domingo, 3 de dezembro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): PRA VOCÊ - PAULA FERNANDES - COM GABARITO

Música(Atividades): Pra Você

                                    Paula Fernandes
Eu quero ser pra você
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada
Eu quero ser pra você
A confiança, o que te faz
Te faz sonhar todo dia
Sabendo que pode mais

Eu quero ser ao teu lado
Encontro inesperado
O arrepio de um beijo bom
Eu quero ser sua paz, a melodia capaz
De fazer você dançar
Eu quero ser pra você
A Lua iluminando o Sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser pra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você
Eu quero ser pra você
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada

Eu quero ser pra você
A confiança, o que te faz
Te faz sonhar todo dia
Sabendo que pode mais e mais e mais
Eu quero ser ao teu lado
Encontro inesperado
O arrepio de um beijo bom
Eu quero ser sua paz, a melodia capaz
De fazer você dançar

Eu quero ser pra você
A Lua iluminando o Sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor
Eu quero ser pra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você

Se eu vivo pra você
Se eu canto pra você
Pra você
Eu quero ser pra você
A Lua iluminando o Sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser pra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você
Eu quero ser pra você
Eu quero ser pra você
Pra você.

Interpretação da canção:

01 – Nos versos:
“Eu quero ser pra você
A alegria de uma chegada
Clarão trazendo o dia
Iluminando a sacada.”

A cantora utiliza que figura de linguagem?
      Podemos perceber a utilização da metáfora, pois o eu lírico se compara com um “Clarão que traz o dia.”

02 – Que temática a canção aborda?
      O desejo do eu poético ser a felicidade da pessoa amada, como podemos confirmar nos versos: “E a cada novo sorriso teu / Serei feliz por amar você.”

03 – O que busca o eu lírico durante toda a música?
      Durante toda a música ela busca fazer o seu amado feliz, pois ela quer ser: alegria, clarão do dia, confiança, a lua iluminando o sol, enfim ser sua paz.

04 – A que gênero literário pertence a música “Pra você”?
a)   Lírico (expressa sentimentos);
b)   Narrativo (narra-se uma história);
c)   Dramático (interpretam-se diálogos).

05 – Com suas palavras explique os versos “Eu quero ser pra você a alegria de uma chegada?”
      Ela quer ser uma emoção sem explicação, uma alegria única de reencontro.

06 – O eu lírico menciona várias palavras que deseja ser para a pessoa amada. Identifique-as.
      Quer ser: a alegria, o clarão do dia, a confiança, o encontro inesperado, o arrepio de um beijo, a Lua iluminando o sol, os braços abertos, enfim ser sua paz.

07 – Ao desejar ser tais palavras, esse eu lírico demonstra ser uma pessoa com quais qualidades?
      Ser bondosa, carinhosa, meiga, sensível, educada e completamente apaixonada.

08 – Explique a diferença entre sentido denotativo e sentido conotativo a partir do verso “Eu quero ser pra você a lua iluminando o sol”.
      O sentido aqui é conotativo, ou seja, metafórico, pois denotativo seria no sentido puro da palavra (dicionário) e aqui é figurativo.

09 – Qual o gênero musical dessa canção? Que indícios te levaram a sua resposta?
      Gênero musical; Sertanejo. Pelo ritmo, padrão estético e sonoro.

10 – A cantora Paula Fernandes, antes de se tornar famosa, participou de uma novela da rede globo de televisão chamada:
a)   Uga, Uga, de Carlos Lombardi.
b)   Vale Tudo, de Gilberto Braga.
c)   As filhas da mãe, de Silvio de Abreu.
d)   América, de Glória Perez.
e)   Desejo Proibido, de Walter Negrão.


MÚSICA(ATIVIDADES): HOMEM PRIMATA - TITÃS - COM GABARITO

Música(Atividades): Homem Primata

                                               Titãs
Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía

Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!

Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel

Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!

Eu me perdi
Na selva de pedra
Eu me perdi
Eu me perdi

I am a cave man
A young man
I fight with my hands
With my hands
I am a jungle man
A monkey man
Concrete jungle
Concrete jungle
Hey

Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
Eu não trabalhava
Eu não sabia
Que o homem criava
E também destruía

Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!

Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel

Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!
Homem primata
Capitalismo selvagem
Ô! Ô! Ô!

Eu me perdi
Na selva de pedra
Eu me perdi
Eu me perdi
Eu me perdi
Eu me perdi.



