sábado, 26 de abril de 2025

CONTO: A CAUSA SECRETA - FRAGMENTO - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

 Conto: A Causa Secreta – Fragmento

            Machado de Assis

        [...] 

        Garcia tinha-se formado em medicina, no ano anterior, 1861. No de 1860, estando ainda na Escola, encontrou-se com Fortunato, pela primeira vez, à porta da Santa Casa; entrava, quando o outro saía. Fez-lhe impressão a figura; mas, ainda assim, tê-la-ia esquecido, se não fosse o segundo encontro, poucos dias depois. Morava na rua de D. Manoel. Uma de suas raras distrações era ir ao teatro de S. Januário, que ficava perto, entre essa rua e a praia; ia uma ou duas vezes por mês, e nunca achava acima de quarenta pessoas. Só os mais intrépidos ousavam estender os passos até aquele recanto da cidade. Uma noite, estando nas cadeiras, apareceu ali Fortunato, e sentou-se ao pé dele. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmsT1yxv9IuPF00r1y-a7gW9PRUrIPl1nrkj9d4ISzbo-zcdIj5lphv_BjUspEA4iYQ76qVWiuPidPTMb0NiPp0_iEfKrxatO3wXjpY4gcKcGgakvCar_6DK5BqbOUJzsFpHeFPjtZ9-9FVbbI0BzM9RRlvIgvG1BWYdAFLjhP8mIo_iShX8PX5_q57ko/s1600/CAUSA.jpg


        A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouvia-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de S. José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tílburi, e seguiu para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada. 

        [...]

        Tempos depois, estando já formado e morando na rua de Matacavalos, perto da do Conde, encontrou Fortunato em uma gôndola, encontrou-o ainda outras vezes, e a frequência trouxe a familiaridade. Um dia Fortunato convidou-o a ir visitá-lo ali perto, em Catumbi. 

        — Sabe que estou casado? 

        — Não sabia. 

        — Casei-me há quatro meses, podia dizer quatro dias. Vá jantar conosco domingo. 

        — Domingo? 

        — Não esteja forjando desculpas; não admito desculpas. Vá domingo. 

        Garcia foi lá domingo. Fortunato deu-lhe um bom jantar, bons charutos e boa palestra, em companhia da senhora, que era interessante. A figura dele não mudara; os olhos eram as mesmas chapas de estanho, duras e frias; as outras feições não eram mais atraentes que dantes. Os obséquios, porém, se não resgatavam a natureza, davam alguma compensação, e não era pouco. Maria Luísa é que possuía ambos os feitiços, pessoa e modos. Era esbelta, airosa, olhos meigos e submissos; tinha vinte e cinco anos e parecia não passar de dezenove. Garcia, à segunda vez que lá foi, percebeu que entre eles havia alguma dissonância de caracteres, pouca ou nenhuma afinidade moral, e da parte da mulher para com o marido uns modos que transcendiam o respeito e confinavam na resignação e no temor. [...]

        A comunhão dos interesses apertou os laços da intimidade. Garcia tornou-se familiar na casa; ali jantava quase todos os dias, ali observava a pessoa e a vida de Maria Luísa, cuja solidão moral era evidente. E a solidão como que lhe duplicava o encanto. Garcia começou a sentir que alguma coisa o agitava, quando ela aparecia, quando falava, quando trabalhava, calada, ao canto da janela, ou tocava ao piano umas músicas tristes. Manso e manso, entrou-lhe o amor no coração. Quando deu por ele, quis expeli-lo para que entre ele e Fortunato não houvesse outro laço que o da amizade; mas não pôde. Pôde apenas trancá-lo; Maria Luísa compreendeu ambas as coisas, a afeição e o silêncio, mas não se deu por achada. 

        No começo de outubro deu-se um incidente que desvendou ainda mais aos olhos do médico a situação da moça. Fortunato metera-se a estudar anatomia e fisiologia, e ocupava-se nas horas vagas em rasgar e envenenar gatos e cães. Como os guinchos dos animais atordoavam os doentes, mudou o laboratório para casa, e a mulher, compleição nervosa, teve de os sofrer. Um dia, porém, não podendo mais, foi ter com o médico e pediu-lhe que, como cousa sua, alcançasse do marido a cessação de tais experiências. 

        — Mas a senhora mesma... 

        Maria Luísa acudiu, sorrindo: 

        — Ele naturalmente achará que sou criança. O que eu queria é que o senhor, como médico, lhe dissesse que isso me faz mal; e creia que faz... 

        Garcia alcançou prontamente que o outro acabasse com tais estudos. Se os foi fazer em outra parte, ninguém o soube, mas pode ser que sim. Maria Luísa agradeceu ao médico, tanto por ela como pelos animais, que não podia ver padecer. Tossia de quando em quando; Garcia perguntou-lhe se tinha alguma coisa, ela respondeu que nada. 

        — Deixe ver o pulso. 

        — Não tenho nada. 

        Não deu o pulso, e retirou-se. Garcia ficou apreensivo. Cuidava, ao contrário, que ela podia ter alguma coisa, que era preciso observá-la e avisar o marido em tempo. 

        Dois dias depois, — exatamente o dia em que os vemos agora, — Garcia foi lá jantar. Na sala disseram-lhe que Fortunato estava no gabinete, e ele caminhou para ali; ia chegando à porta, no momento em que Maria Luísa saía aflita. 

        — Que é? perguntou-lhe. 

        — O rato! O rato! exclamou a moça sufocada e afastando-se.

        Garcia lembrou-se que na véspera ouvira ao Fortunado queixar-se de um rato, que lhe levara um papel importante; mas estava longe de esperar o que viu. Viu Fortunato sentado à mesa, que havia no centro do gabinete, e sobre a qual pusera um prato com espírito de vinho. O líquido flamejava. Entre o polegar e o índice da mão esquerda segurava um barbante, de cuja ponta pendia o rato atado pela cauda. Na direita tinha uma tesoura. No momento em que o Garcia entrou, Fortunato cortava ao rato uma das patas; em seguida desceu o infeliz até a chama, rápido, para não matá-lo, e dispôs-se a fazer o mesmo à terceira, pois já lhe havia cortado a primeira. Garcia estacou horrorizado. 

