segunda-feira, 13 de maio de 2019

POEMA: O GUARDADOR DE REBANHOS - ALBERTO CAEIRO - COM GABARITO

Poema: O GUARDADOR DE REBANHOS
             
           Alberto Caeiro

"Olá, guardador de rebanhos.
Aí à beira da estrada.
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa.
E que já passou antes.
E que passará depois.


E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira.
E a mentira está em ti."

Entendendo o poema:    
    
01 – Alberto Caeiro era um dos heterônimos criado por Fernando Pessoa. De acordo com seu criador, Caeiro é o poeta da natureza e o mestre dos demais heterônimos. Qual elemento relacionado a natureza faz parte do poema?
      O vento.

02 – O poema tem a estrutura de um diálogo. Quem são os interlocutores desse diálogo?
      O Guardador de Rebanhos e alguém com quem ele se cruza no caminho.

03 – Que estrofes correspondem à fala de cada interlocutor?
      A primeira e a terceira estrofes correspondem a pessoa que encontra com o guardador de rebanhos e a segunda e a quarta estrofe correspondem ao Guardador de Rebanhos.

04 – De acordo com a leitura do poema, qual dos dois interlocutores se relaciona com o mundo concreto e não vê nada além do que aquilo que realmente se mostra?
      O Guardador de Rebanhos.

05 – Caeiro é o poeta das coisas reais, que são o que são e como são. Que verso do poema comprova essa afirmação?
     “O vento só fala do vento”.

06. De acordo com o conteúdo do poema, assinale V para verdadeiro e F para falso.
a. (V) Para o Guardador de Rebanhos a relação com a realidade (simbolizada pelo vento) passa por sentir apenas a realidade.
b. (F) Os pontos de vistas dos dois interlocutores são semelhantes.
c. (V) Para o interlocutor do Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é muito mais do que aquilo que se sente.
d. (F) Para o Guardador de Rebanhos, a realidade (vento) é porta aberta para a memória e a saudade.
e. (V) Para o Guardador de Rebanhos só existe a verdade do momento.



TEXTO: O VELHO DIÁLOGO DE ADÃO E EVA - CAPÍTULO LV - MACHADO DE ASSIS - COM GABARITO

Texto: O velho diálogo de Adão e Eva – Capítulo LV
                        

          Machado de Assis

BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . .
VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . .
BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . !
BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .?
BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !
VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ?
BRÁS CUBAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !
VIRGÍLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . !


Brás Cubas: Oi, tudo bom?
Virgília: Tudo.
Brás Cubas: Quanto tempo que não a vejo. Senti saudades e vim lhe ver.
Virgília: Eu também senti saudades!
Brás Cubas: Lembrei-me da nossa juventude.
Virgília: Você se lembra de quando nos encontramos pela última vez na praça? Foi o dia mais feliz que eu tive em toda minha vida.
Brás Cubas: Queria voltar e recomeçar tudo.
Virgília: Quando aconteceu éramos jovens; hoje sou casada.
Brás Cubas: Mas nunca é tarde para recomeçar um amor tão puro como era o nosso! Você é a única pessoa em que eu penso! A minha vida só tem sentido se você estiver nela!
Virgília: Se me ama tanto, por que ficou longe tanto tempo?
Brás Cubas: Esqueça isso. Eu a amo!
Virgília: Eu sempre o amei e sempre irei amá-lo!

                   In: Memórias póstumas de Brás Cubas. Dom Casmurro.
São Paulo: Abril Cultural. 1978. p. 85.
Entendendo o texto:

01 – No texto duas personagens dialogam entre si e o conteúdo da conversa é sugerido por linhas pontilhadas e por sinais de pontuação. Ao todo, as personagens falam seis vezes cada uma, e sempre nesta disposição: Brás Cubas fala e Virgília responde:

Observe o tamanho das linhas pontilhadas, os sinais de pontuação empregados e levante hipóteses:
a)   O que possivelmente Brás Cubas disse a Virgília em sua primeira fala?
Ele lhe fez uma pergunta breve.

b)   O que sugere o tamanho da 2ª fala de Brás Cubas?
É uma frase mais desenvolvida que a anterior, o que leva a crer que Brás Cubas tenha explicado melhor o que disse anteriormente ou que tenha argumentado em defesa de seu ponto de vista.

c)   Compare as duas primeiras respostas de Virgília. Que diferença de sentido existe entre elas? Por que, possivelmente, se empregou o ponto de exclamação apenas na 2ª resposta de Virgília?
Na 1ª resposta, ela parece ter respondido de forma indiferente ou distante. Na 2ª, porém, ela dá maior ênfase ao que diz ou à defesa de seu ponto de vista.

