quarta-feira, 4 de outubro de 2017

LITERATURA - QUESTÕES OBJETIVAS - COM GABARITO

LITERATURA - QUESTÕES OBJETIVAS - ENEM

01 – (UNIP-SP) A negação do positivismo, do materialismo e das estéticas neles fundamentadas, a criação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da sugestão, da associação de imagens e ideias; o tom vago, impreciso, nebuloso; o uso acentuado de sinestesias e intensa musicalidade, são características do:
      a)     Realismo.
       b)    Simbolismo.
       c)     Naturalismo.
       d)    Romantismo.
       e)     Parnasianismo.

02 – (FUVEST):
        “E fria, fluente, frouxa claridade
        Flutua como as brumas de um letargo”.
Nestes versos de Cruz e Souza encontra-se um dos traços característicos do estilo simbolista:
a)     Utilização do valor sugestivo da música e da cor.
b)    Rima aproximativa: uso de aliterações.
c)     Presença de onomatopeia.
d)    Uso de antinomia.
e)     Emprego de expressões arcaicas.

03 – (UFPA) Na última década do século XIX surge, no Brasil, a manifestação de um estilo de época que é o:
a)     Parnasianismo, que reagiu violentamente contra o estilo então vigente: o simbolismo.
b)    Romantismo, que se ajustou perfeitamente à alma do brasileiro, cujos anseios de liberdade política e literária passou a exprimir.
c)     Impressionismo, que pregava a volta à rigidez formal dos clássicos.
d)    Arcadismo, que pregava seu ideal de felicidade decorrente da vida em contato com a natureza.
e)     Simbolismo, que encontrou uma posição hostil por parte dos parnasianos, ao ponto de quase passar despercebido.

04 – (PUCCAMP-AP) Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens são poetas identificados com um movimento artístico cujas características são:
a)     O jogo de contrastes, o tema da fugacidade da vida e fortes inversões sintáticas.
b)    A busca da transcendência, a preponderância do simbolismo entre as figuras e o cultivo de um vocabulário ligado às sensações.
c)     A espontaneidade coloquial, os temas do cotidiano e o verso livre.
d)    O perfeccionismo formalista, a recuperação dos ideais clássicos e o vocabulário preciso.
e)     O jogo dos sentimentos exacerbados, o alargamento da subjetividade e a ênfase na adjetivação.

05 – (FUVEST):
I
“Longe do estéril turbilhão da rua
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego
Trabalha, e teima, e sofre, e sua!”

II
“Ó formas alvas, brancas, formas claras
De luares, de neves, de neblinas
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...”

As estrofes anteriores são, respectivamente, dos poetas:
a)     Manuel Bandeira e Olavo Bilac.
b)    Vinícius de Moraes e Fagundes Varela.
c)     Olavo Bilac e Cruz e Souza.
d)    Cruz e Sousa e Castro Alves.
e)     Castro Alves e Alphonsus de Guimaraens.

06 – (PUC-RS):
        “Hão de chorar por ela os cinamomos,
        Murchando as flores ao tomar do dia
        Dos laranjais hão de cair os pomos
        Lembrando-se daquela que os colhia.”
Uma das linhas da poesia de Alphonsus de Guimaraens, como se observa no exemplo, é a:
a)     Amada morta.
b)    Religiosidade profunda.
c)     Transfiguração.
d)    Atmosfera litúrgica.
e)     Paisagem mariana.

07 – (UFSCAR-SP) A ênfase na seleção de vocabulário poético, com o objetivo de transferir ao poema o máximo de correspondência sensorial, é uma característica do:
a)     Romantismo, sobretudo na obra de Castro Alves.
b)    Barroco, principalmente em Gregório de Matos.
c)     Simbolismo, representando pelas obras de Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.
d)    Parnasianismo, representado pela obra de Alberto de Oliveira.
e)     Pré-modernismo, principalmente em Jorge de Lima.

