quinta-feira, 9 de julho de 2020

CRÔNICA: ELA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: ELA       

                  Luís Fernando Veríssimo

        Ainda me lembro do dia em que ela chegou lá em casa. Tão pequenininha! Foi uma festa. Botamos ela num quartinho dos fundos. Nosso Filho – Naquele tempo só tinha o mais velho – ficou maravilhado com ela. Era um custo tirá-lo da frente dela para ir dormir.

        Combinamos que ele só poderia ir para o quarto dos fundos depois de fazer todas as lições.

        -- Certo, certo. – Eu não ligava muito para ela. Só para ver um futebol ou política. Naquele tempo, tinha política. Minha mulher também não via muito. Um programa humorístico, de vez em quando. Noites Cariocas… Lembra de Noites Cariocas?

        -- Lembro vagamente. O senhor vai querer mais alguma coisa? E me serve mais um destes. Depois decidimos que ela podia ficar na copa. Aí ela já estava mais crescidinha. Jantávamos com ela ligada, porque tinha um programa que o garoto não queria perder. Capitão Qualquer Coisa. A empregada também gostava de dar uma espiada. José Roberto Kely. Não tinha um José Roberto Kely?

        -- Não me lembro bem. O senhor não me leva a mal, mas não posso servir mais nada depois deste. Vamos fechar.

        -- Minha mulher nem sonhava em botar ela na sala. Arruinaria toda a decoração. Nessa época já tinha nascido o nosso segundo filho e ele só ficava quieto, para comer, com ela ligada. Quer dizer, aos pouco ela foi afetando os hábitos da casa. E então surgiu, surgiu um personagem novo nas nossas casas que iria mudar tudo. Sabe quem foi?

        -- Quem?

        -- O Sheik de Agadir. Eu, se quizesse, poderia processar o Sheik de Agadir. Ele arruinou o meu lar.

        -- Certo. Vai querer a conta? – Minha mulher se apaixonou pelo Sheik de Agadir. Por causa dele, decidimos que ela poderia ir para a sala de visitas. Desde que ficasse num canto, escondida, e só aparecesse quando estivesse ligada. Nós tínhamos uma vida social intensa. Sempre iam visitas lá em casa. Também saíamos muito. Cinema, Teatro, jantar fora. Eu continuava só vendo futebol e notícia. Mas minha mulher estava sucumbindo depois do Sheik de Agadir, não queria perder nenhuma novela.

        -- Certo. Aqui está a sua conta. Infelizmente temos que fechar o bar.

        -- Eu não quero a conta. Quero outra bebida. Só mais uma.

        -- Está bem… Só mais uma.

        -- Nosso filho menor, o que nasceu depois do Sheik de Agadir, não saía de frente dela. Foi praticamente criado por ela. É mais apegado à ela do que a própria mãe. Quando a mãe briga com ele, ele corre pra perto dela pra se proteger. Mas onde é que eu estava? Nas novelas. Minha mulher sucumbiu às novelas. Não queria mais sair de casa. Quando chegava visita, ela fazia cara feia. E as crianças, claro só faltavam bater em visita que chegasse em horário nobre. Ninguém mais conversava dentro de casa. Todo mundo de olho grudado nela. E então aconteceu outra coisa fatal. Se arrependimento matasse…

        -- Termine a sua bebida, por favor. Temos que fechar.

        -- Foi a copa do mundo. A de 74. Decidi que para as transmissões da copa do mundo ela deveria ser bem maior. E colorida. Foi a minha ruína. Perdemos a copa, mas ela continua lá, no meio da sala. Gigantesca. É o móvel mais importante da casa. Minha mulher mudou a decoração da casa para combinar com ela. Antigamente ela ficava na copa para acompanhar o jantar. Agora todos jantam na sala para acompanhá-la.

        -- Aqui está a conta.

