quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

TEXTO: ANIMAIS NO ESPAÇO - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

 ANIMAIS NO ESPAÇO   

Vários animais viajaram pelo espaço como astronautas.


      Os russos já usaram cachorros em suas experiências. Eles têm o sistema cardíaco parecido com o dos seres humanos. Estudando o que acontece com eles, os cientistas descobrem quais problemas podem acontecer com as pessoas.

           A cadela Laika, tripulante da Sputnik-2, foi o primeiro ser vivo a ir ao espaço, em novembro de 1957, quatro anos antes do primeiro homem, o astronauta Gagarin.

           Os norte-americanos gostam de fazer experiências científicas espaciais com macacos, pois o corpo deles se parece com o humano. O chimpanzé é o preferido porque é inteligente e convive melhor com o homem do que as outras espécies de macacos. Ele aprende a comer alimentos sintéticos e não se incomoda com a roupa espacial.

           Além disso, os macacos são treinados e podem fazer tarefas a bordo, como acionar os comandos das naves, quando as luzes coloridas acendem no painel, por exemplo.

            Enos foi o mais famoso macaco a viajar para o espaço, em novembro de 1961, a bordo da nave Mercury/Atlas 5. A nave de Enos teve problemas, mas ele voltou são e salvo, depois de ter trabalhado direitinho. Seu único erro foi ter comido muito depressa as pastilhas de banana durante as refeições.

(Folha de São Paulo, 26 de janeiro de 1996).


Descritor 9 – Diferenciar as parte principais das secundárias em um texto

01. Entre as informações do texto acima, uma das principais é que

(A) o chimpanzé mais famoso viajou para o espaço a bordo da Mercury-Atlas 5.

(B) os cientistas descobrem problemas que podem acontecer com as pessoas.

(C) a cadela Laika viajou ao espaço quatro anos depois de Gagarin. 

(D) a viagem do mais famoso macaco para o espaço aconteceu em 1961.

(E) na nave espacial serviam pastilhas de banana durante as refeições.

TEXTO: O TEATRO DA ETIQUETA - REVISTA SUPERINTERESSANTE - COM GABARITO

 O TEATRO DA ETIQUETA

     No século XV, quando se instalavam os Estados nacionais e a monarquia absoluta na Europa, não havia sequer garfos e colheres nas mesas de refeição: cada comensal trazia sua faca para cortar um naco da carne – e, em caso de briga, para cortar o vizinho. Nessa Europa bárbara, que começava a sair da Idade Média, em que nem os nobres sabiam escrever, o poder do rei devia se afirmar de todas as maneiras aos olhos de seus súditos como uma espécie de teatro. Nesse contexto surge a etiqueta, marcando momento a momento o espetáculo da realeza: só para servir o vinho ao monarca havia um ritual que durava até dez minutos.

           Quando Luís XV, que reinou na França de 1715 a 1774, passou a usar lenço não como simples peça de vestuário, mas para limpar o nariz, ninguém mais na corte de Versalhes ousou assoar-se com os dedos, como era costume. Mas todas essas regras, embora servissem para diferenciar a nobreza dos demais, não tinham a petulância que a etiqueta adquiriu depois. Os nobres usavam as boas maneiras com naturalidade, para marcar uma diferença política que já existia. E representavam esse teatro da mesma forma para todos. Depois da Revolução Francesa, as pessoas começam a aprender etiqueta para ascender socialmente. Daí por que ela passou a ser usada de forma desigual – só na hora de lidar com os poderosos.

Revista Superinteressante, junho 1988, nº 6 ano 2.


Descritor 7 – Identificar a tese de um texto

01. Nesse texto, o autor defende a tese de que

(A) a etiqueta mudou, mas continua associada aos interesses do poder.

(B) a etiqueta sempre foi um teatro apresentado pela realeza.

(C) a etiqueta tinha uma finalidade democrática antigamente.

(D) as classes sociais se utilizam da etiqueta desde o século XV.

(E) as pessoas evoluíram a etiqueta para descomplicá-la.

LENDA - O QUIROMANTE - CRISTINA DA COSTA PEREIRA - COM GABARITO

 LENDA - O QUIROMANTE

 

    Há muitos anos atrás, havia um rapaz cigano que, nas horas vagas, ficava lendo as linhas das mãos das pessoas.  