02 – Os pontos de interrogação e de exclamação se alternam no texto, ora se apresentando na fala de uma, ora na fala de outra personagem. Na última fala de cada uma, entretanto, há uma coincidência quanto ao tamanho da linha pontilhada e quanto ao sinal de pontuação empregado.
a)   O que a alternância desses sinais de pontuação sugere quanto às ideias das personagens?
A falta de coincidência quanto ao emprego dos sinais de pontuação sugere a falta de coincidência no plano das ideias.

b)   O que a coincidência entre as duas últimas falas sugere?
Sugere que, finalmente, eles se compreendem, ou que concordam em seus pontos de vista ou em suas vontades.

03 – O título do texto é “O velho diálogo de dão e Eva”. O que esse título sugere em relação ao tipo de diálogo ocorrido entre Brás Cubas e Virgília? Por quê?
      Sugere um diálogo amoroso, o “velho diálogo” entre um homem e uma mulher.

04 – Nesse romance, Virgília é casada com a personagem Lobo Neves. Antes de ela se casar, Brás Cubas já mostrava interesse por ela. Entre eles, agora, começa a nascer um forte envolvimento emocional. Leia o final do capítulo que antecede o texto lido:

        “[...] o meu pensamento, ardiloso e traquinas, saltou pela janela a fora e bateu as asas na direção da casa de Virgília. Aí achou ao peitoril de uma janela o pensamento de Virgília, saudaram-se e ficaram de palestra. Nós a rolarmos na cama, talvez com frio, necessitados de repouso, e os dois vadios ali postos, a repetirem o velho diálogo de Adão e Eva.”

        Considerando esse contexto anterior, que sentido ganha a coincidência das falas finais das duas personagens no relacionamento que eventualmente possam ter?
      Elas fazem crer que, depois de resolverem alguns desacertos, tem início um relacionamento íntimo entre os dois.

05 – Reescreva o texto de Machado de Assis, substituindo as linhas pontilhadas por frases que tenham o mesmo sentido que você depreendeu do diálogo original. Terminando-o, leia-o para os colegas, comparando as produções.
      Resposta pessoal do aluno

sexta-feira, 10 de maio de 2019

POEMA: FÍLIS E AMOR - BOCAGE - COM GABARITO

Poema: Fílis e Amor
           
   Bocage

Num denso bosque
pouco trilhado,
e a termos crimes
Acomodado,

Por entre a rama
Fresca e sombria
do tenro arbusto
Que me encobria,

Vi sem aljava
Jazer Cupido
junto a Fílis,
À mãe fugido.


A mais brilhante
dele afastando
Dizia a Fílis
com riso brando:

" Mimosa Ninfa
Glória de amor,
De-me um beijinho,
por esta flor?"

"Sou criancinha,
não tenhas pejo",
Sorriu-se Fílis,
Dando-lhe um beijo.

Mas o travesso
logo outro pede
À simples ninfa
que lhe concede.

Que por matar-lhe
Doces desejos,
A cada instante
Repete os beijos.

Assim brincavam
Fílis e Amor,
Eis que o menino
Sempre traidor

Com a pequenina
Boca risonha
Lhe comunica
Sua Peçonha.

Descora Fílis,
e de repente
Solta um suspiro
D'Alma inocente.

Mal que o gemido
Férvido soa
O mau Cupido
com ela voa.

Ninguém, ó Ninfa
(Diz a voar)
Brinca comigo
sem suspirar.
              Manuel Maria Barbosa du Bocage. In: Poesia. Org.
Leodegário A. de Azevedo Filho. Rio de Janeiro, Agir, 1985.

Entendendo o poema:

01 – Bocage não estava interessado na mitologia por ela mesma. Como sempre ocorre nas obras do Arcadismo, nesta cançoneta os deuses são utilizados como um recurso expressivo. Esse encontro de Cupido com a ninfa Fílis constitui uma alegoria. Escreva um resumo do pequeno enredo em que se envolvem as personagens alegóricas do poema.
      Tendo fugido de Vênus, sua mãe, Cupido brinca com Fílis, num bosque. Conseguindo enganar a ninfa na troca de rosas por beijos, pretensamente inocentes, comunica-lhe o veneno do amor. Perdendo sua inocência, ela suspira de desejos.

