quarta-feira, 24 de junho de 2020

CRÔNICA: A CASA MATERNA - VINÍCIUS DE MORAES - COM GABARITO

Crônica: A Casa Materna          

                 Vinícius de Moraes

   Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão tem uma velha ferrugem e o trinco se encontra num lugar que só a mão filial conhece. O jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões e samambaias, que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.

  É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tradicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como em preces, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram moças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem mutuamente. O piano fechado, com uma longa tira de flanela sobre as teclas, repete ainda passadas valsas, de quando as mãos maternas careciam sonhar.

        A casa materna é o espelho de outras, em pequenas coisas que o olhar filial admirava ao tempo em que tudo era belo: o licoreiro magro, a bandeja triste, o absurdo bibelô. E tem um corredor à escuta, de cujo teto à noite pende uma luz morta, com negras aberturas para os quartos cheios de sombra. Na estante junto à escada há um Tesouro da juventude com o dorso puído de tato e de tempo. Foi ali que o olhar filial primeiro viu a forma gráfica de algo que passaria a ser para ele a forma suprema da beleza: o verso.

        Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos a presença dos passos filiais. Pois a casa materna se divide em dois mundos: o térreo, onde se processa a vida presente, e o de cima, onde vive a memória. Embaixo há sempre coisas fabulosas na geladeira e no armário da copa: roquefort amassado, ovos frescos, mangas-espadas, untuosas compotas, bolos de chocolate, biscoitos de araruta – pois não há lugar mais propício do que a casa materna para uma boa ceia noturna. E porque é uma casa velha, há sempre uma barata que aparece e é morta com uma repugnância que vem de longe. Em cima ficam os guardados antigos, os livros que lembram a infância, o pequeno oratório em frente ao qual ninguém, a não ser a figura materna, sabe porque queima às vezes uma vela votiva. E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia.

        A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola. Seu corpo como que se marca ainda na velha poltrona da sala e como que se pode ouvir ainda o brando ronco de sua sesta dominical. Ausente para sempre de sua casa materna, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas e as mãos filiais ainda mais unidas em torno à grande mesa, onde já agora vibram também vozes infantis.

 Vinícius de Moras.

Entendendo a crônica:

01 – Pesquise e responda:

·        Dorido: que tem e/ou expressa alguma dos (física ou moral).

·        Untuoso: gorduroso.

·        Votivo: ofertado em promessa.

02 – No 1° parágrafo se observa um sentimento de saudosismo do narrador em relação à casa materna, sugerido pela passagem do tempo. Segundo o texto, o que NÃO sugere a passagem do tempo, quando ele entra em casa?

a)   A ferrugem nas grades do portão.

b)   A lembrança do local do trinco do portão, que só os filhos conheciam.

c)   O pequeno jardim transformado desde a entrada da casa.

d)   O hábito infantil de tirar as folhas da haste de samambaia.

03 – O silêncio estende-se por toda a casa materna, cheia de imagens do passado. Nesta frase: “As coisas vivem em prece [...]”, o significado é:

a)   Os problemas começaram a se resolver com tranquilidade.

b)   Os fatos vão acontecendo pouco a pouco, sem atropelos.

c)   Com o passar do tempo, tudo se modifica rápido.

d)   A vida parece igual, tudo continua da mesma forma.

04 – Em que passagem do texto é possível entender que a mãe, já idosa, ainda continua na casa e que o pai havia falecido?

a)   “Ausente para sempre de sua casa materna, a figura paterna parece mergulhá-la docemente na eternidade, enquanto as mãos maternas se fazem mais lentas [...]”.

b)   “A imagem paterna persiste no interior da casa materna. Seu violão dorme encostado junto à vitrola”.

c)   “E a cama onde a figura paterna repousava de sua agitação diurna. Hoje, vazia”.

d)   “Na escada há o degrau que estala e anuncia aos ouvidos maternos e presença dos passos filiais”.

