segunda-feira, 19 de março de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): PELA INTERNET - GILBERTO GIL - COM GABARITO

Música(Atividades): Pela Internet

                                                    Gilberto Gil
Criar meu web site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer

Eu quero entrar na rede
Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar
O chefe da milícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar.

Entendendo a canção:
01 – De que se trata esta canção?
      Trata da rede de comunicação existente no mundo e sugere a importância dessa rede para a inclusão digital.
02 – O autor nos mostra que a tecnologia pode estar a serviço de quem?
      A serviço da tradição, sem brigar com ela, pelo contrário, promovendo-a, acolhendo-a como um produto cultural, capaz de enriquecer as relações humanas.

03 – Que referências a “navegação” aparecem na canção?
      Porto de um disquete, velejar, aproveitar a vazante, barco, abastecer, infomar / infomaré (mistura de “informática” com mar / maré).

04 – Que termos retirados da informática encontramos na canção?
      Home page, web site, disquete, gigabyte, e-mail, hot-link, micro, rede internet, acessar, hacher.

05 – A relação entre a exclusão socioeconômica e a digital está apresentada na seguinte assertiva:
a) A digital desencadeia a socioeconômica, pela relação direta entre a existência de ampla tecnologia da informação e comunicação e a realidade dos países subdesenvolvidos.
b) A socioeconômica desencadeia a digital, por existir maior investimento dos países subdesenvolvidos no acesso à tecnologia de informação e comunicação, portanto, maior inclusão.
c) A socioeconômica desencadeia a digital, pois há relação igualitária entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos quanto ao acesso à tecnologia de informação e comunicação e à inclusão.
d) A digital desencadeia a socioeconômica, à medida que o acesso às tecnologias de informação e comunicação se dá de forma mais estruturada nos países subdesenvolvidos.
e) A socioeconômica desencadeia a digital, por haver uma relação desfavorável quanto ao menor acesso dos países subdesenvolvidos à tecnologia de informação e comunicação.
06 – Na construção da letra da música foram empregados vários recursos da linguagem poética. Copie duas palavras ou expressões que exemplifiquem os seguintes recursos:
a)   Rima;
Acessar / soltar – Milão / Japão.

b)   Jogos sonoros:
*Aliteração (repetição de consoantes);
     “Os lares do Nepal, os bares do Gabão.

* Assonância (repetição de vogais).
     “Que aproveite a vazante da infomaré”.

c)   Metáfora.
“Fazer minha home-page com quantos gigabytes se faz uma jangada.”

07 – Observe:
Informar (fazer saber, instruir) X Infomar (info de informação + mar = mar de informações
Infomar é um neologismo: palavra nova, derivada ou formada de outra já existentes.
Encontre outro neologismo no texto.
      Infomaré (mistura de “informática” com “mar/maré”.

08 – Observe:
Conect (unir, conectar, juntar) + cut (cortar, dividir, decepar)
Connecticut: Nome de um importante estado dos Estados Unidos.
Qual é o efeito do uso repetido dessa palavra inglesa nos versos seguintes?
“Juntar via internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar.”
      “Via internet” e “Grupo de tietes” = “Rima rica” – porque envolve uma palavra estrangeira e um neologismo.

09 – O que é oriki?
      Uma saudação da cultura yorubá, utilizada nos rituais da umbanda.

10 – Onde se encontra cada uma das localidades citadas na canção? pesquise.
·        Taipé – [É a capital e um município especial de Taiwan].
·        Calcutá – [É a capital e maior cidade do estado de Bengala Ocidental, na Índia].
·        Helsinque – [É a capital da República da Finlândia e a maior cidade do país].
·        Milão – [É uma comuna italiana, capital da região da Lombardia, província de Milão].
·        Japão – [É um país do Extremo Oriente, formado por um arquipélago].
·        Nepal – [É um país asiático da região dos Himalaias].
·        Gabão – [Oficialmente República Gabonesa, é um país que se situa na África].
·        Praça Onze – [É uma sub-região da Zona Central da cidade do Rio de Janeiro].
·        Connecticut – [É um dos 5° estados dos Estados Unidos da América, localizado na Região da Nova Inglaterra. O Connecticut é o 3° menor Estado Americano em extensão territorial].
11 – Tanto no título “Pela Internet” como no final da canção, o autor faz uma homenagem a Donga, parodiando a música “Pelo Telefone” (1° samba brasileiro), que na sua época, teve o papel que cabe hoje à Internet. Na paródia, o telefone é substituído pelo celular. Cite os versos finais:
      “O chefe da polícia carioca avisa pelo celular
       Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar.”