      O pai dele, que era muito austero no que dizia respeito à tradição cigana de somente as mulheres lerem as mãos, dizia sempre para ele não fazer isso, que não 5 era ofício de homem, que fosse fazer tachos, tocar música, comerciar cavalos.

         E o jovem cigano teimava em ser quiromante. Até que um dia ele foi ler a sorte de uma pessoa e, quando ela se virou de frente, ele viu, assustado, que ela não tinha mãos.

         A partir daí, abandonou a quiromancia.

PEREIRA, Cristina da Costa. Lendas e histórias ciganas. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

Descritor 11 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto

01.O trecho “A partir daí, abandonou a quiromancia” (ℓ. 8) apresenta, com relação ao que foi dito no parágrafo anterior, o sentido de

(A) comparação.

(B) condição.

(C) consequência.

(D) finalidade.

(E) oposição.

CONTO: O MATO - ARRIGUCCI, JR. - COM GABARITO

 CONTO: O MATO


   Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. Então o homem esqueceu o trabalho e as promissórias, esqueceu a condução e o telefone e o asfalto, e saiu andando lentamente por aquele morro coberto de um mato viçoso, perto de sua casa. O capim cheio de água molhava seu sapato e as pernas da calça; o mato escurecia sem vaga-lumes nem grilos.

          Pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma bênção. Ali perto mesmo a cidade murmurava, estava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impaciente de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de mato, uma pedra escura. Ali perto, dentro de uma casa fechada, um telefone batia, silenciava, batia outra vez, interminável, paciente, melancólico. Alguém, com certeza já sem esperança, insistia em querer falar com alguém.

           Por um instante o homem voltou seu pensamento para a cidade e sua vida. Aquele telefone tocando em vão era um dos milhões de atos falhados da vida urbana. Pensou no desgaste nervoso dessa vida, nos desencontros, nas incertezas, no jogo de ambições e vaidades, na procura de amor e de importância, na caça ao dinheiro e aos prazeres. Ainda bem que de todas as grandes cidades do mundo o rio é a única a permitir a evasão fácil para o mar e a floresta. Ele estava ali num desses limites entre a cidade dos homens e a natureza pura; ainda pensava em seus problemas urbanos - mas um camaleão correu de súbito, um passarinho piou triste em algum ramo, e o homem ficou atento àquela humilde vida animal e também à vida silenciosa e úmida das árvores, e à pedra escura, com sua pele de musgo e seu misterioso coração mineral.

ARRIGUCCI, Jr. Os melhores contos de Rubem Braga. São Paulo: Editora Global Ltda, 1985.


Descritor 10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa

01. No texto, o elemento que gera a história narrada é

(A) a preocupação do homem com os problemas alheios.

(B) a proximidade entre a casa do homem e o morro com mato viçoso.

(C) o desejo do homem de buscar alento próximo da natureza.

(D) o toque insistente do telefone em uma casa fechada e silenciosa. (E) os ruídos vespertinos da cidade, com seus murmúrios constantes.

SERMÃO DO MANDATO - ANTÔNIO VIEIRA - COM GABARITO

 Sermão do Mandato


 Antônio Vieira

       O primeiro remédio que dizíamos, é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera? São as afeições como as vidas, que não há mais certo de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que tanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os Antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às cousas, descobre-lhe defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais amor? O mesmo amor é a causa de não amar, e o de ter amado muito, de amar menos.

VIEIRA, Antônio. Sermão do Mandato. In: Sermões. 8. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1980. 

Descritor 2 – Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto

QUESTÃO 01

 O tempo é a principal solução para os problemas. A frase que reproduz essa ideia é

(A) “Antigos sabiamente pintaram o amor menino...” (ℓ.5)

(B) “Atreve-se o tempo a colunas de mármore...” (ℓ.2)

(C) “O primeiro remédio que dizíamos, é o tempo.” (ℓ.1)

(D) “(...) o tempo tira a novidade às cousas...” (ℓ. 9-10)

(E) “(...) partem do centro para a circunferência...” (ℓ. 4)

SERMÃO DO MANDATO (FRAGMENTO)