08 – (FEM-PA) Seus poemas sugerem um clima de mistério, através de uma linguagem rica em adjetivos semanticamente vagos e imprecisos. Trata-se de... que escreveu... e, como poeta, está vinculado ao ...
a)     Vinícius de Moraes / Sonetos e Baladas / Modernismo.
b)    Álvares de Azevedo /Lira dos Vinte Anos / Romantismo.
c)     Cruz e Sousa / Faróis / Simbolismo.
d)    Olavo Bilac / O Caçador de Esmeraldas / Parnasianismo.
e)     Cecília Meireles / Vaga Música / Modernismo.



09 – (UCP-PR) Assinale a alternativa correta.
      a)     O Romantismo é consequência do surto de cientificismo e da fadiga da repetição das fórmulas subjetivas.
       b)    O poeta parnasiano deixa-se arrebatar pelo conflito entre o mundo real e o imaginário, expresso num sentimentalismo acentuado.
      c)     O Realismo é consequência do surto de cientificismo e da fadiga da repetição das fórmulas subjetivas.

      d)    No Romantismo, o escritor mergulha no interior das personagens, mostrando ao leitor seus dramas e sua agonia.
     e)     No Simbolismo, predominou a prosa.

10 – (MACK-SP):
        “Vozes, veladas, veludosas, vozes,
        Volúpias dos violões, vozes veladas,
        Vogam nos velhos vórtices velozes
        Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
O trecho acima representa um dos momentos mais inspirados da poesia _______________de ________________.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.
a)     Simbolista – Alphonsus de Guimaraens.
b)    Parnasiana – Olavo Bilac.
c)     Simbolista – Cruz e Sousa.
d)    Romântica – Álvares de Azevedo.
e)     Parnasiana – Alberto de Oliveira.


11 – (MACK-SP):
        “Praticam uma poesia predominantemente descritiva, interessada em representar plasticamente paisagens e ambientes, reduzindo o mais possível o envolvimento do poeta com os temas tratados. Por outro lado, há uma supervalorização da chamada forma poética, onde há busca constante de perfeição técnica nas rimas, vocabulário selecionado.”
Assinale a alternativa em que encontra o nome do movimento literário a que se refere o trecho citado:
a)     Parnasianismo.
b)    Romantismo.
c)     Modernismo.
d)    Simbolismo.
e)     Arcadismo.

12 – (MACK-SP):
        “Dentre as atitudes mais comuns à sua poesia, no plano temático, destacam-se: a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca. E, no plano específico da expressão, têm destaque as sinestesias, as imagens insólitas, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e a utilização de maiúsculas, com a finalidade de dar valor absoluto a certos termos.”
O trecho acima refere-se a:
a)     Cruz e Sousa.
b)    Cecília Meireles.
c)     Alphonsus de Guimaraens.
d)    Gregório de Matos.
e)     Augusto dos Anjos.

13– (FEI-SP) Marque a única alternativa correta sobre o texto abaixo:
        Cárcere das almas
        “Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
        Solução nas trevas entre as grades
        Do calabouço olhando imensidades,
        Mares, estrelas, tardes, natureza.”

Nesta estrofe, está fortemente caracterizado uma tema simbolista bem a gosto de Cruz e Sousa. Trata-se de:
a)     Sofrimento metafísico.
b)    Espírito de renúncia.
c)     Tristeza diante de amores impossíveis.
d)    Sofrimento em decorrência da pobreza material.
e)     Temor diante da injustiça humana.

14 – (FEI-SP) Escolha a alternativa que preencha corretamente, na ordem apresentada, as lacunas da frase abaixo:
        “O Simbolismo se opõe ao................ [1], aproximando-se do [2] ..................., no que diz respeito à presença do subjetivismo e da emoção, segundo se observa, por exemplo, em [3] ................., célebre autor de Broquéis.”
[1]
a) Realismo.
b) Naturalismo.
c) Arcadismo.
d) Romantismo.
e) Naturalismo.
[2]
a) Romantismo.
b) Modernismo.
c) Romantismo
d) Barroco.
e) Modernismo.
[3]
a) Cruz e Sousa.
b) Gonçalves Dias.
c) Castro Alves.
d) Manuel Bandeira.
e) Olavo Bilac.

15 – (FEI-SP) Uma das obras citadas abaixo foi escrita por Lima Barreto. Assinale-a:
a)     Canaã.
b)    Os Sertões.
c)     Triste Fim de Policarpo Quaresma.
d)    Eu.
e)     Urupês.