Entendendo a canção:

01 – Qual é o tema da música? E que entendeu da ideologia da letra da canção?
      Homem Primata. Fala sobre o capitalismo.

02 – O que a música do Titãs, homem primata, quer dizer ao relacionar capitalismo ao período da pré-história?
      Ao dizer que o homem é capitalista e primata, a letra da música está considerando o capitalismo como uma forma primitiva e predatória de sistema econômico. 

03 – Sociologia surge dentro do contexto da sociedade capitalista, no qual temos chamado de mundo moderno. Sendo assim, qual a relação entre a Sociologia e o mundo capitalista?!
      É aquela que nos possibilita pensar justamente o porquê da Sociologia ter surgido dentro desse Mundo Moderno, mundo capitalista. A Sociologia é uma ciência recente e que tem o seu surgimento dentro do mundo burguês, ou seja, uma ciência que surge para tentar entender que relações eram essas que estavam sendo estabelecidas com as transformações capitalistas, como por exemplo, as industrializações, as explorações, as desigualdades, o aparecimento das novas classes sociais (patrões e trabalhadores), os comércios, assim como a internacionalização dessas mesmas relações do capital. A Sociologia é, neste sentido, uma ciência que busca entender o mundo capitalista.
Precisamos levar em conta também que a Sociologia não surge de uma hora para a outra, mas sim como um processo de estudos e debates que estavam sendo feitos por pensadores, intelectuais, homens e mulheres dentro de um contexto histórico determinado. Nosso contexto histórico é o europeu, nos séculos XVII, XVIII e XIX. É a partir desse contexto que estamos nos referindo; é a partir daqui que dizemos que surge a Sociologia.

04 –Na letra da música o compositor diz que desde os primórdios até o nosso dia o homem ainda faz o que o macaco fazia. O que é isso que fazemos desde sempre?!
       Nos possibilita pensar o trabalho. Podemos pensar a referência aos “macacos” na letra como uma analogia às espécies humanas que existiram na Pré-História, ou seja, desde aqueles seres o trabalho já era realizado, pois sem ele a existência seria impossível.
       Pensar o trabalho é muito interessante e deve ser feito com atenção, pois se trata de um tema bastante discutido e debatido entre os pensadores e sociólogos.
      O trabalho é, portanto, uma relação que estabelecemos com o mundo e com a natureza, sendo que isso transforma nossa realidade e a nós mesmos.

05 – A sociedade capitalista se cria dentro da transição da sociedade feudal para a sociedade burguesa. Nessa sociedade capitalista, o que o trabalho representa?!
      Nos coloca em debate o que o trabalho representa ou significa para o mundo capitalista. Pensamos então que no mundo capitalista o trabalho transforma homens e mulheres em mercadoria, já que estes são comprados pelos patrões em troca de um dinheiro, chamado por nós de salário.

06 – Qual a diferença entre o trabalho feito pelos “macacos” e o trabalho na sociedade capitalista?!
      Trata da diferença entre o trabalho feito pelos macacos e o trabalho feito pelos seres humanos. Neste caso, os macacos representam o trabalho feito pelos animais irracionais...  E aqui entra nossa diferença. Nós, seres humanos, pensamos para realizar nossas ações, diferente dos outros animais, que não estabelecem pensamentos para transformar o seu meio, ou seja, para “trabalhar”.

07 – Por que o compositor considera o Capitalismo como selvagem?! Justifique.
      Todos nós já sabemos... basta dar um “role” pelas ruas de nossa cidade para perceber o quanto as relações capitalistas produziram de desigualdades.

08 – O que o homem cria e destrói?
      Tudo que o homem cria se destrói pela natureza, o próprio homem é um ser destrutivo, nossa natureza é o resultado das sombras que geramos pela nossa recaída no mundo.

09 – Quais são as justificativas para a destruição?
      Consumir é destruir. Existe aquela velha máxima de que é impossível criar algo sem destruir algo antes. Na nossa, sociedade industrial e consumista essa máxima assume proporções, gigantescas. De uma simples garrafa plástica de água mineral até um veículo ou uma casa, tudo que consumimos hoje em dia tem um impacto muito maior do que em outras épocas de nossa civilização.

