sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

POEMA: O QUE HÁ EM MIM É SOBRETUDO CANSAÇO - ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Poema: O que há em mim é sobretudo cansaço

             Álvaro de Campos

O que há em mim é sobretudo cansaço —

Não disto nem daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada:

Cansaço assim mesmo, ele mesmo,

Cansaço.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcL1kq20C7VNHPasLHSREwrCWEjY9D7AIeIJmd6TEnctAo5v54NSaPNz93DYy7Cdpar3YdnReOGxkjBD_lZs49g8bXN_tZtYVltq84yi5z8Y1HlSioIdtPsaRidlpjTh5TD_bpD5ptf8QutrFMlz1lCxOB5qbgR9YP-2aKt_c9s4Oe0WFIFqtAlXTlyZM/s1600/CANSA%C3%87O.jpg


 

A subtileza das sensações inúteis,

As paixões violentas por coisa nenhuma,

Os amores intensos por o suposto em alguém,

Essas coisas todas —

Essas e o que falta nelas eternamente —;

Tudo isso faz um cansaço,

Este cansaço,

Cansaço.

 

Há sem dúvida quem ame o infinito,

Há sem dúvida quem deseje o impossível,

Há sem dúvida quem não queira nada —

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:

Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,

Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,

Ou até se não puder ser...

 

E o resultado?

Para eles a vida vivida ou sonhada,

Para eles o sonho sonhado ou vivido,

Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...

Para mim só um grande, um profundo,

E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,

Um supremíssimo cansaço,

Íssimo, íssimo, íssimo,

Cansaço...

PESSOA, Fernando. Obra poética. (Poesias de Álvaro de Campos). Rio de Janeiro: José Aguillar, 1969, p. 393-394.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 94-95.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal emoção transmitida pelo poema?

      O poema transmite, principalmente, um profundo sentimento de exaustão e desilusão. O "cansaço" é apresentado como uma condição existencial, resultado de uma vida marcada por paixões intensas, desejos inalcançáveis e a busca por algo que sempre parece estar além do alcance.

02 – O que significa o "cansaço" para o eu lírico?

      O "cansaço" para o eu lírico vai além da fadiga física. Ele representa um estado de espírito, uma sensação de vazio e frustração diante da vida. É o resultado de uma busca incessante por algo que nunca é encontrado, de paixões que se esgotam e de desejos que não se realizam.

03 – Qual a relação entre o "cansaço" e as paixões e desejos do eu lírico?

      As paixões e os desejos do eu lírico são a causa do seu cansaço. A busca incessante por sensações intensas, por amores perfeitos e por experiências únicas levam a um desgaste emocional e existencial. O eu lírico se sente exausto por ter vivido intensamente, mas sem encontrar a felicidade plena.

04 – Como o eu lírico se diferencia dos outros idealistas?

      O eu lírico se diferencia dos outros idealistas por não se prender a ideias abstratas como o infinito ou o impossível. Ele busca o prazer no momento presente, valoriza o finito e reconhece a importância de desejar o que é possível. No entanto, mesmo com essa postura mais realista, ele ainda sente um profundo cansaço.

05 – Qual o significado da repetição da palavra "cansaço" no poema?

      A repetição da palavra "cansaço" enfatiza a intensidade desse sentimento e a sua centralidade no poema. Ela cria um ritmo hipnótico e reforça a ideia de que o cansaço é uma condição constante e inevitável para o eu lírico.

06 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é a reflexão sobre a condição humana e a busca por significado na vida. O eu lírico expressa a frustração diante da impossibilidade de encontrar a felicidade plena e a sensação de que a vida é marcada pela busca incessante por algo que sempre está além do alcance.

07 – Como o poema se relaciona com a obra de Fernando Pessoa?

