sábado, 13 de janeiro de 2024

CRÔNICA: GENERAIS DO COTIDIANO - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Generais do Cotidiano

                Walcyr Carrasco

COM UM FILHO NO COLO, sacola na mão e passo vagaroso, a diarista toca o interfone do prédio. Entrada permitida, sobe uma longa escada à direita.

Está no meio quando o porteiro se aproxima rugindo, braços agitados:

— Volte! Vá pela da esquerda.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhz_fQQzamd1ZPB3nvHvne5k8hA4XKYcpqXZYrjrlPfgml3KoSxYOv2ctw-4rgv90af72OuI5ce5-q1uTQcp58mNXO5tKdD9prAOqdhC0b_qVy1Fq4lilprE4ZQj_E4WFKEnGQo0WpgOlwYL0-Gr09JisBf3SoFiz1AZCpIlco0zfVUgNj2360gpqr9O-A/s1600/EDIFICIO.jpg 


Protestos, lamentações, nada adianta. A moça desce penosamente os degraus para retomar o caminho. Que leva exatamente ao mesmo lugar, o lobby do edifício. O porteiro cruza os braços, vitorioso. Fez valer a autoridade. Diz um ditado que basta dar um quepe a alguém para que essa pessoa se sinta general. Nunca vou esquecer o dia em que estacionei em frente a um prédio residencial na alameda Lorena, nos Jardins. O porteiro, gritou, com voz de comando:

— Você não pode estacionar aí. Tire o carro.

— Por quê? A rua é pública.        

— Mas o síndico não gosta.

Senti a Declaração dos Direitos Humanos ferver dentro da minha cabeça. Não que ela entre em detalhes sobre síndicos. Mas o nome pomposo mexe com meus brios de cidadão. Ergui o queixo:

— Pois é aqui que ele vai ficar. Se eu voltar e tiver acontecido alguma coisa, tipo pneu murcho, chamo a polícia.

No regresso, o veículo estava intato. Eu não. Passei o tempo todo, na visita a uma amiga, preocupado com a possível represália.

O maior terror dos candidatos a vestibular é chegar um minuto atrasado. Há sempre uma inspetora fechando a porta. Se o estudante tentar entrar pela fresta, é capaz de decepar os dedos da mão, tal a decisão dessas guardiãs.

— Você ainda nem fechou direito.

— Atrasou, não entra!

Inútil argumentar que o minuto vale um ano. O prazer dessas pessoas é exercer a autoridade. Como fazem as recepcionistas de empresa.

— A identidade, por favor.

— Estou sem ela. Tenho o título de eleitor, serve?      - — Não, não tem foto.

A minha foto da identidade tem uns vinte anos e uns vinte quilos a menos. Para que serve, a não ser para refletir sobre os espinhos da passagem do tempo?

Falar de certas secretárias é redundante. Existem as mais ferozes do que os

chefes.

Telefono e entra em cena a inquisidora:     

— Qual é o assunto?

— Diga apenas que sou eu.

— Ele sabe quem é?

— O interesse é dele. Se não quiser avisar, o problema é seu.

Ouço um gemido raivoso do outro lado. Quando sentem a autoridade trincada, deixam aflorar os sentimentos mais selvagens. Os seres mais terríveis no exercício dos pequenos poderes estão, provavelmente, na área artística. Testes para ator de teatro são a prova. Um bando de jovens passa horas e horas esperando numa sala. O diretor e alguns asseclas chamam de um em um. Mandam o candidato falar de si próprio, dançar, cantar, contar piada. Olham de cima, como se estivessem diante de um verme, enquanto a. pessoa rebola e desafina. Depois concluem:

— Daqui a alguns dias a gente telefona.

Nunca mais chamam, nem atendem se o candidato liga. É o mesmo estilo de quem recebe pretendentes a modelo nas agências especializadas. A mocinha de cabelos bem cortados, sorriso sedutor, cordas vocais gélidas, avisa a adolescente esquálida que ambiciona as passarelas:

— Espera aí que eu já falo com você.

Passam-se três ou quatro horas antes que a anoréxica seja percebida novamente, embora esteja no sofá em frente.

— Ih, você ainda está aí? Esqueci de dizer, nosso diretor não vai receber mais ninguém hoje. Desculpe.

Sorri, derramando fel.

A gana pelo poder é tão grande que certas pessoas o exercem sem que se entenda bem por quê. Foi o caso de duas senhoras, recentemente, numa rua do Itaim. O marido de uma parou o carro, fechando a vaga do de trás. A dona do carro preso quis sair. Não conseguiu, começou a brigar. A que esperava o marido pediu um tempo. Começou o bate-boca, que continuou após a chegada do motorista e a liberação do carro. A tantas, a primeira gritou:

— Você sabe com quem está falando?

Imediatamente, a segunda retrucou:

— E você, sabe com quem está falando?

Olharam-se, apavoradas uma com a outra. Correram para seus carros e partiram rapidamente. 