12 – No verso: “Com quantos gigabytes se faz uma jangada”, lembra um ditado popular. Qual?
      Com quantos paus se faz uma canoa.

13 – Qual é o principal objetivo do eu lírico?
      Basicamente, comunicar-se com o mundo, utilizando todas as ferramentas que a cibernética lhe dispõe, para fazer uma grande viagem em volta do mundo.

14 – A partir do vocabulário de vírus que ataca e destrói informações cria que expressões?
      Macmilícia de Milão, hacher mafioso, polícia carioca.

15 – O eu lírico usa os quatro cantos do mundo para nos mostrar o quê?
      Mostrar até que ponto pode chegar a comunicação virtual e que ela deve ser de livre acesso.

16 – Ao falar em “infomar” e “infomaré” referimos a que?
      Aos mar de informações que a internet possibilita com o acesso aos links para todos os cantos do mundo, desde Calcutá até Helsique em questão de segundos.


POEMA: AS POMBAS - RAIMUNDO CORREIA - COM GABARITO

POEMA: AS POMBAS
                  Raimundo Correia


Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...

                                      Correia, Raimundo. Op. Cit.

Entendendo o poema:
01 – No soneto As Pombas, o poeta faz uma comparação ente os sonhos e as pombas e, por consequência, entre os corações e os pombais. Em que momento acontece a desarmonia dessa comparação? Por quê?
       No último terceto acontece a desarmonia porque, quando passada a adolescência, não há como recuperá-la. Os sonhos não duram para sempre.

02 – Nota-se que em As Pombas o assunto é, aparentemente, uma descrição de como as aves saem de madrugada de seus ninhos e voltam ao anoitecer. Contudo, trata-se somente de uma aparência. No fundo, a intensão do poeta é bem outra. Você poderia interpretar qual é essa intensão?
     A intenção do poeta é fixar a ideia de que a vida é efêmera e precisa ser vivenciada com intensidade, pois o tempo passa e é irrecuperável.

TEXTO: OS MESES DO ANO - CALENDÁRIO DE 1978 - CONOTATIVO/DENOTATIVO -COM GABARITO

Texto: OS MESES DO ANO 


   Hoje você fará uma leitura diferente. Trata-se de um conjunto de textos curtos retirados de um calendário de 1978 da Caixa Econômica Federal. Cada parte se refere a um mês. O calendário é antigo, mas como não mudaram os meses do ano, os textos permanecem atuais.

        JANEIRO (Clarice Lispector)
       Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico, pois a soma final de suas unidades é sete. Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo, rebrilhar as Estrelas, lavar a Lua com leite e o Sol com oiro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver.

        FEVEREIRO (Luís Fernando Veríssimo)
     O mês mais curto é o que mais vocês curtem. Vocês, estilizados. Eu, no ar-condicionado. Vocês, na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento. Cinzento. Eu, Veríssimo. Vocês, verão.

        MARÇO (Pedro Nava)
        Março é o mês de prodígios infinitos – já que mar cabe em seu nome. Março abre aulas. Março enche a rua de garotos. Ah! marçomar! Faz o milagre de acordar em mim o menino que já fui…

        ABRIL (Elsie Lessa)
     Abril, floral. O começo da primavera, bom como todos os começos. A promessa de um inverno, que é o resto da primavera. E já esperar pelas doçuras de maio, o mês que é primavera no mundo inteiro.

