domingo, 21 de janeiro de 2024

ORTOGRAFIA: PALAVRAS COM h OU H - COM GABARITO

 Ortografia: Palavras com h ou H

Exercícios.

01 – Complete as palavras com h ou H e depois copie.

herança: herança.

hélice: hélice.

Heitor: Heitor.

hoje: hoje.

hotel: hotel.

humanidade: humanidade.

Helena: Helena.

honra: honra.

hora: hora.

horizonte: horizonte.

Hugo: Hugo.

hemisfério: hemisfério.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgol-O7owCyIDSU54XtyMO1ravl8Dxj94KW9AfUZP4ZhaHe5e-YzKZDsvG_NJTzsOX7wqWYK0xNTgjOzoLCNW0d79sNOG51OqzLsaa0qn-MPQm6T9tHL1Z_1qgQDIOfO3qxdmh8bYpsrJqqGY7sTJsJ3lAYq2kr3bKR_rdaqW7xPgMIe6PkXtKOpltcjKY/s300/AGA.jpg


02 – Ordene as sílabas e escreva as palavras.

·        bi-ha-te-tan: habitante.

·        mil-hu-de: humilde.

·        no-hi: hino.

·        nes-ho-to: honesto.

·        rói-he: herói.

·        ra-ho: hora.

·        li-há-to: hálito.

·        je-ho: hoje.

03 – Separe as sílabas e copie as palavras.

·        higiene: hi-gi-e-ne      higiene.

·        humilhação: hu-mi-lha-ção      humilhação.

·        horizontal: ho-ri-zon-tal      horizontal.

·        humanidade: hu-ma-ni-da-de      humanidade.

·        homem: ho-mem      homem.

·        habitante: ha-bi-tan-te      habitante.

04 – Crie frases com as palavras abaixo.

a)   horário: resposta pessoal do aluno.

b)   hóspede: resposta pessoal do aluno.

c)   Hilda: resposta pessoal do aluno.

d)   hospital: resposta pessoal do aluno.

 

sábado, 20 de janeiro de 2024

MÚSICA(ATIVIDADES): DOM DE ILUDIR - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): Dom de Iludir

                                Caetano Veloso

 

Não me venha falar na malícia

De toda mulher

Cada um sabe a dor e a delícia

De ser o que é

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzuHiaXfChsRC58nWeSZRwu-MheJBiReUR3WUb-qMiSY8nKJoCL31azCfbN0TNoGcvEGtXEQNMTsFor4ePba_SuUQInu0auIeUW55_mtIdz7ZjcD3TMrqcUxKe2GKyFyFycK40t50nW-R6gglTo0Fo7kv8dSiePOomwI_zSF0DcEEJf2LZWBObVLn74do/s320/DOM.jpg

Não me olhe como se a polícia

Andasse atrás de mim

Cale a boca

E não cale na boca

Notícia ruim

 

Você sabe explicar

Você sabe entender

Tudo bem

Você está, você é,

Você faz, você quer,

Você vem

Você diz a verdade

E a verdade é seu dom de iludir

Como pode querer que a

mulher vá viver sem mentir 

Entendendo o texto

01. Qual é o tema central da música "Dom de Iludir" de Caetano Veloso?

      a) Política.

      b) Relacionamentos.

      c) Filosofia.

      d) Natureza.

02. De acordo com a letra, por que o narrador pede para não falarem na malícia de toda mulher?

      a) Porque a malícia é inexistente.

      b) Porque cada pessoa conhece sua própria experiência.

      c) Porque a malícia é irrelevante.

      d) Porque o narrador é inocente.

03. O que o narrador pede para fazer em relação à polícia na música?

      a) Ignorar.

      b) Denunciar.

      c) Seguir.

      d) Elogiar.

04. Como a verdade é caracterizada na música "Dom de Iludir"?

      a) Como algo indesejado.

      b) Como um dom de iludir.

      c) Como algo sagrado.

      d) Como algo irrelevante.

05. Qual é a conclusão sobre as mulheres na música, com base na letra?

     a) Devem sempre dizer a verdade.

     b) Têm o dom de iludir.

     c) Não têm capacidade de mentir.

     d) São inocentes por natureza.