        — Mate-o logo! disse-lhe. 

        — Já vai.  

        E com um sorriso único, reflexo de alma satisfeita, alguma coisa que traduzia a delícia íntima das sensações supremas, Fortunato cortou a terceira pata ao rato, e fez pela terceira vez o mesmo movimento até a chama. O miserável estorcia-se, guinchando, ensanguentado, chamuscado, e não acabava de morrer. Garcia desviou os olhos, depois voltou-os novamente, e estendeu a mão para impedir que o suplício continuasse, mas não chegou a fazê-lo, porque o diabo do homem impunha medo, com toda aquela serenidade radiosa da fisionomia. Faltava cortar a última pata; Fortunato cortou-a muito devagar, acompanhando a tesoura com os olhos; a pata caiu, e ele ficou olhando para o rato meio cadáver. Ao descê-lo pela quarta vez, até a chama, deu ainda mais rapidez ao gesto, para salvar, se pudesse, alguns farrapos de vida. 

        Garcia, defronte, conseguia dominar a repugnância do espetáculo para fixar a cara do homem. Nem raiva, nem ódio; tão-somente um vasto prazer, quieto e profundo, como daria a outro a audição de uma bela sonata ou a vista de uma estátua divina, alguma coisa parecida com a pura sensação estética. Pareceu-lhe, e era verdade, que Fortunato havia-o inteiramente esquecido. Isto posto, não estaria fingindo, e devia ser aquilo mesmo. A chama ia morrendo, o rato podia ser que tivesse ainda um resíduo de vida, sombra de sombra; Fortunato aproveitou-o para cortar-lhe o focinho e pela última vez chegar a carne ao fogo. Afinal deixou cair o cadáver no prato, e arredou de si toda essa mistura de chamusco e sangue. 

        Ao levantar-se deu com o médico e teve um sobressalto. Então, mostrou-se enraivecido contra o animal, que lhe comera o papel; mas a cólera evidentemente era fingida. 

        -- Castiga sem raiva, pensou o médico, pela necessidade de achar uma sensação de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar: é o segredo deste homem. 

        Fortunato encareceu a importância do papel, a perda que lhe trazia, perda de tempo, é certo, mas o tempo agora era-lhe preciosíssimo. Garcia ouvia só, sem dizer nada, nem lhe dar crédito. Relembrava os atos dele, graves e leves, achava a mesma explicação para todos. Era a mesma troca das teclas da sensibilidade, um diletantismo sui generis, uma redução de Calígula.

        Quando Maria Luísa voltou ao gabinete, daí a pouco, o marido foi ter com ela, rindo, pegou-lhe nas mãos e falou-lhe mansamente:

        — Fracalhona! 

        E voltando-se para o médico: 

        — Há de crer que quase desmaiou? 

        Maria Luísa defendeu-se a medo, disse que era nervosa e mulher; depois foi sentar-se à janela com as suas lãs e agulhas, e os dedos ainda trêmulos, tal qual a vimos no começo desta história. Hão de lembrar-se que, depois de terem falado de outras coisas, ficaram calados os três, o marido sentado e olhando para o teto, o médico estalando as unhas. Pouco depois foram jantar; mas o jantar não foi alegre. Maria Luísa cismava e tossia; o médico indagava de si mesmo se ela não estaria exposta a algum excesso na companhia de tal homem. Era apenas possível; mas o amor trocou-lhe a possibilidade em certeza; tremeu por ela e cuidou de os vigiar. 

        Ela tossia, tossia, e não se passou muito tempo que a moléstia não tirasse a máscara. Era a tísica, velha dama insaciável, que chupa a vida toda, até deixar um bagaço de ossos. Fortunato recebeu a notícia como um golpe; amava deveras a mulher, a seu modo, estava acostumado com ela, custava-lhe perdê-la. Não poupou esforços, médicos, remédios, ares, todos os recursos e todos os paliativos. Mas foi tudo vão. A doença era mortal. 

        Nos últimos dias, em presença dos tormentos supremos da moça, a índole do marido subjugou qualquer outra afeição. Não a deixou mais; fitou o olho baço e frio naquela decomposição lenta e dolorosa da vida, bebeu uma a uma as aflições da bela criatura, agora magra e transparente, devorada de febre e minada de morte. Egoísmo aspérrimo, faminto de sensações, não lhe perdoou um só minuto de agonia, nem lhos pagou com uma só lágrima, pública ou íntima. Só quando ela expirou, é que ele ficou aturdido. Voltando a si, viu que estava outra vez só. 

        De noite, indo repousar uma parenta de Maria Luísa, que a ajudara a morrer, ficaram na sala Fortunato e Garcia, velando o cadáver, ambos pensativos; mas o próprio marido estava fatigado, o médico disse-lhe que repousasse um pouco. 

        — Vá descansar, passe pelo sono uma hora ou duas: eu irei depois. 

        Fortunato saiu, foi deitar-se no sofá da saleta contígua, e adormeceu logo. Vinte minutos depois acordou, quis dormir outra vez, cochilou alguns minutos, até que se levantou e voltou à sala. Caminhava nas pontas dos pés para não acordar a parenta, que dormia perto. Chegando à porta, estacou assombrado. 

        Garcia tinha-se chegado ao cadáver, levantara o lenço e contemplara por alguns instantes as feições defuntas. Depois, como se a morte espiritualizasse tudo, inclinou-se e beijou-a na testa. Foi nesse momento que Fortunato chegou à porta. Estacou assombrado; não podia ser o beijo da amizade, podia ser o epílogo de um livro adúltero. Não tinha ciúmes, note-se; a natureza compô-lo de maneira que lhe não deu ciúmes nem inveja, mas dera-lhe vaidade, que não é menos cativa ao ressentimento.  Olhou assombrado, mordendo os beiços. 