Quem gosta de mandar sempre acaba encontrando quem queira mandar ainda mais. Trombam e soltam faíscas. E a prova de que rio mundo ainda existe uma certa justiça!

 Nos tempos da naftalina

Brrrrr! Passei a vida toda dizendo que adoraria viver em um país com neve. Só para bancar o chique, naturalmente. Observava, sonhador, as fotos de estações de esqui, embora morra de medo de altura e seja descoordenado demais para descer geleiras sem embaralhar as pernas. Tudo bobagem. Passei os últimos tempos rugindo contra o frio. Felizes, em São Paulo, ficaram apenas as proprietárias de peles que, após anos de espera, puderam retirá-las dos baús. Outro dia pensei que uma senhora estivesse sendo mordida no pescoço por um cachorro magro. Aproximei-me, heroico. Tratava-se de uma raposa. Mumificada, de tão velha. Francamente, nada mais tenebroso do que os dentinhos brancos e a boca arreganhada do bicho.

O frio provou que a cidade não está aparelhada para o inverno. A começar pelas obras arquitetônicas. Uma conhecida investiu fortunas construindo uma casa de concreto pendurada no morro, e assinada por um arquiteto de renome. Seu quarto, voltado para a paisagem, possui portas-balcão belíssimas, bem em frente à cama. Pelas frestas entra um vento frio a noite toda. O chão, lindíssimo, de cimento branco, assemelha-se hoje a um campo nevado. Vestida com uma camisola de flanela, pantufas e uma touquinha para proteger as orelhas, a elegante comenta, com um sorriso conformado:

— Dá a impressão de que estou morando num freezer. Mas vou acabar me acostumando.

— Tenho uma informação desagradável. Ninguém se acostuma ao frio.

Senão os esquimós andariam pelados — explico gentilmente.

Ela disfarça. Dorme abraçada com sua cachorra da raça pastor alemão, à qual, com a função de aquecedor biológico, foi promovida do canil para os lençóis.

Da minha alergia, nem falo! Noite dessas compareci a um desfile de moda. O odor da naftalina dos casacos de lã, peles sintéticas e outros artefatos era evidente. Nem o perfume francês de algumas "modetes" evitou meus espirros. Pior, apenas o sorriso estarrecido dos modelos desfilando biquínis e maios. Andavam pela passarela com a desenvoltura de sorvetes. É o preço do glamour. Também os guarda-roupas não estavam preparados para os ventinhos torturantes. Foram anos e anos de inverno enganador. Quantas vezes passei incólume diante de liquidações de camisas de flanela! E mesmo agora, poucos ainda acreditam em frio duradouro, capaz de compensar o investimento em casacos e botas forradas. Prefere-se dar um jeitinho. À custa de enormes transtornos psicológicos, reconheço. Como quando decidi vestir uma confortável calça de veludo. Não abotoou na barriga. Respirei fundo, consegui. Soltei o ar, o botão de cima incrustou-se no umbigo. Quase chorei. Uma calça apertada é sempre a testemunha cruel dá passagem dos anos. Consolo-me por não ser o único. A cidade vive um festival de paletós apertados no abdome, casacos largos demais e buracos de traças em geral. Um amigo careca botou boné.

— Tive medo de a geada queimar o resto dos cabelos — explica.

Qualquer jantar transforma-se num desastre. No trajeto entre a travessa e o prato, a comida esfria completamente. Somos obrigados a devorar estrogonofe gélido e macarrão colante. Comer pizza pode resultar em fratura de queixo.

Só me surpreendo com certas mulheres, capazes de sair de pernas de fora, saia curta e sapatos de salto. Deviam ser estudadas pela Nasa e utilizadas em alguma experiência de vida em ambiente alienígena. Às vezes sinto tanto frio que sonho entrar numa banheira cheia de conhaque com um canudinho na mão. Confesso a saudade das camisas de manga curta, dos sapatos, da cervejinha gelada! Mal posso esperar pelo verão! Ele virá, eu sei. Ainda bem. Aí poderei reclamar do calor.

Entendendo o texto

01. Qual é o episódio inicial da crônica "Generais do Cotidiano" de Walcyr Carrasco?

a) Uma visita a um amigo.

b) Uma discussão entre diarista e porteiro.

c) Um desfile de moda.

d) Um jantar em um restaurante.

02. O que acontece quando o motorista estaciona em frente a um prédio nos Jardins, conforme mencionado na crônica?

a) O carro é rebocado.

b) O porteiro autoriza o estacionamento.

c) O síndico pede para tirar o carro.

d) O autor desafia o porteiro.

03. Como o autor caracteriza as inspetoras que fecham as portas do vestibular?

a) Solidárias.

b) Indiferentes.

c) Bondosas.

d) Autoritárias.

04. Segundo a crônica, qual é o prazer das pessoas que exercem autoridade, como as recepcionistas de empresas?

a) Facilitar o acesso.

b) Exercer a autoridade.

c) Ser solidárias.

d) Ignorar regras.

