terça-feira, 2 de janeiro de 2024

CONTO: O ESCRAVO QUE GUARDOU OS OSSOS DO PRÍNCIPE - REGINALDO PRANDI - COM GABARITO

 Conto: O escravo que guardou os ossos do príncipe

            Reginaldo Prandi

        Havia um escravo chamado Odedirã, que vivia perseguido pelo seu senhor.

        Odedirã um dia ganhou um pintinho de um vizinho. ele o criou até que se tornasse uma galinha.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi252nimUcvV3rcIL65wzNPR39QqT8TmtIVDdumLwj_a8IzrKtzBFTa6JYJP2J8Z2F9F3ENEV6r_CE2Xewmh7bcKAB4f00Lhmb-8fVfCDGYLRL1RnuEptQgnXt4P6Tk53aDCgm3R9UhJNGlGnIAMxTAn-eSNn78jfhrudDxgPGKBHqJzRaf7xxHt26oj8I/w183-h144/ESCRAVO.jpg


        A galinha pôs ovos e os chocou. Nasceram muitos pintinhos que Odedirã criou. A criação de galinhas foi crescendo.

        Um dia, voltando da roça, ele encontrou todas as suas galinhas e todos os seus galos mortos.

        O seu senhor disse:

        “Tu és escravo ou dono de uma granja?”.

        Odedirã ficou tristíssimo, mas não disse nada.

        Limpou os frangos mortos, salgou, defumou a carne e a guardou...

        Um dia ele ganhou uma cabritinha. A cabritinha cresceu e se tornou uma bela cabra, que deu muitos filhotes. A criação de cabras foi crescendo.

        Um dia, voltando da roça, encontrou todas as suas cabras e todos os seus cabritos mortos.

        O seu senhor disse:

        “Tu és escravo ou fazendeiro?”.

        Odedirã ficou tristíssimo, mas não disse nada.

        Limpou os animais mortos, salgou, defumou a carne e a guardou...

        Quando veio a seca e faltou comida no seu país, Odedirã vendeu as carnes defumadas e guardou o dinheiro.

        Um dia, voltando da roça, encontrou o seu senhor muito bem-vestido.

        Ele comprara ricas roupas, sapatos finos e belas joias.

        O escravo percebeu com que dinheiro tudo havia sido comprado, quando o seu senhor lhe disse:

        “Tu és escravo ou banqueiro?”.

        Vendo a tristeza do escravo o senhor disse:

        “Comprei pra ti este monte de ossos. Quem sabe tu não começas uma fábrica de botões e te transformas num industrial? Pois parece que escravo tu não queres ser”.

        Odedirã nada respondeu e guardou os ossos.

        Logo, logo, passaram por ali emissários do rei. Uma grande desgraça se abaterá sobre o reino. O príncipe herdeiro havia morrido e, se isso não bastasse, mercenários sem escrúpulos tinham roubado o esqueleto do príncipe morto.

        Os soldados procuravam os ossos por todo o país, será que alguém sabia dos despojos principescos?

        Odedirã foi para dentro e voltou com uma caixa.

        “Aqui estão os restos de nosso amado príncipe, ele disse. “Foram abandonados aqui por ladrões em fuga”, completou.

        O rei ficou muito grato pela recuperação do esqueleto do filho.

        Os ossos foram enterrados na capital do reino com todas as solenidades funerárias costumeiras.

        Odedirã e seu senhor foram levados aos funerais como convidados especiais, como salvadores da pátria.

        Ao final da cerimônia, o rei libertou o escravo Odedirã adotou-o como filho e o declarou seu príncipe herdeiro.

        Odedirã deu um pouco de dinheiro ao seu antigo senhor para que ele voltasse para casa e disse-lhe:

        “Quando eu era teu escravo, só para me roubar vivias perguntando o que eu era. Mas nunca soubeste o que eu queria ser. Eu não queria ser dono de granja, não queria ser fazendeiro nem banqueiro. Muito menos industrial. Eu só queria ser rei”.