 

 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

CONTO: AS MARIAS - DALTON TREVISAN - COM GABARITO

 Conto: As Marias

            Dalton Trevisan

      Maria, filha de Maria, a filha de Maria, tem trinta e um desgostos. Lava a roupa, lava a louça, varre que varre, e a patroa – Jesus Maria José? – a patroa ralhando.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXBFum7gEgOZbc1fE3VF_kbRg7tjt1uS00iMP4HSA6gpOPX0ouciMMKANyvMevDHl_9o4u7cldz3TO7sOBQz4I-fWm0FYLum11EMZUUogXb8vK8UF-PQBbKHmrfWZz-j2YZuyzh-gCXD1hVmQebHwfSVO7-660DeQiXPHGnBfMCadN6n1G_TEKVt8hTZA/s320/MARIA.jpg


       Aos sete anos, foi esquecida pela mãe na primeira esquina. Mulher cheia de filhos, não podia com mais um: deu a pobre da Maria.

        Sempre em casa estranha, dormindo em cama-de-vento, comendo em pé ao lado do fogão. Trabalhadeira, era de confiança e não tinha boca para pedir. Pálida, vivia debaixo de chá de ervas. Sonhando, rilhava os dentes, com as bichas alvoraçadas. Maria, ai dela, nunca soube qual o gosto de uma pêra-d’água! O guarda-comida trancado a chave, ela roía com fome um naco de rapadura, escondida sob o travesseiro.

         Lenço amarrado na bochecha, usava cera milagrosa para dor de dente – até que perdia o dente. Vagarosa por culpa de unha encravada. De lidar na potassa, partiam-se os dedos e sofria de panarício. Nunca se despedia, era despachada pela patroa, aborrecida de suas aflições e sua cara de pamonha.

          Ao rolar de uma para outra casa, engordava com os anos, gemia de dor nas cadeiras e enleava-se no serviço. Sua alegria era lavar o cueiro do bebê. Ah, mas beijar a criancinha...

           - Está proibida, ouviu, Maria?

           Criada não conhece o seu lugar, podia ter alguma doença.

           Menina séria, não ia ao baile com as outras. No carão anêmico esfregava papel de seda escarlate molhado na língua e, mal surgia à janela, a espiar um soldadinho verde, a patroa ralhava.

            - Maria, já escolheu o arroz?

            - Maria, já passou a roupa?

            - Já encerou a casa, ó Maria?

            Areada a chapa do fogão, guardava a louça, varrida a cozinha, chegava-se medrosa à porta. O soldado rondava, parava, batia continência. Tinha pressa como soldado era de guerra: queria pegar na mão e cobrir de beijos.

              - Deus me livre, podia ter algumas doenças!

              Maria faz o sinal-da-cruz: a boca só o marido é que iria beijar.

              Onde estão os praças de cavalaria, o tinir das esporas na calçada? Trinta e um anos de Maria! Até proibida de passear com a Maria.

                - Pois vá chorar no quarto – ordena-lhe a patroa. – Não suporto cena de gentinha!

                 Essa Maria, um objeto de casa, o capacho da porta, a vassoura no prego.

                  Maria não vai ao circo, o palhaço é tão gozado.

                  Maria não vai ao Passeio Público ver o macaquinho comer banana.

                   Maria não vai ao cineminha na sexta-feira assistir à Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

                   Maria, a filha de Maria, distraída no domingo com a Marta, viu seu coração rolar do peito e, prato que lhe escapou dos dedos gordurosos ( a patroa vai ralhar?), partir-se em sete pedaços de sangue pelo chão.

                   Era um cabo? Maria nunca soube de que arma. Falava lindo e tão difícil, puxando no xis – vixto, mocinha? – que ela saltitar ora numa perna ora noutra, esganada roía as unhas.

                   - Tem gente, cabo. Você me respeite, ó cabo?

                    Ele a levou ao circo e Maria entrou soberba como uma patroa entre a gentinha que fazia cena: no pescoço a velha pele de coelho mordendo a cauda. A charanga, o peludo de cara pintada, o cabo das grandes botas de general. Um palhaço xinga o outro de “Gigolô”!, o circo vem abaixo de tanta gargalhada. Maria sorri, o cabo lhe tira sangue do peito.

                    - Ocê me deixa louco, Maria.