      O poema "O que há em mim é sobretudo cansaço" é um exemplo da heteronímia de Fernando Pessoa. Através do heterônimo Álvaro de Campos, o poeta expressa um sentimento de angústia e desilusão diante da vida moderna, marcada pela busca por prazer e pela valorização do individualismo. Esse poema, assim como outros de Álvaro de Campos, revela a complexidade da obra de Fernando Pessoa e a sua capacidade de explorar diferentes facetas da condição humana.

 

 

POEMA: DA LÂMPADA NOTURNA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poema: Da lâmpada noturna

             Fernando Pessoa

Da lâmpada noturna

A chama estremece

E o quarto alto ondeia.

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy1UMulwh02LFueJgpDPzsx-e9ySK2ENsac9F9Yz5NlRpz-xHdtjML8VvA1u7uxXIDgWwJoOEfiaUmQOP_7CTIwzfbfne_QVSRnRsDGiTt6KOvSemXc3AvVI9nU6WeUkalFm3pBCX-kvUQp_4Y4k3I57e-ac5vWl7xISjLm0o3GrpkUlDxiBSZu115F1w/s1600/LUZ.jpg

Os deuses concedem

Aos seus calmos crentes

Que nunca lhes trema

A chama da vida

Perturbando o aspecto

Do que está em roda,

Mas firme e esguiada

Como preciosa

E antiga pedra,

Guarde a sua calma

Beleza contínua.

PESSOA, Fernando. Obra poética. (Odes de Ricardo Reis). Rio de Janeiro: José Aguilar, 1969, p. 263.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 95.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal imagem utilizada no poema e o que ela representa?

      A imagem central do poema é a chama da lâmpada noturna. Essa chama representa a vida humana, sua fragilidade e sua constante luta pela estabilidade. A chama que treme simboliza os momentos de incerteza e perturbação que todos experimentamos, enquanto a chama firme representa a busca por uma vida serena e equilibrada.

02 – Qual a relação entre a chama da lâmpada e a vida humana?

      A chama da lâmpada é uma metáfora para a vida humana. Assim como a chama pode tremer e se apagar, a vida também está sujeita a mudanças e incertezas. A busca pela estabilidade da chama representa o desejo humano por uma vida tranquila e sem grandes perturbações.

03 – O que os deuses concedem aos seus calmos crentes?

      Os deuses, nesse contexto, representam uma força superior ou um ideal a ser perseguido. Eles concedem aos seus "calmos crentes" a capacidade de manter a chama da vida firme e constante, sem que ela seja perturbada pelas agitações do mundo exterior. Essa calma é vista como um estado ideal a ser alcançado.

04 – Qual a importância da "calma beleza contínua" para o poema?

      A "calma beleza contínua" é o objetivo final do poema. Ela representa a busca por uma vida harmoniosa e equilibrada, onde a chama da vida queima de forma constante e serena. Essa beleza é vista como algo precioso e a ser preservado ao longo do tempo.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é a busca pela serenidade e estabilidade em um mundo marcado pela incerteza. Fernando Pessoa, através da imagem da chama da lâmpada, reflete sobre a fragilidade da vida humana e a importância de cultivar a paz interior. O poema convida o leitor a buscar uma vida mais tranquila e equilibrada, onde a beleza e a serenidade sejam valores primordiais.

 

 

POEMA: CANÇÃO DO AFOGADO - JOSÉ PAULO PAES - COM GABARITO

 Poema: Canção do afogado

             José Paulo Paes

Esta corda de ferro
me aperta a cabeça,
não deixa meus braços
se erguerem no ar.
E o mar me rodeia,
afoga meus olhos.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyy_93mBIBe0MxbfwMnlqSgyZ5eE8rCAgcp59MOKrrj-whho3kqk3gVCTpd4hgZ56XOXgLCAfPvXdYA_WK-VhY0ChwzRfnW5zWfJbzb0tr4ukzbqMmwfWWUiVyvbibhf3K7iwDUOzh0B7MqooxVhmXKLfSGPEO1fT8xBF8WO56O8QpGft9IXLyTjS_DnQ/s320/Foto-l%C3%A1grima.jpg


Maninha me salve
não posso chorar!

