Artigo de Opinião: Consumismo
Tudo parece mágico, grande e
alegremente anárquico. Há música em todos os locais. As vitrines estão muito
bem decoradas. O ambiente está propício para um passeio gratificante. Estamos,
quase sem perceber, em uma selva de consumo onde, inevitavelmente, cairemos em
algumas das “armadilhas” que equipes formadas por psicossociólogos, arquitetos,
decoradores, iluminadores e especialistas em marketing prepararam para os
consumidores potenciais.
O ritmo musical que ouvimos, suave e
quase imperceptível, tem suas razões de ser, assim como a disposição dos
produtos em lugares determinados, a largura dos corredores e tudo o mais que
nos impressiona em alguns supermercados ou shopping centers que incentivam a
febre do consumo. Esses fatores são tão importantes que existem, em alguns
países, laboratórios para testá-los. Na França, por exemplo, funciona, desde
1989, um supermercado-laboratório, onde o comportamento do consumidor é
observado e analisado em detalhes. Esse falso supermercado, onde as cobaias são
os clientes, é o menor do mundo – possui apenas 200 m2, com música ambiente. Os
visitantes são selecionados em supermercados verdadeiros e recebem, ao entrar,
uma lista de compras. Eles devem escolher as marcas e depois dizer por que preferem
esta ou aquela. Na verdade, seus movimentos estão sendo estudados por
especialistas escondidos atrás de vidros espelhados. Cada passo dado pelo
cliente, cada expressão facial ficarão gravados em uma fita que será utilizada
para estudo posterior. Hoje em dia, qualquer lançamento só é feito depois de o
produto ter passado por esses tubos de ensaio. Os fabricantes sabem muito bem
que é ali que se decide a sorte de seu produto.
Para planejar melhor suas vendas – e
fazer com que as pessoas consumam mais –, os supermercadistas já dispõem de
algumas informações. Em primeiro lugar, sabem que o consumidor permanece
durante uma média de 40 minutos dentro do supermercado, onde são apresentados
de 4 a 6 mil produtos. Dessa forma, o consumidor só conta com alguns segundos
para registrar tudo o que vê e decidir o que comprar. Por outro lado, sabe-se
também que 50% dos produtos vendidos em supermercados são comprados por
impulso. Isso significa que entre as mercadorias de compra planejada – como o
leite e o açúcar, entre outros – devem ser colocadas outras mercadorias, não
programadas, que atraiam a atenção do consumidor.
Outro recurso bastante utilizado é ter
o preço de um produto anunciado em um grande cartaz, o que pode dar a sensação
de que esse produto está em promoção, mesmo quando o preço não foi alterado. É
frequente ver que, com técnicas semelhantes, uma determinada marca de café para
citar um exemplo – pode incrementar seu volume de venda.
Um outro segredo se encontra nas
prateleiras, que são geralmente dispostas em cinco de cada lado da gôndola. A
prateleira de cima é a que mais se vê, embora fique um pouco fora do alcance da
mão. A segunda e a terceira são as melhores, porque ficam à altura da vista e
ao alcance das mãos. A quarta e a quinta são as menos valorizadas, por serem
mais desconfortáveis de ver e alcançar. O objetivo, segundo especialistas, é
chegar a um equilíbrio e evitar "pontos frios" dentro do
supermercado. Para isso, colocam-se os setores de maior afluência de público –
como os lácteos, por exemplo – perto de outros locais difíceis, cujos produtos
têm, na maioria das vezes, uma rentabilidade maior. O objetivo final é que o
cliente encontre a maior quantidade possível de produtos e aumente seu consumo.
Os shopping centers também baseiam seu
sucesso na exposição tentadora, mas acrescentam outros elementos – como a
sensação de onipotência proporcionada pela arquitetura e a sensação de
pertencer e possuir de que são tomados os clientes assim que entram no local.
Segundo alguns psicólogos, outra característica inconsciente, certamente, mas
muito forte, é a sensação de segurança e proteção que esses locais
proporcionam. Além disso, são como grandes cenários onde as pessoas podem
olhar, mexer, espiar, ver de tudo, ficar a par de tudo, satisfazer todas as
inquietudes, ser espectadoras, protagonistas, desejosas de tudo o que está
exposto, mas, também, capazes de obter o que veem. É assim que se criam uma
tentação e uma excitação dos sentidos que põem em movimento a pulsação
possessiva das pessoas, por meio de estímulos visuais, olfativos, auditivos,
racionais e também impulsivos e compulsivos.