                    Sob o espanto do baleiro, anunciando “Oia a bala oi...”, ela beijou a mão do cabo.

                     Em nove meses Maria, filha de Maria, vai ser mãe de Maria.

Entendendo o texto

01. Como se constrói a narrativa?

Se constrói de ações fragmentadas e gestos estereotipados das domésticas errantes, doentes, esfaimadas, sonhadoras. Maria resume um tipo que reitera modelos previsíveis de comportamento, é o retrato das mazelas de uma doméstica.

02. Qual é o nome da personagem principal no conto "As Marias"?

         O nome da personagem principal é Maria.

03. Quantos desgostos a personagem Maria tem de acordo com o conto?

           Maria tem trinta e um desgostos.

04. Por que Maria foi esquecida pela mãe aos sete anos?

          Maria foi esquecida pela mãe aos sete anos porque a mãe, cheia de filhos, não podia cuidar de mais um, então deu Maria para outra pessoa.

05. Qual era a alegria de Maria, mesmo enfrentando dificuldades em sua vida?

         A alegria de Maria era lavar o cueiro do bebê.

06. O que acontece quando Maria se distrai com Marta no domingo?

          Quando Maria se distrai com Marta no domingo, seu coração rola do peito e parte-se em sete pedaços de sangue pelo chão.

07. Por que Maria não vai ao circo e a outros eventos mencionados no conto?

          Maria não vai ao circo e a outros eventos mencionados porque a patroa a proíbe e a considera um objeto de casa, um capacho da porta.

08. Quem é o responsável por Maria, filha de Maria, se tornar mãe no final do conto?

O cabo mencionado no conto é responsável por Maria, filha de Maria, se tornar mãe, e ela estará grávida em nove meses.

09. Que linguagem traz o texto?

  Pode-se divisar a crítica à subalternidade das domésticas, à sua condição subumana de vida e à opressão das patroas.


 

 

 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

CRÔNICA: A ETIQUETA CARIOCA - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: A Etiqueta Carioca

                Walcyr Carrasco 

MUITOS SÃO OS ERROS que um paulistano comete no Rio de Janeiro. Cariocas vivem de uma maneira peculiar. Nenhum paulista jamais passará por carioca, mesmo que exagere nos calções, no torso sem camiseta, nos óculos escuros, e bote uma lixa dentro da boca para arrastar os "erres". Parecerá um paulista metido a carioca, no máximo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHOja6W76gdj-eMEQtAp5X5w1r5CrS6ytq85Q0TZKTYvNoS-DL4DQYS1hJ1Desdsr0OmxiLsej_eElymKgQKVQ7kl-wbHvxeF1ROiDRqIHkkunpzihIQDHQv_e8Xu5omwQwNitQ5RjSfOLSGt3xfD284s9GS8AY_oFWjwHVSRAEP7ZDzVtRMf0JqHFZOw/s320/CARIOCA.jpg

A primeira dica (dica é uma palavra muito paulista, por sinal. Um carioca preferiria "sacada", eu acho) é na área das relações sociais. Cariocas são falantes e simpáticos. Você conhecerá gatas, gatos, hipopótamos e baleias comprimidas em biquínis do tamanho de um lenço de nariz. Ao final da conversa, sempre vem a frase:

— Quando é que você vem em casa?

Não cometa a bobagem de sair atrás de uma caneta, papelzinho para anotar o endereço, ou qualquer atitude igualmente constrangedora. O carioca não pretende dizer onde mora. É apenas uma forma cordial de comentar que, apesar de paulista, você é um ser humano.

O horário de uma festa sempre é falso. Chegue no mínimo duas horas depois. Vista-se e veja um bom programa de televisão. Ao final, tome mais um banho e troque de roupa outra vez. Será o primeiro a chegar.

A cidade é movida a ar condicionado. O seu corpo precisa se habituar a deixar um escritório a 10 graus e enfrentar um calor de 40 em exatos três segundos. É lastimável que a Nasa não tenha estudado os cariocas. Seria ótimo para destrinchar as condições de vida em planetas selvagens. Ah! Leve tapa-ouvidos. Em boa parte dos hotéis e apartamentos, o velho e trabalhador aparelho resfolega a cada golfada de ar. Parece que o apartamento está aquecendo as turbinas para decolar. No táxi, tire os óculos. Não verá o taxímetro, mas que fazer? Ao sair do carro fresquinho parado asfalto flamejante, seus óculos vão embaçar. Paulistanos podem ser atropelados simplesmente porque os óculos nublaram.