        E entrou no palácio abraçado com o pai adotivo...

                     Reginaldo Prandi, Os príncipes do destino, história da mitologia afro-brasileira. São Paulo. Cosac & Naifi, SP. 2001.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP122-MP127.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o conto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Defumou (a carne): secou, exposto à fumaça.

·        Mercenários: pessoas que trabalham apenas por dinheiro.

·        Sem escrúpulos: sem integridade de caráter.

·        Despojos principescos: restos do príncipe.

·        Solenidades funerárias: cerimônias de enterro.

02 – Releia. “Odedirã um dia ganhou um pintinho de um vizinho. Ele o criou até que se tornasse uma galinha.”. Os pronomes ele e o retomam palavras já usadas no trecho. Identifique-as.

      Ele retoma “Odedirã” e o retoma “pintinho”.

03 – Responda às seguintes questões sobre as personagens do texto.

a)   Quem são o protagonista e o antagonista do texto?

O escravo é o protagonista, e o senhor, o antagonista.

b)   Qual trecho do texto mostra o obstáculo a ser enfrentado pelo protagonista?

“[...] que vivia perseguido pelo seu senhor”.

c)   Quais atitudes do antagonista atrapalham o protagonista?

O senhor matou os animais e roubou o dinheiro do escravo.

d)   Em sua opinião, por que o homem teve essas atitudes?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Por ser senhor de Odedirã, ele não considerava os sentimentos deste e não queria vê-lo prosperar.

04 – Qual era a reação de Odedirã ao saber das maldades de seu senhor?

      Odedirã se entristecia, mas não reagia.

05 – Leia novamente.

        “Um dia, voltando da roça, encontrou o seu senhor muito bem-vestido.

        Ele comprara ricas roupas, sapatos finos e belas joias.

        O escravo percebeu com que dinheiro tudo havia sido comprado [...]”.

a)   A palavra destacada substitui quais outras palavras no trecho lido? Copie-as.

“ricas roupas, sapatos finos e belas joias”.

b)   Explique a que conclusão Odedirã chegou ao encontrar seu senhor muito bem vestido.

Odedirã concluiu que seu senhor, com o dinheiro que havia roubado dele, comprou roupas, sapatos finos e joias.

c)   O que você acha da atitude do homem com o escravo? Converse com os colegas a respeito disso.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Era uma atitude inadequada e que é necessário haver uma conduta ética e humanitária nas relações entre as pessoas.

06 – Releia.

        “[...] Uma grande desgraça se abaterá sobre o reino. O príncipe herdeiro havia morrido e, se isso não bastasse, mercenários sem escrúpulos tinham roubado o esqueleto do príncipe morto.”

a)   A palavra destacada refere-se a dois acontecimentos. Indique-os.

O príncipe morreu e Mercenários roubaram seu esqueleto.

b)   No texto, foram usadas três outras palavras para indicar o esqueleto do príncipe. Quais foram?

Ossos, despojos e restos.

07 – As frases a seguir resumem os acontecimentos finais da história. Numere-as, ordenando-os corretamente.

(2) Os ossos foram enterrados na capital do reino.

(4) O rei libertou o escravo Odedirã, adotou-o como filho e o declarou seu príncipe herdeiro.

(1) O rei ficou muito grato pela recuperação do esqueleto do filho.

(5) Odedirã deu um pouco de dinheiro ao seu antigo senhor para que ele voltasse para casa.

(3) Odedirã e seu senhor foram levados aos funerais como convidados especiais.

