quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

REPORTAGEM: SEMPRE JUNTOS, SEMPRE FORTES - ROSE GUIRRO - COM GABARITO

 REPORTAGEM: SEMPRE JUNTOS, SEMPRE FORTES

                 Ter um amigo inseparável para partilhar segredos ajuda o adolescente a ter mais segurança

Rose Guirro

        É fácil identificar aqueles dois amigos inseparáveis. Eles se encontram diariamente, têm uma espécie de linguagem cifrada, vivem trocando segredos e participam dos mesmos programas. Um sempre está na casa do outro. Taís Guedes e Alethea Kounrouyan são assim. Inseparáveis. Ou, para quem vê a amizade de fora, um verdadeiro grude.

        As garotas, que têm 17 anos, se conhecem desde os 9 anos e garantem que, apesar de se falarem diariamente, nunca brigaram. “Temos gostos parecidos e, por isso, nunca discutimos”, garante Thaís. Alethea confirma. “Não há confusão nem mesmo quando nós duas ficamos interessadas no mesmo garoto”, explica ela. Para evitar atritos, as amigas têm uma estratégia para esses casos. Quando as duas querem só ficar com o menino, não há problema: cada dia uma tem esse privilégio. Se a coisa for mais séria, basta falar para a amiga. “Aí, a outra cai fora”, garante Thaís.

      Aline Alonso e Juliana Monteiro, ambas de 20 anos e estudantes de Jornalismo na PUC, também não têm segredos. “Todas as minhas dúvidas são divididas com a Juliana”, jura Aline. Juliana explica que as duas têm gostos diferentes para quase tudo, mas uma afinidade muito grande no modo de pensar. “Por isso, nos damos superbem”, justifica.

        Contar segredos e compartilhar as angústias e medos é uma característica presente apenas na amizade feminina, explica a psicóloga Maria Clara Heise, especializada em adolescentes. "Entre os meninos, a amizade é sempre mais superficial", analisa Maria Clara. As meninas, garante a psicóloga, não têm problema em mostrar suas angústias para a amiga. Já os meninos sentem medo de parecer inseguros. "Por isso, quando se encontram falam mais de futebol, política e de meninas", diz.

        "Há rapazes, no entanto, que contam seus problemas para os amigos. Esse é o caso, por exemplo, de Pedro Paulo Pimenta, 21 anos, estudante de Filosofia, e Arnaldo Junqueira Ribeiro, de 21 anos, que estuda Jornalismo e História. “Mas só falo sobre os assuntos mais íntimos quando não dá para segurar a barra sozinhos," explica Pedro, que conheceu Arnaldo há quatro anos. Arnaldo conta que prefere falar sobre assuntos pessoais com Juliana, sua namorada há cinco anos. “Mas quando tenho alguma briga com ela, procuro o Pedro para desabafar”, diz.

        De acordo com o psicólogo Dráusio Martins Ribeiro, os homens são mais competitivos e, por isso, evitam ficar em desvantagem na frente dos amigos. "Entre os garotos, a preocupação com a autoimagem é muito grande", explica. Entre as meninas, isso não acontece. "Elas contam seus sentimentos e expõem suas dúvidas porque sabem que a amiga vai entender seus problemas", acredita.

        Seja como for, uma coisa é certa: a amizade é muito importante para o desenvolvimento dos jovens. "Nessa fase, os adolescentes começam a questionar os valores e os gostos dos pais e procuram pessoas que tenham pensamentos iguais aos seus", explica Maria Clara. Mas os especialistas acreditam, contudo, que a amizade também pode trazer problemas se um não desgrudar do outro por nada nesse mundo. "Se um dos amigos tiver a personalidade muito dominante, o outro pode ir anulando a sua personalidade para ficar parecido com o amigo e, desse modo, não perder a sua estima", ensina Maria Clara. De acordo com a psicóloga, a melhor coisa a fazer é ter um grande amigo, mas, ao mesmo tempo, não seguir a cabeça dos outros.

        Afinal, não há nada melhor do que contar com a solidariedade dos amigos. Vitor Marin, por exemplo, não pôde assistir ao filme Meu Primeiro Amor, com o Ator-mirim Macaulay Culkin, no dia em que seus amigos Danilo Doratiotto, Théo Chiarella e Bruno Chiarella, todos com 13 anos, foram ao cinema. Na semana passada, Vitor reclamou que não tinha visto o filme e os outros três decidiram vê-lo novamente. “Amigo é para essas coisas”, brincam os garotos.