        -- E, então, aconteceu o pior. Foi ontem, hora do Dancin’Days e bateram na porta. Visitas. Ninguém se mexeu. Falei para a empregada abrir a porta, mas ela fez “Shhh!” sem tirar os olhos da novela. Mandei os filhos, um por um, abrirem à porta, mas eles nem me responderam. Comecei a me levantar. E então todos pularam em cima de mim. Sentaram no meu peito. Quando comecei a protestar, abafaram o meu rosto com a almofada cor de tijolo que minha mulher comprou para combinar com a maquiagem da Júlia. Só na hora do comercial, consegui recuperar o ar e aí sentenciei, apontando para ela ali, impávida no meio da sala: “Ou ela, ou eu!”. O silêncio foi terrível.

        -- Está bem… mas agora vá para casa que precisamos fechar. Já está quase clareando o dia…

        -- Mais tarde, depois da Sessão Coruja, quando todos estava dormindo, entrei na sala, pé ante pé. Com a chave de parafuso na mão. Meu plano era atacá-la por trás, abri-la e retirar uma válvula qualquer. Não iria adiantar muita coisa, eu sei. Eles chamariam um técnico às pressas. Mas era um gesto simbólico. Ela precisava saber quem é que mandava dentro de casa. Precisava sabe que alguém não se entregava completamente a ela, que alguém resistia. E então, quando me preparava para soltar o primeiro parafuso, ouvi a sua voz. “Se tocar em mim você morre”. Assim com toda a clareza. “Se tocar em mim você morre”. Uma voz feminina, mas autoritária, dura. Tremi. Ela podia estar blefando, mas podia não estar. Agi depressa. Dei um chute no fio, desligando-a da tomada e pulei para longe antes que ela revidasse. Durante alguns minutos, nada aconteceu. Então ela falou outra vez. “Se não me ligar outra vez em um minuto, você vai se arrepender”. Eu não tinha alternativa. Conhecia o seu poder. Ela chegara lá em casa pequenininha e aos poucos foi crescendo e tomando conta. Passiva, humilde, obediente. E vencera. Agora chegara a hora da conquista definitiva. Eu era o único empecilho à sua dominação completa. Só esperava um pretexto para me eliminar com um raio católico. Ainda tentei parlamentar. Pedi que ela poupasse a minha vida. Perguntei o que ela queria, afinal. Nada. Só o que ela disse foi “Você tem 30 segundos”.

        -- Muito bem. Mas preciso fechar. Vá para casa.

        -- Não posso.

        --Por quê? – Ela me proibiu de voltar lá.

Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Identifique as personagens do texto. Quem são?

      A televisão, a empregada, o filho mais velho, o narrador, a mulher, o segundo filho e o filho menor.

02 – O narrador do texto:

a)   Observa de fora e conta a história (narrador-observador).

b)   Participa da história que conta (narrador-personagem).

03 – Em que espaço se passa a história?

      Se passa dentro de casa, quartinho dos fundos, a copa e a sala.

04 – Na crônica o discurso predominante é?

a)   Discurso direto.

b)   Discurso indireto.

05 – Qual é o tempo da crônica, cronológico ou psicológico?

      Cronológico, pois é determinado pela sucessão dos acontecimentos narrados.

06 – O título da crônica é um pronome pessoal. A quem se refere esse pronome?

      Ela – é um pronome pessoal (3ª pessoa do singular). Se refere a televisão.

07 – Do que fala o texto?

      Faz uma crítica que a TV está afetando as relações familiares dentro da sua casa.

08 – Na crônica são citados programas de TV de uma determinada época. Cite os programas falados no texto e diga a que ano referem-se.

·        Programa Noites Cariocas TV Rio 1965. José Roberto Kely.

·        Telenovela Rede Globo 1966/7. Sheik de Agadir.

·        Telenovela Rede Globo 1978/9. Dancin’Days.

·        Sessão de filmes nas madrugadas da Rede Globo 1972/2016. Copa do mundo 74 e Sessão coruja.