Istoé Tudo – O livro do
conhecimento. São Paulo: Três, s. d. p. 174-7.
Entendendo o texto:
01 – Quais os recursos para
inventar a venda. No supermercado? E no shopping center?
Os shoppings
centers baseiam-se na exposição tentadora, mas também usam a sensação de
onipotência e o supermercado utiliza os cartazes grandes para chamar a atenção
dos clientes e a organização de produtos de acordo com a expectativa de venda
nas prateleiras.
02 – No primeiro parágrafo,
você leu que “Estamos, quase sem perceber, em uma selva de consumo onde,
inevitavelmente, cairemos em algumas das ‘armadilhas’”, que especialistas nos
preparam:
a)
Na sua opinião, por que o autor escolheu a
metáfora selva para caracterizar o cenário de consumo?
Resposta pessoal do aluno.
b)
No cenário de consumo, por que os
consumidores caem nas armadilhas “quase sem perceber”?
Porque tudo parece mágico, grande e alegremente anárquico.
c)
Quem prepara “as armadilhas” para os
consumidores caírem “quase sem perceber”?
São os psicossociólogos, arquitetos, decoradores, iluminadores e
especialistas em marketing.
d)
Quais são essas armadilhas?
São as vitrines que estão muito bem decorada.
03 – Para que serve as
armadilhas preparadas pelos especialistas?
Para aumentar as
vendas nos supermercados.
04 – Como os especialistas
descobrem os meios eficazes para influenciar as compras dos consumidores nos
supermercados e shopping centers?
Analisando o
comportamento do consumidor, onde são observado e analisado em detalhes.
05 – No terceiro parágrafo,
são dadas as informações usadas para planejar as vendas no supermercado.
a)
Quais são elas?
·
Permanência longa do consumidor no
supermercado.
·
Uma quantidade de 4 a 6 mil
produtos.
b)
O que são mercadorias de compra planejada?
São os produtos de primeira necessidade.
c)
Por que as mercadorias de compra planejada
são colocadas junto a outras mercadorias não programadas?
Porque o cliente termine levando as mercadorias que não estavam na
sua relação, mercadorias não programada.
06 – Nos dois parágrafos
seguintes, o texto relaciona vários outros recursos utilizados para incentivar
o consumidor a comprar no supermercado. Qual é o recurso utilizado com o
objetivo de:
a)
Dar a sensação de que o produto tem preço em
promoção?
Anunciar em um grande cartaz.
b)
Fazer o cliente encontrar a maior quantidade
possível de produtos?
Colocar as mercadorias na prateleira de cima, é a que mais se vê.
07 – Que recursos de construção
dos shoppings são utilizados para estimular os sentidos dos consumidores,
provocando “a pulsão possessiva das pessoas”?
Por meio de
estímulos visuais, olfativos, auditivos, racionais e também impulsivos e
compulsivos.
08 – Uma estratégia bastante
utilizada pelos redatores de textos expositivos e argumentativos para dar
credibilidade ao que está sendo apresentado é a de citar a palavra de alguém
qualificado, que domina o assunto e tem sua competência reconhecida
socialmente. Chamamos a isso de citação
de autoridade.
Observe:
“O objetivo, segundo especialistas,
é chegar a um equilíbrio e evitar ‘pontos frios’ dentro do supermercado”. Transcreva outra passagem em que há uma
citação de autoridade para dar mais credibilidade ao que está sendo dito.
Segundo alguns
psicólogos, outra característica inconsciente, certamente, mas muito fortes, é
a sensação de segurança e proteção que esses locais proporcionam.
09 – Na sua opinião, pode-se
afirmar que nos grandes supermercados e nos shopping centers o consumidor faz
suas escolhas com liberdade e autonomia? Justifique.
Resposta pessoal
do aluno.
Eu quero a resposta da página 174 até a página 178 por favor 🙏
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