        MAIO (Mário Quintana)
        Ao claro som dos sinos de Maria, o Outono aporta no País de Maio em sua barca toda azul e ouro!

        JUNHO (Carlos Drummond de Andrade)
       Os amantes se aquecem mais em junho. A carícia, entre lãs, avança cálida. O toque, o beijo, a inquietação daninha fagulham, puro ardor, sob o céu pálido.

        JULHO (Lygia Fagundes Telles)
        É tempo de frio, mas é tempo de férias. Este é também o tempo de se lavrar a terra para as sementeiras. Tempo de amar e rezar para melhor crescer árvore e filho. Juuuulho! O vento chama. Juuuulho! …

        AGOSTO (Otto Lara Resende)
       Ao contrário do que se supõe (rifão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade, como está no Eclesiastes, formosa oliveira dos campos. Na metade de agosto, exatamente a 15, Nossa Senhora desce à terra, porque subiu ao céu. Mês augusto, mês do amor, mês da Glória; tudo a gosto.

        SETEMBRO (Rubem Braga)
      Tem a Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o mais simpático de todos os dias santos, porque é o dia dos meninos pobres, o de São Cosme s São Damião. E também tem, se os senhores não se incomodam, a Primavera.

        OUTUBRO (Fernando Sabino)
        Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim. – Que é que você quer ser quando crescer? – os mais velhos perguntavam. Hoje não perguntam mais. Se perguntassem eu diria, como Fellini, que quero ser menino.

        NOVEMBRO (José Américo de Almeida)
       No seu penúltimo mês, o ano marca um encontro emocionante. O Dia dos Finados é a visita que a vida faz à morte. Nada mais existe e o invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança, a saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.

        DEZEMBRO (Paulo Mendes Campos)
       Coitado do homem tropical se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão. Coitado de quem passa o verão a bufar (que calor! que calor!), sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.

GLOSSÁRIO
Afiançar – garantir
Aporta – chega
Ardor – calor
Augusto – majestoso
Cabalístico – mágico, misterioso
Cálida – morna
Curtir – aproveitar, viver intensamente
Daninha – endiabrada
Eclesiastes – livro da Bíblia que faz parte do Velho Testamento
Emocional – comovedor
Escândalo vital – abundância de vida, de energia
Estilizados – fantasiados
Exala – desprende, emana
Fagulham – brilham
Fellini – cineasta italiano de renome internacional
Homem tropical – home que habita os países situados na zona tropical (quente) da terra
Inquietação – desassossego
Lavrar – preparar a terra para o plantio
Oiro – ouro
Oliveira – árvore que produz a azeitona
Prodígios – milagres
Rifão – provérbio
Sementeira – plantio de sementes

Entendendo o texto:
01 – A mensagem do texto JANEIRO é muito significativa, porque é uma mensagem de otimismo. Retire do texto a frase que traduz a esperança no ano que começa.
      “Cada ano que se inicia, começo eu a viver.”

02 – Em um texto, as palavras podem ser empregadas com sentido real (denotativo) ou sentido figurado (conotativo). Assinale com:
1 – as frases que contenham expressões empregadas com sentido real ou denotativo;
2 – as frases que contenham expressões empregadas com sentido figurado ou conotativo.
a. (1) Eu vos afianço que 1978 é o verdadeiro ano cabalístico.
b. (1) Pois a soma final de suas unidades é sete.
c. (2) Portanto, mandei lustrar os Instantes do Tempo.
d. (2) Rebrilhar as Estrelas.
e. (2) Lavar a Lua com Leite.
f.  (2) E o Sol com oiro líquido.
g. (1) Cada ano que se inicia.
h. (2) Começo eu a viver.

03 – No texto FEVEREIRO, aparecem interessantes jogos de palavras. Exemplo: “O mês mais curto é o que vocês mais curtem.”
Dê o significado das palavras grifadas, na frase.
Curto: breve, de pouca duração.       
Curtem: aproveitam, vivem intensamente.