·        Clube do Capitão AZA TV Tupi 1966/79. Capitão Qualquer Coisa.

09 – Na crônica temos um objeto que adquire ações próprias dos seres humanos, a esse fato denominamos personificação. Encontre no texto ações humanos realizadas por um objeto e escreva-as abaixo.

      O objeto é a televisão.

      “... Tão pequenininha! Foi uma festa. Botamos ela num quartinho dos fundos”.

      “... Aí ela já estava mais crescidinha...”

      “... Quer dizer, aos pouco ela foi afetando os hábitos da casa”.

 


CRÔNICA: O PAVÃO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

Crônica: O Pavão

               Rubem Braga

        Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

        Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

        Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

Rio, novembro, 1958

Simples e ternas. Assim são as lindas crônicas de Rubem Braga.
                      Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 149.  Agradeço ao Antônio pela lembrança.

Entendendo a crônica:

01 – No 2° parágrafo do texto, a expressão ATINGIR O MÀXIMO DE MATIZES significa o artista:

a)   Fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.

b)   Conseguir o maior número de tonalidades.

c)   Trazer com que o pavão ostente suas cores.

d)   Fragmentar a luz nas bolhas d’água.

02 – No trecho da crônica, os elementos coesivos produzem a textualidade que sustenta o desenvolvimento de uma determinada temática. Com base nos princípios linguísticos da coesão e da coerência, pode-se afirmar que:

a)   Na passagem, “Mas andei lendo livros”, o emprego do gerúndio indica uma relação de proporcionalidade.

b)   O pronome demonstrativo. “Este” (linha 6) exemplifica um caso de coesão anafórica, pois seu referente textual vem expresso no parágrafo seguinte.

c)   O articulador temporal “por fim” (linha 9) assinala, no desenvolvimento do texto, a ordem segundo a qual o assunto está sendo abordado.

d)   A expressão. “Oh! Minha amada” é um termo resumitivo que articula a coerência entre a beleza do pavão e a simplicidade do amor.

e)   O pronome pessoal “ele” (linha 7), na progressão textual, faz uma referência ambígua a “pavão”.

03 – De acordo com o texto, a “leitura” é uma tarefa capaz de:

a)   Apresentar características do pavão.

b)   Divulgar informações sobre arco-íris.

c)   Esclarecer sobre fatos da realidade.

d)   Modificar os hábitos da sociedade.

04 – Ao dizer que “o pavão é um arco-íris de plumas”, o autor pretende mostrar que:

a)   Formar um arco-íris “de pluma” depende das mesmas condições de formação do arco-íris.

b)   Molhar o pavão em dias de sol é um fator que contribui na formação das suas cores.

c)   O fenômeno que forma o arco-íris é similar à formação das cores nas penas do pavão.

d)   O pavão apresenta sete cores durante a formação de cores que dão a vida às suas plumas.

05 – Qual destes trechos, retirados do texto, apresenta uma opinião?

a)   “Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial”.

b)   “Mas andei lendo livros, e descobrir que aquelas cores todas não existem na pena do pavão”.

c)   “O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma”.

d)   “[...] de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos [...]”.


TEXTO: UM PRÍNCIPE MEDROSO - ROSÂNGELA TRAJANO - COM GABARITO

Texto: Um príncipe medroso

          Rosângela Trajano

        Dizem que os príncipes devem ser corajosos. Mas ninguém é igual a outro. E isso é verdade. Vou lhes provar. Havia um príncipe que tinha medo de muitas coisas, o medo fazia parte do seu jeito de ser, ninguém podia modificar aquilo de um dia para o outro.

        As pessoas sorriam do príncipe e diziam: – Quem já viu um príncipe medroso? – E o coitado do príncipe não tinha coragem de enfrentar dragões, pântanos e muito menos bruxas. Ele só queria ter uma vida normal como qualquer outra pessoa da corte.

        Mas, um dia, depois de tanto procurar pela coragem foi pego de surpresa por um leão feroz enquanto caçava. Lutou com o leão. Venceu o duelo. O leão fugiu com medo dele.