10 – Segundo Marx, " O trabalho não é a fonte de toda riqueza. A natureza é fonte de todos os valores de uso (que são de qualquer forma, a riqueza real!) tanto quanto o trabalho, que não é em si nada além da expressão de uma força natural, a força de trabalho do homem". Como podemos vincular esta citação de Marx com o Capitalismo Selvagem?
      Segundo a 1ª preposição, o trabalho era a fonte de toda a riqueza e de toda a cultura, logo, sem trabalho a sociedade é impossível.
      Sendo assim o trabalho produtivo só é possível na sociedade pela sociedade, o seu produto pertence integralmente, por direito igual a todos os membros da sociedade.
      Podemos vincular ao Capitalismo Selvagem, pois na sociedade atual os meios de trabalho são monopólio da classe Capitalista. O estado de dependência que então resulta para a classe operária é a causa da miséria e da servidão em todas as suas formas.

11 – No texto “Homem Primata”, a comparação estabelecida entre o homem e macaco alude:

a)   A uma das teorias sobre a origem da espécie humana.

b)   Ao comportamento irracional do homem na sociedade moderna.

c)   Às semelhanças biológicas entre os dois seres.

d)   Ao bom relacionamento entre homem e macaco.

e)   Ao capitalismo selvagem da sociedade contemporânea.

 

 

 


TEXTO: FIGURAS DE LINGUAGEM - MIA COUTO - COM GABARITO

Texto: Figuras de linguagem
           Mia Couto

        Observe a imagem e leia o trecho que a acompanha.
         Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Mia Couto.

  [...] Até há pouco a vila tinha apenas uma rua. Chamavam-lhe, por ironia, a Rua do Meio. Agora, outros caminhos de areia solta se abriram num emaranhado. Mas a vila é ainda demasiado rural, falta-lhe a geometria dos espaços arrumados.

Lá estão os coqueiros, os corvos, as lentas fogueiras que começam a despontar. As casas de cimento estão em ruína, exaustas de tanto abandono. Não são apenas casas destroçadas: é o próprio tempo desmoronado [...]
        Dói-me a ilha como está, a decadência das casas, a miséria derramada pelas ruas. Mesmo a natureza parece sofrer de mau-olhado. Os capinzais se estendem secos, parece que empalharam o horizonte. À primeira vista, tudo definha. No entanto, mais além, à mão de um olhar, a vida reverbera, cheirosa como um fruto em verão: enxames de crianças atravessam os caminhos, mulheres dançam e cantam, homens falam alto, donos do tempo.

         Couto, Mia. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.
      São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 27-28. (Fragmento).

Interpretação do texto:
01 – Mariano (o narrador em 1ª pessoa) volta à ilha onde nasceu, Luar-do-chão, para acompanhar o funeral do avô. Para Mariano, Rua do Meio é um nome irônico. Explique essa ironia.
      Como durante muito tempo, só existiu uma rua em Luar-do-Chão, é irônico que ela se chamasse “Rua do Meio”, porque esse nome parece sugerir que haveria pelo menos outras duas ruas.

02 – Releia:
        “As casas de cimento estão em ruína, exaustas de tanto abandono. Não são apenas casas destroçadas: é o próprio tempo desmoronado.”
a)   O narrador usa duas imagens no trecho acima. Quais são elas?
As imagens são: “as casas de cimento estão [...] exaustas de tanto abandono” e “é o próprio tempo desmoronado.”

b)   Que tipo de impressão sobre a vila descrita essas imagens provocam no leitor?
Resposta pessoal do aluno. Espera-se que os alunos percebam que a ideia das casas “exaustas” e do tempo “desmoronado” sugere decadência, abandono.

03 – Os termos exaustas e desmoronado são adjetivos. A que termos eles se referem, no texto?
      O adjetivo exaustas refere-se ao substantivo casas; o adjetivo desmoronado refere-se ao substantivo tempo.

a)   Os dois adjetivos aparecem, no trecho, em um contexto inesperado. Explique por quê.
Nos dois casos, observamos um uso inesperado dos adjetivos porque explicitam atributos estranhos aos termos a que se referem. Exaustas é um adjetivo normalmente aplicado a seres animados. O mesmo raciocínio é válido para o uso do adjetivo desmoronado associado ao substantivo tempo.

b)   De que modo esse uso dos adjetivos ajuda o narrador a tornar mais subjetiva a sua descrição de Luar-do-Chão?
O emprego desses adjetivos revela o sentimento provocado em Mariano pela visão das casas em ruína e pela miséria geral ao seu redor. A decadência de Luar-do-Chão produz forte impacto sobre a percepção do narrador, que acaba por associar um atributo não físico a algo material como as casas, e um atributo físico a algo imaterial como o tempo.