        Entretanto, Garcia inclinou-se ainda para beijar outra vez o cadáver; mas então não pôde mais. O beijo rebentou em soluços, e os olhos não puderam conter as lágrimas, que vieram em borbotões, lágrimas de amor calado, e irremediável desespero. Fortunato, à porta, onde ficara, saboreou tranquilo essa explosão de dor moral que foi longa, muito longa, deliciosamente longa. 

50 contos de Machado de Assis. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. p. 368-376.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 2. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 9ª Ed. – Ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 222-226.

Entendendo o conto:

01 – Como Garcia e Fortunato se conheceram inicialmente e qual foi a primeira impressão que Fortunato causou em Garcia?

      Garcia e Fortunato se encontraram pela primeira vez à porta da Santa Casa. Fortunato causou uma impressão em Garcia, embora esta pudesse ter sido esquecida se não houvesse um segundo encontro poucos dias depois.

02 – O que despertou a atenção de Garcia durante a peça de teatro em que ele e Fortunato se encontraram pela segunda vez?

      A atenção de Garcia foi despertada pelo singular interesse de Fortunato pela peça, um dramalhão cheio de violência. Nos lances dolorosos, a atenção de Fortunato redobrava, e seus olhos seguiam avidamente os personagens, levando Garcia a suspeitar de reminiscências pessoais do vizinho na peça.

03 – Como Garcia descreve a aparência física de Fortunato após conhecê-lo melhor e qual era o contraste com os seus modos?

      Garcia descreve a figura de Fortunato como inalterada, com olhos que eram "chapas de estanho, duras e frias" e outras feições não atraentes. Havia um contraste com os seus obséquios, que, embora não resgatassem sua natureza, ofereciam alguma compensação.

04 – Qual foi a impressão de Garcia sobre o relacionamento entre Fortunato e Maria Luísa após algumas visitas à casa do casal?

      Garcia percebeu que havia uma dissonância de caracteres e pouca ou nenhuma afinidade moral entre Fortunato e Maria Luísa. Notou também que os modos da mulher para com o marido transcendiam o respeito, confinando na resignação e no temor.

05 – Que sentimento começou a surgir em Garcia em relação a Maria Luísa e como ele tentou lidar com isso?

      Garcia começou a sentir amor por Maria Luísa. Ele tentou expeli-lo para que sua relação com Fortunato permanecesse apenas a de amizade, mas não conseguiu. Ele apenas trancou esse sentimento, embora Maria Luísa tenha compreendido tanto a afeição quanto o seu silêncio.

06 – Qual o incidente que revelou ainda mais a situação de Maria Luísa aos olhos de Garcia e qual o pedido incomum que ela fez ao médico?

      O incidente foi o hábito de Fortunato de estudar anatomia e fisiologia rasgando e envenenando animais em casa, perturbando Maria Luísa. Ela pediu a Garcia que, como se fosse um pedido dele, convencesse o marido a cessar tais experiências, alegando que lhe faziam mal.

07 – Descreva a cena chocante presenciada por Garcia no gabinete de Fortunato e qual a reação do médico diante do que viu?

      Garcia viu Fortunato torturando um rato, cortando suas patas e aproximando-o repetidamente de uma chama com um sorriso de satisfação. Garcia ficou horrorizado e pediu para que ele matasse o animal logo, mas a serenidade prazerosa de Fortunato o intimidou.

08 – Qual a interpretação de Garcia sobre o comportamento de Fortunato ao torturar o rato e que comparação ele faz para tentar entender a motivação do amigo?

      Garcia interpretou o comportamento de Fortunato como uma necessidade de encontrar uma sensação de prazer através da dor alheia, considerando isso o "segredo" do amigo. Ele compara essa atitude a um "diletantismo sui generis" e a uma "redução de Calígula", sugerindo uma busca por sensações extremas e um certo sadismo.

09 – Como Fortunato reagiu à doença e à morte de Maria Luísa, segundo o narrador?

      Fortunato recebeu a notícia da doença de Maria Luísa como um golpe e tentou todos os recursos para curá-la, pois a amava a seu modo e estava acostumado com ela. No entanto, nos últimos dias, seu egoísmo subjugou qualquer outra afeição, e ele observou a agonia da esposa sem demonstrar emoção, apenas sentindo-se aturdido ao ficar sozinho após a morte dela.

10 – Qual a cena final surpreendente presenciada por Fortunato e qual a sua reação ao ver Garcia beijando o cadáver de Maria Luísa?

      A cena final mostra Fortunato vendo Garcia beijar a testa do cadáver de Maria Luísa com lágrimas de amor e desespero. Fortunato ficou assombrado, interpretando o beijo não como amizade, mas como o possível fim de um adultério. Embora não sentisse ciúmes, sua vaidade ressentiu o gesto, e ele saboreou tranquilamente a explosão de dor moral de Garcia.

 

 

terça-feira, 15 de abril de 2025

POEMA: ROLA A CHUVA - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

Poema: Rola a chuva

              Cecília Meireles

Arre

que arrelia!

O frio arrepia

a moça arredia.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkPUAlijwtAh-TH_N2Ev3y5Cg1PgpAZAvFFzNXPwZdcB3abZxkBFQCdf41OiKrPM-at4XE-0T_tUek4G5pRYzK_Rdy0jlJXqHJ0_ExIsnfWIsAVB25UHkLq746QhJ_uiU2j2g1qmFKdmuEAcDzjHhb3BoPSRsjySLh_L6laPA0OqNIrplvIPRHsYQrfBA/s1600/frio.jpg


 

Na rua rola a roda...

Arreda!

 

A rola arrulha na torre.

A chuva sussurra.

 

Rola a chuva,

rega a terra,

rega o rio,

rega a rua.

 

E na rua a roda rola.