        Depois daquele dia descobriu que a coragem estava escondida dentro de si, que tudo na vida desabrocha quando necessitamos. É a lei da sobrevivência que nos faz agir ou falar em nossa defesa.

Rosângela Trajano.

Entendendo o texto:

01 – Como era o príncipe? 

      Ele tinha medo de muitas coisas.

02 – O que as pessoas diziam do príncipe?

      “– Quem já viu um príncipe medroso?”

03 – Onde estava a coragem do príncipe?

      Estava escondida dentro de si.

04 – Por que a coragem do príncipe foi despertada de repente?

      Porque foi pego de surpresa por um leão feroz enquanto caçava.

05 – Do que você tem medo?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Qual medo você queria perder?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Você já precisou enfrentar um medo? Qual?

      Resposta pessoal do aluno.

     


TEXTO: O MENINO QUE QUERIA SER BOMBEIRO - ROSÂNGELA TRAJANO - COM GABARITO

Texto: O menino que queria ser bombeiro

           Rosângela Trajano

        O menino tinha um sonho. Ele sonhava ser bombeiro. Quando ouvia a sirene do carro dos bombeiros, o menino já ficava em alerta. Parecia um soldado em combate. Estava sempre pronto para salvar vidas.

        O menino ganhou do seu pai um carro de bombeiro. Ficou todo feliz com o seu presente. Dizia a todos que quando crescesse seria um bombeiro para ser um herói. Não teria medo de fogo e nem de alturas. Correria riscos para salvar vidas.

Rosângela Trajano.

Entendendo o texto:

01 – Qual o título do texto?

      “O menino que queria ser bombeiro”.

02 – Qual o sonho do menino?

      Sonhava em ser bombeiro.

03 – Como ficava o menino ao ouvir a sirene do carro dos bombeiros?

      O menino já ficava em alerta.

04 – O que o menino dizia a todos?

      Que quando crescesse seria um bombeiro para ser um herói.

05 – Do que o menino não teria medo?

      Ele não teria medo de fogo e nem de alturas.

06 – Escreva um pequeno texto contando sobre o que você quer ser quando crescer?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – O que é um herói?

      É um personagem modelo, que reúne, em si, os atributos necessários para superar, de forma excepcional, um determinado problema.

08 – Como nos tornamos heróis?

      Quando damos um bom exemplo.

09 – Por que é bom ser um herói?

      Para ser uma referência para as pessoas, a família.

10 – O que os heróis sofrem?

      Porque trazem uma carga extremamente pesada, maldições, invejas e até complicações com seus próprios poderes, por isso sofrem.

 


ANÚNCIO PUBLICITÁRIO: O QUE FAZ VOCÊ FELIZ? REVISTA VEJA - COM GABARITO

Anúncio: O que faz você feliz?


A lua, a praia, o mar
A rua, a saia, amar...
Um doce, uma dança, um beijo,
Ou é a goiabada com queijo?
Afinal, o que faz você feliz?
Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde,
Arroz com feijão, matar a saudade...
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?
Um filme, um dia, uma semana
Um bem, um biquíni, a grama...
Dormir na rede, matar a sede, ler...
Ou viver um romance? O que faz você feliz?
Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir à toa,
Um pássaro, ser dono do seu nariz...
Ou será um choro que te faz feliz?
A causa, a pausa, o sorvete,
Sentir o vento, esquecer o tempo,
O sal, o sol, um som
O ar, a pessoa ou o lugar?
Agora me diz,
O que faz você feliz?

                         (Anúncio publicitário do Grupo Pão de Açúcar – veiculado na Revista VEJA, edição de 21 de março de 2007).