Séria é a questão do traje. Um amigo meu encontrou famosa escritora da pauliceia correndo no calçadão de Ipanema de tênis e collant preto. Parecia um ninja. A desditosa imaginou que o traje a emagreceria. Isso não vale para um lugar onde se usa o mínimo de roupa. Um paulista se veste para ir à praia. Bota horrendas meias com tênis, bermuda, camiseta. O carioca se despe. Tira a camisa, as calças, usa no máximo uma havaiana. Moças pegam ônibus de biquíni com o dinheiro dobradinho na barriga. (E naturalmente molham quem está do lado, ao voltar.) Talvez você fique sem jeito, ao expor o tom de pele branco-esverdeado, fruto da exposição a luzes fluorescentes. Não há alternativa. Praia com meia é o suprassumo da cafonice. Também pode ser da inocência. Tente sorrir para a barraca do lado:

— Dá pra você tomar conta enquanto dou uma nadadinha?

Tudo que você encontrará na volta serão expressões angelicais, enquanto você grita atrás do seu tênis de palmilha especial para pé chato.

E... atenção! Muitas praias no Rio são especializadas. Existe a praia de surfistas na Barra; a dos praticantes de asa-delta, em São Conrado; a de quem quer ver e ser visto, em frente ao Country. E as gays, em Ipanema e Copacabana. Há um acordo tácito, pelo qual ninguém interfere na onda dos outros. Escolha a praia que preferir. Mas depois não reclame, se for convidado a brincar de casinha.

Seguindo essas fáceis regras de etiqueta, você poderá desfrutar uma das mais belas cidades do mundo. Será um passeio "maneiro". Ah, eu não disse ainda? Esqueça palavras como bonito, formoso, excelso. Tudo que é bom no Rio é "maneiro". Se alguém lhe fizer esse elogio... puxa, aos olhos do carioca você não é um paulistano tão detestável assim!

Entendendo o texto

01. Qual é a recomendação do autor em relação ao convite para ir à casa de um carioca?

a) Anotar o endereço imediatamente.

b) Sair em busca de uma caneta e papel.

c) Não se preocupar em anotar, pois é apenas uma forma cordial.

d) Perguntar o endereço várias vezes para não esquecer.

     02. O que o autor sugere sobre o horário de uma festa no Rio de Janeiro?

          a) Chegar no horário marcado.

          b) Chegar duas horas antes do horário marcado.

          c) Chegar duas horas depois do horário marcado.

          d) Ignorar o horário, pois as festas nunca começam.

    03. Como o autor descreve a relação do carioca com o ar condicionado?

          a) O carioca evita o uso do ar condicionado.

          b) O carioca adora o ar condicionado.

          c) O carioca sofre com as mudanças de temperatura.

          d) A cidade é movida a ar condicionado.

    04. O que é recomendado ao usar táxi no Rio de Janeiro, segundo o autor?

          a) Ignorar o taxímetro.

          b) Sempre pedir ao taxista para ligar o ar condicionado.

          c) Tirar os óculos para não embaçarem.

          d) Usar um mapa para monitorar o trajeto.

   05. Como o autor descreve a questão do traje na praia?

          a) Os cariocas se vestem para ir à praia.

          b) Os paulistas usam o mínimo de roupa na praia.

          c) É comum ver pessoas de tênis e meias na praia.

          d) As moças usam biquíni no ônibus.

   06. O que o autor destaca sobre as expressões "maneiro" no Rio de Janeiro?

           a) São palavras paulistas.

           b) São usadas para descrever coisas feias.

           c) Substituem elogios como "bonito" e "formoso".

           d) São pouco utilizadas pelos cariocas.

    07. O que o autor menciona sobre as diferentes praias no Rio de Janeiro?

            a) Todas as praias são iguais.

            b) Cada praia tem sua especialização.

            c) Não vale a pena visitar as praias.

            d) Os cariocas evitam a praia.

   08. O que o autor diz sobre a reação ao elogio "maneiro"?

            a) É um sinal de detestabilidade.

            b) Indica que o carioca gostou de você.

            c) Significa que você é considerado um paulistano simpático.

             d) Deve ser ignorado, pois não tem importância.

