segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

ARTIGO DE OPINIÃO: CONCEITO DE FAMÍLIA NO SÉCULO XXI - COM GABARITO

 Artigo de Opinião: Conceito de família no século XXI

TEXTO I

Se Estatuto da Família for aprovado, STF o declarará inconstitucional

Circulou na imprensa a notícia de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou no dia 10 de fevereiro, uma comissão especial para acelerar um projeto que reconhece como família apenas os núcleos sociais formados pela união de um homem e de uma mulher. É o Estatuto da Família de autoria do Deputado Anderson Ferreira (PR-PE).

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvffbgQi4SjldCKPJBvr5QKsZFzi87bgzzmpIEmLxWu2ba6uxoGl8tOjFUsndwLAy6gNcg03WQ_txFmNliIL0aJS33WM0ql4AurEzRohdubQX_Sr08ipWDt_LhrlD0yyyRztWcgg00S8C9i_iSp104-B2k-17NoGHtOJEtcxbgkZkvYzFm0QglixwWObI/s1600/FAMILIA.jpg


O projeto, em seu artigo 2º, afirma que “define-se entidade familiar como núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”(…)

Há no discurso uma clara visão utilitarista: a família de pessoas do mesmo sexo não cumpre sua função última, “ser base da sociedade”. Haveria duas famílias: as úteis e as inúteis para a base da sociedade. É argumento que já legitimou atrocidades em passado não tão remoto.

TEXTO II

Novas configurações de família trazem desafios de lidar com realidades distintas e multiplicidade de amores

As configurações formadas por recasamentos, uniões homoafetivas, paternidade ou maternidade socioafetivas convivem com o modelo tradicional familiar

(…)As famílias heterosssexuais também constroem ou reconstroem arranjos que fogem ao tradicional. A maior vantagem de toda essa mistura é, sem dúvida, o exercício da tolerância mútua, que deverá desaguar na ampliação da aceitação da diversidade na sociedade. “Os coleguinhas da escola passam a aceitar composições familiares diferentes das suas”, diz a psicanalista e pedagoga Cristina Silveira. Para ela, as dificuldades apresentadas por uma criança que é fruto de um casal heterossexual são parecidas com aquelas que vêm de um lar homoafetivo. “O importante mesmo é o amor. A formação de famílias diferentes das tradicionais e de lares homoafetivos são uma realidade e isso faz muito tempo. As pessoas estão dando um jeito de se adequar”, afirma.

Em qualquer caso, porém, se por um lado a nova realidade aumenta a tolerância com as diferenças e estimula a convivência com a diversidade, formar uma família equilibrada e saudável continua sendo um enorme desafio. “Com as novas configurações familiares, passam a existir uma multiplicidade de amores, de diversidade de comandos, de autoridade e de regras. Tudo isso cria novos problemas”, avisa a psicoterapeuta de família Cláudia Prates.

TEXTO III

Quem é a sua família? Se ela não segue os moldes tradicionais, ela pode ser considerada menos válida? Parece óbvio que a resposta é não. Entretanto, principalmente no caso de composições envolvendo casais homossexuais e praticantes do poliamor, a resposta para essa pergunta não raro vem com um “sim”, recheado de preconceito e desinformação. Também respondem dessa forma alguns parlamentares em Brasília.                                           

http://www.imaginie.com/temas/conceito-de-familia-no-seculo-xxi/

Entendendo o texto

01-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

a-(  V   ) Percebe-se no Texto I  um discurso que critica o Estatuto da Família proposto pela Câmara dos Deputados, pois nesse estatuto seria considerada família apenas “o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”

b-( F  ) Percebe-se no Texto I que o Estatuto da Família proposto para aprovação na Câmara dos deputados reconhece que a união de pessoas do mesmo sexo também seria um tipo de família aceito

c-( V  ) Percebe-se no Texto II um discurso que defende conviver com uma diversidade de organizações familiares (heterossexuais, homoafetivas, socioafetivas)

d-( V ) Percebe-se no Texto II um discurso de que famílias não tradicionais e homoafetivas já são realidades que existem há muito tempo

e-( F ) Percebe-se no Texto II um discurso de que formar famílias equilibradas é muito fácil, não importa sua organização, tradicional ou não

f-(  V  ) Percebe-se no Texto III um discurso que adverte que famílias homossexuais ou praticantes de poliamor sofrem preconceito

02-Qual a tese defendida no Texto I?

a- Concordar com o Estatuto da Família defendido pela Câmara dos Deputados;

b- Defender que a família é o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do casamento ou união estável;

c- Defender que o Estatuto da Família proposto para aprovação na Câmara dos Deputados é preconceituoso, pois exclui as organizações não tradicionais de família

