quarta-feira, 17 de junho de 2020

POEMA: FAVELÁRIO NACIONAL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: FAVELÁRIO NACIONAL
        
     Carlos Drummond de Andrade

Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.

Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Entendendo o poema:

01 – Nos versos: “Mas, favela, ciao, / que este nosso papo / está ficando tão desagradável. / vês que perdi o tom e a empáfia do começo?” Verifica-se a presença predominante das funções de linguagem:

a)   Apelativa e referencial.

b)   Poética e referencial.

c)   Metalinguística e apelativa.

d)   Fática e emotiva.

02 – Neste poema o que o autor aborda?

      Ele faz uma breve análise da situação das favelas brasileiras na década de 1960.

03 – Leia este trecho do poema e responda:

“Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.

Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.”

        Assinale a alternativa que melhor sintetiza as ideias expressas no trecho do poema:

a)   A favela é um lugar perigoso, habitado por pessoas sem moral.

b)   O medo é um sentimento associado à favela como locus da violência, constante ameaça à ordem urbana.

c)   A cidade é um espaço segregado, que dificulta o conhecimento e o contato com o diferente e reforça preconceito sociais.

d)   Os habitantes da cidade são culpados pela pobreza e pela violência urbana.

e)   A violência está presente no imaginário social sobre as favelas e atenua as barreiras da segregação especial.

04 – Em uma das opções abaixo, percebe-se que o verbo foi utilizado de forma coloquial, não seguindo a rigidez imposta pelas regras gramaticais. Assinale a opção em que há essa ocorrência:

a)   “E nos desconheces, como igualmente não te conhecemos?”

b)   “Custa ser irmão / custa abandonar nossos privilégios”.

c)   “Vês que perdi o tom e a empáfia do começo?”

d)   “Aqui só vive gente, bicho nenhum / tem essa coragem”.

05 – Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu lírico. Porém, há uma opção em que não se verifica esse fato. Assinale-a.

a)   “Baixou em mim na viração / direto, rápido, telegrama nasal”.

b)   “Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver”.

c)   “Aqui só vive gente, bicho nenhum”.

d)   “Favela, erisipela, mal-do-monte”.

06 – Assinale a alternativa em que a função sintática exercida pela oração em destaque está corretamente indicada.

a)   “Medo de que sintas como sou culpado” – Adjunto adverbial.

b)   “Custa ser seu irmão” – Objeto direto.

c)   “... telegrama nasal anunciando morte...” – Adjunto adnominal.

d)   “Medo só de te sentir, encravada” – Objeto direto.

07 – Assinale a alternativa que apresenta uma análise INACEITÁVEL sintática ou semanticamente.

a)   O vocábulo melhor introduz uma espécie de retificação do que foi anteriormente abordado.

b)   Os dois pontos no versos 7 (sete) foram utilizados para introduzir a enumeração das características do mau cheiro.

c)   Em “e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade”, o termo em destaque complementa o nome que exerce função sintática de predicativo do sujeito.

d)   O pronome demonstrativo este foi utilizado para marcar uma posição no tempo presente em que se estabelece o diálogo.


BIOGRAFIA: VIDA E OBRA DA MINEIRA ADÉLIA PRADO - ADÉLIA PRADO - COM GABARITO

Biografia: Vida e Obra da Mineira Adélia Prado

                                                            
Adélia Prado (1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Recebeu da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti de Literatura, com o livro "Coração Disparado", escrito em 1978. Mineira de Divinópolis, sua obra recria numa linguagem despojada e direta, a vida e as preocupações dos personagens do interior mineiro.

        Adélia Prado nasceu em Divinópolis, em Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Era filha de João do Prado Filho, ferroviário, e de Ana Clotilde Correa. Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Padre Matias Lobato. Em 1950, após a morte de sua mãe, escreveu seus primeiros versos.

        Foi aluna do Ginásio Nossa Senhora do Sagrado Coração. Em 1951 ingressou na Escola Normal Mário Casassanta. Em 1953 formou-se professora. Em 1955 começou a lecionar no Ginásio Estadual Luiz de Melo Viana Sobrinho.