05 – Com base no texto, considere as afirmativas abaixo:

I – O andar térreo continua a ser utilizado.

II – O corredor é visto como personagem dos fatos que ocorrem na casa materna.

III – O piano fechado simboliza todo passado de alegria e sonhos que ficou para trás e deu lugar à saudade.

Está CORRETO o que se afirma em:

a)   I e II, apenas.

b)   I e III, apenas.

c)   II e III, apenas.

d)   I, II e III.

06 – Qual é a função do termo destacado na oração abaixo? “As grades do portão têm uma velha ferrugem”.

a)   Objeto indireto.

b)   Adjunto adnominal.

c)   Complemento nominal.

d)   Aposto.

 


CRÔNICA: A VERDADE - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: A Verdade

                Luís Fernando Veríssimo

    Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho deixando a água do riacho passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu seu anel de diamante ser levado pelas águas. Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque e que ele arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margaridas.

    O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:

        – Agora me lembro, não era um homem, eram dois.

        – E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem e o encontraram, e o mataram, mas ele também não tinha o anel. E a donzela disse:

        – Então está com o terceiro!

        Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante. E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque. Mas não o mataram, pois estavam fartos de sangue. E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela, para espanto dela.

        – Foi ele que assaltou a donzela, e arrancou o anel de seu dedo e a deixou desfalecida – gritaram os aldeões. – Matem-no!

        – Esperem! – gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. – Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!

        E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos.

        O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo. Depois a donzela tirara a roupa e pedira e pedira que ele a possuísse, pois queria saber o que era o amor. Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera o anel, dizendo “Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o seu amor”. E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra.

        Todos se viraram contra a donzela e gritaram: “Rameira! Impura! Diaba!” e exigiram seu sacrifício. E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço.

        Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:

        – A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade?

        O pescador deu de ombros e disse:

        – A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria nisso? O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador.

 Conto, Literatura Brasileira, Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Por que você acha que a donzela nem tentou desmentir o homem? O que você faria no lugar dela?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Que mensagem o texto transmite?

      Que a mentira é algo ruim e reprovável, trazendo sempre consequências. Não existe tamanho de mentira; mentira é sempre mentira.

03 – Justifique as aspas utilizadas neste trecho: “Rameira! Impura! Diaba!”

      Foram usadas para realçar os xingamentos das pessoas para a donzela.

04 – Copie do texto um exemplo de polissíndeto, explicando seu raciocínio.

      “... Depois a donzela tirara a roupa e pedira e pedira que ele possuísse...”.

      Polissíndeto – consiste em repetir uma conjunção coordenativa.

05 – Você defende, em algum momento, a mentira? Ela deve ser usada em alguma ocasião? Comente.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Em que pessoa verbal o narrador conta o fato?

      Em terceira pessoa do singular e o narrador é narrador-observador.

07 – Quais são os personagens envolvidos no texto?

      A donzela, o pai, o irmão e os três suspeitos assaltantes.

08 – Em que parágrafo o autor menciona o acontecimento que derivou esta crônica?

      No primeiro parágrafo.

09 – Antes de morrer, o que a donzela disse para o pescador?

      “—A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão matar pela sua. Onde está afinal, a verdade?”

10 – Quais características pertinente ao gênero crônica podemos encontrar neste texto?

·        Narrativa curta.

·        Linguagem simples e coloquial.

·        Poucos personagens.

·        Espaço reduzido.

 

 


CRÔNICA: ENGRAÇADA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Engraçada

               Luís Fernando Veríssimo

     Minha mulher e eu temos o segredo para fazer um casamento durar: Duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida e um bom companheirismo.

  Ela vai às terças-feiras e eu, às quintas.

    Nós também dormimos em camas separadas: a dela é em Fortaleza e a minha, em SP.

        Eu levo minha mulher a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta.

        Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento, “em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!” ela disse. Então, sugeri a cozinha.

        Nós sempre andamos de mãos dadas…Se eu soltar, ela vai às compras!