04 – O trecho abaixo confirma a visão do narrador de que Luar-do-Chão passa por um processo de decadência generalizada. Observe:
        “Dói-me a ilha como está, a decadência das casas, a miséria derramada pelas ruas. Mesmo a natureza parece sofrer de mau-olhado. Os capinzais se estendem secos, parece que empalharam o horizonte. À primeira vista, tudo definha.”
a)   Que outro adjetivo, no trecho, é utilizado com função semelhante à do adjetivo desmoronado (“... é o próprio tempo desmoronado”)?
Derramada. Em “a miséria derramada pelas ruas”, observa-se o mesmo deslocamento de um adjetivo. Miséria é uma condição mais geral, um estado provocado por um conjunto de fatores. Normalmente, o adjetivo derramado refere-se a uma substância em estado líquido, o que não é o caso.

b)   Também podemos identificar um uso pouco comum de um verbo. Que verbo é esse? Explique por que ele ajuda o narrador a construir a imagem de uma natureza “amaldiçoada”.
O verbo é empalharam. Nessa passagem, a miséria, a decadência, o “mau-olhado” criam uma imagem de morte. O verbo empalhar, com o sentido que aparece no texto, é usado para fazer referência a um processo de preservação de animais mortos: as vísceras do animal são retiradas e substituídas por palha seca.

05 – Dói-me a ilha como está. A escolha do verbo, nessa passagem, sugere, mais uma vez, o desejo do narrador de expressar emoções claramente particulares. O que ele pode ter pretendido dizer com essa afirmação?
      A visão de uma ilha não dói fisicamente. Portanto, a dor a que faz alusão o narrador é uma dos psicológica. Podemos imaginar que ele sofra por ver o estado atual de Luar-do-Chão, mas também por constatar que o tempo passou e a ilha que ele conheceu na infância não existe mais.

06 – Uma expressão, no último parágrafo, dá a entender ao leitor que a imagem de decadência pode ser algo percebido somente pelo narrador. Que expressão é essa?
      A expressão é: No entanto.

a)   A qual outra expressão do texto ela se vincula, para quebrar a expectativa criada? Justifique.
No entanto sinaliza, para o leitor, que o narrador vai mudar de “rumo” na sua fala. Essa expressão se vincula, por meio de uma relação de oposição, à expressão À primeira vista. Até aquele momento, Mariano descreve um lugar decadente, que parece caminhar para a “morte”. A partir do uso da expressão no entanto, o que Mariano narra sugere exatamente o contrário: a presença da vida em Luar-do-Chão.

b)   Qual passagem do texto comprova a presença de uma vida exuberante em Luar-do-Chão?
“A vida reverbera, cheirosa como um fruto em verão: enxames de crianças atravessam os caminhos, mulheres dançam e cantam, homens falam alto, donos do tempo.”

07 – Considerando o que você analisou até agora, que sentido pode ser atribuído ao título Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra?
        Espera-se que o aluno perceba o uso da metafórico dos substantivos tempo e terra. A ideia da passagem do tempo é associada ao fluxo do rio; a casa, assim como a terra, é o permanece, o que não se desloca. Essas duas interpretações podem ser associadas também ao olhar de Mariano para Luar-do-Chão. Ele saiu da ilha onde nasceu e, após muito tempo, volta a ela para acompanhar o funeral do avô. Como as águas de um rio que flui, o tempo levou-o para longe de sua terra, de sua casa.