 

(MEIRELES, Cecília.  Ou isto ou aquilo)

Entendendo o texto

01. Qual figura de linguagem predomina na repetição da palavra "rola" ao longo do poema?

a. Metáfora

b. Anáfora

c. Aliteração

d.  Assonância

02. A interjeição "Arre" expressa principalmente qual sentimento no contexto do poema?

a. Alegria intensa

b. Surpresa agradável

c. Impaciência ou irritação

d. Medo repentino

03. Qual das seguintes opções descreve melhor o "eu poético" presente no poema?

a. Um observador distante e objetivo da natureza.

b. Uma voz que expressa seus sentimentos de forma explícita e pessoal.

c. Um observador sensível que registra as sensações e os sons da chuva.

d. Uma entidade que interage diretamente com os elementos da natureza.

04. Na expressão "O frio arrepia / a moça arredia", qual figura de linguagem é mais evidente?

a. Metonímia

b. Personificação

c. Hipérbole

d. Comparação

05. A repetição da consoante "r" em diversas palavras ao longo do poema, como em "rola", "chuva", "arrelia", "frio", "arrepia", "arredia", "rua", "roda", "arrulha", "torre", caracteriza qual figura de linguagem? 

a. Assonância

b. Aliteração

c. Onomatopeia

d. Paranomásia

 


CONTO: O GANSO DE OURO - IRMÃOS GRIMM - COM GABARITO

 Conto: O ganso de ouro

            Irmãos Grimm

        Era uma vez um homem que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram tidos como inteligentes e espertos, ao passo que o caçula, todos o consideravam um bobalhão e só o chamavam de João Bocó.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM1FssXPgNWCNwhx-J1oAyf-JWdjzlFsGDQMZBw7TqJ_bgE6s9SKOVsyUpRQZ_IY9swrWxpdQr-7p7cVj9O3A7LIs5sRtSp3HyQs3Zb3g1s_A1W2esUs9Y-w-_6pNTd7CI2pCczh1ZVDu2M3Y-fqPTyzHIukzzFHEcW0LOPNK2l6HkiWCRARVQjgx6fw4/s320/Simpleton_finds_The_Golden_Goose_-_Project_Gutenberg_eText_15661.jpg

        Um dia, o filho mais velho precisou ir buscar lenha na floresta. A mãe lhe preparou um lanche com um delicioso bolo e uma garrafa de vinho, para que ele não sentisse fome nem sede.

        Quando ia entrando na mata, o moço encontrou um velho grisalho que lhe desejou bom-dia e pediu:

        -- Por favor, me dê um pedacinho do seu bolo e um gole de sua garrafa. Estou morrendo de fome e sede.

        -- Era só o que faltava! — respondeu ele com maus modos. — Se eu lhe der, o que é que sobra para mim? – e, dando-lhe as costas, afundou-se na mata. Mais adiante, quando começou a golpear uma árvore, errou o golpe e feriu-se no braço. Então foi obrigado a voltar para casa, sem trazer um cavaquinho que fosse, sem desconfiar que o acontecido foi por artes do velho grisalho, que era mágico.

        No dia seguinte, o segundo filho foi à floresta buscar lenha. Também para ele, a mãe preparou um bom lanche com bolo e vinho e, assim como aconteceu ao irmão, quando entrou na mata, encontrou o velho grisalho que lhe pediu um pedaço de bolo e um gole de vinho.

        -- Essa é boa! Pensa que vou repartir com um velho vagabundo o que posso comer sozinho? – respondeu o rapaz continuando a andar.

        E não teve melhor sorte que o irmão. Mal começou a golpear uma árvore, a lâmina — por alguma magia que o velho fez – resvalou e o feriu no pé. E lá se foi ele de volta para casa, mancando, sem trazer sequer um galhinho seco.

        No outro dia, João Bocó pediu ao pai que o deixasse buscar lenha na mata.

        -- De jeito nenhum! – respondeu ele. – Se seus irmãos se machucaram, o que acontecerá a um bobo e desastrado como você?

        Mas João Bocó tanto amolou, que o pai acabou cedendo.

        -- Está bem, vá! Se lhe acontecer alguma coisa, tanto melhor! Quem sabe se assim você toma jeito!

        E ele partiu para a floresta, levando de lanche apenas um pãozinho e uma garrafa de água. Lá chegando, encontrou o mesmo velho grisalho que lhe disse “bom dia” e pediu um pedacinho de bolo e um gole de vinho.

        -- Só tenho um pãozinho e uma garrafa de água. Mas o que é meu é seu. Vamos comer juntos – e sentando-se num tronco caído, João Bocó abriu a sacola. Então arregalou os olhos surpresos. O que encontrou dentro dela foi um saboroso bolo e uma garrafa de vinho. “Como a mãe foi boazinha!”, pensou, sem se dar conta de que aquilo foi magia do velho. Comeram os dois com grande apetite e o velho disse:

        -- Quem tem um bom coração, como você, e não hesita em dividir com os outros o pouco que tem, bem merece uma sorte melhor. Está vendo aquela árvore ali adiante? Entre suas raízes, encontrará um presente meu que o fará muito feliz – assim falando, desapareceu.

        João Bocó correu para a árvore e encontrou aninhado entre suas altas raízes uma beleza de ganso, cujas penas eram de ouro puro. Com ele debaixo do braço, resolveu sair pelo mundo em busca de aventuras, em vez de voltar para casa onde era tão pouco querido. Andou, andou e, à tardezinha, chegou a uma estalagem, onde resolveu passar a noite.

        Ora, acontecia que a dona da casa tinha três filhas, três mocinhas abelhudas que, mal viram o ganso de ouro, decidiram que, custasse o que custasse, haveriam de ter algumas de suas peninhas tão lindas. A mais velha ficou espionando e, quando viu o rapaz sair, entrou no quarto dele, aproximou-se devagarinho do ganso e agarrou-o. Foi só fazer isso, ficou com uma das mãos presas nele, sem poder se libertar. Logo depois chegou a outra e, vendo a irmã agarrada ao ganso, pensou: “Se ela pensa que as penas são só dela, engana-se!” e puxou-a pelo vestido. Com isso, ficou com uma das mãos grudada na irmã. Finalmente, com passos de lã, chegou a mais moça. As outras pediram aflitas:

        -- Pelo amor de Deus, não chegue perto de nós!