 

Fonte: O Estado de São Paulo, 27 fev. 1992.

      Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 162-5.


Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Identificar: reconhecer.

·        Privilégio: vantagem, regalia.

·        Cifrada: em código; que só alguns entendem.

·        Afinidade: semelhança, identidade.

·        Atritos: brigas, desavenças.

·        Compartilhar: dividir; ter ou tomar parte de.

·        Estratégia: modo de realizar algo; conjunto de táticas utilizado para alcançar objetivos específicos.

·        Questionar: colocar em dúvida, discutir.

·        Solidariedade: sentimento que leva as pessoas a ajudar umas às outras.

02 – Copie os temas explorados no texto, colocando-os na ordem em que aparecem:

a)   A explicação do psicólogo sobre amizade masculina. (4).

b)   Exemplos de amizade masculina. (3).

c)   Importância e riscos da amizade. (5).

d)   Exemplos de amizade feminina. (1).

e)   A explicação da psicóloga sobre amizade feminina. (2).

f)    Exemplo de solidariedade entre meninos. (6).

03 – O texto desenvolve uma ideia central. Qual?

      Entre os adolescentes é comum e bastante benéfico existir uma forte amizade, principalmente entre as meninas.

04 – Copie a alternativa correta. Segundo a psicóloga Maria Clara Heise:

a)   A amizade masculina é mais sólida porque os homens são mais sinceros.

b)   A amizade feminina é mais profunda porque as meninas compartilham medo e angústia.

c)   Na adolescência, meninos e meninas têm formas semelhantes de se relacionar com seus pares.

05 – Por que os meninos falam mais de futebol, de política e de meninas?

      Porque eles têm medo de parecer inseguros, falando de si mesmos.

06 – O psicólogo Dráusio Martins Ribeiro afirma que os meninos são mais competitivos. Em que essa atitude interfere no relacionamento entre eles?

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Por que a amizade é especialmente importante na adolescência?

      Os adolescentes procuram apoio de pessoas que pensam como eles para evitar atritos e solidão.

08 – Qual o problema que a amizade pode trazer aos adolescentes?

      Se um dos adolescentes for mais autoritário, poderá dominar o outro.

09 – “... a melhor coisa a fazer é ter um grande amigo, mas, ao mesmo tempo, não seguir a cabeça dos outros.” Como isso é possível?

      O jovem deve manter a independência, o modo próprio de pensar, apesar da amizade.

10 – Como podemos caracterizar o texto “Sempre juntos, sempre fortes”? Copie a alternativa adequada:

a)   É uma reportagem sobre o comportamento dos jovens, contendo opiniões de psicólogos.

b)   É a história de uma longa amizade entre adolescentes.

c)   É uma exposição teórica sobre a adolescência.

11 – Na sua opinião, o texto traça um bom retrato da amizade entre adolescentes? Faltou alguma coisa nesse retrato? O quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 

CRÔNICA: LAR DESFEITO - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

 CRÔNICA: LAR DESFEITO

                       Luís Fernando Veríssimo

 José e Maria estavam casados há vinte anos e eram muito felizes um com o outro. Tão felizes que um dia, na mesa, a filha mais velha reclamou:

- Vocês nunca brigam?

José e Maria se entreolharam. José respondeu:

- Não, minha filha. Sua mãe e eu não brigamos.

- Nunca brigaram? – quis saber Vítor, o filho do meio.

- Claro que já brigamos, mas sempre fazemos as pazes.

- Na verdade, brigas, mesmo, nunca tivemos. Desentendimentos, como todo mundo. Mas sempre nos demos muito bem...

- Coisa mais chata – disse Venancinho, o menor.

Vera, a filha mais velha, tinha uma amiga, Nora, que a deixava fascinada com suas histórias de casa. Os pais de Nora viviam brigando. Era um drama. Nora contava tudo pra Vera. Ás vezes chorava. Vera consolava a amiga. Mas no fundo tinha uma certa inveja. Nora era infeliz. Devia ser bacana ser infeliz assim. O sonho de Vera era ter um problema em casa para poder ser revoltada como Nora. Ter olheiras como Nora.

