Poema - Belém do Pará
Viva Belém!
Beleza eterna da paisagem
Bembelelém
Viva Belém!
(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinquente:
O apedrejador de mangueiras)
Bembelelém
Viva Belém!
Estrada de São Jerônimo
Estrada de Nazaré
Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca
de todas as cidades do Brasil
Se chama liricamente
Brasileiramente
Estrada do Generalíssimo Deodoro
Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
Terra da castanha
Terra da borracha
Terra de biribá bacuri sapoti
Terra de fala cheia de nome indígena
Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau
ou ave de plumagem bonita.
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
Me obrigarás a novas saudades
Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé
Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas
E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos
Nunca mais me esquecerei
Das velas encarnadas
Verdes
Azuis
Da doca de Ver-o-Peso
Nunca mais
E foi pra me consolar mais tarde
Que inventei esta cantiga:
Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1961. p. 75-77.
(A) brincadeira com palavras.
(B) evocação do repicar de
sinos.
(C) homenagem a Belém do Pará.
(D) leveza da estrutura do poema.
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