05. O que a crônica sugere sobre a foto da identidade do autor?

a) Está atualizada.

b) É recente.

c) Reflete o envelhecimento.

d) Não tem importância.

06. Qual é a crítica do autor em relação aos testes para ator de teatro?

a) São fáceis.

b) São justos.

c) São humilhantes.

d) São rápidos.

07. De acordo com a crônica, qual é o estilo das pessoas que exercem pequenos poderes na área artística?

a) Amigável.

b) Gentil.

c) Autoritário.

d) Despreocupado.

08. O que a crônica sugere sobre a atitude das duas senhoras que brigam por uma vaga de estacionamento?

a) Elas são amigáveis.

b) Elas têm medo uma da outra.

c) Elas gostam de desafios.

d) Elas têm medo de represálias.

09. Qual é o comentário irônico do autor sobre a cidade não estar aparelhada para o inverno?

a) A cidade não precisa se preparar para o inverno.

b) A cidade está totalmente preparada.

c) A cidade não sabe lidar com o frio.

d) O inverno não afeta a cidade.

10.O que o autor expressa em relação ao frio no último parágrafo da crônica?

a) Alegria pelo inverno.

b) Descontentamento com o inverno.

c) Desejo de viver em um país com neve.

d) Gratidão pelo frio intenso.

CRÔNICA: ADEUS AO FOGÃO - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Adeus ao Fogão

                Walcyr Carrasco

SENTO À MESA COM o estômago dançando rumba, de tanta fome. Há quarenta minutos, eu, minha cunhada e as duas sobrinhas esperamos a feijoada descongelar. A carne-seca, o toucinho e o paio imersos no caldo negro são, finalmente, apresentados. Encho o prato, degusto a primeira garfada. Puro sabor de asfalto. As duas sobrinhas quase desmaiam de enjoo, enquanto minha cunhada dá o veredicto:

— Queimou.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl0lNwM5AKnnmj83SWHcXVpERy4pGUnNQYm-1yssEwLdK3vKtqXShsW3mod8vs9YbTuI6fbvhzAEKjpgpUDKt9rSWZr-vaSZi6195DkoBFBjTCeWCZgcy5dd2lNJAWhb5E_ZguTopbgxo0XEMVPmK-AR5lYbckKhqJ0WfuBgg52e9HipILVdkpMI2JT7w/s320/CADERNO.jpg 


Um sentimento de tragédia paira no ar. Como é sábado, o expediente da doméstica já acabou. As três sabidonas mal sabem fritar um ovo. Proponho fugir para um restaurante. Concordam, entusiasmadas. Apenas uma ressalva, da mãe:

— Só que estou sem talão de cheques...

Submeto-me. Saímos em direção ao mais próximo. Na porta, o namorado da sobrinha mais velha incorpora-se ao cortejo. Chegou

tarde, mas em jejum! Pouco depois, com as cabeças enfiadas em tigelas de feijão preto, conversamos. Estou surpreso: não sabem cozinhar nem para emergência?

— Uma vez eu fiz uma sopa num acampamento em Maresias — conta uma. — Mas de pacotinho!

É uma constatação: as mulheres andam cora orgulho de ficar longe das panelas. As conquistas femininas implicam quebrar os grilhões que as prendiam ao forno e fogão. Fico impressionado com o número de mães executivas que criam seus rebentos à base de salsicha e hambúrguer.

Essa geração acha vantagem confundir berinjela com abobrinha. As que cozinham melhor são especializadas num único prato. Conheço uma garota que adora fazer frango no azeite. Afoga peitos e coxas numa fôrma repleta de óleo e deixa no forno até secar. Se algum convidado tiver colesterol alto, morre no jantar. Outra se sente o máximo quando coloca um macarrão com consistência de chiclete na minha frente. Dou uma garfada e meus dentes ficam presos no prato.

— Gosto assim, bem molinho — explica a gourmet.

Não é à toa que um número crescente de homens descubra talentos culinários. Engano imaginar que é vocação. Trata-se de pura sobrevivência. Afinal, a maior parte dos mancebos da mesma geração foi criada por mães esplendorosas, capazes de passar uma tarde inteira enrolando brigadeiros para a festinha de aniversário. Quando se casam, enfrentam os sinais do avanço da luta entre os sexos. Um amigo recém-casado geme: 

— Ela só sabe fazer estrogonofe. Nos finais de semana, dá-lhe estrogonofe. Cada vez que vejo os pedacinhos de carne boiando no molho tenho vontade de chamar minha mãe. Outro dia pedi para ela fazer um bolo. Saiu um pedaço de cimento.

Reclamei, chamou-me de machista!

— Sua mulher trabalha?

— Ainda não... Pensamos em ter um filho. Morro de medo de ter de passar as noites esquentando mamadeira. Ela é incompetente até para fazer café!