Entendendo o anúncio:

01 – Nesse texto publicitário predomina um padrão de linguagem coloquial, no qual podem ocorrer desvios do padrão culto da língua. Assinale a alternativa contendo desvio(s).

a)   “Ou é a goiabada com queijo”.

b)   “O aumento, a casa, o carro que você sempre quis”.

c)   “O que faz você feliz”.

d)   “Um cafuné, café com leite, rir à toa”.

e)   “Agora me diz, o que faz você feliz”.

02 – Podemos destacar alguns elementos que caracterizam o texto como propaganda de uma rede de supermercados. Assinale a alternativa que cumpre melhor esse intento.

a)   Referência explícita a produtos industrializados, tais como “saia”, “doce”, “goiabada”, “queijo”, todos potencialmente à venda em supermercados.

b)   Apelo à ideia de que a felicidade depende de elementos naturais, tais como “lua”, “praia” e “mar”, aonde só se chega por meio das relações de compra e venda da sociedade de consumo.

c)   Menção aos atos de “dormir cedo e acordar tarde”, que evocam, por oposição e contraste, o ciclo do trabalho, base da vida voltada para as necessidades do consumo.

d)   Citação dos sonhos, em “ou são os sonhos que te fazem feliz?”, para simbolizar tudo aquilo que a noção do consumo leva as pessoas a almejar.

e)   Evocação da liberdade, na figura do pássaro, em “um pássaro, ser dono do seu nariz”, a qual sugere abandonar as limitações das pessoas compelidas a consumir mais.

 


TEXTO/RESENHA - MULTIMUNDO - ANA LUÍZA BASÍLIO - COM GABARITO

 Texto/Resenha: Multimundo

                     Ana Luiza Basílio

        Livro propõe uma viagem bem-humorada pela diversidade e pela semelhança que unem a todos.

        Um mundo de infinitas possibilidades. Todos são únicos, cada um é vários. Bem-vindos à festa do compartilhar. Transforme-se, carnavalize-se, multiplique-se. Mundo variado. Mundo múltiplo. Multimundo (trecho do livro Multimundo).

        É ao convidar as crianças a uma volta ao planeta que o livro “Multimundo” faz elogios às diferenças e à condição humana, universal.

        A cada página, desenhos e narrativas simples cuidam de apresentar aos leitores as diferenças que nos tornam tão particulares e ao mesmo tempo tão semelhantes.

        Há quem viva à beira da praia, e espera o que vem do mar. Há quem viva em iglus, lado a lado com as focas. Há os que empinam pipa. Aborígenes e marinheiros. Judeus e africanos.

        Assinada por Gabriel Geluda e com ilustrações de Pablo David Sanchez Pitucardi, a obra quer convidar as pessoas a pensarem as diferenças, a empatia e a solidariedade, sobretudo em uma época em que se acirram os preconceitos, a xenofobia e o ódio.

Ana Luiza Basílio. Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br

Entendendo o texto/Resenha:

01 – Pode-se dizer que o texto acima é:

a)   Uma notícia.

b)   Uma resenha.

c)   Uma propaganda.

02 – Releia esta passagem: “Livro propõe uma viagem bem-humorada pela diversidade e pela semelhança que unem a todos”. Nessa passagem, a autora do texto:

a)   Avalia o livro “Multimundo”.

b)   Cita um fragmento do livro “Multimundo”.

c)   Estabelece uma comparação com o livro “Multimundo”.

03 – Quem escreveu o livro “Multimundo”?

a)   Gabriel Geluda.

b)   Pablo David Sanchez Pitucardi.

c)   Ana Luiza Basílio.

04 – Identifique o adjetivo, usado pela autora do texto, para caracterizar os desenhos e as narrativas do livro “Multimundo”:

a)   “Simples”.

b)   “Particulares”.

c)   “Semelhantes”.

05 – O trecho extraído do livro “Multimundo” foi indicado pelo itálico. Assinale o sinal de pontuação que poderia indicar a citação:

a)   Aspas.

b)   Colchetes.

c)   Parênteses.

