quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

CRÔNICA: TURISTA DE IMOBILIÁRIA - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Turista de Imobiliária

                Walcyr Carrasco 

TENHO ALMA CIGANA. Adoro mudar de casa. Reformar, nem se fala. O som dos martelos quebrando azulejos é música para meus ouvidos. Amaria ser corretor de imóveis. Assim, depois de trocar o endereço três vezes em quatro anos, resolvi vender minha nova casa. Doidice? Meu lar era um sonho. Rouxinóis, sabiás e rolinhas enfeitaram as árvores. Tantos pássaros que a barulheira até me irritava. Comia amoras do pé. Estava a cinco minutos da Paulista, do centro e das marginais. Só minha mãe fazia ressalvas: 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3btWpcp-9APHu7kXOE7hL_93fxoGXTt9UKVfrzoBHrCRTOM68RyXEpckohx272hbRFGeIVv_zoK6kGZ0SatJ8cbUaLyxvrup73zSOZq-dZw_6RVRccWsHN5BKlG0p_QpJrLhDEEK_2vD0nB6ayrPx412wjQ70JlmGkxOAkWr3Esd6anvhVIvfyWtgybk/s320/CASA.jpg


— A casa tem escada. Quando estiver velho e com reumatismo, você vai ter dificuldade para subir.

-— Mãe, ainda estou na casa dos 40.

Ela calava-se e assumia uma expressão sábia. A mesma de todas as mães quando acabam os argumentos, mas ainda sentem que têm razão.

Um dia acordei a mil. Chamei meu amigo José Antônio, dono de uma imobiliária, e mandei avaliar. No outro dia, a frente estava cheia de faixas, e eu com um sorriso atarraxado. E. incrível como tem gente disposta a ver uma casa!

Veio uma pintora. Mal entrou, lançou-se aos elogios.

— Meu lar, achei meu lar! Aqui será meu estúdio... Aqui...

Parecia disposta a se mudar na semana seguinte. Comecei a imaginar como torraria o dinheiro da venda. Pois sim! Nunca mais vi a tal artista! Outra achava defeito em tudo. Desprezo total.

— Aquela parede está rachada — apontou com ar de especialista.

— É só o reboco.

Fez cara de quem duvidava. Eu me senti culpado, embora dissesse a verdade. Quase pedi: 

— Desculpe-me por ter esta casa!

Arrasado, telefonei para a imobiliária:

— Não gostaria de fazer negócio com ela. Parece loucura, mas...

— Sabe da última? A madame mora em um apartamento pequeno e não tem onde cair morta. Gosta de fingir que é compradora para passear na casa alheia. E conhecida de outras imobiliárias! — contou a corretora Marilene.

Parece que é comum. Turista de imobiliária! E eu sorrindo, fazendo-me de bonzinho... Até ofereci café! Ah, que raiva!

Preparei um tour, começando pela sala, quartos. O problema era o quintal. Meu cachorro é um husky siberiano. Impossível prendê-lo. Escala muros e grades como gato. Morder não morde, mas é grandão. Estrategicamente, deixava para o fim.  — Bilu, bilu... Olhe que gracinha! Pode vir, ele não morde.    — Não sei...

Tem uns dentões — reagia os interessados

— Que é isso, olhe que árvore linda! Viu? Um passarinho!

Voou, voou!

O candidato encarava o cão, apavorado. Devo ter perdido boas vendas por causa do salafrário! Um quarentão apaixonou-se pela casa. Trouxe a mulher, os filhos, a mãe. Fez uma oferta em vários anos, com uma quitinete inclusa. Quando neguei, ofendeu-se. Parecia estar fazendo um favor.

— Sua casa tem tijolo de ouro?

— Se não pode, não compre.

Poder, podia. Muitos compradores adoram imaginar que o vendedor está a míngua. Almejam raspar o tacho.