        Isso só serviu para deixar a mocinha desconfiada.

        -- Querem me passar para trás, heim? – assim dizendo, puxou a segunda das irmãs pela mão e ficou presa também. E todas as três tiveram que passar a noite ao lado do ganso.

        No outro dia bem cedo, João Bocó partiu com seu ganso debaixo do braço, sem nem ligar para as moças. As coitadas, uma presa à outra, foram obrigadas a segui-lo de um lado para outro, para cima e para baixo, onde quer que ele fosse, e como andava ligeiro o danado!

        Um padre que vinha vindo, ao ver passar aquela estranha procissão, parou boquiaberto.

        -- Mas que é isso, moças! Não têm vergonha? Onde já se viu correr assim atrás de um rapaz! — e decidido a detê-las, agarrou a última pelo braço. O resultado é que não pôde mais tirar as mãos do braço dela e, bem contrariado, teve que acompanhar o bando.

        Nesse meio tempo, o sacristão passou por ali e ficou admirado ao ver o padre correndo atrás das moças.

        -- Senhor padre! — chamou ele. — Onde vai com tanta pressa? Esqueceu que temos um batizado hoje? – e agarrou-o pela batina, ficando preso também.

        Agora eram cinco em fila atrás de João Bocó, que não dava sinais de querer parar. Mais adiante, cruzaram com dois robustos camponeses que vinham voltando da lavoura. Aos gritos, o padre pediu-lhes, por favor, que libertassem ele e o sacristão com um bom puxão.

        -- Lá vai! – disseram eles. E largando a enxada arregaçaram as mangas e agarraram o sacristão. Só o que conseguiram, foi ficarem presos também. E todos os sete, trotando atrás de João Bocó, chegaram enfim a uma cidade onde vivia uma princesa tão séria e carrancuda, que jamais alguém a viu sorrir. Em desespero de causa, o rei mandou proclamar por todo o reino que daria a filha em casamento ao primeiro que a fizesse rir.

        João Bocó soube disso e dirigiu-se ao palácio real. Mas nem precisou entrar. A princesa estava na janela, de queixo na mão, cara sombria olhando a rua. Quando viu o rapaz com toda aquela gente em fila atrás dele, as moças chorando, o padre mancando, o sacristão rezando e os camponeses reclamando, desatou a rir com tanto gosto, que parecia não poder parar mais. Então, acabou-se o encanto. Os prisioneiros de João Bocó de repente se viram livres e só pensaram em uma coisa: voltar para casa deles o mais depressa possível.

        Diante de tal sucesso, João Bocó não titubeou em reclamar a mão da princesa. Mas o rei, que não gostou nada do pretendente, depois de muito discutir concordou em dar-lhe a filha com uma condição: o rapaz tinha que trazer alguém que fosse capaz de comer todo o pão do reino.

        João Bocó pensou logo no velho da floresta e foi procurá-lo ao pé da árvore onde havia achado o ganso. O que encontrou foi um homem enorme, com a cara mais triste deste mundo. E quando perguntou a causa de tamanha tristeza, ele respondeu:

        -- Ai de mim! Estou com tanta fome que acho que vou morrer! Acabei de comer cinco fornadas de pão e fiquei na mesma! Será que vou levar a vida apertando o cinto para enganar a fome?

        “É o homem que eu preciso!”, pensou João Bocó. E convidou-o a ir com ele ao palácio do rei, prometendo que encontraria lá o suficiente para matar a fome por três meses. E, de fato, encontraram diante do palácio uma montanha de pão feita com toda a farinha que puderam encontrar no reino. O homem da floresta subiu em cima dela e pôs-se a comer com tal voracidade que, à tardezinha, a montanha já não existia. Então João Bocó reclamou novamente a noiva prometida.

        Mas o rei, que continuava não querendo saber de um genro que, além de pobre, tinha o apelido de João Bocó, veio com nova exigência: só daria a filha se o moço lhe trouxesse um barco que andasse tanto em terra como na água.

        João Bocó voltou à floresta e, desta vez, encontrando o velho mágico em pessoa, explicou-lhe a situação e disse o que queria.

        -- Quem ajuda os outros merece ser ajudado! – o velho disse isso, piscou o olho e desapareceu, deixando no seu lugar o barco exigido.

        Quando o rei viu o rapaz chegar com o barco navegando em chão enxuto, compreendeu que não havia mais jeito. Concedeu-lhe a mão da filha e o casamento realizou-se. Dizem que nunca houve um casal tão feliz nem alguém tão sorridente como a esposa de João Bocó.

Contos de Grimm. Adaptação de Maria Heloisa Penteado. São Paulo: Ática, 1989. p. 23-30.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 5ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 12-14.

Entendendo o conto:

01 – Como os irmãos mais velhos de João Bocó são caracterizados no início da história?

      Os irmãos mais velhos são tidos como inteligentes e espertos, em contraste com João Bocó, que é considerado um bobalhão.

02 – Qual foi a atitude dos dois primeiros irmãos ao encontrarem o velho grisalho na floresta e qual foi a consequência de suas ações?

      Ambos os irmãos mais velhos foram rudes e egoístas, negando comida e bebida ao velho. Como consequência, ambos se machucaram enquanto tentavam cortar lenha e voltaram para casa sem nada.

03 – O que João Bocó levava de lanche para a floresta e o que ele encontrou em vez disso, graças ao velho?

      João Bocó levava apenas um pãozinho e uma garrafa de água. Em vez disso, encontrou um saboroso bolo e uma garrafa de vinho, resultado da magia do velho.

04 – Qual presente mágico João Bocó encontrou na raiz da árvore e o que ele decidiu fazer com ele?

      João Bocó encontrou um ganso com penas de ouro puro. Em vez de voltar para casa, ele decidiu sair pelo mundo em busca de aventuras.