Vítor, o filho do meio, frequentava muito a casa de Sérgio, seu melhor amigo. Os pais de Sérgio estavam separados. O pai de Sérgio tinha um dia certo para sair com ele. Domingo. Iam ao parque de diversões, ao cinema, ao futebol. O pai de Sérgio namorava uma moça de teatro. E a mãe de Sérgio recebia visitas de um senhor muito camarada que sempre trazia presentes para Sérgio. O sonho de Vítor era ser irmão de Sérgio.

Venancinho, o filho menor, também tinha amigos com problemas em casa. A mãe de Haroldo tinha uma filha de 11 anos que podia tocar o Danúbio Azul espremendo uma mão na axila, o que deixava a mãe do Haroldo louca. A mãe do Haroldo gritava muito com o marido.

Bacana.

- Eu não aguento mais esta situação – disse Vera, na mesa dramática.

- Que situação, minha filha?

- Essa felicidade de vocês!

- Vocês pelo menos deviam ter cuidado de não fazer isso na nossa frente – disse Vítor.

- Mas nós não fazemos nada!

- Exatamente.

Venancinho batia com o talher na mesa e reivindicava:

- Briga. Briga. Briga.

José e Maria concordavam que aquilo não podia continuar. Precisavam pensar nas crianças. Antes de mais nada, nas crianças. Manteriam uma fachada de desacordo, ódio e desconfiança na frente deles, para esconder a harmonia. Não seria fácil. Inventariam coisas. Trocariam acusações fictícias e insultos. Tudo para não traumatizar os filhos.

- Víbora não – gritou Maria, começando a erguer-se do seu lugar na mesa com a faca serrilhada na mão. José também ergueu-se e empurrou a cadeira.

- Víbora sim! Vem que eu te arrebento.

Maria avançou. Vera agarrou-se a seu braço.

- Mamãe. Não!

Vítor segurou seu pai. Venancinho, que estava de boca aberta e olhos arregalados desde o começo da discussão - a pior até então -, achou melhor pular da cadeira e procurar um canto neutro da sala de jantar.

Depois daquela cena, nada mais havia a fazer. O casal teria que se separar. Os advogados cuidariam de tudo. Eles não podiam mais se enxergar.

Agora era Nora que consolava Vera. Os pais eram assim mesmo. Ela tinha experiência. A família era uma instituição podre. Sozinha, na frente do espelho, Vera imitava a boca de desdém de Nora.

- Podre. Tudo podre.

E esfregava os olhos, para que ficassem vermelhos. Ainda não tinha olheiras, mas elas viriam com o tempo. Ela seria amarga e agressiva. A pálida filha de um lar desfeito. Um pouco de pó-de-arroz talvez ajudasse.

Vítor e Venancinho saíam aos domingos com o pai. Uma vez foram ao Maracanã junto com o Sérgio e a namorada do pai do Sérgio, a moça do teatro. O pai de Sérgio perguntou se José não gostaria de conhecer uma amiga de sua namorada. Assim poderiam fazer mais programas juntos. José disse que achava que não. Precisava de mais tempo para se acostumar com sua nova situação. Sabe como é.

Maria não tinha namorado. Mas no mínimo duas vezes por semana desaparecia de casa, depois voltava menos nervosa. Os filhos tinham certeza de que ela ia se encontrar com um homem.

- Eles desconfiam de alguma coisa? - perguntou José.

- Acho que não – respondeu Maria.

Estavam os dois no motel onde se encontravam, no mínimo duas vezes por semana, escondidos.

- Será que fizemos o certo?

- Acho que sim. As crianças agora não se sentem mais deslocadas no meio dos amigos. Fizemos o que tinha de ser feito.

- Será que algum dia vamos poder viver juntos outra vez?

- Quando as crianças saírem de casa. Aí então estaremos livres das convenções sociais. Não precisaremos manter as aparências. Me beija.

 Fonte da imagem:https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fblogs.correiobraziliense.com.br%2Fconsultoriosentimental%2Fmae-e-mae%2F&psig=AOvVaw2GixN4vyPZz3k816F1ek9y&ust=1607730788606000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCMi4-I7OxO0CFQAAAAAdAAAAABAT

ENTENDENDO A CRÔNICA

1)   Qual é o assunto tratado na crônica?

