sábado, 13 de agosto de 2022

MANIFESTO: PROPOSTA DE REDAÇÃO DE VESTIBULAR - FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO

 Manifesto: Proposta de redação de vestibular

        Coloque-se no lugar dos estudantes de uma escola que passou a monitorar as páginas de seus alunos em redes sociais da internet (como o Orkut, o Facebook e o Twitter), após um evento similar aos relatados na matéria reproduzida a seguir. Em função da polêmica provocada pelo monitoramento, você resolve escrever um manifesto e recebe o apoio de vários colegas. Juntos, decidem lê-lo na próxima reunião de pais e professores com a direção da escola. Nesse manifesto, a ser redigido na modalidade oral formal, você deverá necessariamente:

·        Explicitar o evento que motivou a direção da escola a fazer o monitoramento;

·        Declarar e sustentar o que você e seus colegas defendem, convocando pais, professores e alunos a agir em conformidade com o proposto no documento.

        Escolas monitoram o que aluno faz em rede social

        Durante uma aula vaga em uma escola da Grande São Paulo, os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física. Um deles colocou uma imagem no Facebook com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos na escola. Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos levaram uma bronca.

        O caso é um exemplo da luta que as escolas têm travado com os alunos por conta do uso das redes sociais. Assuntos relativos à imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar em punição. Em outra instituição, contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando nas dependências da escola.

        As escolas não comentaram os casos. Uma delas diz que só pediu para apagar a foto porque houve um “tom ofensivo”. Como outras escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.

        Exercícios – Como professores e alunos são “amigos” nas redes sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.

        Foi o que aconteceu com um aluno do ABC paulista. Um professor soube da página que esse aluno criou com amigos no Orkut. Nela, resolviam exercícios de geografia – cujas respostas acabaram copiadas por colegas. O aluno teve de tirá-la do ar.

        O caso é parecido com o de uma aluna de 15 anos do Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para a troca de respostas de exercícios. Ela foi suspensa. Já o aluno do ABC paulista não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido em aula.

        Transformar o problema em tema de discussão para as aulas é considerado o ideal por educadores. “A atitude da escola não pode ser policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar consciência crítica”, diz Sílvia Colello, professora de pedagogia da USP.

Adaptado de Talita Bedinelli & Fabiana Rewald, Folha de S. Paulo, 19/06/2011.

Vestibular Nacional Unicamp 2012 – Redações comentadas. Disponível em: www.comvet.unicamp.br/vest_anteriores/2013/download/comentadas/redacao.pdf.  Acesso em: 21 jan. 2016.

        Agora, leia um manifesto produzido a partir da proposta anterior, que foi considerado “acima da média” pela comissão avaliadora desse vestibular.

        Caros pais, professores e diretoria, nós, alunos desta escola, nos sentimos chocados com o recente episódio no qual alguns alunos gravaram uma aula de História e a criticaram com comentários públicos no Facebook, uma rede social na internet. Porém, fomos ainda mais surpreendidos quando a direção de nossa escola decidiu não apenas exigir que tal material fosse apagado e os responsáveis punidos, mas também criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos, para que assim qualquer material “danoso à imagem da escola” possa ser rastreado e apagado.

        Repudiamos tal medida e exigimos que a escola não aja de maneira tão abusiva e arbitrária. A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos sobre seus limites fora e dentro do ambiente escolar e conscientizá-los sobre como emitir suas opiniões. É cobrado de tal instituição que fomente as discussões e os debates para ajudar os seus alunos a desenvolver um senso crítico e postura adequada no mundo moderno.

        O monitoramento, na forma como foi instalado em nossa escola, não contribui para nenhum desses objetivos, pelo contrário, prejudica o trabalho de nossa escola. Com ele, a escola não só não contribui para alcançar alguns de seus objetivos mais importantes, mas também perde um grande espaço de discussões e aperfeiçoamento, o qual seria muito útil para ela mesma interagir com seus alunos: o espaço da internet.

        E é por isso que nós defendemos que a medida do monitoramento seja revogada e convocamos pais, professores e outros alunos desta escola para que juntos trabalhemos para replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.

Vestibular Nacional Unicamp 2012 – Redações comentadas. Disponível em: www.comvet.unicamp.br/vest_anteriores/2013/download/comentadas/redacao.pdf. Acesso em: 21 jan. 2016.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 315-7.

Entendendo o manifesto:                                            

01 – Você sabe o que é um manifesto?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Já leu e estudou um texto desse gênero? Em que ocasião?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – Você e seus colegas já produziram um texto desse gênero? A quem se dirigiram?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – No manifesto lido, o(a) autor(a) seguiu as orientações dadas na proposta de redação do vestibular da Unicamp. Copie no caderno os trechos em que ele(a):

a)   Explicitou o fato ocorrido na escola que gerou o manifesto.