Algumas, mais cruéis, vivem fazendo regime e submetem o marido a ele. Um rapaz começou a afinar. Quando estava quase despencando, revelou:

— No jantar, só salada de alface e cenoura ralada. Ela emagreceu, eu sumi. O pior é que me faz ralar as cenouras, para não quebrar as unhas. Às vezes acordo no meio da noite sonhando com um filé mignon!

Sei que muitas mulheres ficam "bravésimas" com esse tipo de crítica. 

— Não temos nenhuma obrigação de saber cozinhar! — insiste qualquer garota pós-moderna.

Em termos de avanço social, seria fundamental transformar o arroz em mingau e o bife em sola de sapato? Hoje em dia, a figura da doméstica de forno e fogão, escravizada no emprego, tornou-se cada vez mais rara. Digam o que disserem as feministas de última hora, dietas à base de pizza com gosto de papel não são uma forma de felicidade.

No último Natal, quis agir com sutileza. Minha prima se descabelava porque perdera a empregada de muitos anos. Ofereci-lhe um livro de receitas. Meses depois me convidou para jantar. O menu: comida chinesa, entregue em casa.

Surpreendi-me:

 —E o livro?

— Estou lendo! — respondeu alegremente.

— Não é um romance para ler! É para fazer! — rugi.

Ela me encarou, magoada. Mesmo assim, pretendo continuar com a estratégia. Quando alguma amiga executiva faz aniversário, presenteio com Dona Benta, A Maravilhosa Cozinha de Ofélia e outras preciosidades do gênero. Pode ser até que não dê certo. Mas adoro ver a expressão de susto quando abrem o pacote!

Entendendo o texto

01. Qual é a situação inicial da crônica "Adeus ao Fogão" de Walcyr Carrasco?

a) Um jantar em família.

b) Uma festa de aniversário.

c) Uma refeição descongelada.

d) Um acampamento em Maresias.

02. O que acontece com a feijoada preparada pela narradora e sua cunhada?

a) Fica deliciosa.

b) Queima.

c) É elogiada por todos.

d) É esquecida no fogão.

03. Por que as mulheres da crônica decidem ir a um restaurante?

a) Porque estão cansadas de cozinhar.

b) Porque a feijoada queimou.

c) Porque não têm talão de cheques.

d) Porque querem experimentar novos pratos.

04. Qual é a crítica do autor em relação às conquistas femininas na cozinha?

a) As mulheres deveriam cozinhar mais.

b) As mulheres estão perdendo suas habilidades culinárias.

c) As mulheres estão cada vez melhores na cozinha.

d) As mulheres devem se libertar do fardo da culinária.

05. O que as mulheres da crônica alegam em relação à culinária?

a) Cozinham apenas para emergências.

b) Não têm obrigação de saber cozinhar.

c) São especialistas em diversos pratos.

d) Preferem comida chinesa.

06. O que acontece com o amigo recém-casado quando sua esposa faz estrogonofe?

a) Ele adora.

b) Ele chama a mãe.

c) Ele pede para ela fazer um bolo.

d) Ele se queixa dos pedaços de carne boiando no molho.

07. Por que alguns homens da geração mencionada na crônica desenvolvem talentos culinários?

a) Por vocação.

b) Por pura sobrevivência.

c) Porque suas mães eram chefs.

d) Porque gostam de cozinhar.

08. Como o autor caracteriza as mulheres que fazem regime na crônica?

a) Cruéis.

b) Saudáveis.

c) Incompetentes.

d) Gourmet.

09. O que a prima da narradora faz após receber um livro de receitas como presente?

a) Começa a cozinhar imediatamente.

b) Lê o livro como se fosse um romance.

c) Convida a narradora para jantar.

d) Contrata uma nova empregada.

10. Qual é a estratégia adotada pelo autor para incentivar suas amigas executivas a cozinharem?

a) Presenteia com livros de receitas.

b) Convida para jantar em sua casa.

c) Contrata uma chef particular.

d) Critica publicamente a falta de habilidade culinária.

 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

CRÔNICA: SORRISOS COMERCIAIS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Sorrisos Comerciais

                Walcyr Carrasco

 ANTES; QUANDO CONVIDADO para uma festa, perguntava qual era a comemoração. Hoje verifico que produto será lançado. São cada vez mais raras as reuniões sociais sem interesse definido. As pessoas perderam o prazer de se reunir para bater papo simplesmente. Isso em todos os níveis sociais. Conheço várias donas-de-casa que sempre se encontravam para tomar café com leite, comer bolo e destrinchar a vida alheia. Na semana passada minha tia foi convidada para passar a tarde na casa de uma vizinha.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3nmQp2alA6_tx4q80G4NzeP2P9Pja1mJyDwKIjbRGWKrlOZV79enC_ZVG_duyS7OezOH9WnXVCDODaKwPCBpVdw65-gypuZVu4nVO72gVxEHCOg6ZaffSOpVj6oVYSPay2PPl2-t-5l2Try_9cl6swqkEQ9up5wTCiHmMx_vmyr7rAfrusTv6gNWnS_w/s320/PROMOTER.jpg


— Que bom, faz tanto tempo que não batemos papo! — suspirou.