16 – (UFPB) Sobre as obras da literatura brasileira, abaixo citadas, não é correto afirmar que:
a)     A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, e um romance urbano, de final feliz, que retrata costumes, cenas e tipos da sociedade pequeno-burguesa do Rio de Janeiro, no século XIX.
b)    Iracema, de José de Alencar, é quase poema em prosa, em que se observa o encontro da raça branca com a indígena, dando lugar ao surgimento da civilização brasileira, segundo a visão dos românticos.
c)     Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, é um romance tipicamente romântico, cuja ação descreve as intrigas palacianas da corte, no Rio de Janeiro, durante o Primeiro Império.
d)    Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, é a história de um visionário e nacionalista fanático que, movido por uma paixão quixotesca de patriota exagerado, busca resolver sozinho os males de seu tempo.
e)     Em A Morte e a Morte de Quincas Berro d’água, de Jorge Amado, aparecem personagens populares, como marinheiros, vagabundos, contra vetores, prostitutas, como, aliás, acontece em praticamente toda a obra do escritor baiano.

17 – (UFPB) – No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma:
I – O narrador apresenta-se na terceira pessoa, relatando fatos vividos pelo protagonista, sempre a se debater por objetivos inatingíveis.
II – O narrador, personagem principal da história, à custa da própria vida, toma consciência da realidade degradada em que vive.
III – O narrador, personagem secundário da história, conta a trajetória do major Quaresma na sua luta em defesa dos valores nacionais.
IV – O narrador onisciente, revela os pensamentos mais íntimos do personagem principal.
Estão corretas somente as afirmativas:
a)     I e II.
b)    I e III.
c)     I e IV.
d)    II e III.
e)     II e IV.


18 – (UFRS) Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como:
     a)     A necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realista.
   b)    A pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada.

  c)     Uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.
d)    A necessidade de fazer crítica social, já que o Realismo havia sido ineficaz nessa matéria.
e)     O aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

19 – (MACK-SP) Assinale a alternativa onde aparece uma característica que não se aplica à obra de Augusto dos Anjos.
a)     Referência à decomposição da matéria.
b)    Pessimismo diante da vida.
c)     Amor reduzido a instinto.
d)    Incorporação de vocabulário científico.
e)     Nacionalismo exaltado.

20 – (FEI-SP) Leia o texto abaixo:
        “Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há de ser de cócoras.
        Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachimbos de brejaúva ou o feixe de três palmitos.
        Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
        Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
        Quando comparece às feiras, todo mundo logo advinha o que ele traz; sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacuparis, maracujás, jatais, pinhões, cestinhas, samburás, tipitis, pios de caçador; ou utensílios de madeira mole – gamelas, pilõezinhos, colher de pau.
        Nada mais.
        Seus grandes cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço – e nisto vai longe.”
Sobre o criador do célebre Jeca Tatu é correto afirmar que:
a)     Trata-se de Monteiro Lobato, que, por meio de textos críticos e sinceros, discutiu a realidade brasileira do início deste século.
b)    Trata-se de Menotti del Picchia, poeta e dramaturgo da fase crítica do Modernismo, isto é, a primeira geração.
c)     Monteiro Lobato, autor do fragmento dado, dedicou-se apenas à literatura infantil.
d)    Mário de Andrade, criador também da figura de Macunaíma, é o celebre autor do texto dado.
e)     Poucos autores modernos brasileiros criaram figuras regionalistas marcantes como Jeca Tatu. Seu criador idealizou uma ilham chamada Pasárgada.

21 – (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta a respeito de Monteiro Lobato:
a)     Moralista e doutrinador, tinha acentuadas tendências para uma concepção racionalista e pragmática do homem.
b)    Criador do Jeca Tatu, apontou as mazelas físicas, sociais e mentais do Brasil da Primeira República.
c)     Em sua narrativa, notam-se costumes interioranos, intenção satírica e efeitos sentimentais.
d)    Assumiu posições favoráveis às vanguardas europeias: futurismo, cubismo, expressionismo, surrealismo.
e)     Apesar de certas ousadias, sua prosa não rompe, no fundo, nenhum molde convencional.