02 – Numa alegoria, cada detalhe é importante para a concretização dos elementos abstratos. A paisagem descrita nas primeiras estrofes já possui um significado alegórico. Quais são as características do bosque que tornam adequado para os encontros amorosos?
      O bosque é “denso” e “pouco trilhado”, e por isso acostumado a “ternos crimes”.

03 – Cupido, traiçoeiramente, consegue se valer da ingenuidade de Fílis. Qual o argumento utilizado por Cupido para obter o primeiro beijo?
      Ele diz que Fílis não deve se envergonhar, porque ele é apenas uma criancinha.

04 – Podemos agora interpretar a alegoria, traduzindo seus elementos. O Cupido, por exemplo, representa o amor, que se insinua nas relações mais inocentes.
a)   O que Fílis representa?
Representa a mulher ingênua; ou a mulher que se julga invulnerável ao amor; a mulher que acredita poder brincar com o amor, sem se apaixonar.

b)   O que o bosque representa?
Representa o conjunto de circunstâncias que tornam a pessoa mais vulnerável ao amor: o isolamento, a solidão, etc.

c)   Qual é a “moral da história”, enunciado pelo próprio Cupido?
Ninguém brinca com o amor sem suspirar, isto é, sem sofrer.

NOTÍCIA: MOVIMENTO DE GAROTAS COLA NOS EUA - MARIA CECÍLIA SÁ PORTO - COM GABARITO

NOTÍCIA: Movimento de garotas cola nos EUA
            
        MARIA CECILIA SÁ PORTO

        Quem vê Ariel Fox – uma garota de 15 anos, baixinha e meigos olhos azuis – não imagina que ela seja a combativa líder do primeiro movimento que se tem notícia nos Estados Unidos de valorização das garotas, o Girl Power (poder das meninas).
        Nas últimas semanas, ela foi notícia do jornal americano "Washington Post" e de revistas especializadas para adolescentes. Tudo por causa do sucesso da sua marca Stickers Sisters, composta de adesivos, broches, cordões de tênis e ímãs com mensagens positivas de orgulho e auto respeito sobre ser menina.
        Ariel decidiu investir nessa iniciativa como resposta a uma situação que considera absurda. Segundo ela, as meninas nos EUA enfrentam problemas de autoestima e de sentimento de inferioridade por causa de um modelo social que cobra dos meninos um comportamento assertivo e das meninas, "doçura".
        "Embora na infância elas sejam tão positivas sobre si mesmas quanto eles, na adolescência os papéis começam a ficar confusos. E, sem que você perceba, já está dirigindo todos os seus esforços num único sentido: agradar aos meninos", diz.
        A proposta de Ariel para as garotas é: unam-se, confiem mais umas nas outras e parem de ridicularizar as garotas que não se encaixam no modelo machista de bonitinha, sexy e charmosa.
        Ariel se comunica com o vasto exército de colaboradoras do seu posto de comando, que é também seu quarto e a oficina de trabalho. Recebe e-mails de meninas de todos os Estados americanos e de nove países: Canada, Chile, Singapura, Japão, Suíça, Paquistão, Itália, Inglaterra e Austrália. Sua lista de endereços já tem mais de mil nomes, e são essas conversas que inspiram a criação dos seus produtos. Possui também uma home page, na qual expõe os catálogos de novos materiais e os "journals", seu espaço de comentários e opiniões pessoais.
        Modesta, ela não se considera nenhuma grande líder, mas admite que é parte de um grande movimento de conscientização das meninas pela igualdade de direitos e pela necessidade de união e ajuda mútua.
        Nas férias de verão (de junho a fim de agosto) pretende lançar um grupo de apoio em que as garotas mais velhas ajudem as mais novas. Essa vai ser a primeira experiência de militância propriamente dita, na qual as garotas vão se encontrar para trocar experiências.
        Como prova de que ela não tem nada contra os garotos -o que faz questão de frisar-, Ariel convidou os mais "ativos" para participar do novo trabalho.
                                                     Folha de São Paulo. 9/3/1998. Folhateen.
Entendendo o texto:
01 – Esse texto foi publicado em suplemento de jornal.
a)   Como se chamam o suplemento e o jornal?
Suplemento: Folhateen. Jornal: Folha de São Paulo.

b)   Pelo título do suplemento, a que tipo de público ele se destina?
O caderno se destina a jovens (teen é uma palavra da língua inglesa que significa “jovem”).