O amor sempre é amoroso; mas umas vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta as extremidades mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos mais unidos. Quais são os extremos mais distantes e mais unidos que há no mundo? O nosso corpo, e a nossa alma. São os extremos mais distantes; porque um é carne, outro espírito: são os extremos mais unidos; porque nunca jamais se apartam. Juntos nascem, juntos crescem, juntos vivem: juntos caminham, juntos param, juntos trabalham, juntos descansam: de noite e de dia; dormindo e velando: em todo o tempo, em toda a idade, em toda a fortuna: sempre amigos, sempre companheiros, sempre abraçados, sempre unidos. E esta união tão natural, esta união tão estreita, quem a divide? A morte. Tal é o amor: Fortis est ut mors dilectio*. O amor, enquanto unitivo, é como a vida; enquanto forte, é como a morte. Enquanto unitivo, por mais distantes que sejam os extremos, ajunta-os: enquanto forte, por mais unidos que estejam, aparta-os.

Antes da Encarnação do Verbo, quais eram os extremos mais distantes? Deus e o homem. E que fez o amor unitivo? Trouxe a Deus do Céu à Terra, e uniu a Deus com os homens. Depois da Encarnação, quais eram os extremos mais unidos? Cristo, e os homens. E que fez o amor forte? Leva hoje a Cristo da Terra ao Céu.

* A morte é deleite do forte.

(VIEIRA, A . Sermões. Porto: Lello e Irmão, 1959)

QUESTÃO 02

O Barroco atribui especial atenção à sintaxe textual. A esse respeito, julgue os itens:

I. Verifica-se, com frequência, no texto, a condução do raciocínio do ouvinte, a qual se constrói através da estrutura pergunta-resposta-conclusão.
II. As orações coordenadas assindéticas Juntos nascem, juntos crescem, juntos vivem constituem uma gradação de caráter temporal.
III. No fragmento O amor, enquanto unitivo, é como a vida; enquanto forte, é como a morte., há indicação de paralelismo entre as partes.


Estão corretos:

A  I e II
B  I e III
C  Todos eles
D  Nenhum deles

TEXTO: QUAL A ORIGEM DO DOCE BRIGADEIRO?ALMANAQUE DAS CURIOSIDADES - COM GABARITO

 TEXTO:Qual a origem do doce brigadeiro?

      Em 1946, seriam realizadas as primeiras eleições diretas para presidente após os anos do “Estado Novo”, de Getúlio Vargas. O candidato da aliança PTB/PSD, Eurico Gaspar Dutra, venceu com relativa folga. Mas o título de maior originalidade na campanha ficou para as correligionárias do candidato derrotado, Eduardo Gomes (da UDN).

           Brigadeiro da Aeronáutica, com pinta de galã, Eduardo Gomes tinha um apoio, digamos, entusiasmado. Para fazer o “corpo-a-corpo” com o eleitorado, senhoras da sociedade saiam às ruas convocando as mulheres a votar em Gomes, com o slogan: “Vote no brigadeiro. Ele é bonito e solteiro”. Não satisfeitas ainda promoviam almoços e chás, nos quais serviam um irresistível docinho coberto com chocolate granulado. Ao qual deram o nome, claro, de brigadeiro.

Almanaque das curiosidades, p. 89.


Descritor 12 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros

01.A finalidade desse gênero de texto é

(A) propor mudanças.

(B) refutar um argumento.

(C) advertir as pessoas.

(D) trazer uma informação.

(E) orientar procedimentos.

REPORTAGEM: MOTORISTAS DE BATOM CONQUISTAM A URCA - COM GABARITO

 Motoristas de batom conquistam a Urca

Moradores aprovam adoção de mulheres na linha 107

      Batom, lápis nos olhos, brincos. Foi a essa mistura que a empresa Amigos Unidos apelou para contornar as constantes reclamações dos moradores da Urca contra os motoristas da linha 107 (Central-Urca). Há um mês, a empresa removeu sete mulheres de outros trajetos para formar um time de primeira linha. “O público da Urca é muito exigente.” Os passageiros reclamavam que os motoristas homens não paravam no ponto e dirigiam de forma perigosa. “Agora só recebemos elogios”, contou o gerente de Recursos Humanos da empresa, Mario Mattos.