        Ela tem um liquidificador, uma torradeira e uma máquina de fazer pão, tudo elétrico. Então, ela disse: “nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar”. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica.

        Lembrem-se: o casamento é a causa número 1 para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento.

        Eu me casei com a “senhora certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “sempre”.

        Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.

        Mas, tenho que admitir: a nossa última briga foi culpa minha.

        Ela perguntou: “O que tem na TV?”

        E eu disse: “Poeira”.

                        Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – Pode-se afirmar que o tema ou assunto abordado no texto é:

      Uma crítica ao sistema de relacionamentos que existe atualmente.

02 – Que marcas o texto possui que o identifica como o gênero crônica e qual é a sua finalidade? Justifique sua resposta.

      Marcas são: Um texto breve com linguagem informal e sua finalidade é contar um evento cotidiano sendo ele real ou fantasioso, podendo ser em tempo cronológico ou psicológico.

03 – O autor do texto afirma que a última briga do casal partiu de uma pergunta da esposa ao marido e da resposta dada por ele. Por que a esposa teria se irritado com a resposta do marido?

      Porque ela perguntou o que tinha (estava passando) na TV, e ele respondeu: poeira. Isso irritou a esposa, pois a chamou de desleixada com a casa.

04 – No trecho: “Nós sempre andamos de mãos dadas... se eu soltar, ela vai às compras!”, o que significa o uso das retic~encias?

      Significa a suspenção ou interrupção de uma ideia ou pensamento.

05 – Qual é o foco narrativo?

      O foco é narrador-personagem, pois conta a história através de uma perspectiva de dentro da história, usando a primeira pessoa do plural (nós).

 


CRÔNICA: DIA DO PROFESSOR DE ANACOLUTOS - LOURENÇO DIAFÉRIA - COM GABARITO

CRÔNICA: Dia do professor de anacolutos       

                         Lourenço Diaféria

        Levantei-me, corri a pegar o giz, aqui está, professor. Ele me olhou agradecido, o rosto cansado. Já naquela época, o rosto cansado.

        Dava aulas em três escolas e ainda levava para casa uma maçaroca de provas para corrigir.

        O aluno preparava-se para sentar, ele, o olhar fino:

        – Aproveitando que o moço está de pé, me diga: sabe o que é um anacoluto?

        É o que dá a gente querer ser legal.

        Vai-se apanhar o giz do chão, e o professor vem e pergunta o que é anacoluto. Por que não pergunta àquela turma que ficou rindo do bolso traseiro rasgado das calças dele?

        – Anacoluto... Anacoluto é... Anacoluto.

        – Pode se sentar. Vou explicar o que é anacoluto. Muito obrigado por ter apanhado o giz do chão. Estou ficando enferrujado.

        Agora era ele, no bar, tomando café.

        – Lembra de mim, professor?

        Também estou de cabelos brancos. Menos que ele, claro.

        Com o indicador da mão esquerda acerta o gancho dos óculos no alto do nariz fino e cheio de pintas pretas e veiazinhas azuladas, me encara, deve estar folheando o livro de chamada, verificando um a um o rosto da cambada da segunda fila da classe.

        – Fui seu aluno, professor!

DIAFÉRIA, Lourenço. Disponível em:

                        https://drive.google.com/file/d/0BzPewewkSxkzZXRTbHZwT2lzMEU/edit. Acesso em: 23 de julho de 2019.

Entendendo o texto:

01 – A expressão destacada em: “Estou ficando enferrujado”, tem o mesmo sentido de:

a)   Contrair doenças.

b)   Estar preguiçoso.

c)   Ser descuidado.

d)   Ter limitações.

02 – No texto, há um traço de humor no trecho:

a)   “Levantei-me, corri a pegar o giz...”.

b)   “Ele me olhou agradecido, o rosto cansado.”

c)   “É o que dá a gente querer ser legal.”

d)   “Pode se sentar. Vou explicar o que é anacoluto.”

e)   “Agora era ele, no bar, tomando café”.