“[...] nossa escola [...] criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos [...]”.

b)   Identificou-se como representante dos alunos, usando a primeira pessoal do plural.

“[...] nós, alunos desta escola, nos sentimos [...]”.

c)   Convocou a comunidade escolar (pais, professores e diretoria da escola) a buscar uma solução consensual.

“[...] convocamos pais, professores e outros alunos desta escola para que juntos trabalhemos para replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.”.

d)   Focalizou os dois lados do problema: reconheceu que a atitude dos alunos exigia uma medida corretiva, mas discordou da medida adotada.

“[...] nos sentimos chocados com o recente episódio no qual alguns alunos gravaram uma aula de História e a criticaram com comentários públicos no Facebook, uma rede social na internet. Porém, fomos ainda mais surpreendidos quando a direção de nossa escola decidiu não apenas exigir que tal material fosse apagado e os responsáveis punidos, mas também criou um monitoramento do que é publicado na internet pelos alunos [...]”.

e)   Apresentou argumentos como:

·        Defesa da liberdade de expressão e a necessidade de exercê-la adequadamente.

“[...] exigimos que a escola não aja de maneira tão abusiva e arbitrária. A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos sobre seus limites fora e dentro do ambiente escolar e conscientizá-los sobre como emitir suas opiniões.”.

·        Defesa da função educativa da escola.

“A escola é uma instituição educacional e conscientizadora e, portanto, deve trabalhar para educar os seus alunos” [...].

·        Discordância da punição por sua ineficácia.

“[...] Com ele, a escola não só não contribui para alcançar alguns de seus objetivos mais importantes, mas também perde um grande espaço de discussões e aperfeiçoamento, o qual seria muito útil para ela mesma interagir com seus alunos: o espaço da internet.”

·        Apresentação de propostas alternativas.

“[...] replantar esta medida com projetos realmente efetivos e que procurem instruir e conscientizar nossos alunos para formar cidadãos conscientes e preparados para ingressar nessa sociedade adulta com as capacidades que lhes são exigidas.”

 

 

 

 

MANIFESTO: DA AÇÃO DA CIDADANIA - VESTIBULAR FASEH-MG - COM GABARITO

 Manifesto: Da Ação da Cidadania

                   O sonho continua!

        Vamos continuar a fazer de nossas atitudes de entidade da sociedade civil, que se sente corresponsável pelo processo de engrandecimento desse país, um ícone para o entendimento de toda a sociedade de que as mazelas sociais poderiam ser em muito minimizadas, se todos fizessem a sua parte.

        Queremos participar do tempo em que os mais excluídos, efetivamente, vão ocupar seu espaço na luta por sua própria dignidade.

        Vamos lutar contra a apatia política que consome a sociedade brasileira fomentando a participação da população nas decisões do poder público, respeitando e valorizando as experiências e referências de participação cidadã dos agentes envolvidos e agregando forças da sociedade para otimizar recursos públicos e fazer justiça social.

        A Ação da Cidadania continuará buscando mudar os rumos do país através do incentivo à criação ou ao aprimoramento de políticas públicas comprometidas com o fim da fome e da miséria, a fim de que essas políticas possam resultar em transformações positivas permanentes.

        Nosso compromisso continua sendo o de lutar pelo fim da fome e da miséria. Porém, agora nossa luta tem foco no controle social de políticas públicas e na mobilização da sociedade por educação e cultura de qualidade.

        Há uma clareza, entre os membros da Ação da Cidadania, de que os benefícios compensatórios ainda são fundamentais, porque podem garantir a sobrevivência, mas são a educação e a cultura que de fato transformam a sociedade. Nossa luta por educação de qualidade terá início com a mobilização da sociedade pelo fim do analfabetismo. É inadmissível que 32 milhões de brasileiros (curiosamente o mesmo número de brasileiros abaixo da linha da miséria quando da criação da Ação da Cidadania) não tenham o direito de ler. A dignidade dessa população, que representa quase 20% do total, não será alcançada enquanto excluída do saber ler para sonhar. As lideranças comunitárias da entidade estarão nos bolsões de pobreza do país incentivando o hábito da leitura com os Espaços de Leitura, mostrando que estamos fazendo a nossa parte.