TEXTO: CAMISA 1 - JOSÉ ROBERTO TORERO - COM GABARITO

Texto: CAMISA 1


   Já faz cinco minutos que ninguém chuta uma bola. Melhor assim. Ou vai ver é pior: se ninguém chuta, eu não defendo e não apareço.
   Tomara que chutem, mas chutem fraco, porque aí eu faço uma ponte e a torcida vai achar que eu sou bom.
     Mas tem uns chutes fracos que vão bem no canto e aí parece um frango. O melhor mesmo é que não chutem. Ainda mais se o chute vier daquele número 8. Ele chuta bem pra caramba.
        Eu também chuto forte. Por que não fui ser atacante? Acho que foi porque meu pai me deu umas luvas quando eu era pequeno. Lá vem o 8!
        -- Trava, trava!
        Boa, o central travou. Esse cara ainda vai para a seleção. Ou pelo menos para um clube de cidade grande.
        Eu também vou, eu sei que um dia eu vou. Não, não vou, eu sei que não vou.
        É melhor estudar para aquele concurso do Banco do Brasil. Lá deve ter um time de futebol. Aposto que eu ia ser o titular.
        A não ser que o Aristides também passasse no concurso. Mas ele é uma besta, nunca que ia passar. Coitado, não posso falar assim. O cara tá com o dedo quebrado. Mas também, quem mandou se atirar no pé do Tonelada? Ainda mais num treino.
        Xi, lá vem o 7. Mas esse chuta muito mal. Ele vai chutar ou cruzar? chutar ou cruzar? Se ele cruzar, eu saio ou fico? Fico ou saio?
        Cruzou! Meu, que soco que eu dei! A bola foi parar quase no meio de campo! Eu sou bom à beça. Acho que até escutei uma palmas na torcida. Ou vai ver foi impressão. Quem é que aplaude goleiro? Só guando defende um pênalti. Bem que podiam apitar um pênalti contra a gente. Se eu não defender, não faz mal, e, se eu pegar, posso até ganhar a posição do Aristides.
        Xi, lá vem o 8.
        -- Trava, trava!
        Ufa, desta vez foi por cima... Só levantei o braço para acompanhar a bola, mas levantei com classe, parecia profissional. Pena que a minha camisa tá furada no sovaco. Preciso comprar uma nova. Uma vermelha! Aposto que eu ia jogar bem melhor com uma vermelha.
        Agora tenho que caprichar no tiro de meta. Adoro cobrar tiro de meta. Posso dar a maior bomba! E quando a bola cai num atacante parece que foi de propósito. Um, dois, três... Droga, foi pela lateral. Deve ter sido o vento. Ou essa chuteira. Também preciso de uma chuteira nova. E vermelha, para combinar com a camisa. Hoje em dia tem uns goleiros que colocam uns desenhos na camisa. Aí já acho demais. Mas vermelha é bacana. Com uma listra amarela. Ou sem listra? Com listra ou sem listra? Lá vem o 7 de novo. Vai chutar ou vai cruzar? chutar ou cruzar?
        Chutou! E eu peguei! Encaixei! Eu sou bom à beça! Que Banco do Brasil, que nada! Eu vou ser goleiro. E agora vou mandar outro bolão. Um, dois e ... Essa foi mais alta ainda. Quase chegou no outro goleiro. Quem será que é o outro goleiro? Parece meio velho. Aposto que tem mais de 30 anos. E ainda joga nesse timinho? Não deve ganhar nem 700 reais por mês. Será que quando eu tiver 30 ...
        Xi, lá vem o 8.
        -- Trava, trava!
        Não travou! Esse central é uma besta. Agora é só eu e o 8! Eu e o 8! Pode chutar que eu sou bom à beça! Eu vou pra seleção!
        Não ... Por baixo das pernas não ...

   Torero, José Roberto. In: Zé Cabala e outros filósofos do futebol.
                                                São Paulo: Objetiva, 2005. p. 87-89.
Interpretação do texto:
01 – A estratégia utilizada pelo autor do texto, ao reproduzir o monólogo interior de um goleiro, contribui para a construção do humor? Explique.
      Porque o autor, ao reproduzir o monólogo interior do goleiro durante um jogo de futebol, permite que o leitor “acompanhe” os pensamentos desse jogador enquanto ele espera defender o seu time, impedindo que o adversário faça um gol. Além disso, ficam claros os conflitos vividos por esse personagem que, ao mesmo tempo em que espera jogar bem e “aparecer” no jogo, também tem medo de não conseguir defender uma bola e acabar, por isso, sendo ridicularizado pela torcida e pelos demais jogadores.

02 – Antes de cada ataque do jogador de número 7, o personagem faz questionamentos interiores. Que questionamentos são esses e como são apresentados no texto?
      Antes de cada ataque do jogador 7, o goleiro fica na dúvida sobre como isso ocorrerá, isto é, se o adversário vai chutar a bola ou se vai cruzar, o goleiro se pergunta se deve ficar na sua posição ou sair para defender a bola. Esses questionamentos são apresentados em formas de perguntas que o goleiro faz a si próprio enquanto o jogador adversário se aproxima.

a)   Nos dois momentos em que esse ataque ocorre, o personagem consegue fazer a defesa e se vangloria disso. De que maneira essa atitude do personagem contribui para a construção do humor nesse trecho?
Na primeira jogada, o goleiro consegue dar um soco na bola e afirma que ela foi parar “quase no meio do campo”.
Na segunda jogada, o goleiro consegue pegar a bola de forma “encaixada”. Nos dois casos, ele se define como um goleiro “bom à beça”.