Minha mão está presa
na corda de ferro
e os dedos não tocam
a rosa que desce,
que afunda sorrindo
nas águas do mar.

Maninha me salve
não posso nadar!

Algas flutuam
por entre os cabelos,
meus lábios de sangue
palpitam na sombra

e a voz esmagada
não pode fugir.

Maninha me salve
não posso falar!

E a rosa liberta,
a inefável rosa,
vai longe, vai longe.
Um gesto é inútil,
meu grito e meu pranto
inúteis também…

Maninha me salve
que eu vou naufragar!


José Paulo Paes, Os melhores poemas. 3. ed. São Paulo: Global, 2000, p. 59-60.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 91-92.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal metáfora presente no poema e o que ela representa?

      A principal metáfora é a da corda de ferro que aprisiona a cabeça do afogado. Essa corda representa as limitações e o sofrimento do sujeito poético, que se sente aprisionado e incapaz de se libertar de uma situação desesperadora. A corda simboliza a angústia, a falta de liberdade e a impossibilidade de expressar seus sentimentos.

02 – Qual a sensação transmitida pelos versos "Maninha me salve / não posso chorar!"?

      Esses versos transmitem uma profunda sensação de desespero e apelo por socorro. O afogado se volta para a figura materna, a "maninha", buscando conforto e proteção em um momento de extrema vulnerabilidade. A repetição do pedido "Maninha me salve" intensifica a urgência e a angústia da situação.

03 – Qual o significado da rosa no poema?

      A rosa representa a beleza, a vida e a esperança. No entanto, ao afundar nas águas, a rosa adquire um significado ambíguo. Por um lado, ela simboliza a fuga da realidade dolorosa, um desejo de transcender a situação de sofrimento. Por outro lado, a rosa que afunda pode representar a impossibilidade de alcançar a felicidade e a perda da esperança.

04 – Qual o papel da repetição da frase "Maninha me salve"?

      A repetição da frase "Maninha me salve" cria um ritmo intenso e desesperado, enfatizando a angústia do afogado. Essa repetição também revela a incapacidade do sujeito poético de se salvar sozinho, dependendo de um socorro externo que parece não chegar.

05 – Qual a relação entre o título do poema e seu conteúdo?

      O título "Canção do afogado" já antecipa o tema central do poema, que é a sensação de afogamento e a luta pela sobrevivência. A palavra "canção" sugere a expressão de um sofrimento intenso e desesperado através da poesia, enquanto "afogado" evoca a imagem de alguém que está prestes a morrer afogado.

06 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é a sensação de impotência diante da morte e do sofrimento. O afogado representa o ser humano em sua fragilidade, enfrentando a angústia da existência e a impossibilidade de escapar da dor. A poesia de José Paulo Paes, nesse caso, nos convida a refletir sobre a condição humana e a finitude da vida.

07 – Como você interpretaria os versos finais "Um gesto é inútil, / meu grito e meu pranto / inúteis também… / Maninha me salve / que eu vou naufragar!"?

      Os versos finais expressam a completa desesperança do afogado. A repetição de "inútil" enfatiza a ineficácia de qualquer tentativa de escapar da situação. O sujeito poético reconhece a impossibilidade de sua própria salvação e se entrega ao destino, reafirmando o pedido desesperado por socorro à "maninha". Esses versos transmitem uma profunda tristeza e a sensação de que a morte é inevitável.

 

 

POEMA: PAIRA À TONA DE ÁGUA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poema: Paira à tona de água

             Fernando Pessoa

Paira à tona de água

Uma vibração,

Há uma vaga mágoa

No meu coração.