        A luta pela cultura virá da transformação dos conhecimentos e habilidades, artes e expressões populares, em ações pragmáticas de promoção de bem-estar social, geração de renda e reivindicação dos direitos sociais, através do Centro Cultural Ação da Cidadania – Maurício Andrade. Esse presente para o Rio de Janeiro, composto de 14 mil metros quadrados, com espaço de show, exposição, teatro, cinema e gastronomia, será uma das primeiras empresas sociais do país, que, não deixando de ter uma gestão profissional e de gerar superávit, vai de fato investir todos os seus recursos na busca da dignidade e cidadania, iniciando cerca de 3 000 crianças e jovens na arte e cultura e inserindo-os nesse mercado de trabalho.

        O meio para se chegar até lá é o do exercício da solidariedade consciente, que mobiliza a população pelo desejo de fazer bem ao próximo, mas que parte do entendimento de que o Estado precisa garantir os direitos básicos do cidadão e de que a sociedade deve exigir que isso aconteça.

Vestibular Faseh-MG 2014. Disponível em: http://www.exerciciosdevestibulares.com.br/wp-content/uploads/2013/12/PROVA-MANHA-TIPO-A.pdf.  Acesso em: 9 jan. 2016.

        A Ação da Cidadania é uma organização criada em 1993 visando a formar uma rede de mobilização de alcance nacional para ajudar os brasileiros que estavam abaixo da linha da pobreza.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 317-9.

Entendendo o manifesto:

01 – Registre no caderno: são compromissos da Ação da Cidadania, exceto:

a)   Dar livros a milhões de brasileiros que não têm direito a ler.

b)   Focalizar no controle social das políticas públicas nacionais.

c)   Mobilizar a sociedade por educação e cultura de qualidade.

d)   Perseverar na luta pelo fim da fome e do estado de miséria.

02 – Esse manifesto é:

a)   Um documento aberto ao público de um programa que busca mudar os rumos do país.

b)   Um relatório institucional de caráter restrito que apresenta um inventário de realizações.

c)   Uma declaração pública das razões que justificam certos atos heterodoxos dos associados.

d)   Uma lista de ações executadas por uma organização governamental de direitos humanos.

03 – São expressões que denotam a manifestação dos propósitos da Associação Ação da Cidadania, exceto:

a)   Vamos continuar a fazer [...]; Vamos lutar contra [...].

b)   A Ação da Cidadania continuará buscando mudar os rumos [...].

c)   Queremos participar do tempo em que [...].

d)   Há uma clareza, entre os membros da Ação da Cidadania [...].

04 – Registre no caderno a alternativa em que o trecho extraído do texto denuncia um problema.

a)   [...] O sonho continua!

b)   [...] vamos lutar contra a apatia política que consome a sociedade brasileira.

c)   A luta pela cultura virá da transformação dos conhecimentos e habilidades [...].

d)   O meio para se chegar até lá é o do exercício da solidariedade consciente [...].

05 – Nos trechos a seguir, o autor expressa opinião, exceto em:

a)   [...] É inadmissível que 32 milhões de brasileiros (curiosamente o mesmo número de brasileiros abaixo da linha da miséria quando da criação da Ação da Cidadania) não tenham o direito de ler.

b)   O meio para se chegar até lá é o do exercício da solidariedade consciente, que mobiliza a população pelo desejo de fazer bem ao próximo [...].

c)   As lideranças comunitárias da entidade estarão nos bolsões de pobreza do país incentivando o hábito da leitura [...].

d)   Esse presente para o Rio de Janeiro, composto por 14 mil metros quadrados, com espaço de show, exposição, teatro, cinema e gastronomia, será uma das primeiras empresas sociais do país [...].

06 – Nesse manifesto, predominam as tipologias:

a)   Descritiva e narrativa.

b)   Expositiva e argumentativa.

c)   Injuntiva e expositiva.

d)   Narrativa e injuntiva.

07 – Releia este trecho do texto.

        “Há uma clareza, entre os membros da Ação da Cidadania, de que os benefícios compensatórios ainda são fundamentais, porque podem garantir a sobrevivência, mas é a educação e a cultura que de fato transformam a sociedade. [...]”.

        Registre no caderno a alternativa em que esse trecho foi reescrito, sem alteração do seu sentido original.

a)   É evidente ainda, entre os membros da Ação da Cidadania, que os fundamentais benefícios compensatórios podem garantir a sobrevivência, tendo em vista que é a educação e a cultura o que de fato transforma a sociedade.

b)   É nítido, entre os membros da Ação da Cidadania, que os benefícios compensatórios são fundamentais, ainda que não garantam a sobrevivência da educação e da cultura que são de fato elementos que transformam a sociedade.

c)   Está claro, entre os membros da Ação da Cidadania, que ainda são fundamentais os benefícios compensatórios, porquanto podem garantir a sobrevivência, embora sejam a educação e a cultura que de fato transformam a sociedade.

d)   Há uma clara evidência, entre os membros da Ação da Cidadania, de que os benefícios compensatórios ainda são fundamentais para poder garantir a sobrevivência, porquanto é a educação e a cultura que de fato transformam a sociedade.