      Elogios que, às vezes, não se limitam ao desempenho profissional. “Hoje (ontem), um homem falou que queria ser o meu volante”, contou a motorista Ana Paula da Silva, 24 anos. Na empresa há três meses, Ana Paula da Silva faz da profissão uma forma de dar carinho a idosos e deficientes – os que mais têm dificuldades para entrar nos ônibus. “Às vezes, levanto para ajudar alguém a descer. Já parei o carro para atravessar a rua com um deficiente visual”, contou.

       Casada com um motorista de ônibus, Márcia Cristina Pereira, 38 anos, diz que 5 10 Unidade 4 Língua Portuguesa 31 não enfrenta dificuldades com os colegas de profissão, ainda que reconheça que, no começo, a desconfiança não foi pequena. “Eles me dão força. Recebo muitos elogios”, disse. Ao contrário de Márcia, a motorista Janaína de Lima, 32 anos, diz que se relaciona bem com todos os colegas, mas acha que já há competição. “Falta muito para os homens se relacionarem bem com os idosos e deficientes”, comparou. Morador da Urca há 25 anos, Ednei Bernardes aprovou a adoção de motoristas mulheres no bairro. “Elas respeitam mais as pessoas e as leis de trânsito”, resumiu.

JB, 23/07/02 – Cidade. C1.

01. Um dos usuários do ônibus concluiu:

 “Elas respeitam muito mais as pessoas e as leis do trânsito. ”Tal afirmativa, no contexto, permite concluir que

(A) as empresas de ônibus preferem os serviços da mulher.

(B) os homens são grosseiros e desrespeitam as lei de trânsito.

(C) os idosos e deficientes passam a receber um tratamento melhor. (D) os homens criam mais problemas com colegas de profissão.

(E) a população da Urca tornou-se exigente no transporte urbano.

TEXTO: TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO - LEONARDO BOFF - COM GABARITO

  Texto: Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

 Boff, Leonardo. A águia e a galinha. 4ª ed. RJ: Sextante, 1999.


01. A expressão “com os olhos que tem” (ℓ.1), no texto, tem o sentido de (A) enfatizar a leitura.

(B) incentivar a leitura.

(C) individualizar a leitura.

(D) priorizar a leitura.

(E) valorizar a leitura.

CRÔNICA: NAMORO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 Crônica: Namoro

                   Luís Fernando Veríssimo

 O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:

 - Desliga você.
 - Não, desliga você.
 - Você. 
- Você.
 - Então vamos desligar juntos.
 - Tá. Conta até três
. - Um... Dois... Dois e meio... 
Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca... Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo: 
- As dondozeira ama os dondozeiro?
 - Ama. 
- Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
 - Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que, etc. E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas, beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais. 
Depois de ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele significa tão pouco que pode até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo. 
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.

 Na última briga deles, a Suzana conseguiu fazer chegar aos ouvidos do Alcyr que estava saindo com outro. Um colega do trabalho. E o Alcyr fez a coisa sensata, o que qualquer um de nós faria. Passou a espionar a Suzana escondido. Começou a faltar a sua aula de especialização em ciências contábeis às 6 para ficar atrás de uma carrocinha de pipoca, vendo se a Suzana saía do trabalho com o outro. Rondava a casa da Suzana. Uma noite, uma sexta-feira, pensou ver a Suzana entrar em casa com um homem - e não viu o homem sair da casa.   

    Quatro da manhã e o Alcyr abraçado a uma árvore, tremendo de frio, de olho fixo na porta. Todas as luzes da casa apagadas e o Alcyr pensando, quase chorando: não pode ser, não pode ser. Como é que o seu Amorim e a dona Laurita deixam? Eu, eles botavam na rua às onze e meia. O outro, deixam dormir com a Suzana na sua própria cama. Porque a Suzana só podia estar na cama com o outro. Àquela hora, não podiam estar mais no sofá, ela chamando ele de Dondozeiro. Ou podia? Não podia. Podia, não podia, o Alcyr não se aguentou, pulou a cerca, se agachou sob a janela da Suzana, bateu com o joelho em alguma coisa, gritou, e quando o seu Amorim apareceu na porta dos fundos e perguntou "Quem é que está aí?" tentou imitar um cachorro. Não convenceu ninguém, claro, tanto que, dez minutos depois, estava sentado na mesa da cozinha, tiritando, as calças sujas de barro, tomando o café da dona Laurita com uma mão, e o outro braço em volta da cintura de Suzana. Sim, reconciliados, abraçados, emocionados. Pois Suzana se enternecera com o ciúme do seu Ipsilonezinho. Não havia outro nenhum, ela fora à farmácia com o pai, o homem que ele vira entrar em casa com ela era o seu Amorim, bobo! Mas o que realmente conquistara Suzana fora o ganido do Alcyr, tentando imitar um cachorro. Só um homem muito apaixonado faria um ridículo daqueles. Em dois meses estavam casados.