 

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFe-xmsZCWX8SPYtjhol1BVI6UYXFfVK2sOreU_WOnbS0ru1-Hdm3PhTErwuw2io5KxInBuAFbdHnVgpZ4H_9Rkiax68V5aqWPkHRawjt1Egm_AuVtRVZKfn6p3-58QQwv1xOe2FKRA3axZuSjRFGWlt00wn01wJ5_KdFobXRDrZ4DXMGU-85cYGyyaXU/s320/CORA%C3%87%C3%83O.jpg

Não é porque a brisa

Ou o que quer que seja

Faça esta indecisa

Vibração que adeja,

 

Nem é porque eu sinta

Uma dor qualquer.

Minha alma é indistinta

Não sabe o que quer.

 

É uma dor serena,

Sofre porque vê.

Tenho tanta pena!

Soubesse eu de quê!...

PESSOA, Fernando. Obra poética. (Poesia de Fernando Pessoa / Cancioneiro). Rio de Janeiro: José Aguilar, 1969, p. 147.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 96.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal sensação evocada pelo poema?

      O poema evoca uma sensação de melancolia e indefinida tristeza. Há uma dor profunda, mas vaga, que paira sobre o eu lírico, como uma vibração na superfície da água. É uma dor que não se manifesta de forma clara ou precisa, mas que permeia todo o poema.

02 – Qual o significado da imagem da água no poema?

      A água, nesse contexto, representa a profundidade do inconsciente e a natureza fluida dos sentimentos. A vibração na superfície da água simboliza a agitação interior do eu lírico, as emoções que se agitam sem encontrar uma forma clara de expressão.

03 – O que a "vaga mágoa" representa para o eu lírico?

      A "vaga mágoa" é uma dor indefinida que permeia a alma do eu lírico. É uma sensação de incompletude e falta, uma saudade de algo que não se sabe exatamente o quê. Essa dor é serena, não é acompanhada de raiva ou revolta, mas sim de uma profunda tristeza.

04 – Por que o eu lírico diz que sua alma é "indistinta"?

      A alma do eu lírico é descrita como "indistinta" porque os sentimentos que a habitam são vagos e indefinidos. Não há uma causa clara para a tristeza, e o eu lírico não consegue identificar com precisão o objeto de sua dor.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      O poema transmite a ideia de que a tristeza pode ser profunda e intensa, mesmo quando não se tem uma razão clara para ela. A dor do eu lírico é universal, pois todos nós experimentamos momentos de melancolia e incompreensão. A mensagem central é a aceitação da dor como parte da experiência humana e a busca por um sentido para essa tristeza.

 

 

POEMA: SATÉLITE - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Satélite

           Manuel Bandeira

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9aFbwL12HWLOCdy11r8WbRKotOTllUdP-EslrRYVnoJMYAAEn9Rp2S5AYs2FRebmIG8XzvcilEw68wJYRMdds4P6OnLwfiZqv1caomVSCiw4-bLMrYcwLZySLoNVm9gs6FdCKz2cmX177u0tfFs6gE7HJManN0wF70vkLRjcOsjQqywXibTWZIW-lrOc/s320/lua-1024x566.png



Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite.

Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
— Satélite.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970. p. 232.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 100-101.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mudança na percepção da Lua que o poema apresenta?

      A principal mudança é a desmistificação da Lua. O poema a transforma de um objeto de idealização e romantismo, associado a sentimentos como melancolia e amor, para um simples satélite, um corpo celeste com uma função astronômica específica.

02 – Que elementos são utilizados para desconstruir a imagem tradicional da Lua?

      O poema utiliza elementos como "cosmograficamente", "desmetaforizada", "desmitificada" e "despojada do velho segredo de melancolia" para desconstruir a imagem tradicional da Lua. Essas expressões científicas e objetivas contrapõem-se à linguagem poética e emotiva comumente associada à Lua.

03 – Qual a relação entre o eu lírico e a Lua no poema?