MITO: A ÁRVORE DA VITALIDADE - O GUARANÁ - FRAGMENTO - LEONARDO BOFF - COM GABARITO

 Mito: A árvore da vitalidade – o guaraná – Fragmento

         Leonardo Boff

        Aguiri, menino da tribo Sateré-Maué da área cultural do Tapajós-Madeira, tinha os olhos mais lindos e espertos que jamais se vira naquela região. Os pais agradeciam frequentemente ao Grande Espírito por essa graça singular. Muitas mães pediam ao céu que fizesse nascer também para eles um filho com olhos tão bonitos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoqFvi4pRGO1s3-PhHW_ps7EFawQTTq7SHVwcLSDyzUVGLnSwYtiS1_V6rAqWqhnUtPNh6w2UajtO2lTR3xQzxNjKiPjQURd9WygMrmA0bHFVT6hbQAkubAnRCF1-nQBMHLIPo8O2yMUwVlG8E7HleiDwadG7ZPS6VuRMwj7rI7gLr4pmDNjVQTr3Z_AY/s1600/INDIO.jpg


        Aguiri se alimentava de frutas que colhia da floresta em cestos que sua mãe lhe fazia e gostava de partilhá-las com outros coleguinhas de jogos.

        Certa feita, o menino dos olhos lindos distraiu-se da colheita das frutas, indo de árvore em árvore até afastar-se muito da maloca. Aí percebeu, com tristeza, que o sol já transmontara e que se fazia escuro na floresta.

        Não achando mais o caminho de volta, decidiu então dormir no oco de uma grande árvore, protegido dos animais noturnos e perigosos. Mas não estava a salvo do temido Jurupari, um espírito malfazejo que vaga pela floresta, ameaçando quem anda sozinho. Ele também se alimenta de frutas. Mas tem o corpo peludo de morcego e o bico de adunco de coruja.

        Jurupari sentiu a presença de Aguiri e, sem maiores dificuldades, o localizou no oco da grande árvore. Atacou-o de pronto, sem permitir que pudesse esboçar qualquer defesa.

        De noite, os pais e todas as mães que admiravam Aguiri ficaram cheios de preocupação. Ninguém conseguiu pregar o olho. Mal o sol raiou, os homens saíram pela mata afora em busca do menino. Depois de muito vaguear daqui e ali, finalmente encontraram seu cesto, cheio de frutas que ficaram intocadas. E no oco da grande árvore deram com o corpo já frio de Aguiri. Havia sido morto pelo terrível Jurupari, o espírito malfazejo.

        Foi um lamento só. Especialmente choravam os curumins, seus colegas de folguedos. Eis que se ouviu no céu um grande trovão e um raio iluminou o corpo de Aguiri. Todos gritaram:

        -- É Tupã que se apiedou de nós. Ele vai nos devolver o menino.

        Nisso se ouviu uma voz do céu, que dizia suavemente:

        -- Tomem os olhos de Aguiri e os plantem ao pé de uma árvore seca. Reguem esses olhos com as lágrimas dos coleguinhas. Elas farão germinar uma planta que trará felicidade a todos. Quem provar o seu suco sentirá as energias renovadas e se encherá de entusiasmo para manter-se desperto e poder trabalhar incansavelmente. E assim foi feito.

        Tempos depois, nasceu uma árvore, cujos frutos tinham a forma dos olhos bonitos e espertos de Aguiri. Fazendo do fruto um suco delicioso, todos da tribo sentiram grande energia e excitação.

        Deram, então, àquela fruta, em homenagem ao curumim Aguiri, o nome de Guaraná, que em língua tupi significa “a árvore da vida e da vitalidade”. [...]

LEONARDO BOFF. O casamento entre o céu e a terra: contos dos povos indígenas do Brasil. Rio de Janeiro: Mar de ideias, 2014. (Fragmento).

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP137-140.

Entendendo o mito:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Área cultural: área com a influência dos costumes de um povo.

·        Grande Espírito: deus indígenas; pelo contexto, Tupã.

·        Transmontara: pusera-se, desparecera (Sol, Lua, astro).

·        Malfazejo: que faz o mal.

·        Adunco: com formato curvo, como um gancho.

·        Lamento: choro.

·        Curumins: meninos.

·        Folguedos: brincadeiras.

·        Se apiedou: teve pena.

02 – Que características do texto que você leu permitem considera-lo um mito?