        Posteriormente, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis e em 1973 formou-se em Filosofia.

        Primeiras publicações

        Adélia Prado publicou seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. Em 1971 dividiu com Lázaro Barreto a autoria do livro "A Lapinha de Jesus".

        Sua estreia individual só veio em 1975, quando remeteu os originais de seus novos poemas para o crítico literário Affonso Romano de Sant’Anna, que entregou a Carlos Drummond de Andrade para sua apreciação.

        Impressionado com suas poesias, Drummond as envia para a Editora Imago. Nesse mesmo ano, os poemas de Adélia foram publicados no livro "Bagagem" (1975) que chama a atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo.

        Em 1976 o livro é lançado no Rio de Janeiro, com a presença de importantes personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant'Anna, Clarice Lispector, Juscelino Kubitschek entre outros.

        Em 1978, publica "O Coração Disparado", com o qual conquista o Prêmio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro.

        Poesia e cultura

        Em 1979, depois de lecionar durante 24 anos, Adélia Prado abandona o Magistério e passa a se dedicar à carreira de escritora. Em seguida, publica as prosa: "Solte os Cachorros" (1979) e "Cacos Para Um Vitral" (1980).

        Em 1980, Adélia dirige o grupo teatral amador “Cara e Coragem” na montagem da peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Em 1981, dirige a peça “A Invasão”, de Dias Gomes, e volta à poesia com “A Terra de Santa Cruz”.

        Ainda em 1981 é apresentado, no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Princeton, o primeiro de uma série de estudos sobre a obra de Adélia Prado.

        Entre 1983 e 1988 exerce a função de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. Em 1985, participa em Portugal, de um programa de intercâmbio cultural entre autores brasileiros e portugueses.

        Em 1988 apresenta-se em Nova York na Semana Brasileira de Poesia, promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia. Em 1993 volta para Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis.

        Em 1996 estreia no Teatro do SESI em Belo Horizonte, a peça "Duas Horas da Tarde no Brasil". Em 2000, em São Paulo, apresenta o monólogo "Dona de Casa". Em 2001, no SESI do Rio de Janeiro, apresenta um Sarau onde declama poesias do livro "Oráculos de Maio".

        Características da obra de Adélia Prado

        Com vocabulário simples e linguagem coloquial, Adélia produz poemas leves e marcantes.

        Sua poesia é conhecida por retratar o cotidiano sob o olhar “feminino” e não feminista e libertário. Sua poesia costuma colocar a perspectiva da mulher em seus poemas, destacando sempre o “feminino” em primeiro plano.

        A fé católica se faz presente nos poemas de Adélia, que costuma tratar de temas ligados a Deus, à família e principalmente à mulher.

                                                Adélia Prado.

Entendendo o texto:

01 – “Adélia Prado nasceu em Divinópolis, em Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Era filha de João do Prado Filho, ferroviário, e de Ana Clotilde Correa.”. A frase em destaque permite compreender que o pai de Adélia Prado trabalhava:

a)   Em uma empresa de táxis.

b)   Em uma empresa de trens de ferro.

c)   Em uma empresa de ônibus.

d)   Em uma empresa de ferro fundido.

02 – Qual o assunto principal do texto?

a)   O trabalho de Adélia Prado na Secretaria de Educação e Cultura de Divinópolis.

b)   O exercício do magistério realizado por Adélia durante 24 anos.

c)   A vida e obra da professora e escritora mineira Adélia Prado.

d)   O período que Adélia Prado passou sem escrever nem um verso.

03 – Quando criança, onde Adélia Prado residia com sua família?

a)   Na Rua Minas Gerais.

b)   Na Rua Divinópolis.

c)   Na Rua Ceará.

d)   Na Rua Rio de Janeiro.

04 – “Conta a autora que o livro foi iniciado em 1987, mas depois de concluir o primeiro capítulo, foi acometida de uma crise de depressão, que a bloquearia literariamente por longo tempo. Disse que vê “a aridez como uma experiência necessária” e que “essa temporada no deserto” lhe fez bem”. A expressão em destaque permite compreender que a mineira Adélia Prado:

a)   Passou um bom tempo se dedicando ao seu último livro lançado.

b)   Passou um bom tempo sem escrever nenhuma linha, nenhum verso.

c)   Passou um bom tempo trabalhando em um deserto.

d)   Passou um bom tempo trabalhando na Secretaria de Educação e Cultura.