 

NOTÍCIA: PRIMEIRO "BLOGUEIRO" DE MODA TERIA VIVIDO 500 ANOS ATRÁS - (FRAGMENTO) - COM GABARITO

 Notícia: Primeiro “blogueiro” de moda teria vivido 500 anos atrás – Fragmento

         O alemão Mathaus Schwarz registrava seus “looks do dia” com ilustrações em um livro, chamado “Trachtenbuch”

        O jornal inglês Daily Mail publicou, esta semana, que o primeiro “blogueiro de moda” – sim, era um homem! – viveu 518 anos atrás. Naquela época, lógico, ainda não havia internet, mas o moço, chamado Mathaus Schwarz, já registrava seus “looks do dia” com ilustrações em aquarela que fazia em um livro, batizado de “Trachtenbuch” (Livro de Roupas).

        Contador alemão, Schwarz teria nascido em 1497 e falecido aos 63 anos. Segundo o Daily Mail, ele era obcecado por moda desde criança, algo incomum para um contador do século XVI. Schwarz teria gastado muito do seu dinheiro proveniente da contabilidade com roupas e sapatos, diz o jornal.

        Os registros do “blogueiro de moda” datam de 1520 a 1560. As ilustrações continham uma legenda que falava sobre a escolha do visual do dia, assim como as fotos das blogueiras de moda do Instagram. Veja duas das ilustrações de Schwarz:

Publicada em: 20 mar. 2015. Disponível em: http://italiamilano.com.br/blog/v/primeiro-blogueiro-de-moda-teria-vivido-500-anos-atras/89. Acesso em: 7 dez. 2015. (Fragmento adaptado).

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 314-5.

Entendendo a notícia:

01 – Em que tempo composto está o verbo empregado no título?

      Futuro do pretérito do indicativo.

02 – Transcreva no caderno outras locuções do texto flexionadas nesse mesmo tempo.

      Outras locuções: teria nascido, (teria) falecido; teria gastado.

03 – O que o uso desse tempo revela sobre as ações relatadas no texto?

      Trata-se de ações que não podem ser confirmadas, são apenas hipóteses.

04 – Em que voz verbal está a locução teria gastado?

      Voz ativa.

05 – Reescreva, na voz passiva analítica, a mesma frase em que essa locução aparece.

      Muito do dinheiro proveniente da contabilidade teria sido gasto por Schwarz com roupas e sapatos.

06 – Explique as mudanças promovidas nos verbos para produzir a reescrita.

      Foi introduzido o verbo ser, e o particípio de gastar foi alterado do regular para o irregular.

07 – Reescreva o primeiro período do texto empregando a voz passiva sintética. Desconsidere o título e a linha-fina.

      Publicou-se, esta semana, que o primeiro “blogueiro de moda” – sim, era um homem! – viveu 518 anos atrás.

08 – Com a alteração da voz verbal nesse período, que informação deixou de ser dada ao leitor?

      O nome do jornal que divulgou a notícia.

 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

CONTO: UM TALENTO PARA OS NEGÓCIOS - MARK TWAIN - COM GABARITO

 Conto: Um talento para os negócios

             Mark Twain

        Sábado estava um dia lindo. Mas Tom tinha de trabalhar. Na calçada, com um balde de tinta branca e um pincel na mão, olhou a cerca à sua espera para ser pintada e desanimou. Achou a vida horrível. Molhou o pincel e começou a passá-lo pela primeira tábua. Repetiu tudo outra vez e mais outra. Precisava dar três demãos para o serviço aparecer. Ia levar a vida toda naquilo. Viu Jim passar carregando água, tarefa que sempre achara detestável e agora lhe parecia bem melhor. Propôs:

         - Eu vou buscar água para você. Enquanto isso, me dá uma mãozinha aqui.

          O outro hesitou, Tom insistiu e lhe ofereceu uma bola de gude. Jim ia aceitar, mas tia Polly surgiu, e o negócio não foi adiante. Tom foi de novo caiar a cerca, pensando nas coisas maravilhosas que podia estar fazendo. Logo os outros meninos passariam por ali a caminho de brincadeiras. Iam rir dele. Tinha vontade de sumir. Pensou em tudo o que tinha nos bolsos e que poderia usar para sugerir trocas. Muito pouco. Não ganharia mais de meia hora de liberdade.