Quase arranquei a faixa. Dali a dois dias apareceu um casal. Viu a casa rapidamente. Achei que não se tinha impressionado.

Meia hora depois, fez uma oferta. Logo fechamos. Conheci a família. Tem um filho pequeno que vai adorar o jardim e outro que pode ensaiar a banda na garagem. Ela já está planejando sua festa de aniversário. Fiquei feliz, porque sei que vão ser felizes. Agora vou mudar. Encontrei um apartamento. Já mandei quebrar os azulejos... Ah, o doce som dos azulejos quebrando! Tudo vai começar novamente!

 Entendendo o texto

01. O que o autor revela sobre si mesmo no início da crônica "Turista de Imobiliária"?

     a) Ele é um corretor de imóveis.

     b) Ele tem alma cigana e adora mudar de casa.

     c) Ele é um pintor profissional.

     d) Ele vive em sua casa atual há muitos anos.

02. Qual era o cenário ao redor da casa do autor que o fazia considerá-la um sonho?

     a) O barulho constante de carros.

     b) A presença de rouxinóis, sabiás e rolinhas nas árvores.

     c) A proximidade de uma estação de metrô.

     d) A vista para a cidade.

03. Por que a mãe do autor fazia ressalvas sobre a casa?

      a) Porque a casa era pequena demais.

     b) Porque o autor tinha dificuldade em subir a escada.

     c) Porque a casa tinha muitos pássaros.

    d) Porque o autor não tinha dinheiro para mantê-la.

04. O que o autor achou da atitude da pintora que visitou a casa à venda?

    a) Ele a considerou uma cliente em potencial.

    b) Ele aprovou os elogios que ela fez à casa.

    c) Ele ficou desapontado porque ela nunca mais apareceu.

    d) Ele se irritou com a pintora.

05. Qual foi a atitude da outra pessoa que visitou a casa e encontrou defeitos em tudo?

     a) Elogiou a casa intensamente.

     b) Desprezou a casa e apontou defeitos.

    c) Ficou em silêncio durante a visita.

    d) Fez uma oferta imediatamente.

06. O que o autor descobre sobre a mulher que criticou a casa após a visita?

    a) Ela era uma crítica de arquitetura.

    b) Ela não tinha intenção de comprar, apenas gostava de passear em casas alheias.

   c) Ela era uma compradora legítima.

   d) Ela estava buscando um lar para sua família.

07. Qual é o problema que o autor enfrenta com seu cachorro no quintal da casa à venda?

   a) O cachorro é muito pequeno e pode se perder.

   b) O cachorro não gosta do quintal.

   c) O cachorro é agressivo com os visitantes.

   d) O cachorro é um husky siberiano que escala muros e grades.

08. Como o autor tenta convencer os interessados sobre a segurança do quintal?

   a) Mostrando que o cachorro é pequeno e dócil.

   b) Dizendo que o cachorro não morde.

   c) Ignorando o problema do cachorro.

   d) Pedindo que os interessados venham somente à noite.

09. Por que o quarentão que se interessou pela casa ficou ofendido?

     a) Porque o autor recusou a oferta dele.

     b) Porque o autor pediu um preço muito alto.

     c) Porque o autor não queria incluir uma quitinete na venda.

     d) Porque o autor não ofereceu café durante a visita.

10. Qual é o desfecho da crônica em relação à venda da casa?

    a) O autor não conseguiu vender a casa.

    b) O autor vendeu a casa para um casal com filhos.

    c) O autor decidiu não vender a casa.

    d) O autor mudou para um apartamento e já começou a reformá-lo.

 

 

 

CRÔNICA: BANHOS, BANHEIROS & CIA. - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Banhos, Banheiros & Cia.