04 – Neologismo são palavras novas, geralmente formadas a partir de outras palavras existentes no vocabulário da língua. Retire do texto FEVEREIRO um neologismo.
      Quarta-feirento, neologismo criado a partir da palavra quarta-feira.

05 – O texto FEVEREIRO foi escrito por Luís Fernando Veríssimo. Ao dizer “Eu veríssimo”, ele tanto pode se referir ao seu nome, como pode estar empregando o superlativo do adjetivo vero, que significa verdadeiro. O sentido da palavra veríssimo, no texto, é ambígua, isto é, possui mais de um sentido. Na frase seguinte “Vocês verão”, ocorre a mesma situação. Explique os dois sentidos da palavra verão, na frase.
      Verão = estação do ano.     
      Verão = verbo ver, 3a. pessoa do plural, futuro do presente do indicativo.

06 – Ainda no texto FEVEREIRO aparecem referências a dois aspectos que caracterizam esse mês. Identifique-os analisando as expressões em negrito:
A)   Vocês estilizados. Vocês na terça-feira gorda. Eu, um quarta-feirento.
O carnaval, que em geral, se realiza neste mês.
B)   Eu, no ar-condicionado. Vocês verão.
     O calor, pois fevereiro é mês do verão, no Brasil.

07 – Transcreva do texto MARÇO a frase em que aparece um neologismo.
      “Ah! marçomar!” – neologismo criado pela combinação das palavras março e mar.

08 – ABRIL “é bom como todos os começos”. Nesta frase, entende-se que:
a. (   ) o mês de abril é bom porque fica no começo do ano
b. (X) todo começo é bom porque vem acompanhado de promessas e esperanças
c. (   ) esse mês é bom porque vai começar o inverno
d. (   ) todo começo é bom quando nós somos jovens.

09 – No texto ABRIL lemos: “E já esperar pelas doçuras de maio…”.  Identifique nesta frase a palavra empregada no sentido conotativo (ou sentido figurado).
      Doçuras.

10 – Releia com atenção o texto MAIO e faça o que se pede:
a)    Diga se predomina nele a denotação (sentido real) ou a conotação (sentido figurado) no uso das palavras.
Predomina o uso da conotação.

b)    Escreva com palavras comuns o que você entendeu ao ler esse texto.
O texto informa: O Outono começa no mês de maio, que é o mês consagrado a Nossa Senhora. A frase que escrevemos tem sentido semelhante ao do texto, mas usamos o sentido real das palavras ou sentido denotativo.

11 – Do pequeno poema sobre o mês de JUNHO, retire as palavras que, em oposição ao frio desse mês, relacionam-se com calor.
      Aquecem, lãs, cálida, fagulham, ardor.

12 – Chamamos de onomatopeias as palavras que procuram imitar ruídos de animais ou de coisas. No texto do mês JULHO a autora empregou onomatopeias. Identifique-as e explique seu emprego.
      “Juuuulho!”  foi repetida a vogal u para imitar o ruído do vento.

13 – No texto AGOSTO, o autor se refere a um refrão (provérbio popular): “Ao contrário do que se supõe (refrão é rima só, não é verdade) agosto exala um perfume de suavidade.”  A que provérbio popular o autor referiu-se?
      “Agosto, mês de desgosto.”

14 – De acordo com o texto SETEMBRO, além da primavera, o mês de setembro é importante porque nele se comemoram
      A Independência do Brasil, a Natividade de Nossa Senhora e o dia de São Cosme e São Damião.

15 – No texto OUTUBRO, o autor escreveu: “Quando eu era menino, o dia 12 de outubro era uma festa para mim”. Ele refere-se dessa forma a esta data porque:
a. (   ) era a data do aniversário dele
b. (   ) este dia era feriado
c. (X) se comemora o Dia da Criança
d. (   ) nesse dia, o menino viu um filme de Fellini

16 – Conforme o texto NOVEMBRO, o que é Dia de Finados?
      O Dia de Finados é o dia em que a vida visita a morte. É uma alusão à visita das pessoas (que estão vivas) aos túmulos (dos que morreram).