      O eu lírico demonstra um certo fascínio pela nova percepção da Lua. Ele expressa satisfação em ver a Lua destituída de suas atribuições românticas, preferindo uma visão mais objetiva e racional do astro.

04 – Que tipo de sentimento o eu lírico expressa em relação à Lua no final do poema?

      No final do poema, o eu lírico expressa um sentimento de satisfação e alívio. Ele se sente "fatigado de mais-valia" e aprecia a Lua em sua simplicidade, como uma "coisa em si".

05 – Qual a importância do título "Satélite" para a compreensão do poema?

      O título "Satélite" resume a nova percepção da Lua apresentada no poema. Ele destaca a função astronômica da Lua, desvinculando-a de qualquer significado simbólico ou emocional. O título é curto e direto, refletindo a objetividade e a simplicidade da nova visão do eu lírico.

 

 

POEMAS: REIKA - OS CINCO HAICAIS - HELENA KOLODY - COM GABARITO

 Poemas: Reika – os cinco haicais

               Helena Kolody

SAUDADES 

Um sabiá cantou.
Longe, dançou o arvoredo.
Choveram saudades.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq72aX7PrmUkK3WK06A7t9EW-6sQTCA62o8v2Fw3UwqMP5femh_3M336hb945efsUONN6eYmh9hbqSrnJUJeE8dUtkAa3vi5Qbun2fL2Swqj0uIgPwSp7gr9Ezq-cHpA5nZsMgu0WvJTvfW3Qb44MJUDpFg94ogJ7wDC241m2sgI2VRs6TPXUgd_-Pl4E/s1600/ARCO.jpg

Arco-íris

Arco-íris no céu.
Está sorrindo o menino
Que há pouco chorou.

Os tristes

Em seus caramujos,

Os tristes sonham silêncios.

Que ausência os habita?

Flecha de sol.

Flecha de sol

A flecha de sol
pinta estrelas na vidraça.
Despede-se o dia.

Noite

Luar nos cabelos.

Constelações na memória.

Orvalho no olhar.

KOLODY, Helena. Reika. Primeira reimpressão. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1994. (Buquinista – Poesia II).

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 97.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal emoção transmitida nos haicais de Helena Kolody?

      A principal emoção transmitida nos haicais de Helena Kolody é a saudade. A autora explora diversos elementos da natureza e da vida cotidiana para expressar esse sentimento, como o canto do sabiá, o arco-íris e o luar.

02 – Qual o papel da natureza nos haicais?

      A natureza desempenha um papel fundamental nos haicais de Helena Kolody, servindo como um espelho das emoções humanas. Ela é utilizada para criar imagens poéticas e transmitir sensações, como a tranquilidade, a tristeza e a esperança. Os elementos naturais, como o arvoredo, o céu, o sol e a lua, são utilizados para simbolizar diferentes estados de espírito.

03 – Qual a relação entre o tempo e a memória nos haicais?

      A relação entre o tempo e a memória é um tema recorrente nos haicais de Helena Kolody. A autora utiliza a passagem do tempo, como o dia que se despede e a noite que chega, para evocar lembranças e reflexões sobre o passado. A memória é vista como um lugar onde os sentimentos e as experiências são guardados e revisitados.

04 – Qual a importância do contraste entre a alegria e a tristeza nos haicais?

      O contraste entre a alegria e a tristeza é utilizado por Helena Kolody para criar uma atmosfera de profundidade e complexidade nos haicais. A autora mostra que a vida é composta por momentos de alegria e tristeza, e que esses sentimentos podem coexistir. O arco-íris que surge após a chuva e o menino que sorri após chorar são exemplos desse contraste.

05 – Como os haicais de Helena Kolody evocam a sensação de paz e serenidade?

      Os haicais de Helena Kolody evocam a sensação de paz e serenidade através da linguagem simples e direta, da observação atenta da natureza e da evocação de imagens poéticas que convidam à reflexão. A autora utiliza um vocabulário rico em sensações e emoções, criando uma atmosfera de tranquilidade e harmonia.