03 – Releia.
        “Ufa, dessa vez foi por cima... Só levantei o braço para acompanhar a bola, mas levantei com classe, parecia profissional. Pena que a minha camisa tá furada no sovaco. Preciso comprar uma nova. Uma vermelha” Aposto que eu ia jogar bem melhor com uma vermelha.”
a)   A descrição que o goleiro faz de sua atuação no trecho transcrito é divertida. Por quê?
A cena é divertida porque, além de o goleiro ficar aliviado com o fato de o chute a gol não ter representado um “perigo” real, o movimento feito pelo personagem é descrito como uma “grande” manobra que o fez parecer um jogador profissional.

b)   De que maneira o humor é explorado mais uma vez quando o goleiro se refere à sua camisa?
O humor é explorado quando o goleiro lamenta que o movimento realizado por ele tenha exposto o furo “no sovaco” que ele tem na camisa.

04 – Como o desfecho da história contribui para o humor da crônica?
      Quando ocorre o último chute a gol, a situação é engraçada por dois motivos: o goleiro fica frente a frente com o jogador 8, definido pelo personagem como muito bom, e o adversário faz o gol chutando entre as pernas do goleiro, o que é uma grande humilhação. O fato de o goleiro, que se caracterizou como “bom à beça” durante o texto, ter tomado um gol dessa forma contribui para o humor da cena.

a)   Que outros elementos, no texto, colaboram para a construção do humor?
Um elemento que colabora com a construção do humor é o fato do goleiro, primeiro, elogiar o zagueiro quando trava o camisa 7, e mais tarde chama-lo de “besta” porque não consegue parar o camisa 8.
Um outro momento engraçado é quando o goleiro cita o Aristides, dizendo que este quebrou o dedo porque se jogou no pé Tonelada.


CARTA DE PERO VAZ - FRAGMENTO - COM INTERPRETAÇÃO E GABARITO

 Carta de Pero Vaz.

  Murilo Mendes faz, neste poema, uma crítica aos interesses envolvidos no processo de colonização do Brasil.

A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nuca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macacos até demais.

Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d’aqui.

                     Mendes, Murilo. História do Brasil. In: Poesia completa
                         & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 145.
                                           By Maria da Saudade Cortesão Mendes.

Interpretação do texto:
01 – Murilo Mendes é um poeta modernista que, no século XX, faz uma releitura do texto que é considerado a “certidão de nascimento” do Brasil. Quem é o eu lírico do poema e a quem se dirige?
      Murilo Mendes faz uma “paródia” da Carta de Pero Vaz de Caminha, como diz o título. Portanto, o eu lírico do poema é o próprio Pero Vaz, que se dirige ao rei de Portugal, a quem informa sobre o que encontrou na terra recém descoberta.

a)   Quais são os elementos da terra descoberta destacados pelo o eu lírico?
O eu lírico ressalta a beleza da terra e suas riquezas: a terra é fértil, há frutas exóticas, os animais são muitos e têm penas vistosa, há ouro e pedras preciosas.

b)   A maneira como o eu lírico apresenta as “riquezas” do Brasil revela uma intenção crítica do autor. Explique como isso é feito.
A intensão crítica do autor se revela no modo irônico como o eu lírico apresenta algumas das riquezas do Brasil. Ele descreve, de modo exagerado e irreal, a enorme fertilidade e a riqueza da terra descoberta: um caniço espetado no chão transforma-se, imediatamente, em bengala com castão de ouro; há tantas pedras preciosas disponíveis, que as esmeraldas podem ser ignoradas, porque “diamantes tem à vontade.”

02 – O que significam os versos “Reforçai, senhor, a arca. / Cruzados não faltarão”?
      Os versos indicam as riquezas que poderão ser extraídas do Brasil e enviadas a Portugal. Como muito poderá ser explorado, o eu lírico diz ao rei (“Senhor”) que reforce a “arca” para que possa guardar os “cruzados” que lucrará com a descoberta da nova terra.

a)   Qual é a crítica de Murilo Mendes nesse versos? Explique.

Murilo Mendes está fazendo uma crítica aos interesses portugueses durante o processo de colonização: a extração e exploração das riquezas do Brasil.