17 – No texto NOVEMBRO, há predominância do uso da conotação (sentido figurado das palavras). Identifique dois exemplos que comprovam isto.
       Você pode ter identificado as seguintes frases:
       . “O ano marca um encontro emocional”
       . “A visita que a vida faz à morte”
     . “O invisível está presente para recolher uma saudade sem esperança”
       . “A saudade que desconhece qualquer promessa de tempo.”

18 – Segundo o texto DEZEMBRO, o homem tropical deve:
a. (   ) evitar o calor do verão
b. (   ) usar roupas mais leves no verão
c. (X) viver e sentir intensamente a natureza de seu país
d. (   ) procurar regiões de clima amenos, para passar o verão.

19 – Escreva, nos parênteses, D para os casos de emprego de denotação e C para os casos de conotação, nas frases extraídas do texto DEZEMBRO:
a. (D) “Coitado do homem tropical…”
b. (C) “… se ele for incapaz de ver, ouvir e viver o verão.”
c. (D) “Coitado de quem passa o verão a bufar…”
d. (C) “… sem abrir os sentidos para o escândalo vital que é a natureza em dezembro.”

20 – No texto DEZEMBRO, a palavra escândalo significa:
a. (X) espetáculo
b. (   ) mau procedimento
c. (   ) luxo
d. (   ) indignação.

BIOGRAFIA: UM ESCRITOR NASCE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

BIOGRAFIA - UM ESCRITOR NASCE


       Nasci numa tarde de julho, na pequena cidade onde havia uma cadeia, uma igreja e uma escola bem próximas umas das outras, e que se chamava Turmalina. A cadeia era velha, descascada na parede dos fundos. Deus sabe como os presos lá dentro viviam e comiam, mas exercia sobre nós uma fascinação inelutável (era o lugar onde se fabricavam gaiolas, vassouras, flores de papel, bonecos de pau). A igreja também era velha, porém não tinha o mesmo prestígio. E a escola, nova de quatro ou cinco anos, era o lugar menos estimado de todos. Foi aí que nasci.
        Nasci na sala do 3º ano, sendo a professora D. Emerenciana Barbosa, que Deus a tenha. Até então, era analfabeto e despretensioso. Lembro-me: nesse dia de julho, o sol que descia da serra, era bravo e parado. A aula era de Geografia, e a professora traçava no quadro-negro nomes de países distantes. As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes, e Paris era uma torre ao lado de uma ponte e um rio. A Inglaterra não se enxergava bem no nevoeiro, um esquimó, um condor surgiam misteriosamente, trazendo países inteiros. Então, nasci. De repente nasci, isto é, senti necessidade de escrever. Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não ser bonecos sem pescoço, com cinco riscos representando as mãos. Nesse momento, porém, minha mão avançou para a carteira à procura de um objeto, achou-o, apertou-o irresistivelmente, escreveu alguma coisa parecida com a narração de uma viagem de Turmalina ao Polo Norte.
        É talvez a mais curta narração no gênero. Dez linhas, inclusive o naufrágio e a visita ao vulcão. Eu escrevia com o rosto ardendo, e a mão veloz tropeçando sobre complicações ortográficas, mas passava adiante. Isso durou talvez um quarto de hora, e valeu-me a interpelação de D. Emerenciana.
        – Juquita, que que você está fazendo?
        O rosto ficou mais quente, não respondi. Ela insistiu:
        – Me dá esse papel aí… me dá aqui.
        Eu relutava, mas seus óculos eram imperiosos. Sucumbido, levantei-me, o braço duro segurando a ponta do papel, a classe toda olhava para mim, gozando o espetáculo da humilhação. D. Emerenciana passou os óculos pelo papel e, com assombro para mim, declarou à classe:
        – Vocês estão rindo do Juquita. Não façam isso. Ele fez uma descrição muito chique, mostrou que está aproveitando bem as aulas.
        Uma pausa, e rematou:
        – Continue, Juquita. Você ainda será um grande escritor.
        A maioria, na sala, não avaliava o que fosse um grande escritor. Eu próprio não avaliava. Mas sabia que no Rio de Janeiro havia um homem pequenino, de cabeça enorme, que fazia discursos muito compridos e era inteligentíssimo. Devia ser, com certeza, um grande escritor, e em meus nove anos achei que a professora me comparava a Rui Barbosa.