— Bem... Se der, a gente conversa um pouquinho — reagiu a vizinha. -— Mas a reunião é para você aprender a reprogramar sua vida vendendo cosméticos.

— Gosto de minha vida, e já me aposentei!

— Engano seu. Venha à reunião! Vai perceber como é infeliz!

As festas de sociedade no passado eram ofuscantes. Após cada uma, as pessoas esquadrinhavam as colunas para analisar o vestido dessa, o penteado daquela. Damas eram veneradas como estrelas de cinema. Tornaram-se garotas propaganda. Coquetel com gente badalada é para lançar carro, xampu, aparelho contra celulite. As pessoas se arrumam, se perfumam, e vão fazer caras e bocas de copo na mão, diante dos fotógrafos. Tanto que certas figurinhas carimbadas, como o Chiquinho Scarpa, estão cobrando cachê para comparecer. Como a festa perdeu a grandiosidade, os convidados se comportam à altura. Ficam disputando salgadinhos, e no final todos se estapeiam para não sair sem o brinde. Pior é quando o convite implica o uso de uma camiseta e o evento elegante vira um festival de barrigas e pneus acentuados pelo modelito.

Surgiu até uma nova profissão: promoter. E o especialista em transformar a festa em sucesso. Agita os convidados, organiza o bufê e permanece na porta com um sorriso atarraxado. Há casos de promoters que sofrem deslocamento do maxilar de tanto reverenciar os convidados. Alguns são bem sérios, com escritórios montados etc. Exceções. Ser promoter é coqueluche. A profissão implicaria conhecimento das regras de etiqueta, por exemplo. Há uma profissional na cidade que é o próprio papagaio de pirata. Basta chegar um famoso e ela se pendura para tirar fotografias. Adora vestir jeans justíssimos e collants. Talvez seja a única promoter mundial no gênero farofeira. Outro faz o gênero cambalacheiro. Há dois meses armou um grupo vip para ir ao Moinho Santo Antônio. Todos deixaram seus carros para chegar de micro ônibus, com ar-condicionado. Os vips desceram, chiquérrimos, e receberam uma carteia cada um. Na hora de sair, a conta -— cerveja por cerveja. Uma socialite gemeu:

— Mas eu sou vip. Sou convidada do... Onde é que ele foi?

Desapareceu. Tal como a promoter que exigiu a presença de um executivo assanhado na festa do Mercado Mix.

— Venha com três amigos. Vou deixar seu nome na porta, como vip.  Quando ele chegou, nem nome nem promoter. Morreu com a entrada dele e dos amigos. Trata-se de uma estratégia: seduzir pagantes dizendo que são vips. Pobres vips, que fim!

Mesmo inocentes festas de aniversário passaram a ser eventos promocionais, porque em certas profissões, como estilistas de moda, aparecer dá lucro. Resultado: os promoters contratam pessoas para comparecer e evitar o salão vazio. Pagam pouco, mas é divertido. Que o digam os modelos jovens chamados em todas as ocasiões sociais só para ficar circulando. Os promoters ganham, a boate fica animadíssima, o dono se sente prestigiado. Pergunto: cadê a festa? Passo a noite toda comemorando e, no dia seguinte, descubro que estava promovendo desodorante. Que graça tem?

Decidi me vingar quando fizer aniversário. Quero bolo com velinhas, bexigas no teto, língua-de-sogra e chapeuzinho colorido para os convidados. Vou chamar amigos velhos, até os chatos. Não será nenhum grande evento badalado.

Pode até parecer coisa tonta. Mas vou dar boas risadas, e isso é que era bom nas festas de antigamente!

Entendendo o texto

01. Antes, quando o autor era convidado para uma festa, qual era sua principal preocupação?

a) O tipo de música que seria tocado.

b) A qualidade da comida e bebida.

c) O motivo da comemoração.

d) A lista de convidados.

     02. Segundo o autor, o que tem se tornado cada vez mais raro nas reuniões sociais?

         a) Presença de celebridades.

         b) Festas com bufê requintado.

         c) Encontros sem interesse definido.

         d) Uso de trajes elegantes.

   03. O que aconteceu na festa da vizinha da tia do autor?

         a) Uma festa badalada com celebridades.

         b) Uma reunião para vender cosméticos.

         c) Uma festa de aniversário surpresa.

         d) Uma comemoração de casamento.

   04. Como as festas de sociedade no passado eram descritas pelo autor?

        a) Ofuscantes e grandiosas.

        b) Simples e modestas.

        c) Desinteressantes e chatas.

        d) Informais e descontraídas.

   05. O que se tornou uma nova profissão mencionada pelo autor?

        a) Estilista.

        b) Socialite.

        c) Promoter.

        d) Fotógrafo.