06 – Em “Transforme-se, carnavalize-se, multiplique-se.”, o autor do livro “Multimundo”:

a)   Faz convites ao leitor.

b)   Emite ordens ao leitor.

c)   Dá conselhos ao leitor.

07 – Na frase “Há os que empinam pipa.”, o vocábulo “os” poderia ser substituído por:

a)   “Aqueles”.

b)   “Aborígenes e marinheiros”.

c)   “Judeus e africanos”.

08 – No segmento: “[...] a obra quer convidar as pessoas a pensarem as diferenças, a empatia e a solidariedade [...]”, a autora do texto:

a)   Expõe o objetivo do livro “Multimundo”.

b)   Levanta uma hipótese sobre o livro “Multimundo”.

c)   Propõe um questionamento sobre o livro “Multimundo”.

09 – Aponte o público-alvo do livro “Multimundo”:

a)   Crianças.

b)   Adolescentes.

c)   Adultos.


quarta-feira, 8 de julho de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): SAUDADES DA GUANABARA - COMPOSIÇÃO: MOACYR LUZ - / INTERPRETAÇÃO BETH CARVALHO - COM GABARITO

Música(Atividades): Saudades da Guanabara - (Moacyr Luz)

               

 Eu sei

Que o meu peito é lona armada

Nostalgia não paga entrada

Circo vive é de ilusão (eu sei)

Chorei

Com saudades da Guanabara

Refulgindo de estrelas claras

Longe dessa devastação (e então)

Armei

Pic-nic na Mesa do Imperador

E na Vista Chinesa solucei de dor

Pelos crimes que rolam contra a liberdade

Reguei

O Salgueiro pra muda pegar outro alento

Plantei novos brotos no Engenho de Dentro

Pra alma não se atrofiar (Brasil)

Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro

Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro

Precisa se regenerar

Eu sei

Que a cidade hoje está mudada

Santa Cruz, Zona Sul, Baixada

Vala negra no coração

Chorei

Com saudades da Guanabara

Da Lagoa de águas claras

Fui tomado de compaixão (e então)

Passei

Pelas praias da Ilha do Governador

E subi São Conrado até o Redentor

Lá no morro Encantado eu pedi piedade

Plantei

Ramos de Laranjeiras foi meu juramento

No Flamengo, Catete, na Lapa e no Centro

 

Pois é pra gente respirar (Brasil)

Brasil

Tira as flechas do peito do meu Padroeiro

Que São Sebastião do Rio de Janeiro

Ainda pode se salvar.

                   Composição: Paulo César Pinheiro / Moacyr Luz / Aldir Blanc.

                          Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 73-4.

Entendendo a canção:

01 – Num primeiro momento, a nostalgia toma conta do eu lírico, que, por isso, compara seu peito a um circo. Por quê?

      No circo tudo é ilusão. O compositor faz uso da comparação porque relembra os seus tempos de criança.

02 – Você sabe o que é “viver de ilusão”? Tem exemplos para dar sobre pessoas que vivem na ilusão? Comente e justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É viver em fantasia.

03 – Por que chora o eu lírico? Justifique sua resposta, com base o texto.

      Chora por sentir saudade de uma Guanabara diferente: limpa, preservada, livre da violência.

04 – O eu lírico fez uma passagem por diversos pontos da antiga Guanabara. Por que ele fez isso? Procure perceber a partir do contexto.

      Fez um jogo de palavras, usando nomes de bairros e pontos turísticos, para ressaltar ainda mais as características da vida da antiga Guanabara.

05 – Na Vista Chinesa – ponto turístico do Rio de Janeiro –, usando linguagem figurada, o eu lírico arma uma mesa para si (o imperador dos sonhos) e soluça de dor. O que acontece nessa região e que causa dor ao eu lírico? Pelo texto podemos responder.

      A Vista Chinesa, local turístico de beleza ímpar, hoje foi transformado em local de violência e vandalismo.

06 – Novamente em linguagem figurada, o eu lírico fala em regar e plantar, atos que lembram crescimento, frutos... Comente, justificando.

