Texto: Na praia e no luar,
tartaruga quer o mar
Mas, nesse dia, de longe, ela e Pedro
viram um ajuntamento de crianças falando alto e rindo, em volta de alguma coisa
no chão. Quando chegaram perto, viram que era uma tartaruga enorme.
Uma professora explicou:
-- As crianças encontraram ela
encalhada meio das pedras, com um pedaço de rede enrolado.
-- Está muito machucada. Na certa,
ficou presa na rede e se feriu tentando sair – comentou o irmão.
-- Será que ela vai morrer, Pedro?
-- Não sei. Vamos ver o que a gente
pode fazer.
-- As crianças tentaram pegar, mas é
muito pesada – disse a professora.
Todos queriam falar ao mesmo tempo. As
crianças da creche contavam:
-- Meu pai já pegou uma maior do que essa.
-- E o meu já pegou uma porção.
-- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz
pastel, faz moqueca...
-- Pois a minha mãe não deixa a gente
comer, papai vende tudo para os restaurantes.
Uma das crianças sugeriu:
-- A gente podia levar e fazer para o
almoço...
-- Ou dar para o meu pai. Ele mata.
A professora estava indecisa. Não
queria inventar uma coisa complicada e trabalhosa. Mas dava pena perder um
animal daqueles, com tanta carne... E, depois, tinha o casco. Tinha gente que
comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas,
enfeites...
Mas Pedro disse:
-- Nada disso. Vamos cavar um buraco na
areia, ali bem perto da maré, para ficar uma piscininha cheia d’água. Aí a
gente leva a tartaruga para lá e vamos ver. Mas ninguém vai matar nada nem
deixar morrer.
Foram todos juntos. Cavaram um buraco
grande que foi se enchendo de água. Depois Pedro e a professora carregaram a
tartaruga até lá. E começaram a dar banho nela, jogando água, limpando a areia,
enquanto conversavam. Uma das crianças disse:
-- Meu pai também não gosta que mate.
Ele disse que a gente deve deixar as tartarugas vivas, que é para elas botarem ovo.
Que a gente ganha mais dinheiro vendendo os ovos para os restaurantes do que a
carne.
Na praia no luar, tartaruga
quer o mar. Ana Maria Machado.
Fonte: Livro –
Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 5ª Série – Marilda Prates – Ed.
Moderna, 2005 – p.160-2.
Entendendo o texto:
01 – Comente, dizendo o que
pensa das frases abaixo:
a)
“-- É uma delícia... Mamãe faz sopa, faz
pastel, faz moqueca...”
b)
“-- Pois a minha mãe não deixa a gente comer,
papai vende tudo para os restaurantes.”
c)
“-- A gente podia levar e fazer para o
almoço...”
d)
“-- Ou dar para o meu pai. Ele mata.”
e)
“E, depois, tinha o casco. Tinha gente que
comprava e pagava bem. Levaram para a cidade, para fazer pentes, caixinhas,
enfeites...”.
Resposta pessoal do aluno.
02 – Os pais dessas crianças
estão protegendo o meio ambiente? Justifique sua resposta.
Não. Porque todos
quiseram levar a tartaruga para obter dinheiro ou transformá-la em alimento.
03 – A professora demonstrou
conhecimento em relação ao desaparecimento da espécie? Por quê?
Não. Porque
também pensou em usar a tartaruga para proveito próprio.
04 – Por que Pedro quis
cavar um buraco na areia, perto da maré? Isso ajudaria a salvar a tartaruga?
Por quê?
Sim. Porque na
água, e com a maré cheia, a tartaruga teria condições de melhorar e voltar ao
mar.
05 – Releia e comente o
último parágrafo do texto. Matar as tartarugas ou vender seus ovos para os
restaurantes não tem o mesmo efeito de destruição? Opine.
Sim. Os ovos
representam novas vidas. Vende-los para restaurantes seria o mesmo que matar as
tartarugas.
06 – Você conhece outros
animais que estão em extinção? Quais?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: a ararinha-azul, o urso panda, o bacalhau, etc.
07 – Você sabe se já houve animais
que desapareceram naturalmente? Quais?
Resposta pessoal
do aluno. Sugestão: os dinossauros.