05 – O que aconteceu com as três filhas da dona da estalagem quando tentaram pegar as penas do ganso de ouro?

      As três filhas ficaram misteriosamente grudadas umas às outras e ao ganso, sendo obrigadas a seguir João Bocó.

06 – Quem mais se juntou à fila de pessoas grudadas seguindo João Bocó e por quê?

      Um padre que tentou repreender as moças, um sacristão que tentou falar com o padre, e dois camponeses que tentaram libertar o padre e o sacristão também ficaram grudados à corrente.

07 – O que fez a princesa, conhecida por nunca sorrir, rir pela primeira vez?

      A princesa riu ao ver a cena de João Bocó com toda aquela gente grudada uns aos outros, em situações engraçadas e desesperadas, seguindo-o pela rua.

08 – Quais foram as duas condições impostas pelo rei para que João Bocó pudesse se casar com a princesa?

      As duas condições foram: primeiro, João Bocó deveria trazer alguém capaz de comer todo o pão do reino; segundo, ele deveria trazer um barco que andasse tanto na terra quanto na água.

09 – Como João Bocó conseguiu cumprir a primeira condição imposta pelo rei?

      João Bocó encontrou o velho da floresta novamente, que havia se transformado em um homem faminto capaz de comer montanhas de pão, e o levou ao palácio para devorar todo o pão do reino.

10 – Quem ajudou João Bocó a cumprir a segunda condição do rei e qual foi o resultado final da história?

      O velho mágico ajudou João Bocó a cumprir a segunda condição, deixando no seu lugar o barco que andava tanto na terra quanto na água. Diante disso, o rei permitiu o casamento de João Bocó com a princesa, e dizem que eles foram um casal muito feliz.

 

POEMA: O CAMINHO NA FLORESTA - RUDARD KIPLING - COM GABARITO

 Poema: O CAMINHO NA FLORESTA

              Rudyard Kipling

Fecharam a estrada através da floresta
Setenta anos atrás.
O mau tempo a desmanchou outra vez
E hoje ninguém mais sabe
Que existia uma estrada através da floresta
Antes de plantarem as árvores.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtCtSHTu8W4XHhJ9z8j_QufylUUxrJUCs8rgQC0NhNYwcNa3D5YEl1QbjJDioEuBirGk-7zFbpGg7Dm47zrbQnxd5bmp6bbszK-VyVERs9RAzlRk28ljw1sMBkZdqftEqRay5GlBVZDXpBgEcPZ8x427XBom70mXppFaDijfFh1e-wW8mp79Lihs-rjiw/s320/8531-CAPA-VERTICAL.jpg


Está sob a charneca o urzal
E as anêmonas esparsas.
Só o caseiro percebe
Que, onde se aninha a pomba-pedrês
E a fuinha corre em paz,
Existia uma estrada através da floresta.

Todavia, ao entrarmos na floresta
Tarde numa noite de verão,
Quando o ar esfria o lago que a truta espirala
E onde a lontra chama o companheiro
(Não teme os homens na floresta
Porque vê poucos deles),
Ouvimos o bater dos cascos de um cavalo
E o frufru de uma saia no sereno
Que passam a meio galope através
Do ermo enevoado,
Como se conhecessem perfeitamente
A perdida estrada através da floresta...
Mas não há estrada através da floresta!

Rudyard Kipling. In: Harold Bloom. Contos e Poemas para Crianças Extremamente Inteligentes de Todas as Idades. Tradução de José Antônio Arantes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 5ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 10.

Entendendo o poema:

01 – Há quanto tempo a estrada através da floresta foi fechada, segundo o poema?

      Segundo o poema, a estrada através da floresta foi fechada setenta anos atrás.

02 – O que aconteceu com a estrada ao longo do tempo e quem ainda guarda a memória de sua existência?

      Com o tempo, o mau tempo desmanchou a estrada, e a maioria das pessoas esqueceu sua existência, pois a floresta cresceu sobre ela. Apenas o caseiro ainda percebe, pelos sinais da natureza (onde a pomba-pedrês se aninha e a fuinha corre), que ali existia uma estrada.

03 – Que fenômeno estranho ocorre quando os narradores entram na floresta numa noite de verão?

      Ao entrarem na floresta numa noite de verão, os narradores ouvem o bater dos cascos de um cavalo e o frufru de uma saia passando a meio galope através do ermo enevoado, como se ainda estivessem usando uma estrada conhecida.

04 – Por que a lontra não teme os homens na floresta, de acordo com o poema?

      De acordo com o poema, a lontra não teme os homens na floresta porque vê poucos deles, o que sugere que a área se tornou isolada e pouco frequentada.

05 – Qual é a ironia ou o mistério presente no final do poema em relação à estrada?

      A ironia ou o mistério reside no fato de que, apesar de o poema afirmar categoricamente na última linha ("Mas não há estrada através da floresta!") que a estrada não existe mais, os narradores vivenciam uma cena sonora que evoca claramente a passagem de pessoas a cavalo por essa mesma estrada perdida. Isso sugere uma persistência da memória da estrada, talvez no tempo ou na imaginação, mesmo após seu desaparecimento físico.

 

POEMA: VIAGEM ESTRELADA - RICARDO AZEVEDO - COM GABARITO

 Poema: VIAGEM ESTRELADA

            Ricardo Azevedo

Vou abrir minha janela,
vou subir pelas paredes,
vou correr no fio elétrico,
pegar carona com as nuvens;
vou pular de galho em galho,
escalar sete montanhas,
atravessar a floresta
no meio da noite escura;
planejar a minha rota,
desenhar o meu caminho,
descobrir o meu destino
no fundo do coração.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuZ3GfnDeld1YVukPCqKfM4xdXPwxvXJVrtDjmx_CjLgjSlnSAMjow38AdQgFapikGk9k7uSvj5J77wa7zZFAfViKbFUMmY86jDIFrEwDbeHlDlJG0lCZfHEOm0YXJimjZxX_u7Gq7zA9XItOgnowceq-3y1nmEI4frk9bHLub1YtnYceiwJewV2lds04/s1600/NUVEM.jpg


Depois vou seguir em frente
na direção do horizonte,
companheiro da alegria,
do prazer e da esperança,
levando, na mão direita,
a força do meu calor,
e na outra, com cuidado,
um bocadinho de amor.
Vou mais depressa que o tempo,
não posso perder um dia
nessa viagem estrelada.