  06. Qual é a função do promoter mencionado na crônica?

        a) Organizar festas de aniversário.

        b) Transformar festas em eventos de sucesso.

        c) Contratar modelos para desfiles.

        d) Preparar bufês requintados.

  07. O que alguns promoters fazem para garantir que a festa seja animada?

          a) Contratam bandas famosas.

          b) Pagam para pessoas comparecerem.

           c) Oferecem brindes caros.

           d) Transformam a festa em eventos promocionais.

  08. Como alguns promoters seduzem pagantes, segundo o autor?

         a) Dando descontos nos ingressos.

         b) Oferecendo brindes exclusivos.

         c) Dizendo que são vips.

         d) Promovendo eventos secretos.

  09. Por que as festas de aniversário, mesmo inocentes, se tornaram eventos promocionais?

         a) Para atrair modelos famosos.

         b) Porque aparecer nessas festas dá lucro.

         c) Para homenagear estilistas de moda.

         d) Porque os promoters gostam de comemorar.

 10. Qual é a decisão do autor em relação à sua festa de aniversário no final da crônica?

         a) Contratar um promoter famoso.

         b) Promover um evento badalado.

         c) Fazer uma festa simples com amigos.

         d) Não comemorar o aniversário.

 

CRÔNICA: O MESTRE DA FAXINA - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: O Mestre da Faxina

                Walcyr Carrasco

SUBITAMENTE, MINHA FAXINEIRA desapareceu. Deixou chinelos, um avental e um maço de cigarros pela metade. Três semanas depois, resolvi:

— Eu mesmo vou limpar o apartamento!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRd5pS7kI-w__Gdlc6kqZ0jEkuLHUFA_yRYbkWdl4EKjO-Sk3Mqrt_HnSIH8QcCRdswoYy8H70jpfh_yQgdwUCkGDBpwTA3vrLyUwbFX_GC_sgSAO6H-O8GBRv-huYmOcQAZxNKlFp-HvoeZvDOHudVTK4V-jwWlpLPHKjPwcykPoyL4jPVcrZc52iuXM/s320/FAXINEIRO.png


Peguei um saco de lixo grande, botei dois coadores de café usados, a casca de uma mexerica e algumas torradas secas. No processo, um pedaço de torrada caiu no chão. Esmigalhei-o com o pé, sem querer. Observei horrorizado os pedacinhos se espalharem pelo piso.

— Não tem importância, depois vou lavar o chão.

Joguei o lixo. Voltei. Abri a geladeira. Duas cenouras mumificadas me observavam. Retornei ao lixo. Foram dez idas e vindas. Sempre esquecia alguma coisinha! Finalmente, encarei a cerâmica da cozinha. Originalmente, é branca. A alvura ocultava-se sob manchas marrons, vermelhas e cinzentas. Passei a vassoura.

As manchas continuavam lá. Tocou o telefone.

— Estou às voltas com a vassoura — expliquei, sorridente.

— Vai voar? — perguntou meu interlocutor.

Desliguei e voltei à cozinha. Tinha espalhado as migalhas de torrada por todo o trajeto. Achei melhor me concentrar e pensar na sala mais tarde. Cautelosamente, espalhei o líquido limpador multiuso no chão. Puxei a sujeira com o rodinho. As manchas desapareciam magicamente!

— Venci as faxineiras — comemorei.

Só então descobri estar do lado oposto à porta. Ao voltar sobre a área limpa e molhada, na ponta dos pés, minhas botas espalharam marcas pretas, bem redondinhas. Dava a impressão de que uma cabra havia passado por lá. Suspirei. Tirei os sapatos, as meias e arregacei as calças. Joguei limpador de novo. Puxei o rodinho, dessa vez ao contrário. Trouxe uma horrível borra cinza até a porta da sala. Quando ia atingir meu tapete persa, corri até a pia, peguei um pano e ajoelhei-me para eliminar a borra. O pano estava imundo, emporcalhei tudo mais ainda. Pior; meus joelhos também se sujaram e minhas próprias calças passaram a criar manchas. Não tive dúvida: tirei a roupa toda.

— O melhor é ficar nu — concluí, embora, é claro, nunca tenha visto uma

faxineira trabalhando pelada,

Retornei à pia, tentei lavar o pano. A pia entupiu. Corri ao banheiro, acrescentando mais marcas no chão. Molhei e torci o trapo. Mais limpador. Notei que as casquinhas da torrada, apesar de todo o meu empenho, pareciam ter colado na cerâmica. Agachei-me e, com a ponta das unhas, fui tirando uma por uma. Até quase enlouquecer. Quis chorar. Pus a mão nos cabelos, e o líquido de limpeza começou a escorrer pelo meu rosto. Espirrei. Joguei água por tudo, espalhei sapólio e passei o rodinho. Meus pés arderam. Ao. puxar os detritos, eles voaram no tapete persa. Deitei-me sobre ó tapete para caçar os pontinhos de sujeira. Nesse instante, o rodinho escorregou e caiu em direção ao ralo. Na batida, uma poça d'água explodiu. Com fúria, agarrei o pano e passei em cada milímetro do piso. Desmaiei no tapete, exausto. Olhei a cozinha.  

