amigo urubu no céu, pois não tem asas! E vai ser uma festança danada! Mas é só para os bichos que voam. O sapo pediu:

— Oh, amiga juriti, me leva!

— Levo nada. Você é muito pesado. Quando voltar da festa, eu lhe conto como foi.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_3ZKh0E4Y59vCOCjRCkx5E7gD7i709GOWRvnGF_CPz9f-M2a2_giU3cFdiW0pYUupJTzXB4aK12oKpjF6G8dLOQgnjI49znWVFsfHE0mrPC6kxF1w8VOAvie1VAelol1c8zDuWaVZJw6FYEhxqYfHjSX2KtEHtWKmirXh8Veh652RtXn6eWiwHx4zVEI/s1280/FESTA.jpg


O sapo garantiu que não perderia a festa por nada, e a juriti riu pra danar dele.

No dia da festa, ele arrumou um jeito de se enfiar na viola do urubu, que era o tocador. O urubu sentiu que a viola estava pesada, mas não parou para ver o que era, pois, sendo ele o tocador, não poderia chegar atrasado.

No céu, toda espécie de bicho de asas estava lá, se alegrando, dançando e comendo muito.

Nisso, para surpresa de todos, surge o sapo.

O danado comeu, bebeu e dançou até altas horas. Depois, lembrou-se da volta e, sem que ninguém o visse, se meteu na viola do urubu.

A festa ainda estava animada e a juriti, maldosa, achou de provocá-lo:

— Tá todo mundo aqui, só o sapo não! Tá todo mundo aqui, só o sapo não!

O besta do sapo, em vez de ficar quieto, achou de colocar a cabeça pra fora da viola e responder:

— Ói eu aqui, óí eu aqui, aqui, aqui! O urubu, brabo com o engano, pegou o sapo e disse que ia jogá-lo lá embaixo. Então o sapo pediu que o jogasse na água, mas não jogasse no lajedo (o lajedo era seu amigo).

O urubu estava com raiva e disse:

— Eu vou lhe jogar é no lajedo, seu miserável! E jogou o sapo, que ia caindo e gritando:

— Lajedo, abre os braços!

Abre os braços, lajedo!

O lajedo ouvia, mas não conseguia entender direito, pois o sapo estava muito alto. Quando foi entender já era tarde, e o sapo se estatelou em cima dele - Pof!

Aí o sapo quebrou a coluna, e desse dia em diante não andou mais em pé.

Fonte: Nelcina Alves (Mãe Nelcina). In: Contos e fábulas do Brasil. Marco Haurélio (Org.). São Paulo: Nova Alexandria, 2011. p. 29-30.

Vocabulário

polindo: lustrando.

lajedo: piso revestido de pedras.

Entendendo o texto

01. Releia a frase que inicia o conto.

a) Das três informações abaixo, qual delas não está expressa na frase inicial do conto?

O que vai acontecer.

O lugar do acontecimento.

• Quando vai acontecer.

b) Como você poderia explicar a falta dessa informação num conto popular?

A falta de informação sobre o "quando" pode ocorrer porque muitos contos populares têm um caráter atemporal e mítico, enfatizando mais os acontecimentos e os personagens do que um contexto temporal específico.

02. Releia o primeiro parágrafo do conto: Ia haver uma festa no céu e o amigo urubu convidou todos os bichos. Dona juriti, que era cantora afamada, foi convocada para animar a festa. Nesse tempo, o sapo andava em pé, e era muito farrista. Encontrou-se com a juriti, que estava polindo a garganta. Logo que viu o sapo, ela começou a zombar dele:

a) Quem são os personagens da história?

     Amigo urubu, dona juriti, sapo.

b) Qual é a expressão empregada para caracterizar a juriti?

     "Cantora afamada".

c) Quais são as expressões que caracterizam o sapo?

    "Andava em pé" e "era muito farrista".

d) Retire do texto duas expressões que indicam tempo.

     "Nesse tempo" e "no dia da festa".

03. Reflita sobre as ações da juriti, expressas nestes trechos: Logo que viu o sapo, ela começou a zombar dele. [...] — E vai ser uma festança danada! Mas é só para os bichos que voam. Além de cantora afamada, o que mais se pode afirmar sobre a juriti?

Além de ser uma cantora famosa, a juriti é mostrada como alguém que gosta de zombar dos outros, nesse caso, do sapo. Ela se diverte provocando-o, destacando a ideia de que a festa é apenas para os bichos que voam, excluindo o sapo.

04. Ao dizer: "E vai ser uma festança danada! Mas é só para os bichos que voam", a juriti atinge o seu objetivo: provocar o sapo. Explique por quê.

Ao fazer esses comentários, a juriti pode provocar o sapo, uma vez que ela ressalta que a festa é exclusiva para os bichos que voam, implicando que o sapo não está qualificado para participar devido à falta de asas. Isso suscita o desejo do sapo de provar o contrário e faz com que ele tome ações para participar da festa.

05. Qual seria a participação da juriti na festa? E a do urubu?

A juriti seria a cantora da festa, responsável por animar o evento com suas músicas. O urubu, por sua vez, é classificado como o tocador de viola, o que sugere que ele seria responsável pela música instrumental.

06. Você acha que o sapo, mesmo não tendo sido esperado, também contribuiu para o sucesso da festa?

Sim, o sapo contribuiu para o sucesso da festa, pois trouxe um elemento inesperado e engraçado para o evento. Sua presença e suas ações animaram a festa de maneira única, acrescentando uma dimensão divertida e inusitada ao acontecimento.

07. Além de farrista, que outras características podem ser aplicadas ao sapo? Escolha, entre as alternativas abaixo, aquelas que estejam de acordo com o texto e justifique suas escolhas.

a) trapaceiro

b) teimoso

c) ingrato

d) impulsivo

e) animado

Justificativa:

Teimoso: O sapo demonstra teimosia ao insistir em ir à festa, mesmo após a juriti dizer que ele não poderia participar por não ter asas.

Ingrato: Ele pode ser considerado ingrato por responder de forma provocativa à zombaria da justiça, mesmo quando ela estava disposta a contar como foi a festa.

Impulsivo: Sua decisão de entrar na viola do urubu e de responder à provocação da juriti mostra impulsividade.

Animado: O sapo demonstra animação ao participar da festa, comer, beber e dançar.

Uma alternativa "trapaceiro" não se aplica bem ao sapo neste contexto, pois não há evidência direta de que ele tenha agido com má-fé ou engano.

 

 

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