          De repente, teve uma ideia. Pegou o pincel e voltou ao trabalho. Bem na hora em que apareceu Ben Rogers, o mais gozador de todos. Vinha alegre, com uma maçã na mão, brincando de navio. Apitava, manobrava, fazia os sons do Grande Missouri, o maior barco que navegava pelo rio. O menino era ao mesmo tempo o navio, o capitão e as sinetas. Ao chegar perto de Tom, passou a andar mais devagar.

            - Diminuir a velocidade! Parar! Ding-a-ling-ling! Encostar no cais! Piuííí! Parar as máquinas! Chit-chit-chit!

             Tom ignorou as manobras de aproximação e a atracação do barco. Continuou entretido com a cerca, dando uns retoques. Ben perguntou:

             - Você está de castigo, é? Tem de trabalhar enquanto a gente vai nadar?

             - Trabalhar? Como assim?

             - Bom, isso que você está fazendo...

             - Tudo bem, se acha que é trabalho, pode achar. Eu estou me divertindo.

              - Essa não... Para cima de mim? Ninguém gosta disso.

              O pincel não parava, para cima e para baixo na tábua.

               - Não sei por que não ia gostar. Não é todo dia que um menino tem a chance de pintar uma cerca.

                Ben não tinha pensado nisso. Mordeu a maçã, ficou vendo Tom se afastar ligeiramente, pincel na mão, para examinar mais de longe o efeito da pintura.

                - Deixa eu pintar um pouquinho, Tom...

                - Não posso, Ben. Para pintar bem, precisa ser artista. Tia Polly é muito exigente, você sabe. Se fosse na cerca dos fundos, tudo bem. Mas, aqui na rua, tem de ficar bem feito. Aposto que só um menino entre mil consegue. Talvez um entre dois mil.

                 - E quem disse que eu não consigo?

                 - Não sou eu, Ben, é a tia Polly. Jim quis pintar, ela não deixou. Sid também. Tenho medo de que ela se zangue.

                 - Eu sou cuidadoso, Tom, garanto. Olhe aqui, te dou o final da minha maçã.

                 De coração contente e expressão relutante, Tom passou o pincel. O “ex-Grande Missouri” ficou suando debaixo do sol enquanto o artista descansava na sombra, sentado num barril, comendo maçã e planejando novos negócios.

                 Os meninos vinham passando, um a um, paravam para uma gozação, e pronto! Quando Ben cansou, Tom deu uma chance a Billy em troca de uma pipa nova. Depois, Johnny ofereceu um rato morto e ganhou direito de pintar por uma hora. No fim do dia, Tom já estava na maior riqueza – tinha bolas de gude, uma gaita, um pedaço de vidro azul, um carretel, uma chave, um soldadinho de chumbo, um casal de sapos, um gato caolho, uma maçaneta, uma coleira de cachorro (sem cachorro), o cabo de uma faca, quatro cascas de laranja. A cerca estava pintada, com quatro demãos de tinta. Se a tinta não acabasse, Tom levaria à falência todos os meninos da cidade.

         - Tia Polly nem acreditou. Um trabalho perfeito. E tão rápido!

         - Viu só? Quando quer fazer uma coisa bem-feita, é uma maravilha. Pode ir brincar, você merece. Mas não perca a hora do jantar. E tome um prêmio.

          Levou-o até a despensa para ele escolher uma maçã (e pegar uma rosca sem ela notar).

          [...]

         TWAIN,Mark. As aventuras de Tom Sawyer. Adaptação de Ana Maria Machado. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2005.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 2 p.48-51.

Interagindo com o texto

01. Em uma narrativa de aventura, o protagonista é corajoso, astucioso e inteligente. Identifique o protagonista da história e dê exemplos de como essas características aparecem no texto.

É Tom Sawyer. Ele se mostra muito inteligente e astucioso, pois teve uma ótima ideia para se livrar do castigo.

02. Uma narrativa de aventura costuma apresentar vários personagens. Identifique os personagens do texto.

Tia Polly, Ben Rogers, Sid, Billy e Johnny.

03. Qual foi a primeira ideia que Tom teve para se livrar do trabalho que sua tia lhe dera? Ele conseguiu o que queria? Explique o que aconteceu.

Tom tentou trocar de trabalho com Jim, que hesitou. Diante disso, Tom lhe ofereceu bolas de gude, quando Jim ia aceitar, a tia Polly apareceu.

04. Em que Tom pensou que o fez querer sumir?

Os outros meninos logo passariam  por ele a caminho de brincadeiras e iam rir dele.

05. O texto apresenta algumas onomatopeias.

a)   Identifique-as, escrevendo o trecho em que elas aparecem.