05 – “Fernanda Montenegro estreia, no Teatro Delfim – Rio de Janeiro, em 1987, o espetáculo ‘Dona Doida’ – um interlúdio, baseado em textos de livros da autora” – Fernanda Montenegro é:

a)   Irmã de Adélia Prado e sua interprete no teatro.

b)   Uma atriz brasileira conhecida internacionalmente.

c)   Uma escritora brasileira conhecida internacionalmente.

d)   Nenhuma das alternativas anteriores.

06 – “Conta a autora que o livro foi iniciado em 1987, mas depois de concluir o primeiro capítulo, foi acometida de uma crise de depressão, que a bloquearia literariamente por longo tempo”. A palavra em destaque tem o mesmo sentido de:

a)   Pegar.

b)   Sentir.

c)   Comer.

d)   Adoecer.

07 – Destaque entre as alternativas abaixo a que demonstra uma opinião sobre Adélia:

a)   Apresentou-se, em 1988, em Nova York, na Semana Brasileira de Poesia.

b)   Foi casada com José Assunção de Freitas.

c)   É a melhor escritora já nascida em terras mineiras.

d)   É moradora da pequena Divinópolis, cidade com 200 mil habitantes.

08 – “O texto lido é.........., por isso............”. A alternativa que melhor completa a frase é:

a)   Um conto / relata uma história fantasiosa.

b)   Uma biografia / relata fatos da vida de alguém.

c)   Uma crônica / relata fatos cotidiano.

d)   Uma reportagem / relata fatos reais.

09 – Qual a função do texto lido?

a)   Criar no leitor a necessidade de adquirir um produto.

b)   Contar a vida de uma determinada pessoa.

c)   Entreter e divertir o leitor.

d)   Informar sobre os pratos oferecidos e seus respectivos valores.

10 – “Participa, em 1985, em Portugal, de um programa de intercâmbio cultural entre autores brasileiros e portugueses, e em Havana, Cuba, do II Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América”. As expressões destacadas dão ideia, respectivamente, de:

a)   Tempo / modo / tempo.

b)   Tempo / lugar / modo.

c)   Tempo / modo / lugar.

d)   Tempo / lugar / lugar.

 


CONTO: A ESPADA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

CONTO: A Espada

              Luís Fernando Veríssimo

        Uma família de classe média alta. Pai, mulher, um filho de sete anos. É a noite do dia em que o filho fez sete anos. A mãe recolhe os detritos da festa. O pai ajuda o filho a guardar os presentes que ganhou dos amigos. Nota que o filho está quieto e sério, mas pensa: “É o cansaço.” Afinal ele passou o dia correndo de um lado para o outro, comendo cachorro-quente e sorvete, brincando com os convidados por dentro e por fora da casa. Tem que estar cansado.

        – Quanto presente, hein, filho?

        – É.

        – E esta espada. Mas que beleza. Esta eu não tinha visto.

        – Pai…

        – E como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metal mesmo. Quem foi que deu?

        – Era sobre isso que eu queria falar com você.

        O pai estranha a seriedade do filho. Nunca o viu assim. Nunca viu nenhum garoto de sete anos sério assim. Solene assim. Coisa estranha… O filho tira a espada da mão do pai. Diz:

        – Pai, eu sou Thunder Boy.

        – Thunder Boy?

        – Garoto Trovão.

        – Muito bem, meu filho. Agora vamos pra cama.

        – Espere. Esta espada. Estava escrito. Eu a receberia quando fizesse sete anos.

        O pai se controla para não rir. Pelo menos a leitura de história em quadrinhos está ajudando a gramática do guri. “Eu a receberia…” O Guri continua.

        – Hoje ela veio. É um sinal. Devo assumir meu destino. A espada passa a um novo Thunder Boy a cada geração. Tem sido assim desde que ela caiu do céu, no vale sagrado de Bem Tael, há sete mil anos, e foi empunhado por Ramil, o primeiro Garoto Trovão.