03 – No trecho: “Anacoluto... Anacoluto é... Anacoluto”. A repetição da palavra “Anacoluto” sugere:

a)   Brincadeira.

b)   Confirmação.

c)   Desconhecimento.

d)   Desrespeito.

e)   Receio.

04 – Em que trecho do texto ocorre o Anacoluto.

      “[...] Pode se sentar. Vou explicar o que é anacoluto. Muito obrigado por ter apanhado o giz no chão. Estou ficando enferrujado”.

05 – Pesquise e responda o significado da figura de linguagem anacoluto.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Anacoluto é a figura que quebra a estruturação lógica da oração, mudando a construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa sensível.


ARTIGO DE OPINIÃO: A ESTUPIDEZ RACIAL - ANDRÉ PETRY - COM GABARITO

Artigo de Opinião: A estupidez racial    

      André Petry

   O deputado Paulo Paim, parlamentar negro do PT gaúcho, acha que quem é contra a criação de cotas raciais nas universidades pertence à "elite". Além de defender as cotas raciais, Paulo Paim é autor da proposta de instituição do Estatuto da Igualdade Racial, uma ideia tão estapafúrdia que chega a criar uma classificação oficial de raças – algo mais ou menos inspirado nos grandes momentos do nazismo. Na semana passada, mais de 100 brasileiros, entre intelectuais, acadêmicos, artistas e ativistas do movimento negro, divulgaram um manifesto pedindo ao Congresso Nacional que rejeite o projeto que cria as cotas raciais nas universidades e, também, o tal Estatuto da Igualdade Racial. Paulo Paim não gostou. Seu diagnóstico foi o seguinte: "Esse é um manifesto da elite, pois dar espaço aos negros não interessa". Pobre Paim.

        Dar espaço aos negros, ao contrário do que a paranoia do deputado sugere, interessa a todos os brasileiros. O que não interessa aos brasileiros – brancos, negros, índios – é a estupidez racial. O projeto das cotas raciais e o tal estatuto racial, a pretexto de combater as imensas desigualdades sociais no país, não passam de uma calamidade. Nem se perca tempo dizendo que, ao privilegiarem essa ou aquela "raça", os projetos ferem o ditame constitucional segundo o qual todos são iguais perante a lei. E nem se perca tempo dizendo que isso é uma agressão frontal ao princípio republicano da igualdade.

        É até pior: esses projetos são o ovo da serpente. Eles forçam os brasileiros a criar uma identidade racial, numa negação acintosa à originalidade de nossa miscigenação – dado fundador de nossa identidade. Eles criam um conceito legal de raça.  Se aprovados, o Brasil passará a ter "raças oficiais". Com essa asneira, estarão criadas condições ideais para gerar um clima de confrontação racial no país. É óbvio que o Brasil precisa reverter a desvantagem de descendentes de negros, que saíram da escravidão, e dos índios, que foram dizimados e aculturados. 

        Quanto a isso, não há dúvida. Também não há dúvida de que o país precisa reverter o descalabro em que vivem os brancos analfabetos e miseráveis. Isso significa que a desigualdade brasileira não é uma decorrência da tonalidade de pele, não é contra negros – é contra pobres. A entrada de serviço nos prédios de apartamentos não é para negros, é para pobres. As favelas e a mendicância não escolhem os negros. Escolhem os pobres. Sim, a maioria dos pobres são negros e pardos – e a melhor forma de combater essa desigualdade é criando oportunidades iguais, abrindo escolas, dando boa educação, oferecendo bons hospitais, gerando empregos. 

        O Estado tem a missão de oferecer oportunidades iguais e bons serviços públicos – bons e universais. Quando se naufraga no pântano de ficar criando divisões raciais e étnicas, institui-se um Estado capaz apenas de fazer politicazinhas que preveem a "inclusão" de uma "minoria" aqui, outra "minoria" ali. Não queremos ser uma federação de minorias. Queremos ser um país de cidadãos. É isso o que interessa a todos os brasileiros.