As onomatopeias são: “Din-a-ling-ling!” “Piuííí!” e “Chit-chit-chit!”.

b)   Cite em que momento elas aparecem e explique o som que elas reproduzem.

     Ben Rogers estava brincando de navio. Assim, apitava, manobrava e fazia sons do Grande Missouri.

06. Explique como Tom convenceu Ben de que não estava de castigo.

Tom disse que estava se divertindo, argumentando que não era todo menino que tinha chance de pintar a cerca.

07. No trecho “De coração contente e expressão relutante, Tom passou a pincel”, o que a expressão em destaque sugere?

Mesmo estando feliz por ter conseguido convencer Ben Rogers; Tom não pode demonstrar esse sentimento, assim fingia resistência para deixar o amigo pintar a cerca.

08. Explique o título do texto: “Um talento para os negócios”.

Todos os meninos que paravam para zombar de Tom eram convencido por ele de que se tratava de uma diversão.

 

 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

CRÔNICA: PESCADORES - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 CRÔNICA: PESCADORES

                   Carlos Drummond de Andrade

Domingo pede cachimbo, todo domingo aquele esquema: praia, bar, soneca, futebol, jantar em restaurante. Acaba em chatura. Os quatro jovens executivos sonhavam com um programa diferente.

— Se a gente desse uma de pescador?

— Falou.

Muniram-se do necessário, desde o caniço até o sanduíche incrementado, e saíram rumo à praia mais deserta, mais viscosa, mais sensacional.

Lá estavam felizes da vida, à espera de peixe. Mas os peixes, talvez por ser domingo, e todos os domingos serem iguais, também tinham variado de programa — e não se deixavam fisgar.

— Tem importância não. Daqui a pouco aparecem. De qualquer modo, estamos curtindo.

— É.

Peixe não vinha. Veio pela estrada foi a Kombi, lentamente. Parou, saltaram uns barbudos:

— Pescando, hem? Beleza de lugar. Fazem muito bem aproveitando a folga num programa legal. Saúde. Esporte. Alegria.

— Estamos só arejando a cuca, né? Semana inteira no escritório, lidando com problemas.

— Ótimo. Assim é que todos deviam fazer. Trocar a poluição pela natureza, a vida ao ar livre. Somos da televisão, estamos filmando aspectos do domingo carioca. Podem colaborar?

— Que programa é esse?

- Aprenda a Viver no Rio. Programa novo, cheio de bossas. Vai ser lançado semana que vem. Gostaríamos que vocês fossem filmados como exemplo do que se pode curtir num dia de lazer, em benefício do corpo e da mente.

— Pois não. O grilo é que não pescamos nada ainda.

— Não seja por isso. Tem peixe na Kombi, que a gente comprou para uma caldeirada logo mais.

Desceram os aparelhos e os peixes, e tudo foi feito com técnica e verossimilhança, na manhã cristalina. Os quatro retiravam do mar, em ritual de pescadores experientes, os peixes já pescados. O pessoal da TV ficou radiante:

— Um barato. Vocês estavam ótimos.

— Quando é que passa o programa?

— Quinta-feira, horário nobre. Já está sendo anunciado.

Quinta-feira, os quatro e suas jovens mulheres e seus encantadores filhos reuniram-se no apartamento de um deles — o que tivera a ideia da pescaria.

— Vocês vão ver os maiores pescadores da paróquia em plena ação.

O programa, badaladíssimo, começou. Eram cenas do despertar e da manhã carioca, trens superlotados da Linha Auxiliar, filas no elevador, escritórios em atividade, balconistas, telefonistas, enfermeiras, bancários, tudo no batente ou correndo para. O apresentador fez uma pausa, mudou de tom:

“— Agora, o contraste. Em pleno dia de trabalho, com a cidade funcionando a mil por cento para produzir riqueza e desenvolvimento, os inocentes do Leblon dedicam-se à pescaria sem finalidade. Aí estão esses quatro folgados, esquecidos de que a Guanabara enfrenta problemas seríssimos e cada hora desperdiçada reduz o produto nacional bruto…”

— Canalhas!

— Pai, você é um barato!

— E eu que não sabia que você, em vez de ir para o escritório, vai pescar com a patota, Roberto!

— Se eu pego aqueles safados mato eles.

— E o peixe, pai, você não trouxe o peixe pra casa!

 

— Não admito gozação!

— Que é que vão dizer amanhã no escritório!

— Desliga! Desliga logo essa porcaria!

Para aliviar a tensão, serviu-se uísque aos adultos, refrigerante aos garotos.

Fonte:

Carlos Drummond de Andrade. 70 Historinhas. 

São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 2 p.97-100.