      A história é imaginária ou fantasiosa e serve para explicar a origem do guaraná.

03 – No primeiro parágrafo, é apontada uma característica de Aguiri muito importante para a compreensão do mito. Copie o trecho que mostra essa característica.

      “[...] tinha os olhos mais lindos e espertos que jamais se vira naquela região”.

a)   Em outro momento, essa característica é usada para substituir o nome de Aguiri. Copie a expressão empregada com essa finalidade.

O menino dos olhos lindos.

b)   Qual é a importância dessa característica para a compreensão da história?

São os olhos tão bonitos de Aguiri que Tupã pede que sejam plantados para dar vida ao guaraná e homenagear o menino.

04 – Na história, Tupã é a representação do Bem. Que expressão do texto faz referência a essa divindade?

      Grande Espírito.

a)   Em que outro momento se faz referência a Tupã no texto sem que se diga o seu nome?

Quando é dito que se ouviu um grande trovão, que um raio iluminou o corpo do menino e que todos ouviram uma voz do céu.

b)   Quem representa o Mal na história?

Jurupari, um espírito malfazejo que vaga pela floresta, ameaçando quem anda sozinho.

c)   Tupã não trouxe Aguiri de volta, mas transformou a vida dos que sofriam pela morte do menino. Como ele fez isso?

Através dos olhos de Aguiri; Tupã deu às pessoas uma árvore que produzia frutos que lembravam aqueles queridos olhos, trazendo felicidade a todos.

d)   Muitas histórias ilustram a luta do Bem contra o Mal. Nesse caso, é possível dizer quem ganhou a luta? Por quê?

Resposta pessoal do aluno.

05 – Copie do terceiro parágrafo a frase que indica a quem Jurupari ameaçava.

      “[...] Mas não estava a salvo do temido Jurupari, um espírito malfazejo que vaga pela floresta, ameaçando quem anda sozinho.”

a)   Copie desse parágrafo um trecho que mostra o motivo de Aguiri ter se afastado da maloca.

“[...] distraiu-se na colheita das frutas, indo de árvore em árvore [...]”.

b)   Sublinhe a palavra que caracteriza a atitude do menino.

Cautela – imprudência – teimosia – maldade.

06 – Aguiri era um menino generoso e bastante querido pelos outros curumins. Copie uma frase do texto que comprove essa afirmação.

      “Aquiri se alimentava de frutas que colhia da floresta [...] e gostava de partilhá-las com outros coleguinhas de jogos” / “Especialmente choravam os curumins, seus colegas de folguedos”.

07 – Você acha que os fatos narrados no mito aconteceram de verdade? Explique.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não, que o mito conta uma história que não condiz com a realidade.

08 – Reconte, resumidamente, no caderno quem foi Aguiri e sua relação com a fruta de nome guaraná, segundo o mito.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

CONTO: OS BICHOS DA MINHA CASA - FRAGMENTO - CLARICE LISPECTOR - COM GABARITO

 Conto: Os bichos da minha casa – Fragmento

            Clarice Lispector.

        Antes de começar, quero que vocês saibam que meu nome é Clarice. E vocês, como se chamam? Digam baixinho o nome de vocês e o meu coração vai ouvir.

        Peço que leiam esta história até o fim. Vou contar umas coisas: minha casa tem bichos naturais. Bichos naturais são aqueles que a gente não convidou nem comprou. Por exemplo, nunca convidei uma barata para lanchar comigo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd-JUAIweP12IrfO96wxAqIKmFwpBMQul2XhH7i3KF2t6aepaEKvidTH-AThC1SAYWZb8ytvK5zTNNhF19g4cA9h7cc8RnMkNPHO7InnNRdHAvjgXkSYtgtHQ3CFsYaTvN-714S9Kiv1Wm1NcXl2eOZfMHgC5nhvd8T3ACTlSkitNhUZzy4-72MADzJC0/s1600/INSETINHOS.jpg


        Minha casa tem muitos bichos naturais, menos ratos, graças a Deus, porque tenho medo e nojo deles. Quase todas as mães têm medo de rato. Os pais não: até gostam porque se divertem caçando e matando esse bicho que detesto. Vocês têm pena de rato? Eu tenho porque não é um bicho bom pra gente amar e fazer carinho. Vocês fariam carinho num rato? Vai ver vocês nem tem medo e em muitas coisas são mais corajosos do que eu.