        O pai está impressionado. Não reconhece a voz do filho. E a gravidade do seu olhar. Está decidido. Vai cortar as histórias em quadrinhos por uns tempos.

        – Certo, filho. Mas agora vamos…

        – Vou ter que sair de casa. Quero que você explique à mamãe. Vai ser duro para ela. Conto com você para apoiá-la. Diga que estava escrito. Era meu destino.

        – Nós nunca mais vamos ver você? – pergunta o pai, resolvendo entrar no jogo do filho enquanto o encaminha, sutilmente, para a cama.

        – Claro que sim. A espada do Thunder Boy está a serviço do bem e da justiça. Enquanto vocês forem pessoas boas e justas poderão contar com a minha ajuda.

        – Ainda bem. – diz o pai.

        E não diz mais nada. Porque vê o filho dirigir-se para a janela do seu quarto, e erguer a espada como uma cruz, e gritar para os céus “Ramil!”. E ouve um trovão que faz estremecer a casa. E vê a espada iluminar-se e ficar azul. E o seu filho também.

        O pai encontra a mulher na sala. Ela diz:

        – Viu só? Trovoada. Vá entender este tempo.

        – Quem foi que deu a espada para ele?

        – Não foi você? Pensei que tinha sido você.

        – Tenho uma coisa pra te contar.

        – O que é?

        – Senta, primeiro.

                                         Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo o texto:

01 – O humor do conto consiste em:

a)   O pai não saber quem presentou o filho com a espada.

b)   O filho conseguir fazer o pai “mergulhar” em sua fantasia.

c)   A mãe ter medo de trovoada.

d)   O pai lamentar não ter sido o Thunder Boy de sua geração.

e)   O filho saber falar corretamente português aos sete anos.

02 – Assinale as afirmativas abaixo, em seguida, marque o que é certo sobre elas.

I – Em um dado momento do conto, o pai procura associar o relato fantasioso do filho ao fato de o menino ler histórias em quadrinhos.

II – O pai considera que a leitura de histórias em quadrinhos contribui para que o filho amplie seus conhecimentos gramaticais.

III – Podemos caracterizar a espada do Thunder Boy como pesada e metálica.

IV – A postura séria e solene apresentada pelo filho, naquela noite, condiz com o comportamento habitual de crianças da sua faixa etária.

V – Segundo o conto, a espada do Thunder Boy foi confeccionada no Vale Sagrado de Bem Tael.

a)   Todas as afirmativas são verdadeiras.

b)   Somente aas afirmativas II e III são verdadeiras.

c)   Apenas as afirmativas IV e V são falsas.

d)   As afirmativas I, III e V são verdadeiras.

e)   Somente a afirmativa IV é falsa.

03 – “E não diz mais nada. Porque vê o filho dirigir-se para a janela do seu quarto, e erguer a espada como uma cruz...”. Há entre as orações acima uma respectiva relação de:

a)   Fato/consequência.

b)   Fato/causa.

c)   Fato/solução.

d)   Fato/finalidade.

e)   Fato/conclusão.

04 – Após a suposta partida do filho, a condição imposta para que os pais possam continuar vendo-o é que eles:

a)   Continuem sendo pessoas boas e justas.

b)   Não contem a ninguém sobre o Garoto Trovão.

c)   Também trabalhem a favor do bem e da justiça.

d)   Aceitem o destino escolhido pelos deuses para o seu filho.

e)   Guardem a espada com toda a segurança.

05 – Quem são as personagens desse conto?

      Pai, mãe e o filho.

06 – Retire do texto o trecho que possa indicar em que TEMPO e LUGAR ocorreu a história?

      “É a noite do dia em que o filho fez sete anos.”

      “Afinal ele passou o dia correndo de um lado para o outro, comendo cachorro-quente e sorvete, brincando com os convidados por dentro e por fora da casa.”

07 – Qual o clímax na história?

      Quando o filho vai para a janela do seu quarto, ergue a espada e grita “Ramil”.

08 – O pai acreditou no que seu filho revelou a ele? Explique.

