quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

POEMA: BELÉM DO PARÁ - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema - Belém do Pará

                  Manuel Bandeira


 Bembelelém

 Viva Belém!

 Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial

 Beleza eterna da paisagem

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Cidade pomar

(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinquente:

O apedrejador de mangueiras)

 

Bembelelém

Viva Belém!

 Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:

Estrada de São Jerônimo

Estrada de Nazaré

Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca

de todas as cidades do Brasil 

Se chama liricamente

Brasileiramente

Estrada do Generalíssimo Deodoro

 

Bembelelém

Viva Belém! 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Terra da castanha

Terra da borracha

Terra de biribá bacuri sapoti

Terra de fala cheia de nome indígena

Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau

ou ave de plumagem bonita. 

 

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 

Me obrigarás a novas saudades

Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé

Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas

E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos

 

Nunca mais me esquecerei

Das velas encarnadas 

Verdes

Azuis

Da doca de Ver-o-Peso

Nunca mais

 

E foi pra me consolar mais tarde

 

Que inventei esta cantiga: 

 

Bembelelém

Viva Belém!

Nortista gostosa

Eu te quero bem.

 (Belém, 1928)

 Referência:

BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 6. ed. Rio de Janeiro: Sabiá, 1961. p. 75-77.

  Entendendo o poema

 D19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

 01. (AV. Goiás) As palavras ―Bembelelém, Belém‖, com repetição de sons semelhantes sugerem

(A) brincadeira com palavras.

(B) evocação do repicar de sinos.

(C) homenagem a Belém do Pará.

(D) leveza da estrutura do poema.

 

 

 

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