22 – (MACK-SP):
        “Adotando o modelo determinista, segundo o qual o meio determina o homem, a obra divide-se em três partes. Sua publicação foi relevante para a época: principalmente porque foi a primeira obra a retratar um fato histórico contemporâneo com o rigor interpretativo da Ciência; em segundo lugar, porque, colocando-se nitidamente a favor dos homens da região, o autor situa o fenômeno como problema social, decorrente do isolamento político do Nordeste em relação ao resto do país.”
Assinale a alternativa em que aparece o nome da obra a que se refere o texto acima.
a)     Seara Vermelha.
b)    Vidas Secas.
c)     Grande Sertão: Veredas.
d)    O Sertanejo.

e)     Os Sertões.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

MÚSICA(ATIVIDADES): CORAÇÃO DE ESTUDANTE -MILTON NASCIMENTO - COM GABARITO

Música(Atividades): Coração de Estudante


                                                                                    Milton Nascimento
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto

Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé.

Análise

      De forma simples, serena, e, utilizando de metáforas em uma linguagem, cotidiana e conotativa; assim alertando as futuras gerações dos problemas e cicatrizes democráticas que o brasil passaria.
      Ela nos dá uma ideia de chamamento e hino para aqueles que poderiam um dia fortalecer os laços democráticos do país, os estudantes.

Compreendendo a canção.

1 – “Quero falar de uma coisa”, o que o autor quer se expressar?
      Quer falar de algo que certamente o perturba, porém para a época de conflitos ideológicos e políticos, o mesmo não pode ou não consegue devido a repressão que pode sofrer.

2 – Localize na segunda estrofe:
a)   Versos em pode-se verificar uma referência à repressão que os jovens sofreram em tempos passados.
“Já podaram seus momentos” – Golpe militar.
“Desviaram seu destino” – Foram presos ou torturados.

b)   Versos em que se percebe um clima de otimismo.
“Nova aurora a cada dia”. Expressa que aquela esperança que ora adormecia, ora estaria preparada para dar novo empurrão na busca incessante de transformar para melhorar.
“E há que se cuidar do broto”. Nada mais é que os futuros indivíduos que continuarão a luta.

3 – Interprete os versos:
      “E há que se cuidar do broto
      Pra que a vida nos dê
      Flor, flor e fruto.”
      Este verso ressalta a continuidade da luta em todos os âmbitos da sociedade, e não é só importante escrever o que deve ser feito, mas definir como, quando, e para quem deve ser feito algo favorecendo assim as gerações futuras.

4 – Verifica-se que há, nos primeiros versos da última estrofe:
      (X) Uma preocupação de lembrar ao jovem que ele precisa ser uma pessoa participante.
      (   ) Uma preocupação de lembrar ao jovem que é sonhando que se constrói um futuro feliz.

5 – Que análise podemos fazer do título da canção “Coração de Estudante”?
      Ele estabelece aquilo que é de mais promissor na vida do ser humano, a dignidade, embasada na palavra coração, como se este fosse o pulsar que corresponde o dia-a-dia do povo brasileiro.

6 – Qual o sentido o autor quis mostrar no verso: “tomar conta da amizade”.
      Significa continuar a luta dos ideais democráticos, sendo que a palavra amizade, está atrelada aos laços que fortalecem a liberdade.

7 – Por que o uso intenso de metáforas na letra de “Coração de Estudante.”?
      Através delas teve possibilidade de dizer; de soltar a voz abafada, silenciada, devido o regime militar, quando o fantasma da censura amedrontava o país.

8 – “Deve estar dentro do peito”. O eu lírico sentia o quê?
a)   Que caminhar pelo ar nos dá uma ideia do quanto a notícia era uma arma nas mãos dos opressores.
b)   A dor, a amargura que sente em estar aprisionado em uma sociedade, em que muitos sofrem e poucos enxergam.
c)   Uma maior aproximação, quando os grupos que combatiam o governo, havia dado ênfase a uma luta, uma luta de ideias organizados em prol do povo.
d)   Que devia se expressar sobre o que o perturba, mas não consegue devido a repressão que pode sofrer.