                Walcyr Carrasco

UM DOS MISTÉRIOS DA ARQUITETURA moderna é a importância dada aos banheiros. Há algumas décadas, um casarão tinha dois, no máximo três banheiros. Observo os anúncios dos apartamentos modernos. Propagandeiam o número de suítes. Quanto mais, mais luxuosos e mais caros. O número de banheiros faz a glória dos corretores. A sala pode ser pequena. A cozinha, minúscula. O quarto de empregada, equivalente a um armário — eu me pergunto quando as empregadas vão aprender a dormir de pé! Banheiros, há em profusão. Um apartamento de luxo médio possui três suítes, um lavabo e um banheiro de empregada. Em contrapartida, tem três dormitórios, sala dupla, cozinha, quarto de empregada. Cinco banheiros para seis cômodos! Casais modernos e abastados fazem questão de dois banheiros na suíte. Uma senhora me revelou:

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDispA_MPDT7Ua8AzbP1Vm3vNOcRUbmjTT0oexE0PEuBXbvwBZpFDk4X5igzqp2nbTIFbsppj5YMXKZPhKv6SiKjxrw8FaYms51MGFBp5m-DsvqsM0hp3Sx8NrSIuBYSK5eApBMKbVrh7QQ5d1d5Y-_l2SODkG7G4eI9HVajaB7mdyazNQYgZAxqWTqQU/s320/SABONETES.jpg 


— A razão pela qual nunca me separei é que meu marido tem o banheiro dele.

Isso que é matrimônio!

Os apetrechos também estão se tornando mais sofisticados. Designers criam louças assinadas. Sanitários com grife nunca pensei! Uma amiga comprou uma banheira com pezinhos, réplica dos antigos modelos vitorianos. Linda. Assim que instalou, quis inaugurar. Encheu. Botou essências. Entrou. Tentou sentar-se. Escorregou. A banheira era funda, ela, baixinha. Agarrou-se às bordas para não morrer afogada. Quis erguer-se. Patinou. Foi Um custo. Quando conseguiu, a perna não ultrapassava a borda. Agarrou-se à parede. Os dedos deslizaram pelos azulejos. Quase dependurada no registro, conseguiu botar um pé para fora. Resvalou pelo tapete. Salvou-se por pouco. Quando me contou a aventura, observei:

—- Você teve sorte. Do jeito que anda gorda, podia ter entalado.

Agora está pensando em usar a peça para criar carpas coloridas,

Entrar no chuveiro ou afundar na banheira é um ato cada vez mais glamouroso. Só no Shopping Pátio Higienópolis existem duas lojas em que o forte são os produtos para tornar o banho um ato de luxaria. Sabonetes com todo tipo de promessa. Uns relaxam, outros melhoram a vida amorosa, outros energizam. Como se o simples ato de limpar não fosse mais suficiente. Sal grosso aromatizado para tirar o mau-olhado e perfumar. Existem até umas bolinhas exóticas. Jogam-se na banheira e elas efervescem, soltando pétalas de flores. Alguns sabonetes também trazem flores incrustadas. Ganhei um. À medida que usava, foi surgindo uma margarida. Mais tarde, alguém comentou:

— O que você tem na orelha?

Eram pétalas. Também havia algumas em meus cabelos. Quando vi, estava arrancando pétalas de todo o corpo. O sabonete me transformara em um sachê!

Comentei o fato com a amiga que me presenteou. Ela irritou-se:

— É um sabonete supernatural. Não serve para tomar banho.

— Poderia me explicar para que serve um sabonete?

— Esse é para levantar o astral. E, se não levantou o seu, o problema não é com o sabonete. É com você mesmo!

Haja! Sabonetes também estão ganhando grifes! Os industrializados seguem a onda. Outro dia peguei uma embalagem que prometia vantagens adicionais. Vitaminas potentes, hidratação. Deu a impressão de que bastava usar três vezes para nunca mais pensar em operação plástica. Rejuvenescimento e espuma, eis tudo. Mas o grande hit da tendência vem do Japão. Banho em ofurô entrou na nova novela das 7. Prova de que a moda está ficando mais forte que nunca. Quis experimentar. Toma-se um leve banho antes e entra-se numa tina escaldante. Nunca tinha conjugado o verbo ferver. Agora sei como se sente uma galinha que vai ser canja. Tentei levantar e sair. Avisaram:

— Relaxe. Aproveite! Descanse e elimine as tensões.