A crônica se fundamenta numa inversão de valores morais.

 2)   As personagens que aparecem na crônica são descritas com detalhes ou são descritas superficialmente?

Comprove sua resposta com um trecho do texto.

São descritas superficialmente.

Vera tinha inveja de Nora. “Nora era infeliz. Devia ser bacana ser infeliz assim. O sonho de Vera era ter um problema em casa para poder ser revoltada como Nora...”

Vitor (filho do meio) – “O sonho dele era ser irmão de Sergio, que tinham os pais separados, e levava o Sergio todo domingo ao parque de diversões, ao cinema, ao futebol...”.

Venancinho (filho menor) – Tinha um amigo, chamado Haroldo que a mãe gritava muito com o marido, ele achava bacana.

3)   A linguagem empregada na crônica pode ser classificada com formal ou informal? Por quê? Copie algumas expressões que justifiquem sua resposta.

Linguagem informal, porque utiliza vocabulário simples; é uma conversa em família sobre o dia a dia.

“Nora contava tudo pra Vera”.

Aí então, estaremos livres das convenções sociais”.

4)   De que forma foi invertida a ordem natural da narrativa, nessa crônica?

Nela, o estado inicial é a felicidade de um casal, e o estado final, o desentendimento. Quando a ordem seria o contrário, ou seja, de um estado de contenda para um final feliz.

5)   Os filhos ficavam inquietos com a harmonia de seus pais, pois não queriam ter pais felizes. Copie do texto frases dos filhos sobre o assunto.

A filha: O sonho de Vera era ter um problema em casa...; o filho do meio: Nunca brigaram; o filho menor: Briga. Briga. Briga.

 6)   Por que há uma inversão de valores morais, por parte dos filhos?

Os filhos do casal, em contato com a experiência familiar dos seus colegas, que viviam às voltas com o desentendimento dos pais, estranhavam a harmonia entre o pai e a mãe.

7)   O casal, diante da inquietação dos filhos, que resolvem fazer?

Finge aceitar a manipulação das crianças e decide simular a contenda.

 8)   Como o filho menor, Venancinho, define “paz”?

Como a coisa mais chata.

 9)   Existe uma crítica social? Cite-a.

Sim, percebe-se a tendência, na contemporaneidade, da curta permanência dos casamentos.

10)              O foco narrativo é o elemento estrutural da narrativa que compreende a perspectiva, através da qual se conta uma história. Qual a posição do narrador nessa crônica?

Na instância do enunciado, o narrador é onisciente, pois sanciona o desentendimento positivamente; na enunciação, porém, o cronista/enunciador constrói uma crítica à desarmonia.

MÚSICA: MOÇA BONITA - GERALDO AZEVEDO/ALCEU VALENÇA - COM GABARITO

 MÚSICA: MOÇA BONITA

               


                                       Geraldo Azevedo/Alceu Valença

 

Moça bonita
Seu corpo cheira
Ao botão de laranjeira
Eu também não sei se é

Imagine o desatino
É um cheiro de café
Ou é só cheiro feminino
Ou é só cheiro de mulher

Moça bonita
O seu olho brilha
Qual estrela matutina
Eu também não sei se é

Imagina minha sina
É o brilho puro da fé
Ou é só brilho feminino
Ou é só brilho de mulher

Moça bonita
Seu beijo pode
Me matar sem compaixão
Eu também não sei se é

Ou pura imaginação
Pra saber, você me dê
Esse beijo assassino
Nos seus braços de mulher

Moça bonita
O seu corpo cheira
Ao botão de laranjeira
Eu também não sei se é

Imagine o desatino
É um cheiro de café
Ou é só cheiro feminino
Ou é só cheiro de mulher

Moça bonita
Seu olho brilha
Qual estrela matutina
Eu também não sei se é

Imagina minha sina
É o brilho puro da fé
Ou é só brilho feminino
Ou é só brilho de mulher

Moça bonita
Seu beijo pode
Me matar sem compaixão
Eu também não sei se é

Ou pura imaginação
Pra saber, você me dê
Esse beijo assassino
Nos seus braços de mulher

 

Fonte: LyricFind

Compositores:  Geraldo Azevedo/Capinan

Entendendo a canção

1)   Logo no primeiro verso, usa-se o vocábulo “bonita” para quê?