Surpresa! O piso estava limpo! Suspirei, quis tomar um café. Duas gotas negras caíram da xícara. Desesperado, quase lambi o chão. Limpei com meu próprio lenço. Respirei profundamente, senti minha franja grudada nos cílios. Uma mancha de sapólio se instalara na minha barriga! Corri para a ducha. Adormeci pensando como seria fascinante limpar a sala, no dia seguinte.

De manhã bem cedo, a faxineira reapareceu, com uma história complicadíssima. Quase beijei seus pés. Sempre desdenhei os trabalhos domésticos. Quando ouvia alguém falar em ser dona-de-casa, torcia o nariz. Já me arrependi.

Francamente! Que vida!

Entendendo o texto

01. O que aconteceu subitamente na vida do autor que o levou a tomar a decisão de limpar o apartamento?

       a) Sua faxineira ficou doente.

       b) Ele perdeu o emprego.

       c) Ele se mudou para um novo apartamento.

       d) Sua faxineira desapareceu.

02. O que o autor faz ao esmagar sem querer um pedaço de torrada no chão?

        a) Chora.

        b) Ri.

        c) Limpa imediatamente.

        d) Ignora.

03. Como o autor celebra ao perceber que as manchas no chão desapareceram após o uso do limpador multiuso?

       a) Com um banquete.

       b) Com uma festa.

       c) Comemorando a vitória sobre as faxineiras.

       d) Ligando para sua faxineira.

04. O que acontece quando o autor volta sobre a área limpa e molhada?

       a) Nada.

       b) Marcas pretas aparecem.

       c) O tapete persa se suja.

       d) Ele escorrega e cai.

05. O que o autor decide fazer para eliminar as marcas pretas do chão?

       a) Passar o rodinho ao contrário.

       b) Correr até a pia.

       c) Lavar os pés.

       d) Usar sapólio.

06. O que o autor conclui sobre a situação enquanto tenta limpar a cozinha?

        a) Deve continuar nu.

        b) Precisa chamar um profissional de limpeza.

        c) A faxineira é insubstituível.

        d) Deve desistir e contratar outra faxineira.

07. O que o autor faz quando percebe que as casquinhas da torrada parecem ter colado na cerâmica?

        a) Chora.

        b) Tira uma por uma com a ponta das unhas.

        c) Lamenta a situação.

        d) Contrata um profissional de limpeza.

08. O que o autor faz ao deitar-se sobre o tapete após limpar a cozinha?

        a) Admira o tapete persa.

        b) Desmaia.

        c) Liga para a faxineira.

        d) Fica satisfeito com o resultado.

09. O que acontece quando o autor tenta tomar um café após o trabalho de limpeza?

        a) Ele encontra uma xícara suja.

        b) Duas gotas negras caem da xícara.

        c) Ele derrama o café no chão.

        d) Ele não encontra o café.

10. Quem reaparece no final da crônica, facilitando a vida do autor em relação à faxina?

       a) A mãe do autor.

       b) O pai do autor.

       c) O vizinho.

      d) A faxineira.

CRÔNICA: MEU PAI, O HOMEM QUE TORCIA POR MIM - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Meu Pai, o Homem que Torcia por Mim

                Walcyr Carrasco

 SEMPRE QUE VEJO UM CANÁRIO, lembro do meu pai. Cresci

cercado por gaiolas, repletas de espécimes coloridos. Ajudava a dar alpiste, a encher os bebedouros de água. Acompanhava as fêmeas chocando os ovos, pequenos e pintados. Era fantástico ver os filhotinhos piando. Minha mãe preparava uma papa de ração, que meu pai dava com uma colherinha. `As vezes eram tantos os cuidados que eu sentia ciúme. E se gostasse mais dos canários que de mim?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-QM8xj3QNyngzBdYDB3Ljxo-jbabnDVQeHZPiSz1m9Kq3gFBT3N73AtJbdZRLlv_Oth37RgzeKccqgu5CKZhx8ns89ExUw-susCl1tSrIp6mrxh8aKkrWkSVrbc2hswA2kgwPdqBcGyB9zEHn5bc22N0_mjTJQtwHS49w-IYlL7YC2ZiCok5CQWU47io/s320/CANARIO.png


Meu pai não era dado a expansões carinhosas. Talvez porque fosse criado em um meio em que homem não expressava os sentimentos. Talvez porque nunca recebeu muito carinho de seu próprio pai. Saiu de casa aos treze anos e foi morar com um irmão. Teve um problema nos olhos e quase ficou cego, ainda adolescente. Mais tarde, quando quis continuar os estudos, já estava casado e com filhos. Tentou, mas não pôde seguir adiante.