03-Qual a tese defendida no Texto III?

a-   Defender que as famílias não tradicionais são menos válidas;

b-Denunciar o preconceito que ainda existe contra as famílias consideradas não tradicionais (as homoafetivas e as praticantes de poliamor);

     c-Defender que famílias tradicionais já aceitam harmoniosamente a existência de famílias não tradicionais

04-No trecho extraído do Texto I “Há no discurso uma clara visão utilitarista: a família de pessoas do mesmo sexo não cumpre sua função última, “ser base da sociedade”. Haveria duas famílias: as úteis e as inúteis para a base da sociedade. É argumento que já legitimou atrocidades em passado não tão remoto.”, o autor está:

a-concordando com o argumento de que existem famílias úteis e inúteis;

b- concordando com o argumento que discrimina a família de pessoas do mesmo sexo;

c- criticando e discordando do argumento que discrimina a família de pessoas do mesmo sexo.

05-O argumento extraído do Texto II “Os coleguinhas da escola passam a aceitar composições familiares diferentes das suas”, diz a psicanalista e pedagoga Cristina Silveira.” foi usado:  

a- para incentivar a aceitação de vários tipos de família;

b- para recusar os vários tipos de família;

c- para reclamar das dificuldades de conviver com vários tipos de família.

06-Ao escolher o título “Conceito de família no século XXI” e não outro título qualquer, o site:

a- demonstra que os conceitos de família mudam com o passar do tempo;

b- problematiza conceitos atuais de família;

c- procura atrair o leitor da época atual;

d- todas as respostas anteriores estão corretas.

07-No trecho do TEXTO II Com as novas configurações familiares, passam a existir uma multiplicidade de amores, de diversidade de comandos, de autoridade e de regras. Tudo isso cria novos problemas”, o autor:

 a- enriqueceu a argumentação anterior de que “formar uma família equilibrada e saudável continua sendo um enorme desafio”, usando um argumento de autoridade, no caso citando a fala da psicanalista e pedagoga Cristina Silveira;

b- enriqueceu a argumentação anterior de que “formar uma família equilibrada e saudável continua sendo um enorme desafio”, usando um argumento de autoridade, no caso citando a fala da psicoterapeuta de família Cláudia Prates;

c- empobreceu a argumentação anterior de que “formar uma família equilibrada e saudável continua sendo um enorme desafio”, usando um argumento de autoridade, no caso citando a fala da psicanalista e pedagoga Cristina Silveira;

d- empobreceu a argumentação anterior de que “formar uma família equilibrada e saudável continua sendo um enorme desafio”, usando um argumento de autoridade, no caso citando a fala da psicoterapeuta de família Cláudia Prates;

08-Qual o tema central debatido nos três textos-discursos acima?

a- o conceito de família tradicional;

b- o conceito de família não tradicional;      

c- os vários conceitos de família que existem no século XXI.

09-A quem se referem as palavras sublinhadas no TEXTO II?

As palavras sublinhadas no Texto II se referem a diferentes configurações familiares, como as formadas por recasamentos, uniões homoafetivas, paternidade ou maternidade socioafetivas.

10-Diante da variedade de conceitos de família existentes no mundo atual, percebemos que preconceitos em relação às diversas formas de famílias não é o comportamento mais adequado para convivermos de forma tolerante e fraterna em pleno Século XXI. Assim, sabendo-se que dia 15 de maio é o Dia Internacional da Família, a proposta é que você, a partir das reflexões aqui realizadas, produza um texto-discurso valorizando, sem medo de ser feliz, o tipo de família no qual você se insere. Pode ser um poema, artigo de opinião, declaração de amor à sua família ou outros. O importante é não ficar calado. Os textos serão divulgados na escola, no dia Internacional da Família, e também alguns serão selecionados para o Blog www.vozestudantilteotoniovilela.wordpress.com

Resposta pessoal.

 

CONTO: O ÁRABE E O VIZINHO - ANTÓNIO BOTTO - COM GABARITO

 Conto: O árabe e o vizinho

 

– Esta parede faz sombra – disse um árabe ao seu vizinho.

– Ainda bem.