          Para caracterizar o substantivo “moça”.

2)Na canção existe algumas comparações. Copie-as.

   “... seu corpo cheira/ao botão da laranjeira”.

   “...seu olho brilha/Qual estrela matutina.”

 

3)Em que verso há marcas de oralidade?

      “Pra saber, você me dê...”      

 

4)O eu lírico cita vários cheiros que a moça bonita tinha. Quais?

     “Cheiro de botão de laranjeira

     Cheiro de café

     Cheiro feminino

     Cheiro de mulher...”

5) Retire três pares de rimas da canção.

      Cheira/laranjeira; desatino/feminino; compaixão/imaginação.

 

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): SONHO COLORIDO DE UM PINTOR - TOM ZÉ - COM GABARITO

 Música(Atividades): Sonho Colorido de Um Pintor

                                                             Tom Zé

Sonhei que pintei

Minhas noites de amarelo

Lindas estrelas no meu céu eu coloquei

O feio que era feio ficou belo

Até o vento do meu mundo eu perfumei

Numa apoteose de poesia

Um conjunto de harmonia

Uma lua roxa pra iluminar

As águas cor de rosa do meu mar

 

Meu sol eu pintei de verde

Que serve pra enxugar

Lágrimas, se um dia precisar

A dor e a tristeza fiz virar felicidade

Aproveitei a tinta e pintei sinceridade

 

Pintei de azul o presente, de branco eu pintei o futuro

O meu mundo só tem primavera

O amor eu pintei cinza escuro

 

Pra lá eu levei a bondade, dourada é sua cor

Aboli a falsidade, o meu povo é incolor

 

Na entrada do meu mundo, tem um letreiro de luz

Meu mundo não é uma esfera

Tem o formato de cruz

                                             Composição: B. LOBO / Talismã

Entendendo a canção:

01 – Nesta canção há várias palavras que determina, especifica ou qualifica somente substantivos e nem sempre vem precedida de preposição.

a)   Escreva as palavras da primeira estrofe que tem as características acima descritas e que podem ser classificadas de adjuntos adnominais.

É preciso repetir os conceitos de adjunto adnominal pode indicar posse como em “minhas” no 1°verso, e “meu” no 2° verso; e “de amarelo” e “lindas” que qualificam o substantivos noites e estrelas, respectivamente.

b)   Retire do texto, pelo menos, um exemplo de antítese.

Feio / belo; tristeza / felicidade.

02 – Que palavras ou combinações de palavras resumem a concepção de vida ou de humanidade na canção?

      “Sonhei que pintei / Minhas noites de amarelo”.

      “A dor e a tristeza fiz virar felicidade”.

      “O meu mundo só tem primavera”.

      “Pra lá eu levei a bondade, dourada é sua cor”.

03 – Que temática é abordada pelo eu lírico?

      Do sonho de pintar um mundo colorido, ou seja, um mundo mais justo, com mais bondade e sem falsidade.

04 – De que cores o eu lírico pintou o presente e o futuro?

      Pintou de azul o presente e de branco o futuro.

05 – Que figura de linguagem há em este verso: “O feio que era feio ficou belo”?

      Paradoxo ou oximoro, pois consiste na expressão de uma ideia contrastante.

06 – Identifique a opção que completa corretamente o enunciado a seguir.

        Pode-se afirmar que a letra da canção cumpre seu objetivo, pois....

a)   Simplesmente passa informações.

b)   Provoca emoções e reflexões.

c)   Serve de diversão.

d)   Modifica o comportamento.

07 – Após você analisar a letra da canção, responda: a temática é positiva ou negativa? Em seguida, explique por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

POEMA: AULA DE PORTUGUÊS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: AULA DE PORTUGUÊS

               Carlos Drummond de Andrade

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

   Esquecer para lembrar. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979. P. 87-88.

     Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 77- 9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Esquipáticas: esquisitas e antipáticas; extravagantes, excêntricas.

·        Aturdem-me: atordoam-me, perturbam-me.

02 – Que jogo de palavras existe na primeira estrofe do texto?

      O eu poético diz saber “na ponta da língua” a “linguagem”.

03 – Em que situação a língua portuguesa é fácil?

      Quando é usada na comunicação diária; na linguagem falada.