 

POEMA: CONVITE À VIAGEM - HELENA KOLODY - COM GABARITO

 Poema: Convite à viagem

             Helena Kolody

Já se apresta o navio.

A marujada canta.

Marulha e arfa o mar,

O céu palpita. 

 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUGaJ6u2XYiQzqUiRWrNgudoWLgjagfql2k_flN-cjQiu1aCWbvyo1Hm3KdChvio01BX2O_q6wzufcqXCbzDiwGyWvD9cbRfNuNCX62NfHQrUHZ4foEo6QMiVjQIB_3ap2H-to4CK_hyphenhyphenAE4cjJkuJJxQOhKvhzZ6ZWgOyxlgyQHT1W7tGLFqBrVzYiYUs/s320/tipos-de-mar-como-navegar.jpg

Deixa esse continente inóspito que habitas.

Iça teu sonho – vela branca – em altos mastros

E singra, solitário, rumo aos astros.

 

Nem tempo nem espaço a perturbar a viagem...

Navegas ao sabor do pensamento

Por águas infinitas.

KOLODY, Helena. Viagem no espelho. Curitiba: Criar edições, 1988, p. 135.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 92.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal metáfora utilizada no poema e o que ela representa?

      A principal metáfora é a da viagem marítima. O navio, o mar, os mastros e os astros simbolizam a jornada da vida, a busca por novos horizontes e a descoberta de si mesmo. A viagem marítima representa uma metáfora para a jornada interior, a busca por conhecimento e a superação de obstáculos.

02 – Qual o significado da frase "Deixa esse continente inóspito que habitas"?

      Essa frase convida o leitor a abandonar a zona de conforto e a rotina, a deixar para trás tudo aquilo que o limita e o impede de crescer. O "continente inóspito" simboliza a vida monótona e sem desafios, que não permite o desenvolvimento pessoal.

03 – Qual o papel do sonho na poesia?

      O sonho é apresentado como a força motriz da viagem. A "vela branca" que é içada em altos mastros representa a esperança, os objetivos e os desejos do indivíduo. O sonho guia o poeta em direção a um futuro incerto, mas cheio de possibilidades.

04 – Qual a importância do mar e dos astros na construção do poema?

      O mar simboliza o inconsciente, o desconhecido e o infinito. Ele representa as profundezas da alma e as possibilidades ilimitadas da vida. Os astros, por sua vez, simbolizam os sonhos, os ideais e os objetivos a serem alcançados. O mar e os astros juntos criam um cenário grandioso e inspirador para a jornada poética.

05 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é um convite à aventura interior. Helena Kolody incentiva o leitor a abandonar a zona de conforto e a embarcar em uma jornada de autoconhecimento. A poesia celebra a liberdade, a busca por novos horizontes e a importância de seguir os próprios sonhos. O poema nos convida a navegar pelas águas da vida, guiados pela nossa intuição e pelos nossos desejos mais profundos.

 

 

 

POEMA: RECEITA DE PÃO - ROSEANA MURRAY - COM GABARITO

 Poema: RECEITA DE PÃO

             Roseana Murray

É coisa muito antiga
o ofício do pão
primeiro misture o fermento
com água morna e açúcar
e deixe crescer ao sol

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWqn97FrbbXQ16nGbCqlzMCGtvSNXhgse_KA7oEo1gbzkkgtEeW2YSgC1Ny0yiWD3qSbWmY7nq1tRNGTH6pGUk0fcz05EDGpk5MbSMIwNaNDDtIlwPH0Ju6ss_1lSJeH6KS8moWvby6VFK9B28_jwukAI0k_U7H2IACxBEbraw6m3fRrLpPeQ4_w0O1Po/s1600/PAO.jpg


depois numa vasilha
derrame a farinha e o sal
óleo de girassol manjericão

adicionado o fermento
vá dando o ponto com calma
água morna e farinha

mas o pão tem seus mistérios
na sua feitura há que entrar
um pouco da alma do que é etéreo

então estique a massa
enrole numa trança
e deixe que descanse
que o tempo faça a sua dança

asse em forno forte
até que o perfume do pão
se espalhe pela casa e pela vida.