Insisti. Fervi mais um pouco. Só a cabeça de fora. Meu corpo ficando rosado. Comecei a lembrar de histórias de missionários capturados na África. Tenho um primo que é missionário. Ultimamente tem enviado cartas falando em fazer contato com uma tribo canibal. Talvez devesse convidá-lo para um banho de ofurô, para testar sua vocação. O fato é que saltei fora em exatos sete minutos e meio. Reconheço que fiquei aliviado ao sair. Qualquer ser humano relaxaria ao salvar-se dá água escaldante.

Sempre fui do tipo antiquado, para quem um banho é um banho. Fervidas à parte, reconheço que sabonetes delicados, essências, flores boiando na água e toalhas felpudas têm seu charme. No dia-a-dia tão banalizado, um banho calmo, mas glamouroso, é quase uma experiência existencial.

 Entendendo o texto

01. O que o autor destaca como um dos mistérios da arquitetura moderna no início da crônica?

     a) A falta de banheiros nos casarões.

     b) A importância dada aos banheiros.

     c) A ausência de suítes nos apartamentos modernos.

     d) A decadência dos banheiros em residências.

02. Quantos banheiros, em média, um apartamento de luxo médio possui, conforme mencionado na crônica?

     a) Dois.

     b) Três.

     c) Cinco.

     d) Seis.

03. Por que a senhora revelou que nunca se separou do marido?

     a) Porque ele tem um banheiro próprio.

     b) Porque ela ama seu marido profundamente.

     c) Porque ele é um homem rico.

     d) Porque ela adora banheiros de luxo.

04. O que a amiga do autor comprou para o banheiro que se tornou motivo de uma aventura engraçada?

     a) Um chuveiro luxuoso.

     b) Uma pia com design exclusivo.

     c) Uma banheira com pezinhos.

     d) Um vaso sanitário de alta tecnologia.

05. Segundo a crônica, o que torna entrar no chuveiro ou afundar na banheira cada vez mais glamouroso?

     a) A presença de flores.

     b) A utilização de sabonetes com grife.

     c) A compra de produtos luxuosos.

     d) A instalação de louças assinadas.

06. Qual é o acontecimento glamouroso mencionado na crônica que ocorre no Shopping Pátio Higienópolis?

     a) Desfile de moda.

     b) Lançamento de perfumes.

     c) Exposição de carros de luxo.

     d) Lojas com produtos para tornar o banho um ato de luxo.

07. O que aconteceu quando o autor usou um sabonete presenteado por sua amiga?

     a) Ele teve uma reação alérgica.

     b) O sabonete não espumou.

     c) Surgiram pétalas em seu corpo.

     d) Ele se transformou em um sachê.

08. De acordo com a amiga que presenteou o autor com o sabonete, qual era a finalidade do produto?

    a) Limpar a pele.

    b) Levantar o astral.

    c) Proporcionar relaxamento.

    d) Hidratar a pele.

09. O que o autor experimentou pela primeira vez durante um banho em ofurô?

     a) Fervura.

     b) Espuma aromatizada.

     c) Relaxe profundo.

     d) Contato com sabonetes exóticos.