04 – Quando a língua portuguesa é difícil?

      Quando estudada em sala de aula.

05 – Na expressão “superfície estrelada de letras”, que associação poderia ser feita entre letras e estrelas?

      A linguagem formal ou dos letrados é indecifrável, inatingível, como os astros no céu.

06 – Nas aulas de português, como o eu poético se sente? Por quê?

      Sente-se perdido, aturdido com as regras de gramática.

07 – Qual a parte da Gramática que o eu poético não conhece?

      As figuras de gramática, ou seja, a Estilística, lhe são desconhecidas.

08 – Dê alguns exemplos de figuras de linguagem que você já conhece.

      Já vimos em anos anteriores metáfora, antítese, personificação, ironia.

09 – Em que verso o eu poético exprime o sofrimento diante do estudo?

      “Atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.”

10 – Copie a alternativa correta. Na quarta estrofe, o eu poético relaciona a língua portuguesa com:

a)   Seus sonhos de infância.

b)   Algumas experiências básicas e marcantes de seu passado.

c)   Trechos de obras de autores famosos.

11 – Qual foi a consequência para o eu poético do tipo de estudo da época? Copie a alternativa correta.

a)   Teve a impressão de esquecer a língua aprendida em casa.

b)   Perdeu o interesse pela língua portuguesa.

c)   Tornou-se exímio conhecedor da gramática.

12 – Como você entendeu o verso: “O português dão dois; o outro, mistério.”?

      Ao estudar a gramática de Carlos Góis, o poeta percebe uma clara distinção entre a língua falada por ele e a língua estudada na escola (misteriosa).

 

CONTO: AO DEUS DIÁLOGO - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

 Conto: Ao deus diálogo

              Marina Colasanti

        Para garantir a segurança de suas famílias, os antigos romanos mantinham em casa um altar aos deuses do lar. Hoje, sem altar mas com a mesma devoção, cultuamos o deus diálogo.

   Dele esperamos que resolva todos os problemas da relação, escancarando as portas do entendimento. Que funcione como uma espécie de garantia do amor, um seguro contra as separações. Dialogue! Exortam os terapeutas e os comportamentólogos. Dialogue! Incitam centenas de livros, milhares de revistas. E nós, que somos uma geração cheia de vontade de acertar, empunhamos os sagrados estandartes do diálogo e desandamos a falar.

        Mas será que o sabemos? Desde pequeninos uma frase marca nossa relação com essa difícil arte: “Cala a boca, menino!” Criança não tem vez para falar. Junto com o desmame, aprende que não deve interromper os adultos, não deve se meter em conversa de gente grande a não ser quando solicitada. Em meus tempos de colégio interno – que já vão bastante longe, mas nem por isso fazem parte da antiguidade – não podíamos falar nem nos dormitórios, nem nos corredores, nem no refeitório, nem na sala de aula, e muito menos na capela. Ou seja, não podíamos falar, a não ser nos recreios. Transgressões a essa regra implicavam perda das saídas quinzenais. Assim, as boas freiras se esforçavam para fazer de nós futuras dialogantes.

        Em casa continua o aprendizado. Qualquer filho descobre desde cedo que os pais utilizam dois diálogos diferentes: um na frente das crianças, e outro depois que as crianças estão dormindo, ou quando acham que elas não estão ouvindo. A partir daí, os filhos, aprendizes obedientes, passam a utilizar com os pais o mesmo sistema. (...)

        Esse aprendizado pode ganhar reforço behaviorista quando, dizendo para os pais ou adultos em geral aquilo que a prudência lhe aconselharia calar, a criança é devidamente castigada. Dessa forma, castigo e verdade estabelecem aos poucos, para ela, um sólido vínculo.

        Crescidos, temos fartas oportunidades de ver aplicado em larga escala aquilo que aprendemos. Os políticos e governantes falam uma coisa e pensam outra, os filósofos e os intelectuais apregoam uma liberdade que não praticam em casa, a boa senhora patrona de uma instituição de caridade maltrata a empregada. E todos parecem praticar um discurso para uso externo e outro para consumo interno.

        Ou seja, somos oficialmente instigados à abertura e à sinceridade, ao famoso diálogo. Mas, o que nos é realmente ensinado, como meio de defesa e de vitórias, é a duplicidade do discurso.