TEXTO LITERÁRIO: GLÓRIAS E PRIVAÇÕES - ORÍGENES LESSA - COM GABARITO


GLÓRIAS E PRIVAÇÕES

        Os anos passaram. Os meninos cresciam. Os livros saíam. Campos Lara tornara-se o grande romancista do país. Tinha um nome nacional. Cartas chegaram de toda parte. Fugira sempre dos políticos. Ouvira, anos seguidos, os impropérios da esposa, por não querer procurar coronelões e chefes eleitorais que o admiravam, para pedir emprego.
        --- Você não presta mesmo para nada. Por que é que não arranja, pelo menos, um emprego público?
        Nunca pedira. Não pediria nunca. Mas o seu nome enchera de tal forma o país, que um deputado amigo se lembrou de arranjar-lhe uma achega. Campos Lara, além de ser o maior romancista nacional, era amanuense de uma secretaria de Estado.
        A glória literária, sempre crescente, abria-lhe todas as portas. Não as procurava, mas estavam abertas. O diretor de um colégio veio oferecer estudo grátis para os meninos. A Irene, a Anita, o Joãozinho estudavam agora.
        No fundo, Maria Rosa preferia que, em vez de escola, as crianças arranjassem emprego. O trabalho compensa. Irene poderia ser uma boa datilógrafa. Joãozinho faria carreira, na casa de Gomes, Correia & Cia. O estudo poderia estraga-los, fazê-los iguais ao pai. No apogeu da sua carreira literária, a merecer em toda parte mesuras e barretadas, de vez em quando um repórter em casa, para fotografar o romancista à sua mesa de trabalho, ou simplesmente a mesa – um retratara apenas o tinteiro e a caneta –, Campos Lara vivia mediocremente, pobremente. Uma peleja tão grande, para ganhar pouco mais do que um empregado de escritório.
        Mas nem se atrevia a falar ao marido. Em certas coisas, Campos Lara conseguia ser inflexível. Os filhos teriam que estudar. E, apreensiva sempre, Maria Rosa auscultava as tendências das meninas, já mocinhas, especialmente do filho, temerosa de ver o germe literário se revelar. Sua esperança era que o seu quinhão de sangue os salvasse. Os filhos, muito mais dela do que dele. A sua carne, o seu sangue, o seu sofrimento. Haviam crescido ao seu lado, passando privações, vendo o mau exemplo e o fracasso do pai. E, sempre que podia, mandava o Joãozinho brincar à casa do Gomes, com o garoto mais velho, ver a diferença, invejar lhe a riqueza!

                                                   Orígenes Lessa. O feijão e o sonho.
                                                                     São Paulo: Ática. p. 122.

1 – “O trabalho compensa.” Pensando nisso, Maria Rosa preferiria ver os filhos trabalharem em vez de irem à escola. Você concorda com ela? Qual a justificativa para esse modo de pensar?
      Reposta pessoal do aluno. O ideal é que as pessoas estudem sempre, para melhorar no campo profissional.

2 – Campos Lara jamais pedira nada a ninguém, mesmo vendo a família enfrentar as piores dificuldades. Por qual motivo teria vivido assim?
      Eram o orgulho e a vaidade que o impediam.

3 – “Campos Lara vivia mediocremente, pobremente.” Mesmo depois de ter seu talento reconhecido, a condição de vida do poeta continuou precária. A glória literária, nesse caso, Justifica tudo?
      Nem sempre; no caso de Campos Lara, foi o que aconteceu.

4 – Como é a atitude de Campos Lara com a mulher e os filhos?
      Campos Lara, oferece uma vida pobre e sofrida à mulher e aos filhos.

5 – Maria Rosa foi feliz com Campos Lara? Justifique sua resposta?
      Não. Embora admirasse e amasse o marido, Maria Rosa nunca perdoou Campos Lara por este não ter lhe proporcionado uma vida mais confortável.

6 – Maria Rosa instiga os filhos a serem ambiciosos, para que não tenham as pretensões literárias do pai. O que você pensa disso? Um filho escolhe a carreira espelhando-se na do pai?
      Resposta pessoal do aluno. Os filhos não necessariamente escolhem a mesma carreira do pai, mas é inegável que se deixam influenciar pelas ideias e posturas dos familiares.