      A princípio não, sentiu vontade de rir, mas quando seu filho ergue a espada e grita para os céus “Ramil” e ouve um trovão que faz estremecer sua casa, ai ele acredita.

09 – O pai identifica dois efeitos diferentes que a leitura de histórias em quadrinhos provocou no filho. Quais são eles?

      Está ajudando na gramática do filho, mas está ocorrendo um amadurecimento precoce e fantasiosa devido as histórias em quadrinhos.

10 – Qual alternativa mostra a principal intenção desse conto?

a)   Criticar o excesso de presentes que as crianças de classe média alta ganham em seus aniversários.

b)   Demonstrar que os pais nunca acreditam em seus filhos.

c)   Narrar acontecimentos fictícios vividos por menino que recebe uma espada mágica ao fazer sete anos.

11 – A partir da noção de estereótipo, responda: Em que aspectos o comportamento do menino de 07 anos, no texto, corresponde à imagem que se faz do comportamento de uma criança dessa idade?

      Nas imagens preconcebidas a respeito de pessoas e situações, como a própria história do super-herói é estereotipada, tendo em vista que todo super-herói vem de um lugar distante, ou uma missão é a ele designada, ele precisa salvar o mundo, etc.

12 – Ao pedir à mulher que se sentasse, antes de informar que o filho havia deixado a família para tornar-se um super-herói, o pai esperava que sua reação fosse de:

a)   Tristeza.

b)   Descontrole.

c)   Resignação.

d)   Incredulidade.

e)   Aborrecimento.

 

 

 


CRÔNICA: A CRUELDADE DOS JOVENS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

Crônica: A crueldade dos jovens

     Walcyr Carrasco 

        Conheci uma mulher cujo filho de 14 anos queria um par de tênis de marca. Separada, ganhava pouquíssimo como vendedora. Dia e noite o garoto a atormentava com a exigência. Acrescentou mais horas à sua carga horária para comprar os tênis. Exausta, ela presenteou o filho. Ganhou um beijo e outro pedido: agora ele queria uma camiseta ‘da hora’. E dali a alguns dias a mãe estava abrindo um crediário! Já conheci um número incrível de adolescentes que estabelecem um verdadeiro cerco em torno dos pais para conquistar algum objeto de consumo. Uma garota quase enlouqueceu a mãe por causa de um celular cor-de-rosa. Um rapaz queria um MP3. Novidades são lançadas a cada dia e os pedidos renascem com a mesma velocidade. Pais e mães com frequência não conseguem resistir. Em parte, por desejarem contemplar o sorriso no rosto dos filhos. Uma senhora sempre diz:

        — Quero que minha menina tenha o que eu não tive.

        Pode ser. Mas isso não significa satisfazer todas as vontades! Muita gente é praticamente chantageada pelos filhos. A crueldade de um adolescente pode ser tremenda quando se trata de conseguir alguma coisa. Uma vez ouvi uma jovem gritar para o pai:

        — Você é um fracassado!

        Já conheci uma garota cujo pai se endividou porque ela insistiu em ir à Disney. Os juros rolaram e, dois anos depois, ele vendeu a casa para comprar outra menor e quitar o empréstimo. Outro economizou centavos porque a menina quis fazer plástica. Conselhos não adiantaram:

        — Você é muito nova para colocar implante de silicone.

        Ficava uma fúria. Queria ser atriz e, segundo afirmava, não teria chance alguma sem a intervenção. (Não conseguiu. Hoje trabalha como vendedora em uma loja.) Procedimentos estéticos, como clareamento de dentes, spas e, claro, plásticas, são muito pedidos, ao lado de roupas de grife, excursões, joias, celulares e todo tipo de eletrônico. É óbvio que o jovem tem o direito de pedir. O que me assusta é a absoluta falta de freio, a insistência e a total incompreensão diante das dificuldades financeiras da família. Recentemente, assisti a uma situação muito difícil. Mãe solteira, uma doméstica conseguiu juntar, ao longo de anos, o suficiente para comprar uma quitinete no centro de São Paulo.

        — Vou sair do aluguel! — comemorou.