10. Qual é a conclusão do autor sobre a experiência do banho em ofurô?

     a) Ele adorou e recomenda a todos.

     b) Ele se sentiu como uma galinha prestes a ser cozida.

     c) Ele achou relaxante e eliminou as tensões.

     d) Ele prefere banhos tradicionais e simples.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): O VELHO FRANCISCO - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música(Atividades):O Velho Francisco

                                   Chico Buarque

Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida,

roupa lavada

Vida veio e me levou

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA_vnD5z2oYgeH9cD6_YW91MbS-P5ZuJ68ot5qlGqybIauZnQ18UoYwpVHcrDVr4qScVDwO4REwvBxQbjf88bbtUAKzgtVMDPVijDj_If0HBepCxkuYtSpKGTRf4CwyrkNsezVZnCPWz0goQGAwjoub3geWGZSCooNVCr_uMhEQm0DRvR01dxchX8_fSY/s320/CHICO.jpg

Fui eu mesmo alforriado
Pela mão do Imperador
Tive terra, arado,

cavalo e brida
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor

Quem me vê, vê nem bagaço
Do que viu, quem me enfrentou
Campeão do mundo

em queda de braço
Vida veio e me levou

Li jornal, bula e prefácio
Que aprendi sem professor
Frequentei palácio

sem fazer feio
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco
Vem todo domingo
Tem cheiro de flor

Eu gerei dezoito filhas
Me tornei navegador
Vice-rei das ilhas

da Caraíba
Vida veio e me levou

Fechei negócio da China
Desbravei o interior
Possuí mina

de prata, jazida
Vida veio e me levou

Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né
Acho que o moço

até nem me lavou.

Acho que fui deputado
Acho que tudo acabou
Quase que

já não me lembro de nada
Vida veio e me levou
.

Fonte: LyricFind

Compositores: Francisco Buarque De Hollanda

Letra de O velho Francisco © Universal Music Publishing Group

 

Entendendo o texto

01. Na canção há uma ambivalência que oscila entre o humano e o geográfico. Qual é a dualidade encontrada no título “O Velho Francisco”?

O idoso e o rio.

02.  Nesse poema narrativo, manifesta-se em 1ª pessoa um idoso supostamente internado num asilo. Cite alguns versos que confirma.

“Hoje é dia de visita”/”Hoje não me deram almoço, né”/e a venerada existência do Rio São Francisco “Desbravei o interior/ Possui mina / De prata, jazida”.

03. Que tem em comum o idoso e o rio?

Ambos têm na memória um passado.

04. Explique a linguagem do texto.

É reveladora da simplicidade do Velho Francisco (“Ela vem toda de brinco”; “Quem me vê, vê num bagaço”).

        05. Qual é o sentimento expresso na música "O Velho Francisco" de Chico Buarque?

              a) Alegria.

              b) Tristeza.

              c) Nostalgia.

              d) Raiva.

        06. O que o narrador da música tinha no passado, mas foi perdendo ao longo da vida?

             a) Amigos.

             b) Riqueza material.

             c) Saúde.

             d) Amor.

        07. Qual é o evento que acontece regularmente na vida do narrador, trazendo-lhe alegria?

             a) Aniversário.

             b) Natal.

             c) Dia de visita do seu grande amor.

             d) Festa de carnaval.

       08. O narrador menciona que hoje não deram almoço. O que isso sugere sobre sua situação?

             a) Ele está em um asilo.

             b) Ele está em um hospital.

             c) Ele está esquecido pelos cuidadores.

             d) Ele está enfrentando dificuldades financeiras.

      09. Quais são algumas das realizações que o narrador menciona ter tido ao longo da vida?

             a) Ser campeão do mundo em queda de braço e fechar negócio na China.

             b) Ser professor e escrever um prefácio.

             c) Ser imperador e ter uma mina de ouro.

             d) Ser presidente e liderar uma revolução.

 

POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema tirado de uma notícia de jornal

                                 Manuel Bandeira

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia

num barracão sem número.