Era ferroviário. Telegrafista. Profissão simples, mal remunerada. A pobreza, na minha infância no interior, era mais digna do que a de hoje em dia. Afinal, ele conseguiu batalhar por um projeto de vida para os filhos. A duras penas, mas conseguiu. Sua maior crença era nos fazer estudar. Meus dois irmãos começaram a aprender música aos seis anos de idade. Eu preferi estudar inglês, desde os dez. Ia à escola pública. Na época o colégio do Estado era prestigiado. Lutava-se para entrar, pela qualidade do ensino. Os professores eram pessoas respeitadas na cidade. Tratadas de maneira especial, pois, afinal, eram professores! Tudo isso pode parecer estranho hoje em dia, quando se ouve falar de escolas depredadas e de alunos que ameaçam os mestres. Mas houve um tempo, e não há tantos anos assim, em que o ensino merecia tratamento especial. Todos os esforços da família eram orientados para nossa educação. Até a fuga dos canários causaria menos dor a meu pai do que ver um filho repetir o ano.

Ganhei minha primeira máquina de escrever aos treze. Já anunciava aos quatro ventos meu desejo de ser escritor. Um dia —: não era Natal nem aniversário — ele veio com a máquina. Modelo simples, portátil. Comprada em prestações a perder de vista. Coloquei a primeira folha de papel sulfite e experimentei a primeira tecla. Nunca vou esquecer a sensação, o cheiro de tinta e a letra surgindo no papel!

Ao longo da vida, tive a chance de sentir seu apoio, várias vezes. Mesmo quando resolvi partir pelo mundo, de mochila nas costas, não ouvi uma palavra de recriminação. Quando voltei, ele continuava torcendo por mim. .

Ficou doente por quase vinte anos. Algum tempo antes da grande partida, teve a percepção de que não duraria muito. Foi ao cartório e fez o documento, pedindo para ser cremado. E outro para doar seus órgãos. Entretanto, quando aconteceu, pareceu tão de repente, tão despropositado! Fica sempre a sensação de que poderia ter ficado conosco por mais tempo, de que faltou falar sobre tantas coisas!

Quando fomos examinar seus papéis, encontramos uma carta, endereçada a todos nós. Escrita para ser aberta depois da partida. Dizia como tinha sido bom ser nosso pai. A palavra de carinho que, em vida, foi tão difícil pronunciar. Para cada um tinha uma mensagem especial. Lembrava que a vida não termina aqui, neste mundo. Fosse para onde fosse, prometia continuar pensando em nós. 

Até hoje, quando lembro dessa carta, sinto os olhos marejados de lágrimas.

Meu pai era um homem simples, mas teve grandeza. E o mais importante, ele torcia por mim. Para mim, esse é o significado maior de um pai. Alguém capaz de torcer, sempre, sem nenhuma condição, nenhuma imposição. Porque a única condição entre pai e filho deve ser sempre o amor.

 

Entendendo o texto

 

01. O que o autor faz sempre que vê um canário?

a) Lembra do pai.

b) Compra um novo pássaro.

c) Alimenta o canário.

d) Solta o canário.

02. Qual era a profissão do pai do autor?

       a) Professor.

       b) Médico.

       c) Ferroviário.

       d) Músico.

03. Por que o pai do autor não era dado a expansões carinhosas?

      a) Porque não gostava do autor.

      b) Porque nunca recebeu muito carinho de seu próprio pai.

      c) Porque tinha problemas nos olhos.

      d) Porque não sabia expressar sentimentos.

04. O que o pai do autor desejava para seus filhos?

      a) Tornarem-se músicos.

      b) Fazerem carreira no ferroviário.

      c) Estudarem.

      d) Criarem canários.

05. Como o autor descreve o período de sua infância em relação à pobreza?

       a) Digno.

       b) Desprezível.

       c) Desesperador.

       d) Humilhante.

06. O que o autor ganhou aos treze anos que indicava seu desejo de ser escritor?

       a) Um livro.

       b) Uma máquina de escrever.

       c) Um computador.

       d) Uma caneta.

07. Quando o autor decidiu partir pelo mundo, qual foi a reação de seu pai?

        a) Ficou zangado.

        b) Apoiou e torceu por ele.

        c) Não se importou.

        d) Pediu para que ele não fosse.

08. Por quanto tempo o pai do autor ficou doente?

        a) 10 anos.

        b) 15 anos.

        c) 20 anos.

        d) 25 anos.

09. O que o pai do autor fez antes de falecer em relação ao seu funeral?

       a) Escreveu uma carta pedindo para ser enterrado.

       b) Fez um testamento.

       c) Foi ao cartório e fez um documento pedindo para ser cremado.

        d) Não fez nenhum preparativo.

10. O que o autor encontrou ao examinar os papéis de seu pai após sua morte?

        a) Uma lista de presentes.

        b) Uma receita de família.

        c) Uma carta endereçada a todos.

        d) Um diário pessoal.