        A filha, 16 anos, no 2º grau, recusou-se:

        — Quero um quarto só para mim!

        Não houve quem a convencesse. A mãe não conseguiu enfrentar a situação. Continuam no aluguel. O valor dos apartamentos subiu e agora o que ela tem não é suficiente para comprar mais nada.

        Muitas vezes, os filhos da classe média estudam em colégio particular ao lado de herdeiros de grandes fortunas. Passam a desejar os relógios, as roupas, o modo de vida dos amigos milionários.

        — De repente a minha filha quer tudo o que os coleguinhas têm! Até bolsa de grife.

        Uma coisa é certa: algumas equiparações são impossíveis. A única solução é a sinceridade. E deixar claro que ninguém é melhor por ter mais grana, o celular de último tipo, o último lançamento no mundo da informática. Pode ser doloroso no início. Também é importante não criar uma pessoa invejosa, que sofre por não ter o que os outros têm. Mas uma família pode se desestabilizar quando os pais se tornam reféns do pequeno tirano. A única saída para certas situações é o afeto. E, quando o adolescente está se transformando em uma fera, talvez seja a hora de mostrar que nenhum objeto de consumo substitui uma conversa olho no olho e um abraço amoroso.

e-mail: walcyr@abril.com.br

Entendendo a crônica:

01 – O texto aborda o desejo da juventude em consumir certos produtos. Diante disso, qual o problema que esse desejo causa para as famílias:

a)   Nas famílias mais pobres, os pais não podem atender aos pedidos dos filhos, por isso, fazem sacrifícios maiores para realiza-los.

b)   Os pais geralmente não levam em consideração o apelo dos filhos, economizam e evitam fazer gastos para não obter dívidas futuras.

c)   Os pais apenas realizam certos desejos de seus filhos para que eles não sejam egoístas e mal-acostumados.

d)   Que os pais de um adolescente pobre ao comprarem alguma coisa para satisfazer o desejo de seus filhos farão com que os mesmos se igualem a um adolescentes rico.

e)   Se os pais não cederem aos desejos de seus filhos, estes passarão a ter problemas psicológicos.

02 – Segundo o autor A crueldade dos jovens justifica-se pelo fato:

a)   De os jovens não terem seus desejos atendidos pelos pais, uma vez que estes são muitos econômicos dada a crise financeira pela qual estamos passando.

b)   De os jovens não terem suas expectativas correspondidas plenamente quanto ao consumo, já que muitos pais não os levam à Disney, optando apenas por gastos em Shoppings.

c)   De os jovens apenas refletirem um comportamento rebelde para chamar a atenção de pais que estão em processo de separação.

d)   De os jovens serem maldosos para com os pais, pois não pensam nos mesmos, refletindo um comportamento, por excelência, egoísta e chantageador.

e)    De os jovens abrirem mão de procedimentos estéticos, como clareamento de dentes, causando um malefício a si mesmo.

03 – O texto discute o desejo dos adolescentes de consumirem determinados produtos.

a)   Que tipo de problema esse desejo traz para as famílias.

Pode-se trazer problemas de confiança e união.

b)   Deduza: Em que classes ou grupos sociais esse problema ocorre com maior frequência?

Classes médias.

c)   Segundo o ponto de vista do narrador, como os pais se portam nessas situações: eles resistem ou cedem?

Eles cedem.

04 – Releia este trecho: “Procedimentos estéticos, como clareamento de dentes, SPAS e, claro, plásticas, são muito pedidos, ao lado de roupas de grife, excursões, joias, celulares e todo tipo de eletrônico.”

a)   De que tipo são, predominantemente, esses pedidos?

São, na maioria, bens ou procedimentos relacionados com a imagem do adolescente, que vão de plásticos a roupas de grife.

b)   Levante hipóteses: Por que os adolescentes desejam tanto bens de consumo desse tipo?

Eles acham que as pessoas vão gostar mais deles.

c)   Você acha que há, nesse desejos dos adolescentes, uma atitude consumista? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, porque hoje em dia a moda influência muito as crianças e adolescentes, também por causa da propaganda que ajuda nos desejos dessas pessoas a comprar.