       André Petry (REVISTA VEJA, Segunda-feira, Julho 03, 2006).

Entendendo o texto:

01 – Qual dos itens apontados abaixo não foi citado pelo autor como um meio para se combater a desigualdade?

a)   Gerando empregos.

b)   Abrir escolas.

c)   Oferecendo bons hospitais.

d)   Promover a distinção entre raças.

02 – “Eles forçam os brasileiros a criar uma identidade racial, numa negação acintosa à originalidade de nossa miscigenação – dado fundador de nossa identidade”. A palavra destacada pode ser substituída por qual vocábulo citado abaixo?

a)   Mistura.

b)   Movimento.

c)   Monocultura.

d)   Morbidez.

03 – “Eles forçam os brasileiros a criar uma identidade racial.” – A que se refere o vocábulo sublinhado?

a)   Ao Estatuto do Idoso.

b)   Ao Estatuto da Criança e do Adolescente.

c)   Aos Projetos das Cotas Raciais.

d)   Nenhuma das alternativas anteriores.

04 – “Queremos ser um país de cidadãos” – A frase em destaque é atribuída:

a)   Aos brancos, negros e índios.

b)   Aos brasileiros.

c)   Aos projetos das cotas raciais.

d)   Ao autor do artigo.

05 – Qual das opções abaixo demonstra a opinião de alguns parlamentares negros sobre a criação de cotas raciais nas universidades?

a)   Quem é contra a criação de cotas raciais nas universidades pertence à “elite”.

b)   O que não interessa aos brasileiros... É a estupidez racial.

c)   A melhor forma de combater essa desigualdade é criando oportunidades iguais.

d)   Os projetos ferem o ditame constitucional segundo o qual todos são iguais.

06 – “O projeto das cotas raciais e o tal estatuto racial, a pretexto de combater as imensas desigualdades sociais no país, não passam de uma calamidade”. A expressão sublinhada expressa:

a)   Um fato.

b)   Uma opinião.

c)   Nem um fato nem uma opinião.

d)   Uma crônica.

 

 


FÁBULA: O CARROCEIRO EM APUROS - COM GABARITO

Fábula: O carroceiro em apuros 

       Uma carroça, por descuido do carroceiro, achava-se certa vez atolada em um pântano horrível. O homem gritava, ralhava, aguilhoava e chicoteava os seus bois; dobravam estes de esforço, porém nada conseguiam; o pegajoso barro prendia as rodas. O carroceiro pôs-se então a suplicar a Deus e aos santos, fez-lhes promessas de esmolas, de oferendas, se lhe safassem o carro do perigo. Então ouviu uma voz que dizia: O céu vai lhe ajudar: Faça o seguinte: pegue a enxada, desprenda a lama das rodas, examine onde mais sólido está o chão; cave e limpe esse maldito barro, empurre as rodas; agora toque seus bois. Ótimo! Veja lá o seu carro como vai andando... Cuidado com outros atoleiros! Vendo feito o milagre o carroceiro ajoelhou-se, agradecido. Então a voz se lhe fez de novo ouvir: Tens razão de agradecer, pois ficaste sabendo que o céu sempre ajuda a quem se ajuda a si próprio.

        Moral da história: Nos lances da vida aproveitemos a força e a inteligência que Deus nos concedeu, quem por indolente ou por desacoroçoado (desanimado) cruzar os braços, não conte com milagres que o salvem.

             In: Fábulas e contos. Disponível em: http://bit.l/2551Rlp. Acesso em: maio / 2019.

Entendendo a fábula:

01 – Durante o tempo em que a carroça ficou atolada, qual foi a primeira atitude do carroceiro para desprende-la?

a)   Ajoelhou-se e ficou muito desanimado.

b)   Fez promessas de esmolas e oferendas.

c)   Pegou a enxada e começou a retirar o barro.

d)   Tratou muito mal os bois que puxavam a carroça.