02 – Qual é o objetivo da autora desse texto? Ele poderia ter sido publicado num livro de ficção?
      O objetivo é fornecer uma informação ao leitor. Trata-se de algo que aconteceu na realidade e, portanto, não tem caráter ficcional.

03 – Segundo a jornalista, há uma contradição aparente entre o físico de Ariel e seu comportamento. Por quê?
      Porque não é comum associar a imagem de uma garota baixinha, de olhos azuis e meigos à de uma líder combativa.

04 – Que situação relacionada às garotas, nos estados Unidos, Ariel considera absurda?
      As garotas enfrentam problema de autoestima por causa de um modelo social que cobra dos meninos um comportamento assertivo e das meninas, “doçura”.

05 – Você acha que no Brasil existe essa mesma diferença de expectativa com relação a meninos e meninas? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Transcreva do quinto parágrafo do texto, três adjetivos que, segundo Ariel, definem o comportamento machista com relação às garotas.
      Bonitinha, sexy, charmosa.

07 – Na região em que você mora, os rapazes também esperam que as moças apresentam essas três características? Dê exemplos que justifiquem sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

08 – O que permite que Ariel, de dentro do seu quarto, se comunique com adolescentes de vários países do mundo?
      Através da internet.

09 – Na sua opinião, Ariel discrimina os garotos? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Qual é a proposta que Ariel tem para as meninas?
      As meninas devem se unir e parar de ridicularizar aquelas que não se encaixam no modelo machista de bonitinha, sexy, charmosa.

11 – Na frase: “A sociedade deveria também cobrar das meninas um comportamento assertivo”. Copie a frase substituindo a palavra assertivo por um sinônimo.
      A sociedade deveria também cobrar das meninas um comportamento positivo/afirmativo.

12 – A influência da língua inglesa na linguagem utilizada na internet e nos assuntos ligados à informática em geral é muito grande. Cite duas palavras relativas a essa linguagem que aparecem no texto.
      São: e-mails / home-page.



quinta-feira, 9 de maio de 2019

POEMA: O LEITOR E A POESIA - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO

Poema: O Leitor e a Poesia
              Affonso Romano de Sant´Anna

Poesia
não é o que o autor nomeia,
é o que o leitor incendeia.

Não é o que o autor pavoneia,
é o que o leitor colhe à colmeia.

Não é o ouro na veia,
é o que vem na bateia.

Poesia
não é o que o autor dá na ceia,
mas o que o leitor banqueteia.


Affonso Romano de Sant´Anna. Melhores poemas. 3. ed. Seleção de
Donaldo Schuler. São Paulo: Global, 1997. p. 150.

Entendendo o poema:

01 – O poeta faz uma reflexão sobre o que é a poesia, tradicionalmente vista como fruto da criatividade ou da inspiração do poeta. Observe os versos em que o eu lírico diz o que a poesia não é, e os versos em que ele diz o que a poesia é.
a)   Em síntese, o que o eu lírico nega na definição de poesia?
Nega que a poesia seja aquilo que o poeta pensa ou o que ele pretende comunicar.

b)   O que o eu lírico afirma que é a poesia?
A poesia é o que nasce efetivamente do contato entre o poema e o leitor.

c)   Que novidade reside nesse conceito de poesia, considerando-se a visão tradicional?
A novidade está na inclusão do leitor como elemento constitutivo do poema. De acordo com o poema o leitor tem papel fundamental na consolidação dos sentidos do poema.

02 – De acordo com o poema, poesia é “o que o leitor incendeia”, “O que o leitor banqueteia”, “o que vem na bateia”. Que interpretação pode ser dada a essas definições de poesia?
      De acordo com o poema, a verdadeira poesia é colhida pelo leitor, como se ele fosse um garimpeiro. A poesia de verdade é aquela que é capaz de “incendiar” o leitor, isto é, estimular sua inteligência e sua sensibilidade e satisfazê-lo plenamente, como se ele estivesse num banquete.