 

Entendendo o texto

01. Indique as informações pedidas nos quadros a seguir.

Elementos da narrativa

Personagens – Quatro jovens amigos.

Tempo – Um dia de domingo e quinta-feira à noite.

Espaço – Em uma praia do Rio de Janeiro e na casa de um dos amigos.

Enredo

Início – Em um domingo alguns amigos decidem fazer uma pescaria.

Conflito – Durante a pescaria, aprecem uns barbudos, numa kombi e convidam os jovens pescadores a fazerem parte de um programa de televisão.

Clímax – Os rapazes convidam os familiares a assistir ao programa de TV.

Desfecho – Ao assistir ao programa percebem que foram enganados.

02. O que você pensa a respeito do que os barbudos fizeram? Isso é possível de acontecer? Registre sua resposta e, depois, troque ideias com o professor e com os colegas.

Resposta pessoal.

03. Releia as falas, no final do texto, e explique a reação das esposas e dos filhos dos executivos.

Os filhos parecem zombar dos pais, enquanto as esposas parecem acreditar no que estavam vendo na TV.

04. Como você sabe, as crônicas costumam fazer uso de linguagem informal, a fim de aproximar o leitor da história narrada. Nessa crônica, há grande ocorrência de gírias.

a)   Pesquise, no dicionário, a definição de gíria e registre neste espaço.

Linguagem informal com vocabulário rico em expressões metafóricas, jocosas, elípticas, usada inicialmente por um determinado grupo, mas que pode se estender a outros, passando a fazer parte do uso corrente.

b)   Releia algumas frases em que as gírias aparecem e, pelo contexto e com o auxílio do professor, anote os significados delas nesse texto.

Uma chatura!

É uma chatice, algo chato, desinteressante, monótono.

[...] aproveitando a folga num programa legal.

Um programa interessante.

Estamos só arejando a cuca, né.

Estamos só relaxando.

[...] como exemplo do que se pode curtir num dia de lazer [...]

Exemplos do que se pode desfrutar, aproveitar, em um dia de lazer.

O grilo é que não pescamos nada ainda.

O problema é que não pescamos nada.

05. Escreva as características que classificam esse texto como crônica humorística.

- Uso de linguagem informal.

- Personagens comuns, presentes no dia a dia.

- Texto de curta extensão.

- Crítica com humor.

 

 

 

domingo, 7 de agosto de 2022

CONTO: LÁ NO MORRO - (FRAGMENTO) - WANDER PIROLI - COM GABARITO

 Conto: LÁ NO MORRO – Fragmento

             Wander Piroli

        Avistei-o subindo o morro. Mamãe estava junto ao fogareiro. Corri alarmado para avisá-la: “Papai envém aí”. Ela me espetou os olhos apagados e os lábios se moveram lentamente. Não disse nada.

        Papai atravessou a porta em silêncio e ao invés de chutar o tamborete arredou-o de leve. Observou-me num relance. Depois olhou mamãe que estava de costas, e deixou-se cair no tamborete. A cabeça pendeu sobre o caixote como se se tivesse desprendido do corpo. Não exalava cachaça, desta vez. Surpreendi-me avançando na sua direção. Parei perto do caixote com as pernas trêmulas, e antes que eu percebesse meus dedos já tocavam o ombro de papai.

        Mamãe permanecia imóvel junto ao fogareiro, como se esperasse que a mão pesada a atingisse a qualquer momento. Angustiava-me um sentimento doloroso por papai: era como se o estivesse descobrindo sob a camada de violência, e agora ali restasse não apenas meu pai, mas a própria criatura humana na sua dimensão essencial e indestrutível. Olhei para mamãe. E gritei-lhe desesperadamente “Mamãe!” sem que ao menos tivesse necessidade de abrir a boca.

        Afinal mamãe se voltou com o prato de comida e viu minha mão pousada no ombro de papai. Colocou o prato no caixote, perto da cabeça de papai. Ele continuou quieto, a respiração funda e descompassada. Mamãe acendeu a lamparina, e a claridade arredou as primeiras sombras da tarde para os cantos do cômodo. Em seguida, mamãe preparou a minha marmita e por último o seu prato e ambos nos sentamos, eu no chão e ela no outro tamborete.

        O arfar intenso de papai doía no silêncio. Olhei mamãe. Mamãe me olhou e disse:

        – Come.

        Depois fitou papai, de esguelha, e levou até à boca uma pequena porção de arroz. Mas teve logo que deixar o garfo de lado para conter o acesso de tosse com a mão. Papai então levantou a cabeça, encarou-a com os lábios abertos. Seu rosto estava molhado de suor. Abaixou os olhos para mim, fungando, e deixou a cabeça pender novamente sobre o caixote.