02 – O personagem suplica a Deus quando:

a)   Desprendeu a carroça e sabia que tinha mais atoleiros pela frente.

b)   Examinou que o barro era muito pegajoso e o pântano horrível.

c)   Percebeu que seus bois não conseguiriam desatolar a carroça.

d)   Teve a certeza de que seus bois não conseguiram sair do atoleiro.

03 – De acordo com o texto, a ajuda dada pelos céus deixou o carroceiro:

a)   Agradecido.

b)   Atento.

c)   Esforçado.

d)   Inteligente.

04 – No trecho: “Uma carroça, por descuido do carroceiro, achava-se certa vez atolada em um pântano horrível”, a expressão destacada indica:

a)   Certeza.

b)   Modo.

c)   Opinião.

d)   Tempo.

05 – Na frase: “Dobravam estes de esforço, porém nada conseguiam...”, a palavra sublinhada substitui.

a)   Bois.

b)   Braços.

c)   Lances.

d)   Santos.

 


segunda-feira, 22 de junho de 2020

POEMA: DEPOIS DE TUDO - FERNANDO SABINO - COM QUESTÕES GABARITADAS

  Poema: Depois de tudo


(Trecho do livro:"O Encontro Marcado", de Fernando     Sabino, p.154)

              De tudo ficaram três coisas:

  A certeza de que estamos sempre a começar…
  A certeza de que é preciso continuar…
  A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.

  Por isso devemos:

  Fazer da interrupção um caminho novo
  Da queda um passo de dança
  Do medo uma escada
  Do sonho uma ponte
  Da procura um encontro.

                                                                    Fernando Sabino

Entendendo o poema:

 01 – Embora este texto é um trecho do livro “O encontro marcado”, de  Fernando Sabino, tendo sua primeira publicação em 1967, ele nos remete ao momento atual de vivemos no mundo “A pandemia do Corona-vírus”. De que fala o autor?

      Ele está numa efetiva busca existencial, suas inquietações, impasses, incertezas.

 02 – O que poderia ser esta primeira certeza para os dias atuais?

      A certeza é a mudança. Não apenas nos hábitos – e nada tão certo quanto mudanças de hábitos.

      Assim como nos acostumamos ao cinto de segurança, agora a máscara, o sabão, o álcool em gel e o “distanciamento social”.

 03 – “... a certeza de que era preciso continuar...”. Que sentido esta frase têm no momento atual?

      Que mesmo com medo do corona-vírus, com essa sensação de onipotência, temos que continuar a ir ao mercado, a farmácia, ao banco, entre outros lugares essenciais.

 04 – Ainda relacionando a pandemia com o texto, o que seria a certeza de que seria interrompido antes de terminar?

      Há momentos com sinais de estabilização do contágio em quase todos os Estados e, então à ampliação no relaxamento precoce das quarentenas, em seguida há ascendência na curva do corona-vírus e é decretado medidas de restrição mais duras, como o lockdown.

 05 – E “... fazer da interrupção um caminho novo”, refere-se a que atualmente?

      O corona-vírus é visto como um acelerador de futuros com:

·        Trabalho remoto: serviço delivery;

·        Educação a distância: trouxe à tona a crise sanitária sem precedentes para a nossa geração; o fortalecimento de valores como solidariedade e empatia; o questionamento do modelo de sociedade baseando no consumismo e no lucro a qualquer custo.

 06 – Quais são os efeitos dessa pandemia?

      As transformações são inúmeras e passam pela política, economia, modelos de negócios, educação, relações sociais, cultura, psicologia social e a relação com a cidade e o espaço público, entre outras coisas.

 07 – Nossos valores mudarão após pandemia?

      A pandemia altera quem somos, afetando diversas facetas de nossa psique.

      Podemos aprovar algumas das mudanças – rumo a laços comunitários mais fortes e a valores humanitários – e desaprovar outras – a mente fechada e os raciocínios simplistas. Gostemos ou não, a imensa crise que estamos enfrentando faz emergir o melhor de nós.