            Até hoje a Suzana conta a história do Alcyr ganindo no quintal, por mais que ele peça para ela não contar. As crianças já cansaram de ouvir a história, os amigos ouvem um pouco sem jeito. E a Suzana e o Alcyr não se tratam mais por apelidos. Quando fala nele, ela diz "Esse daí". Mas que foi bom, foi.

(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.)

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPBxHlTUpn0mrW6I6NM1voIr64xF25FzQ_7sWzTinR0keG-KZdft8-RLUQkvrrg4yRB0Z49Mmd6SAGje4g4hkzLAMC_rQ44lBpuzRCNQW2IzBUyWAIZ09zvC1dFpHly-tcFP0vx2dcXKVG/s1600/namoro.jpg

 Entendendo a Crônica

01.No texto, considera-se que o melhor do namoro é o ridículo associado

A) às brigas por amor. 

B) às mentiras inocentes.
C) às reconciliações felizes. 
D) aos apelidos carinhosos. 
E) aos telefonemas intermináveis.

02. Qual é o tema principal do texto lido? Comprove a sua resposta com um trecho retirado da crônica.

     O tema é as coisas ridículas que dizemos quando estamos enamorados. “...apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...”

03. O extremo do ridículo, segundo o narrador foi:

a) imitar um cachorro para não ser descoberto.        

c) convidá-la para um chope   

b) abraçar uma árvore.                                        

d) apelidar a pessoa amada.

 

04. O que é, segundo o narrador do texto, melhor que as brigas?

     Melhor do que as brigas são as reconciliações. 

 


ARTIGO: A LÍNGUA ESTÁ VIVA - IVANA TRAVERSIM - COM GABARITO

 A LÍNGUA ESTÁ VIVA

Ivana Traversim

 Na gramática, como muitos sabem e outros nem tanto, existe a exceção da exceção. Isso não quer dizer que vale tudo na hora de falar ou escrever. Há normas sobre as quais não podemos passar, mas existem também as preferências de determinado autor – regras que não são regras, apenas opções. De vez em quando aparece alguém querendo fazer dessas escolhas uma regra.

Geralmente são os que não estão bem inteirados da língua e buscam soluções rápidas nos guias práticos de redação. Nada contra. O problema é julgar inquestionáveis as informações que esses manuais contêm, esquecendo-se de que eles estão, na maioria dos casos, sendo práticos – deixando para as gramáticas a explicação dos fundamentos da língua portuguesa.

Com informação, vocabulário e o auxílio da gramática, você tem plenas condições de escrever um bom texto. Mas, antes de se aventurar, considere quem vai ler o que você escreveu. A galera da faculdade, o pessoal da empresa ou a turma da balada? As linguagens são diferentes.

Afinal, a língua está viva, renovando-se sem parar, circulando em todos os lugares, em todos os momentos do seu dia. Estar antenado, ir no embalo, baixar um arquivo, clicar no ícone – mais que expressões – são maneiras de se inserir num grupo, de socializar-se.

 (Você S/A, jun. 2003.)


 ENTENDENDO O ARTIGO

D8 - Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-las.

 01. (SAEP/PARANÁ) A tese da dinamicidade da língua comprova-se pelo fato de que

(A) as regras gramaticais podem transformar-se em exceção.

(B) a gramática permite que as regras se tornem opções.

(C) a língua se manifesta em variados contextos e situações.

(D) os manuais de redação são práticos para criar ideias.

POEMA: BELÉM DO PARÁ - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema - Belém do Pará

                  Manuel Bandeira


 Bembelelém

 Viva Belém!

 Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial

 Beleza eterna da paisagem

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Cidade pomar

(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinquente:

O apedrejador de mangueiras)

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:

Estrada de São Jerônimo

Estrada de Nazaré

Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca

de todas as cidades do Brasil 

Se chama liricamente

Brasileiramente

Estrada do Generalíssimo Deodoro

 

Bembelelém

Viva Belém! 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Terra da castanha

Terra da borracha

Terra de biribá bacuri sapoti

Terra de fala cheia de nome indígena

Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau

ou ave de plumagem bonita. 

 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Me obrigarás a novas saudades

Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé

Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas

E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos

 

Nunca mais me esquecerei

Das velas encarnadas 

Verdes

Azuis

Da doca de Ver-o-Peso

Nunca mais

 

E foi pra me consolar mais tarde

 

Que inventei esta cantiga: 

 

Bembelelém

Viva Belém!

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 (Belém, 1928)

 Referência:

BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1961. p. 75-77.

  Entendendo o poema

 D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

 01. (AV. Goiás) As palavras ―Bembelelém, Belém‖, com repetição de sons semelhantes sugerem

(A) brincadeira com palavras.

(B) evocação do repicar de sinos.

(C) homenagem a Belém do Pará.

(D) leveza da estrutura do poema.

 

 

 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

MÚSICA(ATIVIDADES): QUERO TE ENCONTRAR - BUCHECHA - COM GABARITO

 Música(Atividades): Quero Te Encontrar


                                                          Buchecha

 

Quando você vem
Pra passar o fim de semana
Eu finjo estar tudo bem
Mesmo duro ou com grana
É que você ignora tudo que eu faço
Depois vai embora
Desatando os nossos laços

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quando você vem
Pra passar o fim de semana
Eu finjo estar tudo bem
Mesmo duro ou com grana
É que você ignora tudo que eu faço
Depois vai embora
Desatando os nossos laços

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

É muita ousadia ter que percorrer
O país inteiro pra achar você
Mas tudo que eu faço tem um bom motivo
Linda, eu te amo, vem ficar comigo
Tô alucinado pelo seu olhar
Vou aonde for até te encontrar
Eu te amo demais, você é minha paz
Faz amor gostoso de novo comigo, faz
Faz

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar

Quero te te encontrar
Quero te te encontrar
Quero te te encontrar
Quero te encontrar

 

Fonte: Disponível em: http://letras.terra.com.br/buchecha/626447/

 

D13 - Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.

01. (SEDUC – GO/2012) A frase em que há expressões próprias da gíria é

(A) “Quando você vem...”

(B) “Mesmo duro ou com grana.”

(C) “... Minha terra, meu céu, meu mar.”

(D) “...Desatando os nossos laços.”

D1 – Localizar informações explicitas em um texto

02. No texto “Quero Te Encontrar” o eu-lírico demonstra

(A) fingimento em relação à pessoa que ama.

(B) distanciamento em relação à pessoa que ama.

(C) contentamento em relação à pessoa que ama.

(D) aproximação em relação à pessoa que ama.

TEXTO: MAGIA DAS ÁRVORES - MÁQUI - COM GABARITO

 Texto: Magia das árvores

 Eu já lhe disse que as árvores fazem frutos do nada e isso é a mais pura magia. Pense agora como as árvores são grandes e fortes, velhas e generosas e só pedem em troca um pouquinho de luz, água, ar e terra. É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob a terra, todas as árvores se unem. É como se estivessem de mãos dadas. Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos mais duros. Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram nunca a direção. Pedi uma vez a um velho pinheiro que me explicasse por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me disse que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda estão procurando.

— E se a árvore estiver plantada sozinha num prado?

— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade, nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.

 Máqui. Magia das árvores. São Paulo: FTD, 1992.

 Entendendo o texto

D19 - Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

01. (Paraná - 2011) No trecho “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso”, as frases curtas produzem o efeito de

(A) continuidade.

(B) dúvida.

(C) ênfase.

(D) hesitação.

D2 - Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

02. (Salto - 2013) No trecho, ―Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos mais duros‖, o termo destacado refere-se a

(A) árvores.

(B) raízes.

(C) mãos.

(D) velhas.