Carlos Drummond de Andrade. Contos de Aprendiz.
4a Edição, Editora do Autor.

Entendendo o texto:
01 – Como se explica a frase: “Nasci numa tarde de julho, na pequena cidade onde havia uma cadeia, uma igreja e uma escola…”.
      O nascimento de que trata a frase se refere à maneira como um futuro escritor começou a escrever em uma pequena cidade.

02 – Por que a cadeia exercia sobre as crianças uma fascinação inelutável?
      Porque esbarrava no desconhecido para as crianças.

03 – Qual era a contribuição dos presos para a cidade?
      Fabricavam gaiolas, vassouras, flores de papel e bonecos de pau.

04 – Como se sabe que a professora já morreu?
      Pela expressão bem popular “que Deus a tenha”.

05 – Onde aconteceu o “nascimento” do escritor?
      Durante a aula de Geografia, na escola.

06 – Até aquele dia, o que o Autor pensava sobre o ato de escrever?
      Não o conhecia propriamente, pois só praticava o desenho.

07 – Por quanto tempo o Autor escreveu o texto, na aula de Geografia?
      Aproximadamente quinze minutos.

08 – Que reação provocou, na classe, a advertência inicial de Dona Emerenciana?
      Criou uma atmosfera de expectativa e de gozação da humilhação a ser impingida ao aluno.

09 – O aluno entregou o papel imediatamente? O que determinou a entrega?
       Não. O aluno relutava, mas não resistiu ao olhar imperioso da professora.

10 – A professora fez um elogio ao garoto. Por quê?
       O texto escrito pelo autor referia-se aos assuntos de Geografia tratados durante as aulas.

11 – O elogio levou o garoto a concluir o quê?
       Julgou que a mestra o comparava à Rui Barbosa.

12 – As previsões da professora estavam certas? O que você sabe a respeito de Carlos Drummond de Andrade?
       Sim. O escritor nasceu em Itabira, em 1902. Formado em Farmácia, dedicou-se ao jornalismo e, posteriormente, foi funcionário público. É um dos maiores poetas brasileiros e cronista de renome. Escreveu principalmente sobre os problemas humanos, usando de ironia e criticando o homem.

13 – Qual é o protagonista da história e que idade tem?
       É o próprio narrador. Tem nove anos.

14 – Localize no texto uma frase que demonstre a respeito do protagonista:
a) obediência – “Sucumbido, levantei-me…”
b) curiosidade – “Mas exercia sobre nós uma fascinação inelutável…”
c) constrangimento – “O rosto ficou mais quente, não respondi.”
d) sofreguidão, pressa – “Eu escrevia com o rosto ardendo e a mão veloz tropeçando sobre complicações ortográficas…”

15 – A história da narrativa se passa no tempo:
 a. (   ) presente        b. (X) passado       c. (   ) futuro.

16 – Qual é a duração e o ambiente físico em que ocorrem os fatos?
      “Eu escrevia com o rosto ardendo e a mão veloz tropeçando sobre complicações ortográficas…”

17 – Qual é a principal mensagem que se encontra no texto?
       Escrever pode ser uma atividade muito agradável se o indivíduo se sentir motivado. Escrever não é fruto de um “dom especial” mas de um longo aprendizado. Outras mensagens que o texto indica: os professores são, na maioria das vezes, responsáveis pelo nascimento ou morte de um escritor. No caso do autor, sua professora fez um elogio ao seu escrito, mesmo quando poderia ter chamado sua atenção diante dos colegas. Isto é, a atitude da professora foi positiva diante da “falta de atenção” em plena aula de Geografia.