03 – O poema é constituído por meio de paralelismos (estruturas de repetição) sintáticos e semânticos. Observe a estrutura destes dois versos: “Poesia. Não é o / que o autor nomeia”
             “Poesia. Não é o / que o leitor incendeia”.
a)   A que classe gramatical pertencem as palavras o e que nesses dois versos?
O: pronome demonstrativo (equivalente a aquilo). Que: pronome relativo.

b)   Qual é a função sintática dessas palavras nesses versos?
O: predicativo do sujeito. Que: objeto direto.

04 – Observe que tanto o pronome relativo quanto a oração adjetiva têm fundamental importância na construção dos sentidos do poema.
a)   Como se classificam as orações adjetivas empregadas no texto?
Orações subordinadas adjetivas restritivas.

b)   Considerando o tema e a finalidade do poema, responda: Por que as orações adjetivas foram empregadas com tanto destaque?
Como o objetivo do poeta é definir o que é poesia, é natural que empregue expressões apropriadas para indicar características, como adjetivos ou orações adjetivas. No caso, ele optou por orações adjetivas.


CONTO: OS RATOS I - (FRAGMENTO) - DIONÉLIO MACHADO - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Os ratos I – fragmento  

       Dionélio Machado

        Há ali perto um ruído, dum móvel dali do quarto. Venha! Incorpora no chiado amorfo, unido... Tem medo de decompor esse conjunto, de seguir uma linha qualquer naquela massa...
       Agora é um guinchinho... Várias notinhas geminadas... Parou... O seu chiado voltou a ter aquela uniformidade, aquela continuidade... E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? Ele se põe a escutar agudamente. Um esforço para afastar aquele conjunto amorfo de ruidozinhos, aquele chiado... Lá está, num canto, no chão, o guinchinho, feito de várias notinhas geminadas, fininhas...
       São os ratos! ... Vai escutar com atenção, a respiração meio parada. Hão de ser muitos: há várias fontes daquele guinchinho, e de quando em quando, no forro, em vários pontos, o rufar... 
        A casa está cheia de ratos...
        [...]
        Está com sono. Mas é preciso reagir. É preciso examinar bem ...
        E ele passa outra vez a sua ideia numa crítica. Vê tudo quanto há de sensato e de absurdo nela...
        Acordar Adelaide?
        Ouve a sua voz, volumosa, retumbando ali dentro do quarto... Ouve-se dizer, com voz cavernosa, estranha, saindo do silêncio: " – Adelaide... Adelaide...” Ela não acorda no primeiro momento. “-- Adelaide...” Não se anima. Talvez que o filho se mexa, que ela se acorde. Aí então, com voz baixa, natural, apenas informativa: "-- Adelaide... Você não tem medo que os ratos possam... (“--­ Sim...?”) estar mexendo no dinheiro? ...” “-- Não mexem, não.” -- E ela se volta outra vez na cama para dormir...
        Naziazeno se tranquiliza...
        Ouve a respiração do filho. Ele dorme um sono pesado, igual.
        Naziazeno examina os “fundamentos” daquela sua tranquilidade. Seria essa – está por jurar – a opinião de Adelaide... “Não mexem...” Pode se tranquilizar, pois. Nunca ouviu falar que houvessem roído um dinheiro assim. "-- Você acha possível, Adelaide, que os ratos roam dinheiro? ...” “-- É: eles roem papel. Dinheiro é um papel engraxado...”
        Faz-se um grande tumulto dentro da sua cabeça!
        [...]
        Está exausto... Tem uma vontade de se entregar, naquela luta que vem sustentando, sustentando... Quereria dormir... Aliás, esse frio amargo e triste que lhe vem das vísceras, que lhe sobe de dentro de si, produz-lhe sempre uma sensação de sono, uma necessidade de anulação, de aniquilamento...Quereria dormir...
        Não sabe que horas são. De fora, do pátio, chega-lhe um como que pipilar, muito fraco e espaçado.
        Quereria dormir...
        Mas que é isso?!... Um baque? ...
        Um baque brusco do portão. Uma volta sem cuidado da chave. A porta que se abre com força, arrastando. Mas um breve silêncio, como que uma suspensão... Depois, ele ouve que lhe despejam (o leiteiro tinha, tinha ameaçado cortar-lhe o leite...) que lhe despejam festivamente o leite. (O jorro é forte, cantante, vem de muito alto...) – Fecham furtivamente a porta... Escapam passos leves pelo pátio... Nem se ouve o portão bater...
        E ele dorme.
                       MACHADO, Dyonélio. Os ratos. 7. ed. São Paulo: Ática, 1980. p. 149-57.