     09. Qual é a recomendação do autor ao ser convidado para brincar de casinha?

           a) Aceitar de imediato.

           b) Recusar educadamente.

           c) Escolher a praia certa.

           d) Não reclamar após aceitar o convite.

    10. Como o autor descreve o corpo dos cariocas em relação ao ar condicionado?

           a) O corpo dos cariocas não se adapta ao ar condicionado.

           b) É lamentável que a Nasa não tenha estudado os cariocas.

           c) Os cariocas adoram a mudança brusca de temperatura.

           d) A cidade deveria ter temperaturas mais amenas.

 

 

 

 

CRÔNICA: EM BUSCA DE STATUS - WALCYR CARRASCO - COM GABARITO

 Crônica: Em Busca de Status

                Walcyr Carrasco

 

AO ENTRAR NA SALA DE um amigo, observo uma luminária idêntica a um chifre. Ele a exibe, orgulhoso.

— Phillipe Starck. Só existem três no Brasil.

Atarraxo um sorriso de admiração. Como dizer que parece o despojo de uma fantasia da Vai-Vai? Entusiasmado, ele aconselha: 

— Na loja havia uma cadeira de couro de vaca incrível, assinada. Você precisa comprar.

— Mas não preciso de mais uma cadeira. 

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9ZLsc8KL5JDy10UNh8ttoN7sYw-49YDeoPg4FCXqT7gcT_5CNI4Fts-2ycIHFR4QHNwg1LoSaJhrJXXa0mU4zgatgmnxOOgVIeeGgfEv5bCcG3XfxjqFwvDTzYjQuzoXOEbPbghm7WFMKR5DuCkPNoRhwJRNni893n4IBffN7qvCEZ5OzJuc-_62pbTk/s320/carteira-masculina-lv_1_1000.jpg 


— E uma oportunidade única, e você vai jogar fora?

Suspiro. Devia jogar a cadeira na cabeça dele. E impressionante como as pessoas dão valor a grifes. Há bastante tempo vi uma carteira Louis Vuitton com desenho quadriculado. Linda. Fui verificar. Meus documentos não cabiam. O vendedor explicou:

—- E que os documentos europeus são de tamanho menor. Os nossos ficam sobrando.

Agradeci. Um amigo que me acompanhava se escandalizou. -— Não vai levar?

— Onde vou botar minha identidade?

 Mas quando você abrir a carteira todo mundo vai notar. É chique.

Sou do tipo que só compra quando gosta. Espanto-me quando vejo as pessoas se digladiando para ser elegantes. Visito um casal. Ele me oferece um drinque.

— Uísque 12 anos, de uma reserva especial. Você nunca experimentou igual.

— Obrigado, só quero água.

— Você tem de experimentar! É o máximo!

Enche meu copo. Observo a samambaia mais próxima. Quantas vezes terá sido regada pelo uísque? A busca por status faz com que modas sejam inventadas.

Sempre odiei tiramisu. Há algum tempo, ninguém podia dizer que não gostava.

— Prefiro creme de papaia -— arrisquei, certa vez, à mesa.

Olharam-me como se fosse um ET. Descobri que o creme fora a moda de um ano atrás. Querem botar grife até dentro do meu estômago! Agora que o tiramisu se tornou mais popular, é até fino desdenhar. Escritores também podem entrar em moda.

— Você já leu o último da saga de Ramsés.

— Não gostei do primeiro, parei.

— Ah, mas todo mundo está lendo. Eu também achei um pouco

exagerado... mas só falam nisso!

E filmes que não se pode deixar de ver? Já perdi a conta.

Cada vez que desembarca uma nova Bruxa de Blair, há uma comoção.

              Como, você não viu?

— Assisto mais tarde, no vídeo.

— Mas aí é diferente. Todo mundo já vai ter visto.

Será que, por todo mundo desfrutar, o filme perde o interesse, a comida o sabor? E a mania de conhecer vinhos? Se parte dos homens de negócios se dedicasse a estudar os gregos com o mesmo afinco com que decora rótulos, teríamos um país de filósofos. Guerra semelhante acontece entre conhecedores de charuto. Discutem aromas. Nuances. A maioria seria incapaz de distinguir um cubano de um cigarro de palha do sítio. Respeito os apreciadores das coisas boas da vida. Mas é terrível ver alguém comendo, bebendo e fumando só para parecer o que não é, nem precisa ser.