        Tenho um amigo que, quando era menino, criou um rato branco. Fiquei com tanto nojo que só quero apertar a mão de meu amigo quando passar o susto. Seu rato era, na verdade, uma rata e se chamava Maria de Fátima.

        Maria de Fátima morreu de um modo horrivelzinho (eu digo horrivelzinho porque no fundo estou bem contente): um gato comeu ela com a rapidez com que comemos um sanduíche

        Como eu ia dizendo, os bichos naturais de minha casa não foram convidados. Apareceram assim, sem mais nem menos.

        Por exemplo: tenho baratas. E são baratas muito feias e muito velhas que não fazem bem a ninguém. Pelo contrário, elas até roem a minha roupa que está no armário. [...]

        Barata é outro bicho que me causa pena. Ninguém gosta dela, e todos querem matá-la. Às vezes o pai da criança corre pela casa toda com um chinelo na mão, até pegar uma e bate com o chinelo em cima até ela morrer. Tenho pena das baratas porque ninguém tem vontade de ser bom com elas. Elas só são amadas por outras baratas. Não tenho culpa: quem mandou elas virem? Eu só convido os bichos que eu gosto. E, é claro, convido gente grande e gente pequena.

        Sabem de uma coisa? Resolvi agora mesmo convidar meninos e meninas para me visitarem em casa. Vou ficar tão feliz que darei a cada criança uma fatia de bolo, uma bebida bem gostosa, e um beijo na testa.

        Outro bicho natural de minha casa é... adivinhem! Adivinharam? Se não adivinharam não faz mal, eu digo a vocês. O outro bicho natural de minha casa é a lagartixa pequena. São engraçadas e não fazem mal nenhum. Pelo contrário: elas adoram comer moscas. E mosquitos, e assim limpam minha casa toda. [...]

        O que eu não entendo é o paladar horrível que a lagartixa tem por moscas e mosquitos. Mas é claro: como não sou lagartixa, não gosto de coisas que ela gosta, nem ela gosta de coisas que eu gosto. [...]

        Agora vou falar de bichos convidados, igual ao meu convite para vocês. Às vezes não basta convidar: tem-se que comprar.

        Por exemplo, convidei dois coelhos para morar com a gente e paguei um dinheiro ao dono deles. Coelho tem uma história muito secreta, quero dizer, com muitos segredos.

        Eu até já contei a história de um coelho num livro para gente pequena e para gente grande. Meu livro sobre coelhos se chama assim: O Mistério do Coelho Pensante. Gosto muito de escrever histórias para crianças e gente grande. Fico muito contente quando os grandes e os pequenos gostam do que escrevi.

        Se vocês gostam de escrever ou desenhar ou dançar ou cantar, façam porque é ótimo: enquanto a gente brinca assim, não se sente mais sozinha, e fica de coração quente.

Clarice Lispector. A mulher que matou os peixes. 13. Ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. (Fragmento adaptado).

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP090-MP093.

Entendendo o conto:

01 – Leia três vezes as palavras do quadro abaixo para aprimorar sua leitura.

Horrivelzinho – sozinha – contrário – segredos – lagartixa – rapidez – carinho – sanduiche – secreta – engraçadas – chinelo – corajosos.

a)   Leia em voz alta estas palavras, observando as letras destacadas.

Lagartixa – chinelo – sanduiche.

·        O que essas palavras têm em comum?

Tem o mesmo som produzidos por x e ch.

·        O que elas têm de diferente?