Entendendo o conto:

01 – Depois de um dia estafante, Naziazeno alcança seu objetivo. Assim, sente-se aliviado, de novo um homem. Porém está tenso, tem dificuldade para adentrar o sono por inteiro. Relacione esse estado mental da personagem:
a)   Com a frase “Vê tudo quanto há de sensato e de absurdo nela...”
A oscilação expressa no par sensato / absurdo equivale à oscilação em que se encontra a personagem, meio acordada, meio dormindo.

b)   Com as constantes repetições de ideias, sobretudo a frase “Quereria dormir”.
As repetições de palavras e ideias sugerem o movimento da consciência, cujas ideias vão e vêm continuamente.

02 – Depois que o leiteiro chega, pega o dinheiro e despeja o leite numa vasilha na cozinha, finalmente Naziazeno dorme. Relacione esse fato com sua insônia.
      A entrega do leite é a prova concreta de que Naziazeno superou aquela dificuldade, é a materialização de sua vitória, ao menos naquela situação.

03 – O nome do protagonista assemelha-se, pelo som, às palavras Nazareno e Lazarento (leproso). Associe a trajetória da personagem, nas suas 24 horas de sofrimento, ao sentido dessas palavras.
      Nas 24 horas em que procura um meio de conseguir o dinheiro, Naziazeno faz uma via-crúcis de sofrimento e humilhações como Cristo; além disso, como um leproso, chega a ser escorraçado por muitos.

04 – Os ratos assumem papel decisivo nesses momentos finais da narrativa.
a)   Levando em conta as dificuldades da personagem para conseguir o dinheiro e tomando os ratos no sentido denotativo, que preocupação eles causam em Naziazeno?
A de que o dinheiro seja roído por eles.

b)   Tomando os ratos como elemento simbólico, o que eles representam no conjunto da obra?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Podem representar as pessoas simples, pobres, despossuídas de qualquer bem; podem também representar o próprio sistema social, que, centrado no interesse econômico, acaba por corroer as pessoas, transformando-as em coisas.

05 – Leia o comentário crítico sobre a obra:
        “O giro do mundo, o giro do relógio, o giro da vida nada mais é, no fundo, que o giro do comércio, da moeda, simbolizando no giro da roleta. Dionélio Machado retoma um dos motivos mais contundentes da obra de Graciliano Ramos: a reificação a que os homens se sujeitam na sociedade capitalista, evidenciada, de maneira bastante brutal, pela crise. Os homens são ratos apequenados, de focinho e visão curtos.”
                                     História do século XX. São Paulo: Abril Cultural, 1968. v. 4 p. 208.
a)   Relacione o comentário crítico com este trecho do texto: “Quereria dormir... Aliás, esse frio amargo e triste que lhe vem das vísceras, que lhe sobe de dentro de si, produz-lhe sempre uma sensação de sono, uma necessidade de anulação, de aniquilamento”.
Ambos fazem referência à anulação e ao aniquilamento do ser humano na vida em sociedade.

b)   No comentário crítico, Dionélio Machado é comparado a Graciliano Ramos quanto à análise que faz da condição humana na sociedade capitalista, isto é, o homem reificado, transformado em coisa. Na sua opinião, esse comentário sobre Naziazeno é pertinente? Justifique.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, pois Naziazeno é uma pequena peça na engrenagem social, alheia aos dramas individuais; é apenas mais um na grande massa de desfavorecidos.  


PRECE DE CÁRITAS - (MATEUS, 21:22)

Prece de Cáritas
          E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o receberás
                     
                     Jesus (Mateus, 21:22)

        DEUS, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.
        DEUS! Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente repouso.
  PAI! Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai.
        SENHOR! Que vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes.
        Piedade, Senhor, para aqueles que vos não conhecem; esperança par aqueles que sofrem. Que vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda parte a paz, a esperança e a fé.
        DEUS! Um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos, ó Poder! ó Bondade! ó Beleza! ó Perfeição! e queremos, de alguma sorte, alcançar vossa misericórdia.
        DEUS! Dai-nos a força de ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós; Dai-nos a caridade pura; Dai-nos a fé e a razão; Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir Vossa Imagem.