De maneira mais cruel, algumas personalidades se tornam notórias da noite para o dia. São convidadas para todas as festas. Pensam que entraram para o grand monde. Bobagem. Passa algum tempo e seu telefone pára de tocar. São descartadas como a roupa do verão passado.

Inventaram até uma expressão para dizer que alguma coisa é chique e imprescindível: Estava em uma badalada loja de roupas masculinas. A gerente conversava com um rapaz. Comentou.

— Seu sapato é tudo.

   O elogiado sorriu como se tivesse ganho a Mega Sena.

— Eu sei. E mesmo. Tudo.

 O sistema solar não é tudo, a via láctea não é tudo. Como um sapato pode ser?

Falando assim, parece que estou me referindo aos ricos, ou pelo menos à classe média abastada. Coisa nenhuma. Soube que uma grande grife, que patrocina desfiles chiquérrimos, vive da venda de camisetas e jeans. Seu público: office-boys e congêneres. Gastam o pouco que ganham para ter roupa com etiqueta. Quanto mais jovens, mais estritos: é preciso usar os tênis que todos usam, botar o jeans, a calça. Caso contrário, serão desdenhados como o patinho feio.

Fico pensando: nessa ânsia por ser especiais, as pessoas tornam-se idênticas. Ser "tudo" acaba sendo um bom caminho para terminar em nada.

Entendendo o texto

01. Qual é a reação do narrador ao ver a luminária na casa do amigo?

a) Fica encantado e quer comprar uma igual.

b) Sorri de admiração, mas acha estranha.

c) Critica abertamente o gosto do amigo.

d) Compra uma para si imediatamente.

02. O que o amigo do narrador sugere comprar na loja?

a) Uma luminária igual à dele.

b) Uma cadeira assinada por um designer famoso.

c) Uma carteira Louis Vuitton.

d) Uma obra de arte exclusiva.

   03. Por que o narrador recusa a carteira Louis Vuitton?

        a) Por não gostar do desenho quadriculado.

        b) Por não ter dinheiro para comprá-la.

        c) Porque seus documentos não cabem nela.

        d) Porque preferia uma carteira de outra marca.

04. O que o narrador acha da busca por status relacionada a grifes?

a) Concorda e acha importante.

b) Despreza e acha fútil.

c) Participa ativamente dessa busca.

d) Não tem opinião formada sobre o assunto.

     05. Como o narrador reage ao convite para experimentar um uísque especial?

          a) Aceita e elogia.

          b) Recusa educadamente.

          c) Experimenta e não gosta.

         d) Finge gostar para agradar o amigo.

   06. O que o narrador comenta sobre a moda do tiramisu?

         a) Sempre gostou dessa sobremesa.

         b) Nunca experimentou, mas queria.

         c) Despreza, pois está fora de moda agora.

         d) Acha que é uma moda passageira.

    07. Qual é a atitude do narrador em relação aos livros e filmes populares?

         a) Sempre os lê e assiste.

         b) Só os consome se forem populares.

         c) Ignora, pois prefere coisas menos conhecidas.

         d) Assiste mais tarde, no vídeo.

    08. O que o narrador questiona sobre a obsessão por conhecer vinhos e charutos?

         a) Se as pessoas realmente apreciam essas bebidas.

         b) Se essa busca contribui para o desenvolvimento pessoal.

         c) Se deveriam dedicar-se ao estudo de assuntos mais relevantes.

         d) Se é possível distinguir a qualidade desses produtos.

     09. Como o narrador vê as pessoas que buscam ser notórias da noite para o dia?

         a) Com admiração e respeito.

         b) Como tolas e superficiais.

         c) Como visionárias.

         d) Como inspiradoras.

     10. Qual é a crítica final do narrador em relação à busca desenfreada por status?

         a) Acredita que todos devem buscar ser "tudo".

         b) Sugere que essa busca pode levar ao vazio.

         c) Apoia a ideia de ser especial a qualquer custo.

         d) Afirma que a busca por status é essencial para o sucesso.

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