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxvAPh3KUOK8sInV4bQrJPPTx24kzJGTkxVeiXEok9-N7Io6ja_I2wVPYtBq7p3skWWJmDyuL2No3CDU0KoehnVMQLtuJyd_PAoHMuNwMdp-t3Uur688lq4iHzsw7gJqEStY-P1swAntjK_9gPskt6Ff4rDkcQHuW6nKX07fKAs2ZBqMpFgYqF_dw27y0/s320/JORNAL.jpg


Entendendo o texto 

01. Considerando a linguagem conotativa e denotativa, pode-se afirmar sobre o poema que:

a.   Os Verbos “Bebeu”, “Cantou” e “Dançou” estão no sentido conotativo, linguagem características de poemas.

     b. O texto é predominantemente conotativo, pois se refere à vida difícil da classe trabalhadora que mora na favela.

     c. A Denotação no texto ocorre pelo uso figurativo das palavras como em “morro da Babilônia”.

     d. O poema utiliza a Conotação e a denotação para narrar um noticia de jornal.

      e. O último verso está na linguagem denotativa, pois as palavras estão sendo usadas em seu sentido literal.

02. Quem é o protagonista do poema?

      a) João da Babilônia.

      b) João Gostoso.

      c) Rodrigo de Freitas.

      d) O dono do bar Vinte de Novembro.

03. Em que local o personagem João Gostoso morava?

      a) Lagoa Rodrigo de Freitas.

      b) Bar Vinte de Novembro.

      c) No morro da Babilônia.

      d) No barracão sem número.

04. Quando o personagem João Gostoso se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas?

       a) Pela manhã.

       b) À tarde.

       c) À noite.

       d) Não é especificado no poema.

05. Quais são os verbos de ação presentes no poema?

      a) Bebeu, morreu, atirou.

      b) Morava, chegou, dançou.

      c) Cantou, afogado, bebeu.

      d) Morreu, chegou, atirou.

06. Qual é o espaço (local) onde João Gostoso se atirou e morreu afogado?

      a) Morro da Babilônia.

      b) Bar Vinte de Novembro.

      c) Lagoa Rodrigo de Freitas.

      d) Barracão sem número.

 

 

 

APÓLOGO: OPOSTOS - CIÇA FITIPALDI - COM GABARITO

 APÓLOGO: OPOSTOS

                     Ciça Fitipaldi

        No meio de uma poesia, o ponto saltou na vírgula com intenção de namorar.

         Foi coisa bem passageira, dessas que ninguém liga, mas entre o ponto e a vírgula deu pano pra manga da briga.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT6eWrC9BSN2AUf8V_LLUDhbnx2QqAlpjSAyxTWmNxh-rOxNH4oLphEY4Aw9wISIyFpyzQkQEXO_L2FKLr1equ0QcoHlbnPFrCi_21Rjr1rLmlwOVV4bWYyemOWN2BwsSdrA9ujX8lAAYMTJ80VWRVo427_V2pLQ4RNO3TANglSxTYX7OLm1nsDhtoVnU/s1600/PONTO.png


         A vírgula, toda prosa, pro papo continuar. O ponto queria descanso, ficar de papo pro ar.

          A vírgula esticava uma frase, lero-lero, coisa e tal, lá vinha o ponto correndo e botava um ponto final.

          Foi indo, a vírgula ficou nervosa. Falou do direito e do avesso, falou do fim pro começo, berrou e perdeu o senso.

          O ponto? Nem ligava pra ausência de consenso. Ponto é silêncio no texto. Imagine se muda de jeito!

           A vírgula, na mesma hora, resolveu ir embora numa frase de efeito.

           O ponto ficou zangado, achou de botar defeito: - Podes ir, tagarela – falou com voz amarela. – Como és chata, criatura! Nem escritor te atura!

            A vírgula, atrevida, optou pela pirraça: toda hora requebra de graça em qualquer frase sem sentido. O ponto, quando ela passa, esquece de lado o passado, fica todo derretido.

            O poeta investiga as razões da eterna briga: os opostos se atraem, querem sempre se juntar. Não há força sem fraqueza; nem feiura sem beleza e a sorte depende do azar.

