Poema: Dá
Meia-Noite
Joaquim
de Sousa Andrade
Dá meia-noite em céu azul-ferrete
Formosa espádua a lua
Alveja nua,
E voa sobre os templos da cidade.
Nos brancos muros se projetam sombras;
Passeia a sentinela
À noite bela
Opulenta da luz da divindade.
Passeia a sentinela
À noite bela
Opulenta da luz da divindade.
O silêncio respira; almos frescores
Meus cabelos afagam;
Gênis vagam,
De alguma fada no ar andando à caça.
Meus cabelos afagam;
Gênis vagam,
De alguma fada no ar andando à caça.
Adormeceu a virgem; dos espíritos
Jaz nos mundos risonhos –
Fora eu os sonhos
Da bela virgem… uma nuvem passa.
Jaz nos mundos risonhos –
Fora eu os sonhos
Da bela virgem… uma nuvem passa.
SOUSA ANDRADE, Joaquim de. “Dá meia-noite”. In: CAMPOS, Augusto de
& Campos, Haroldo de. ReVisão de
Sousândrade. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1982. p. 161.
Fonte: Livro- Português
– Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 213.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o poema,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Azul-ferrete: Azul muito carregado.
·
Espádua: Ombro.
·
Almo: Adorável, delicioso, benéfico.
02 – Os versos desse poema
não são metrificados nem rimados, atendem apenas às pausas espontâneas do
movimento lírico, bem ao gosto moderno. Como se chamam?
Versos brancos
(não rimados) e livres (não metrificados).
03 – Passe para a ordem
direta os seguintes versos:
a)
“Formosa espádua a lua alveja nua”.
A lua alveja (uma) espádua formosa (e) nua.
b)
“De alguma fada no ar andando à caça”.
Andando no ar à caça de alguma fada.
c)
“Dos espíritos jaz nos mundos risonhos”.
Jaz nos mundos dos espíritos risonhos.
04 – O poema possui uma
delicada musicalidade. Retire da 3ª estrofe as palavras que, pela repetição das
consoantes labiodentais (/f/-/v/) e da vogal /a/, contribuem para isso.
Afagam, vagam,
fada.
05 – No que diz respeito à
linguagem, pode-se dizer que Sousândrade, nesse poema, identifica-se com os
outros poetas românticos estudados? Justifique.
Não, pois evita
os lugares-comuns dos românticos, a linguagem discursiva derramada de então.
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