Ricardo Azevedo. Dezenove poemas desengonçados. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 55.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 5ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 4ª ed. – São Paulo: Atual Editora, 2006. p. 68.

Entendendo o poema:

01 – Quais são as ações que o eu lírico expressa que fará no início de sua jornada?

      No início de sua jornada, o eu lírico expressa que vai abrir sua janela, subir pelas paredes, correr no fio elétrico e pegar carona com as nuvens.

02 – Que elementos da natureza são mencionados como parte do percurso do eu lírico?

      Os elementos da natureza mencionados no percurso do eu lírico são os galhos, sete montanhas e a floresta no meio da noite escura.

03 – Onde o eu lírico pretende descobrir o seu destino?

      O eu lírico pretende descobrir o seu destino no fundo do coração.

04 – Quais sentimentos ou companhias o eu lírico levará consigo em sua viagem na direção do horizonte?

      O eu lírico levará consigo a alegria, o prazer e a esperança como companheiros em sua viagem na direção do horizonte.

05 – O que o eu lírico levará em cada uma das mãos durante essa viagem e por que ele não pode perder tempo?

      O eu lírico levará na mão direita a força do seu calor e na outra, com cuidado, um bocadinho de amor. Ele não pode perder um dia nessa viagem estrelada porque pretende ir mais depressa que o tempo.

 

NOTÍCIA: O LOBO SEMPRE DIZ QUE A CULPA É DO CORDEIRO - VEJA - COM GABARITO

 Notícia: O lobo sempre diz que a culpa é do cordeiro

        Sempre que tentarem destruir a imagem dos servidores públicos, fique alerta.

        Como na fábula, o lobo sempre acusa o cordeiro para poder dar o bote.

        E o bote é acabar com os serviços públicos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBdbjIXH2Hc6Xx0hAAzD0Kg-4u4nThphS7TG4Waq-yLuOIXi0He0c6Vx0FYnPkrv4XQ6LABdzLWKeThejPvSkyY2-2KsycUQyirAWsWl997M2gbdHkjHHQp1E_nGq64OL-RWBag8JcZvQEYvJzyLv7ixmsWA6agyOMYHAXlDm84-bThz2IVOcy7r1NWek/s320/movimento-basta.png


        Grandes interesses estão por trás desta campanha, comandada pelos próprios responsáveis pela deterioração dos serviços.

        Suas armas foram a ausência de investimentos nas instituições públicas; nomeação para cargos de chefia por critérios políticos; falta de treinamento; baixo nível salarial, entre outras.

        Anos a fio, as entidades representativas dos servidores públicos denunciaram e tentaram mudar esta dura realidade, sem serem ouvidas.

        Tudo isso pode ser comprovado por qualquer cidadão. A verdade não pode ser mascarada. Os serviços públicos seriam mais eficientes se aqueles que detêm o poder o quisessem.

        Ainda é tempo de restaurar e melhorar as instituições e seus serviços em defesa da própria sociedade.

        Não se deixe enganar. Você conhece a estratégia do lobo: culpar o cordeiro para justificar o bote.

        Reaja contra a destruição premeditada e criminosa dos serviços públicos.

        MOVIMENTO NACIONAL EM DEFESA DO SERVIÇO PÚBLICO

Veja, 13/11/96.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 175.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a principal analogia utilizada no texto para alertar sobre a campanha contra os servidores públicos?

      A principal analogia utilizada é a da fábula do lobo e do cordeiro, onde o lobo acusa o cordeiro injustamente para justificar seu ataque. Na notícia, os responsáveis pela deterioração dos serviços públicos são comparados ao lobo, e os servidores públicos, ao cordeiro.

02 – Segundo o texto, qual é o objetivo final da campanha de difamação contra os servidores públicos?

      Segundo o texto, o objetivo final dessa campanha é "acabar com os serviços públicos".

03 – Quem o texto aponta como os principais responsáveis pela deterioração dos serviços públicos?

      O texto aponta que a campanha de difamação é comandada pelos "próprios responsáveis pela deterioração dos serviços".

04 – Quais são algumas das "armas" mencionadas no texto que foram utilizadas para prejudicar os serviços públicos?

      Algumas das "armas" mencionadas são: a ausência de investimentos nas instituições públicas; nomeação para cargos de chefia por critérios políticos; falta de treinamento; e baixo nível salarial.

05 – Qual foi a reação das entidades representativas dos servidores públicos diante da deterioração dos serviços?

      As entidades representativas dos servidores públicos, segundo o texto, denunciaram e tentaram mudar essa dura realidade por anos, mas não foram ouvidas.

06 – Qual é o apelo final do texto ao leitor em relação à situação dos serviços públicos?

      O apelo final do texto é para que o leitor não se deixe enganar pela estratégia de culpar os servidores, reaja contra a destruição premeditada dos serviços públicos e defenda a restauração e melhoria das instituições.

07 – Qual a mensagem central da notícia em relação à imagem dos servidores públicos e a qualidade dos serviços públicos?

      A mensagem central é que a tentativa de destruir a imagem dos servidores públicos é uma estratégia para enfraquecer e acabar com os serviços públicos. O texto argumenta que os serviços seriam mais eficientes se houvesse vontade política e investimento adequado, e que culpar os servidores é uma tática enganosa para desviar a atenção dos verdadeiros responsáveis pela deterioração.

 

TEXTO: O TESTAMENTO - ADAPTADO DE AMARO VENTURA E ROBERTO A. SOARES - COM GABARITO

 Texto: O Testamento

        Um homem rico, sem filhos, sentindo-se morrer, pediu papel e caneta e escreveu assim:

        "Deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do mecânico nada aos pobres".