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central do apólogo "Opostos" de Ciça Fitipaldi?

      a) A briga entre dois personagens literários.

      b) A relação entre ponto e vírgula.

      c) O embate entre a prosa e a poesia.

      d) A importância da pontuação na escrita.

02. Por que a vírgula resolveu ir embora na história?

      a) Porque estava entediada.

      b) Porque queria descansar.

      c) Por causa de uma briga com o ponto.

      d) Porque o poeta a expulsou.

03. O que o ponto representa no apólogo "Opostos"?

      a) Silêncio no texto.

      b) Ausência de consenso.

      c) Tagarelice.

      d) Frases sem sentido.

04. Qual é a conclusão do poeta sobre a eterna briga entre os opostos?

       a) Os opostos devem sempre se separar.

       b) Não há força sem fraqueza.

       c) A beleza depende da feiura.

       d) O azar é sempre mais forte que a sorte.

05. O que acontece quando a vírgula passa na frente do ponto, segundo o texto?

      a) O ponto fica irritado.

      b) O ponto esquece o passado.

      c) O ponto se derrete.

      d) Todas as opções anteriores.

 

POEMA: ACROBATISMO - CASSIANO RICARDO - COM GABARITO

 POEMA: ACROBATISMO

               (Cassiano Ricardo)

Parou o vento. Todas as árvores

quiseram ver o salto original.      

Então      

quedaram-se todas      

com os seus anéis azuis de orvalho      

e os seus colares de ouro teatral,      

prestando muita atenção.      

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAIlJT8m3Ez08OyC-hpaiPDQBMnSCk0xdm8yiGSKYN3GMyk-SmM-I5tOzdtVtiffTp3zk0MKYx_vLYXNPQqrEtmaVnFWEuVbr87ydoClGCzuYomEFsd0QfSdmo9HJjr9UDRLg7KxZ7_hsxb0wZumKCMw6_-cmAgL4IB9_GDBX1egXSJoAax9rD5cejMoM/s320/LOUVA-DEUS-Mantis-religiosa-4.2-1140x694-1.jpg 

Foi como se um silêncio fofo de veludo      

Começasse a passear seus pés de lã por tudo.      

Nisto uma folha sai, muito viva, de uma rama,      

e vai cair sem o menor rumor      

sobre o tapete de grama.      


É um louva-a-deus lépido e longo      

que se jogou de um trapézio      

como um pequeno palhaço verde      

e lá se foi, a rodopiar      

às cambalhotas      

no ar.                                                                                                                             

Entendendo o texto

      01. Na primeira estrofe do poema, são atribuídas aos elementos da natureza características próprias de seres animados.

 -  Qual o nome que se dá a essa figura de linguagem?

     a) Prosopopeia.

     b) Onomatopeia.

     c) Metáfora.

     d) Sinestesia.

     e) Catacrese.

     02. O que as árvores queriam ver no poema "Acrobatismo"?

a) O nascimento de um pássaro.

b) O salto original.

c) A chegada da primavera.

d) A dança das folhas no vento.

    03. Como as árvores reagem ao evento descrito no poema?

         a) Agitam-se violentamente.

         b) Ficam paradas com anéis azuis de orvalho.

         c) Perdem suas folhas.

         d) Produzem frutos em abundância.

   04. Como é descrito o silêncio no poema "Acrobatismo"?

         a) Forte e estrondoso.

         b) Suave como veludo.

         c) Cortante como uma faca.

         d) Frágil como cristal.

   05. O que a folha faz após sair da rama no poema?

         a) Gira no ar como uma bailarina.

         b) Desintegra-se em pequenos pedaços.

         c) Desliza suavemente até o chão.

         d) Transforma-se em um pássaro.

  06. Qual é a imagem utilizada para descrever o louva-a-deus no poema?

          a) Palhaço verde.

          b) Pássaro majestoso.

          c) Sombra misteriosa.

          d) Trapézio luminoso.