      Ao regar e plantar os “frutos”, representados pela verde paisagem, espera que volte a florescer uma Guanabara idêntica à que conheceu há tempos.

07 – Compare a situação da Guanabara com a cidade ou o lugar em que você mora.

      Resposta pessoal do aluno.


POEMA: AULA DE PORTUGUÊS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: AULA DE PORTUGUÊS

            Carlos Drummond de Andrade

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade.

Entendendo o poema:

01 – Explorando a função emotiva da linguagem, o poeta expressa o contraste entre marcas de variação de usos da linguagem em:

a)   Situações formais e informais.

b)   Diferentes regiões dos pais.

c)   Escolas literárias distintas.

d)   Textos técnicos e poéticos.

e)   Diferentes épocas.

02 – A partir da leitura dos textos, considere as proposições feitas sobre esses:

I – Observando os verbos: atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me, pode-se afirmar que o eu lírico guarda uma boa lembrança do estudo de gramática em sua infância.

II – O uso das aspas nas orações “português é muito difícil” e “brasileiro não sabe português” isenta a responsabilidade do autor ao escrever tais enunciados, indicando que não é ele quem afirma isso, mas as pessoas em geral. Trata-se de uma visão de ideias comuns na sociedade brasileira.

III – No poema, o eu lírico está falando das diferenças entre o português falado e o português escrito.

        Pode-se então afirmar que:

a)   I e II estão corretas.

b)   I e III estão corretas.

c)   II e III estão corretas.

d)   Todas estão corretas.

03 – O poema que você acabou de ler, fala-nos de língua e linguagem: “A linguagem / na ponta da língua, / [...] / Já esqueci a língua em que comia...”. Esses dois termos são sinônimos?

      Não. Linguagem é todo sistema de sinais convencionais que permite atos de comunicação. Língua é a linguagem que utiliza palavras como sinal de comunicação.

04 – A expressão “na ponta da língua” é denotativa ou conotativa? Explique.

      Conotativa. Porque denotativa é o uso da palavra em seu sentido original e conotativa no sentido figurado.

05 – Apesar do paralelismo entre a primeira e a segunda estrofe (ambas se iniciam de forma semelhante: “A linguagem / na ponta da língua” e “A linguagem na superfície estrelada”), elas se opõem. Explique essa oposição.

      “A linguagem / na ponta da língua”, refere-se ao português falado (coloquial), já “a linguagem na superfície estrelada”, é o português escrito (formal).

06 – No poema, o falante revela uma relação ambígua com a língua que fala, o português, chegando mesmo a afirmar que “o português são dois...”, explique em que consiste essa ambiguidade e quais são esses dois “português”.

      Porque o mesmo idioma pode ser empregado em diferentes situações, um falado, ou seja, linguagem informal e o outro que aprendemos na escola, linguagem formal, exigida na escrita.

07 – O autor escolheu o adjetivo esquipáticas, que significa “esquisitas”, para caracterizar as figuras de gramática. Por que ele teria preferido esquipáticas a esquisitas?

      Esquipáticas = antipáticas, porque o autor literalmente não gostava da gramática, devido suas regras.

08 – Explique a expressão: “O português são dois, o outro, mistério”.

      Aqui temos uma referência entre a diferença do português falado para a norma padrão que determina a escrita. Norma esta que com frequência é desconhecida e até mesmo não utilizada no dia-a-dia, passando a impressão de ser inorgânica, artificial. Portanto, um mistério para os falantes da língua.

09 – Pela leitura do poema, percebe-se que o eu lírico ressalta uma:

a)   Defesa pela aprendizagem da norma-padrão na escola.

b)   Postura preconceituosa em relação ao modo de falar informal.

c)   Ideia de que os alunos são incapazes de aprender gramática normativa.

d)   Percepção de que os professores de gramática colaboram para sua ignorância.

e)   Diferença entre realidade linguística da fala e idealização da gramática normativa.