        Ouvimos passos no quintal. Três homens saltaram dentro do barraco e um deles arrancou a cortina que dividia o cômodo. Antes que o coração me socasse o peito e mamãe imobilizasse o garfo e papai erguesse a cabeça, tiraram-no do tamborete, torcendo-lhe os braços.

        Papai não tentou reagir, sequer parecia surpreso. Era como se já estivesse esperando aquele momento. Nem ao menos olhou para os homens que o subjugavam. Fitava apenas mamãe, imóvel e fria do outro lado do caixote. Um dos homens levantou o punho e bateu-lhe seguidamente na cara. Com a boca ensanguentada, recebia as pancadas sem tirar os olhos de mamãe.

        Levaram-no, os braços presos às costas. Os socos continuavam no quintal e eram mais nítidos quando pegavam na cara de papai. As batidas foram-se distanciando. Mamãe estava com a cabeça quase dentro do prato e as lágrimas escorrendo de seu rosto pingavam sobre o resto da comida. A marmita ainda tremia em minhas mãos e eu comecei a vomitar.

PIROLI, Wander. Lá no morro. In: TUFANO, Douglas (Org.). Antologia do conto brasileiro: do Romantismo ao Modernismo. São Paulo: Moderna, 1994. p. 110-111. (Coleção Travessias). Fragmento.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 81-2.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Tamborete: pequeno banco.

·        Arredou: afastou.

·        De esguelha: de lado.

02 – No conto de Wander Piroli predomina o silêncio.

a)   Confirme essa afirmativa com exemplos retirados do texto.

Ao longo do conto são proferidas apenas três falas pelos personagens: “Papai envém aí”, “Mamãe!” e “Come”.

b)   Análise as relações estabelecidas entre os personagens e explique o que pode significar o silêncio predominante no conto.

O silêncio pode significar a dureza que caracteriza as relações entre os personagens e os distancia. Eles parecem viver em um ambiente hostil, em que há pouca ou nenhuma comunicação.

03 – Pela leitura do conto, podemos inferir que o comportamento do pai, quando chega a sua casa, é diferente do habitual; ou seja, ele mostra-se menos violento e hostil.

a)   Que passagem nos permitem fazer essa inferência?

“Papai atravessou a porta em silêncio e ao invés de chutar o tamborete arredou-o de leve”, “Mamãe permanecia imóvel junto ao fogareiro, como se esperasse que a mão pesada a atingisse a qualquer momento”.

b)   Que sinais de fragilidade você conclui que o pai do narrador-personagem apresenta ao entrar na casa? Justifique sua resposta com trechos do texto.

O pai, antes violento e agressivo, mostra-se frágil. Eis os trechos que permitem chegar a essa conclusão: “deixou-se cair no tamborete”; “A cabeça pendeu sobre o caixote como se se tivesse desprendido do corpo”; “Ele continuou quieto, a respiração funda e descompassada”, etc.

c)   Que consequência física e psicológica tem no narrador a mudança de comportamento apresentado pelo pai?

O narrador se surpreende ao sentir afeto pelo pai quando toca seu ombro e angustia-se ao vê-lo em situação de fragilidade: existia ali, afinal, uma “criatura humana”, antes escondida “sob a camada de violência”.

04 – Conto “Lá no morro” se passa durante o jantar de uma família. O tempo todo narrador menciona o “fogareiro”, o “prato de comida”, a “marmita”, a “porção de arroz”, “o garfo”, etc. Explique de que maneira esses elementos são retomados no último parágrafo, intensificando a experiência dramática vivida por esses personagens no barraco.

      Mesmo antes do parágrafo-desfecho do conto, o narrador utiliza a comida como símbolo de que as coisas não estão bem na família. A mãe dele, por exemplo, tem um acesso de tosse logo após fitar o pai e levar à boca uma pequena porção de arroz. No último parágrafo, a frieza e a imobilidade da mulher diante da violência sofrida pelo marido são quebradas com uma imagem forte, ligada ao ato de comer: “Mamãe estava com a cabeça quase dentro do prato e as lágrimas escorrendo de seu rosto pingavam sobre o resto da comida”.

05 – Quase no desfecho do conto narrador-personagem e forma que sua mãe diante de violência extrema a qual foi submetido o pai permanece “imóvel e fria do outro lado do caixote”. Embora o conto não explicite as razões que levam a mulher a ter essa reação, é possível levantar algumas hipóteses. Reúne-se com seus colegas e procure explicar isso.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A mulher pode ter ficado em pânico e sem reação e também com medo de levarem a ela ou fazerem algum mal ao seu filho.