A maneira de escrever. Apesar de terem o mesmo som na pronúncia.

b)   Agora, observe a escrita destas palavras, observando as letras destacadas.

Chinelo – sanduiche – sozinha.

·        O que essas palavras têm em comum?

Elas possuem duas letras para representar um único som.

c)   Volte ao quadro acima em negrito e circule outras palavras com dígrafos formados com a letra h na escrita.

Horrivelzinho, carinho.

02 – Logo no início do texto, percebe-se a intenção da narradora de estabelecer um diálogo com o leitor. Copie um trecho que comprove essa afirmação.

      “E vocês, como se chamam?”.

·        Em sua opinião, qual é a importância desse recurso para a construção do texto?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O recurso garante o envolvimento do leitor, que é convocado a partilhar dos pensamentos e dos sentimentos da narradora.

03 – A narradora afirma que gosta de escrever para crianças e gente grande. Para quem você acha que ela escreveu essa história? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Escreveu para criança, pelo jeito como escreve e pela maneira como procura se aproximar dos leitores.

04 – Nesse texto, a narradora conta para o leitor a diferença entre ter bichos naturais e bichos convidados.

a)   Pinte de azul os bichos naturais e de verde os bichos convidados.

Ratobaratacachorrogatopassarinhopulgacoelhohamsterformigalagartixa.

b)   Explique a diferença entre esses tipos de bicho.

Bicho naturais é o “que a gente não convidou nem comprou”; bichos convidados é o que se adquire por vontade própria.

c)   Você tem ou conhece alguém que tenha bichos convidados? Conte sobre eles.

Resposta pessoal do aluno.

05 – Ratos e baratas provocam na narradora três sensações: medo, nojo e pena. Como ela explica essas sensações contraditórias?

      Ela sente pena, porque o rato “não é um bicho bom para a gente amar e fazer carinho”; quanto à barata, “ninguém gosta dela, e todos querem matá-la.

06 – Qual a vantagem, segundo o texto, de se ter lagartixa em casa?

      Elas são engraçadas e não fazem mal nenhum, e limpam minha casa toda comendo as moscas e mosquitos.

07 – Por que você acha que a narradora convidou dois coelhos para morar com ela?

      Resposta pessoal do aluno.

 

CRÔNICA: O COMEÇO - FRAGMENTO ADAPTADO - ÂNGELA LEITE DE SOUZA - COM GABARITO

 Crônica: O começo – Fragmento adaptado

              Ângela Leite de Souza

        Xiao Li voltava pelo corredor, com o mapa enrolado debaixo do braço, quando sentiu o chão tremer e deslizar sob seus pés. Em seguida, começaram os barulhos forte como explosões. Vinham de todos os lados, não era uma simples trovoada. Olhando mais à frente, viu quando uma cratera foi se abrindo no piso e engolindo um sofá como se fosse a boca de um imenso dragão! O teto balançava e se abriam enormes rachaduras, por onde começavam a despencar mesas, cadeiras – o mundo estava vindo abaixo!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaMrIdCfLb6efUEiLSnvX-lHRt111Q9eO0zG72DR9xJ3zVH4NvQxtJ8J8Usn1wcEsa79TXl_jFgM8XnC66wgF44L6TicdIs2q5H9VZV8iHvb4KJ_ThBA5Gh2xw6CsQs9nFbhraRh4AcWZ33NOdwcld5CaMjv7JB2d5HJs1baLLLs4GnaujZKj3m_sWMu0/s1600/MAPA.jpg


    “Há quanto tempo estou aqui? O que será que aconteceu?”, eram os pensamentos que martelavam agora seu cérebro.

        Vieram à sua mente as aulas de geografia. “Acho que foi um terremoto! Mas, se foi, nesse caso a escola ficou destruída e nossa cidade também!”, inquietou-se.

        A uns cinco metros de distância, enxergou finalmente uma fresta de luz, muito fraquinha, mas que permitia ver o que havia em volta: pedras – ou pedaços de cimento, provavelmente –, ferros retorcidos, vigas de madeira, uma confusão. Mesmo assim, foi engatinhado para lá, lentamente e com enorme dificuldade.