        E por falar em amor. São Paulo, Círculo do Livro, s/d. p. 115.

     Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 97-8.


Fonte da imagem: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.acessa.com%2Fnegocios%2Farquivo%2Fnoticias%2F2017%2F05%2F08-dialogo-trabalho%2F&psig=AOvVaw1qALaoL_Dk3yQUu5G6JBNf&ust=1607562514476000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCLjS-Zbbv-0CFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Exortam: encorajam.

·        Behaviorista: relativo à teoria psicanalítica que estuda o poder dos estímulos no aprendizado.

·        Comportamentólogos: estudiosos do comportamento.

·        Incitam: animam, encorajam.

·        Apregoam: propagandeiam.

·        Transgressões: desobediências.

·        Instigados: aconselhados, encorajados.

02 – De que fala o texto?

      O texto fala de causas que dificultam o diálogo entre as pessoas.

03 – Qual a ideia desenvolvida pela autora deste texto?

      Embora conscientes da importância do diálogo, temos grande dificuldade para praticar “essa difícil arte”, pois, à nossa volta, valoriza-se a sinceridade do diálogo, mas o que realmente se ensina é a duplicidade do discurso.

04 – Segundo o texto, quais as causas da dificuldade de se tornar um “verdadeiro dialogante”?

      A educação que recebemos em casa e na escola, os exemplos dados pelos pais, políticos, filósofos e intelectuais que apregoam uma coisa e praticam outra: todos parecem ter um discurso para uso externo e outro para consumo interno.

05 – Há um momento em que a autora utiliza uma profunda e amarga ironia. Localize o trecho onde isso acontece.

      “Assim, as boas freiras se esforçavam para fazer de nós futuras dialogantes.”

       

ARTIGO DE OPINIÃO: QUEM LÊ MAIS ESCREVE MELHOR? SIM - WALTER ARMELLEI JÚNIOR - COM GABARITO

 Texto: Quem lê mais escreve melhor? Sim

         Walter Armellei Júnior

        A leitura influencia a escrita por vários motivos: o leitor toma contato com novas formas linguísticas, enriquece o vocabulário, descobre mundos e amplia seus conhecimentos.

      É praticamente impossível que um apreciador da leitura não consiga escrever bem. Mas não podemos nos esquecer de que ler exige certas habilidades. Para melhor aproveitamento, o leitor precisa ter capacidade de análise e interpretação. Só assim ele extrai substratos dos livros para seu texto.

        Para escrever bem, é preciso ter posição crítica e fazer a leitura do mundo. E quem não lê geralmente fica limitado ao seu mundo. O jornal e os livros ajudam o indivíduo a conquistar novos conhecimentos. Além de enriquecer o vocabulário, ele pode ter contato com diferentes pontos de vista. Através da leitura, o ser humano cresce e toma contato com o universo.

        A televisão pode ajudar a ampliar horizontes, mas possui linguagem diferente da escrita. Parafraseando Drummond, diria que escrever só se aprende escrevendo. E lendo muito.

                                               Walter Armellei Júnior, 34, é professor de redação do 2° grau. Folha de São Paulo, 20 maio 1991.

    Fonte: Português – Linguagem & Participação, 8ª Série – MESQUITA, Roberto Melo / Martos, Cloder Rivas – 2ª edição – 1999 – Ed. Saraiva, p. 108-9.


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Entendendo o texto:

01 – O texto é narrativo ou dissertativo? Por quê?

      O texto é dissertativo porque discute a escrita no seu aspecto geral.

02 – Quantos parágrafos compõem o texto?

      Possui quatro parágrafos.

03 – Relacione cada ideia ao parágrafo que a desenvolve.

a)   A televisão pode ajudar, mas não substitui a leitura.

Quarto parágrafo.

b)   Para escrever é preciso: posição crítica e leitura do mundo.

Terceiro parágrafo.

c)   O bom aproveitamento da leitura leva o leitor a escrever bem.

Segundo parágrafo.

d)   A leitura enriquece a escrita.

Primeiro parágrafo.

04 – Vamos fazer um exercício de argumentação. O autor do texto respondeu sim à questão: “Quem lê mais escreve melhor”? Que argumentos utilizaria uma pessoa que respondesse negativamente a ela?

      Resposta pessoal do aluno.