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLKJYvdtFDo6qC5p5OYBcqaEtr0pL-g3idJxGv0qSYQH-Kv_GiMtRoP4__wASTzR8Lu8vlT6PiWoqLrkKHWveq0fOZmXR338dEVSMeCOEiJl4M3SU4xvgVYKCw526q0AJB0V5LSvEhUjalWJIo9Vi00_lRbYbAyShE69CktXia7TDhaMMeGPPERQZkDEA/s320/TESTAMENTO.jpg


        Não teve tempo de pontuar – morreu.

        Eram quatro concorrentes. Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do bilhete:

        "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres."

        A irmã do morto chegou em seguida com outra cópia do testamento e pontuou assim:

        "Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres."

        Apareceu o mecânico, pediu uma cópia do original e fez estas pontuações:

        "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres."

        Um juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade. Um deles, mais sabido, tomou outra cópia do testamento e pontuou deste modo:

        "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do mecânico? Nada! Aos pobres!”.

Adaptado de: Amaro Ventura e Roberto Augusto Soares Leite. Comunicação/Expressão em língua nacional. 5ª série. São Paulo: Nacional, 1973. p. 84.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 106.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a principal causa da disputa entre os concorrentes no texto?

      A principal causa da disputa é a falta de pontuação no testamento original do homem rico, o que permite diferentes interpretações sobre a destinação de seus bens.

02 – Quantos e quais são os concorrentes que aparecem na história para reivindicar a herança?

      Aparecem quatro concorrentes: a irmã do morto, o sobrinho, o mecânico e os pobres da cidade.

03 – Como o sobrinho interpreta e pontua o testamento para beneficiar a si mesmo?

      O sobrinho pontua o testamento da seguinte forma: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres." Ele nega a intenção de deixar os bens para a irmã e afirma que ele é o herdeiro.

04 – De que maneira a irmã do morto pontua o testamento para ser a beneficiária?

      A irmã pontua o testamento assim: "Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres." Ela afirma que a intenção do falecido era deixar os bens para ela, excluindo o sobrinho.

05 – Qual é a interpretação e a pontuação que o mecânico faz do testamento?

      O mecânico pontua o testamento da seguinte maneira: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do mecânico. Nada aos pobres." Ele interpreta que a conta dele deveria ser paga antes de qualquer outra destinação dos bens.

06 – Como os pobres da cidade, representados pelo mais sabido, interpretam e pontuam o testamento?

      Os pobres pontuam o testamento da seguinte forma: "Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do mecânico? Nada! Aos pobres!”. Eles interpretam que, após negar os outros beneficiários, a intenção final era deixar os bens para eles.

07 – Qual a importância da pontuação na interpretação de textos, como demonstrado nessa narrativa?

      A narrativa demonstra de forma clara a importância crucial da pontuação na interpretação de textos. A ausência de sinais de pontuação no testamento original permitiu múltiplas e conflitantes interpretações, cada uma favorecendo um dos interessados. Isso ressalta como a pontuação define o sentido das frases e pode alterar completamente a intenção de um texto.

 

POEMA: O POETA - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

 Poema: O poeta

             Roseana Murray

O poeta vai tirando da vida

os seus poemas

Como pássaros desobedientes

e amestrados.

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA8lk5m6FiRX-5xMPkZ6sZofHncMnfHWgLgtfep9GHgPEwGe_vSFtoIvLqLEsHyyZ-PmWM_KhpAAuuZNsBOxiTKE4DKh9B_44qFrhM7JqjJmihXWvKO5laNtiVCr-8lwqszVd1dYwcYN0LG3_QjB4WOjOgcBHnt6RxFtkUkKnrbyAE4YNhFh5ZRuYS7wg/s1600/PALAVRA.png

A palavra é seu castelo,

sua árvore encantada,

abracadabra construindo o universo.

Roseana Murray. Artes e ofícios. 3ª ed. São Paulo: FTD, 1994. p. 522.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, 7ª Série – William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 1ª ed. 15ª reimpressão – São Paulo: Atual Editora, 2003. p. 105.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal comparação que o poema estabelece para descrever a criação poética?

      O poema compara os poemas que o poeta extrai da vida a "pássaros desobedientes e amestrados". Essa comparação sugere que os poemas surgem da experiência, mas também são moldados pela habilidade e intenção do poeta.

02 – No poema, quais são as duas metáforas utilizadas para representar a palavra para o poeta?

      As duas metáforas utilizadas são "castelo" e "árvore encantada". O "castelo" pode simbolizar a solidez, a segurança e o espaço onde o poeta reina sobre sua criação. A "árvore encantada" evoca a ideia de algo vivo, mágico e cheio de possibilidades, de onde brotam novas ideias e significados.

03 – O que a expressão "abracadabra construindo o universo" sugere sobre o poder da palavra poética?

      A expressão "abracadabra construindo o universo" sugere que a palavra poética possui um poder quase mágico e transformador. Assim como um encantamento, a palavra do poeta tem a capacidade de criar mundos, evocar sentimentos e expandir a nossa compreensão da realidade.

04 – Como a característica de serem "desobedientes e amestrados" dos "pássaros-poemas" pode ser interpretada em relação ao processo criativo?

      A característica de serem "desobedientes" pode indicar que as ideias e inspirações para os poemas nem sempre seguem uma lógica previsível, surgindo de forma espontânea e, por vezes, inesperada. Já o termo "amestrados" sugere o trabalho do poeta em dar forma, ritmo e sentido a essas ideias, controlando e direcionando a sua expressão.

05 – Qual é a visão geral do poema sobre o papel e a habilidade do poeta?

      O poema apresenta o poeta como alguém que possui a habilidade de extrair a poesia da própria vida, transformando experiências em palavras com poder evocativo e criativo. Ele é visto como um artesão da linguagem, capaz de construir universos de significado através das palavras, que são ao mesmo tempo matéria-prima e ferramenta de sua arte.