MURRAY, Roseana. Receitas de olhar. São Paulo: FTD, 1997.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 101.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal metáfora utilizada no poema?

      A principal metáfora do poema é a comparação entre o processo de fazer pão e a vida. O ato de misturar ingredientes, esperar que a massa cresça e levá-la ao forno é associado ao ciclo da vida, com seus momentos de crescimento, transformação e realização.

02 – Que elementos da natureza são mencionados no poema e qual o seu significado?

      O poema menciona o sol e o tempo. O sol representa a energia vital e o calor que permitem o crescimento da massa, assim como a luz do sol é essencial para a vida. O tempo, por sua vez, simboliza a paciência e a espera necessárias para que a massa amadureça e o pão esteja pronto.

03 – Qual a importância do fermento na receita e no contexto do poema?

      O fermento é um elemento fundamental na receita de pão, pois é ele que faz a massa crescer. No contexto do poema, o fermento pode ser visto como uma metáfora para a alma, a parte intangível que dá vida e sabor ao pão. Assim como o fermento transforma a massa, a alma transforma a vida.

04 – Qual o significado da frase "mas o pão tem seus mistérios"?

      A frase "mas o pão tem seus mistérios" sugere que a criação do pão é um processo que vai além da simples combinação de ingredientes. Há um elemento de magia e mistério envolvido, algo que não pode ser completamente explicado por uma receita. Essa frase também pode ser interpretada como uma referência à complexidade da vida, com seus mistérios e incertezas.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é que a vida, como o pão, é um processo que exige tempo, cuidado e um toque de alma. O poema celebra a simplicidade e a beleza dos atos cotidianos, como fazer pão, e nos convida a apreciar os frutos do nosso trabalho e da passagem do tempo. Além disso, o poema sugere que a vida é uma jornada de transformação e crescimento, e que cada um de nós carrega em si um potencial para criar algo belo e significativo.

 

 

POEMA: LIÇÃO SOBRE A ÁGUA - ANTÔNIO GEDEÃO - COM GABARITO

 Poema: Lição sobre a água

             Antônio Gedeão

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxBv642M18IHxKSL9TftYXdrwnIKUtr35Njw9zqkbghYxDzBxsXAfpK2c1X-jOgxjluOvCh-0jbv9Eku8GsjD4zjcn-EbVdyIcelKXIHZ6U14ahG8RSBJ_xgOwBBDsvNNtLDWMfjhjRv_8O_WCbdkjquHQeOMFfI_CEHFr3zUXeyI7iORkk_F1NPUxotA/s320/AGUA.jpg



 


É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

GEDEÃO, Antônio. Poesias completas. 8. ed. Lisboa: Sá da Costa, 1982, p. 145.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 102.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal característica da água que o poema destaca?

      A principal característica da água destacada no poema é sua dualidade. Inicialmente, a água é descrita de forma científica e objetiva, como um elemento químico com propriedades específicas. No entanto, na última estrofe, a água se torna o cenário de uma cena poética e trágica, ligada à morte de Ofélia. Essa dualidade revela a capacidade da água de ser tanto um elemento essencial à vida quanto um meio para a morte.

02 – Qual a função da linguagem científica no poema?

      A linguagem científica, com termos como "inodora", "insípida", "incolor", "êmbolos", "dissolvente", "graus centesimais" e "pressão normal", serve para objetivar a água, transformando-a em um objeto de estudo. Essa linguagem contrasta com a linguagem poética da última estrofe, que evoca emoções e imagens mais subjetivas.

03 – Qual a relação entre a água e a morte no poema?