        Chegando a essa minúscula clareira, firmou mais a vista. E viu. Viu um pé do tamanho do seu, calçado de tênis, saindo dos escombros.

        O primeiro

        -- Quem está aí? – perguntou Xiao Li, cheio de novas esperanças.

        Nenhuma resposta. 

        Com grande esforço, aproximou-se e conseguiu tocar a perna do outro menino, ou menina.

        -- Aaa... aiiii... – alguém gemeu baixinho. Era o dono da perna! Pelo tom da voz, Xiao Li percebeu que era um menino.

        -- Quem é você? – insistiu Xiao Li, agora mais animado.

        [...]

        -- He. Me chamo He Biao. – Mas era ainda um fiapo de voz, e o menino parecia estar sentindo muitas dores.

        -- Em que série está? – voltou a perguntar Xiao Li.

        -- Aiiii... segunda.

        Xiao Li calculou: aquele menino estava duas salas antes da sua.

        [...]

        Nem cama nem arroz

        Embora estivesse esgotado pelo longo esforço físico e pelo peso da tremenda responsabilidade que assumira, não era uma cama ou uma boa tigela de arroz o que Xiao Li mais queria naquele momento. Sua maior ansiedade era por notícias da família, saber se todos tinham sobrevivido e se estavam bem!

              Ângela Leite de Souza. Pequeno grande herói. São Paulo: Melhoramentos, 2017. (Fragmento adaptado).

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP225-227.

Entendendo a crônica:

01 – Qual foi a primeira coisa que Xiao Li viu cair na cratera que se abriu à sua frente?

a)   Uma mesa.

b)   Uma cadeira.

c)   Um sofá.

02 – Xiao Li chegou à conclusão de que a escola e a cidade haviam sido destruídas:

a)   Porque ele havia pesquisado sobre escolas destruídas.

b)   Porque ele já havia estudado terremotos e suas consequências.

c)   Porque ele ouviu alguém dizer que isso estava acontecendo.

03 – Onde as crianças estavam na hora em que tudo começou a desabar?

a)   Em casa.

b)   Na escola.

c)   Na igreja.

04 – Releia o trecho a seguir.

        “Xiao Li voltava pelo corredor, com o mapa enrolado debaixo do braço, quando sentiu o chão tremer e deslizar sob seus pés”.

·        Por que o chão estava tremendo?

Porque estava acontecendo um terremoto.

05 – Releia os trechos a seguir e explique o que significam as expressões em destaque.

a)   o mundo estava vindo abaixo!”.

O terremoto estava destruindo a escola, abrindo crateras no chão, derrubando o teto e as paredes.

b)   “Mas era ainda um fiapo de voz...”.

Uma voz baixa, fraca, que não se podia ouvir.

06 – Após ler o trecho do livro e relacioná-lo com o título Pequeno grande herói, é possível imaginar por que Xiao Li é chamado de herói? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim. É possível imaginar que ele tenha salvado a vida do garoto preso nos escombros.

07 – Copie os verbos abaixo e, depois, circule o radical deles.

Deslizar – deslizou – deslizava – deslizavam.

·        Agora, escreva palavras derivadas de deslizar.

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: deslizamento, deslizante, deslizador.

08 – Leia os trechos a seguir.

        “-- Aaa... aiiii... – alguém gemeu baixinho.”

        “Há quanto tempo estou aqui? O que será que aconteceu?”, eram os pensamentos que martelavam agora seu cérebro.”

a)   Copie a palavra do quadro abaixo na qual a letra x tem o mesmo som da palavra destacada no primeiro trecho.

Exemplo – tóxico – aproximou – enxergou.

b)   Agora, explique o uso das aspas no segundo trecho.

As aspas foram utilizadas para reproduzir as perguntas que surgiram nos pensamentos de Xiao Li naquele momento.