      A água é associada à morte através da figura de Ofélia, que é encontrada morta boiando na água. A imagem da morte de Ofélia, com o nenúfar na mão, evoca a beleza e a fragilidade da vida, e contrasta com a descrição científica e objetiva da água nas estrofes anteriores.

04 – Qual o significado do luar "gomoso e branco de camélia" na última estrofe?

      O luar "gomoso e branco de camélia" cria uma atmosfera sombria e irreal para a cena da morte de Ofélia. A comparação com a camélia, uma flor delicada e muitas vezes associada à morte, reforça a ideia de fragilidade e transitoriedade da vida.

05 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é a complexidade da água. A água é apresentada como um elemento essencial à vida, mas também como um meio para a morte. O poema nos convida a refletir sobre a dualidade da natureza e a capacidade da água de simbolizar tanto a vida quanto a morte. Além disso, o poema destaca a importância da linguagem na construção de significados, mostrando como a mesma substância pode ser descrita de forma científica e poética, evocando sensações e emoções distintas.

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): O LUTADOR - CARLOS DURMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Música(ATIVIDADES): O Lutador

             Carlos Drummond de Andrade

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZSVWEtuWnvKGe2bsWEhGwr1T_3Wljshs0t8VwBabokfsr_3gkn2pmAVxI7Mua1SWWc-y-L33061ucrfyUQBTkYbLIkpnP7SQazI7QImSAM0LpcAUFSFiGnhoc_rHQcmF8cZ_v20bIykKlFxaP_PhemDrk15DRE3KHelTfEfABnyw8E3sEgEBex31XkWw/s1600/CARLOS.jpg


Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.

Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.

Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.

Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

Composição: Carlos Drummond de Andrade. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 126-127.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 103-105.

Entendendo a música:

01 – Qual a principal metáfora utilizada no poema?

      A principal metáfora é a comparação entre a escrita e uma luta. As palavras são personificadas como adversários que o poeta busca capturar e dominar. A luta pela palavra se torna uma metáfora para a criação artística, repleta de desafios e frustrações.

02 – Qual a sensação do poeta em relação às palavras?

      O poeta demonstra uma relação complexa e ambivalente com as palavras. Por um lado, ele as deseja e as busca com fervor, reconhecendo seu poder e beleza. Por outro lado, ele as vê como adversárias difíceis de domar, que o desafiam e o frustram.

03 – Quais os sentimentos do poeta durante a luta com as palavras?

      O poeta experimenta uma gama de sentimentos, como desejo, frustração, raiva, esperança e paixão. A luta é intensa e exaustiva, mas ao mesmo tempo, ele encontra prazer e satisfação na busca pela palavra perfeita.

04 – Qual o significado da frase "Lutar com palavras é a luta mais vã"?

      Essa frase paradoxal expressa a frustração do poeta diante da dificuldade de capturar e controlar as palavras. A luta parece inútil, pois as palavras são elusivas e fugidias. No entanto, o poeta continua lutando, movido por uma paixão intensa.

05 – Qual a importância da repetição da palavra "palavra" no poema?

      A repetição da palavra "palavra" enfatiza a centralidade do tema e a obsessão do poeta por ela. A repetição cria um ritmo hipnótico e intensifica a emoção do poema.

06 – Qual a relação entre o poeta e as palavras no final do poema?

      No final, o poeta reconhece a beleza e o poder das palavras, mesmo que não consiga dominá-las completamente. A luta continua, mas ele encontra uma espécie de paz e aceitação nessa relação complexa.

07 – Qual a mensagem principal do poema?

      O poema "O Lutador" é uma reflexão sobre a natureza da criação artística e a relação entre o poeta e suas palavras. A mensagem principal é que a escrita é uma luta constante e desafiadora, mas também uma fonte de grande prazer e realização. O poema celebra a beleza e o poder das palavras, mesmo que elas permaneçam, em última análise, inalcançáveis.