– Não; entenda-me primeiro. Eu estou a queixar-me de que você me rouba o sol com essa parede que levantou, aqui, ao pé da minha casa.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkqG14pwzH9zNz5A4uejbxv0PbsuHAjrD0XCRAxShsCR4XHiwURrKCBr03gLUEM-4KoYH9eY53SM2SpLVELIHbQmtAWmz8CpckPQO1PdLUt6IPQXMmkvV1wcUjYaQ9yBjqQehhuWbhIFFouAj6GOniUaxIBRiuj3lnHlxS7ywmX75sajK2gyvoritbZ-Y/s320/VIZINHO.jpg


– Mas neste infinito deserto, meu amigo, luz é o que sobra e sombra é o que falta. Repara nos teus animais encostados à parede que eu mandei construir, se não estão satisfeitos?

Mas o árabe tanto se lamentava e enfurecia que o vizinho resolveu comprar-lhe o terreno, para não ter que mandar deitar abaixo a sua pequena moradia.

O árabe mostrou-se de acordo e foi com os seus animais para um outro ponto distante; porém, dia a dia, morriam dois ou três, com o calor. Uma tarde, resolveu vender alguns.

– Por que razão queres tu vender estes animais? – perguntou o comprador.

– Porque preciso do dinheiro.

– E para que é o dinheiro?

– Para levantar uma parede que me dê sombra – respondeu o árabe a olhar, tristemente, para quatro camelos caídos, quase mortos...

António Botto

Entendendo o texto

 01- Marque (V) para o que sentiu ou entendeu do texto-discurso acima e (F) para o que não sentiu, nem entendeu:

a-( V) Há um discurso de que a pessoa precisa ser sábia para perceber o que realmente precisa ser mudado, na vida;

b-( V) Há  um discurso de que a pessoa sempre terá as consequências de suas escolhas;

c-( F ) Há um discurso de que jamais se deve abrir mão da própria maneira de pensar;

d-( V ) Há um discurso de que nem tudo o que determinada pessoa quer é o que, de fato, a deixará satisfeita;

e-( V ) Há um discurso de que a conversa sincera pode não ajudar a resolver problemas, se aquele com quem se dialoga não deseja mudar sua maneira de pensar;

f-( F  ) Há um discurso de desvalorização do árabe;

g-( V ) Há um discurso de que o mundo divide-se entre práticas de sabedoria e práticas de ignorância;

h-( F ) Há um discurso naturalizando a ideia de que vizinhos sempre podem entrar em conflitos.

02- No enunciado ”Mas, neste infinito deserto, meu amigo...”, o termo sublinhado sugere:

a-   uma maneira amigável de tentar convencer o árabe;

b-   um jeito discreto de afastar o árabe;

c-   uma expressão carinhosa para dispensar o árabe, logo;

d-   um cumprimento cordial ao árabe.

03- No enunciado ”Essa parede que levantou, aqui, ao pé da minha casa...”, o termo sublinhado indica:

a- tempo;    

b- afirmação;    

c- lugar;    

d- certeza.

04- No enunciado ”Uma tarde, resolveu vender alguns...”, o termo sublinhado indica:

a- dúvida;    

b- afirmação;    

c- negação;    

d- tempo.

05- No enunciado ”Respondeu o árabe a olhar, tristemente...”, o advérbio indica:

a- modo;    

b- certeza;    

c- negação;     

d-lugar.

06-No enunciado ”Se não estão satisfeitos...”, o futuro do verbo destacado seria:

a- estavam;    

b- estar;    

c- estarão;    

d- está.

07-No enunciado ”E para que é o dinheiro?...”, a forma dicionarizada do verbo destacado é:

a- ir;    

b- vir;    

c- ser;    

d- nenhuma das alternativas.

08-No enunciado Lamentava e enfurecia...”, os verbos destacados podem ser substituídos por:

a- agradecia e penalizava-se;

b- lastimava e irritava-se;

c- pedia e agradecia;

d- louvava e enaltecia.

09-No enunciado Deitar abaixo a pequena moradia...”, a locução verbal destacada significa:

a- comprar;

b- construir;

c- derrubar;

d- erguer.

10-No enunciado ”Mas, neste infinito deserto...”, o adjetivo destacado:

a- qualifica negativamente o substantivo deserto;    

b- qualifica positiva e negativamente o substantivo deserto;  

c- qualifica positivamente o substantivo deserto;        

d- não qualifica de forma alguma o substantivo deserto.

11- REDAÇÃO. Imagine que o árabe e o vizinho encontraram-se, depois de um certo tempo. Imagine a conversa deles e reproduza o diálogo.

 Possível diálogo entre o árabe e o vizinho após algum tempo:

  • Cenário: Ambos se encontram em um oásis, onde o árabe agora possui uma pequena casa e uma parede que lhe proporciona sombra.

Árabe: "Vizinho, preciso confessar que estava errado. A sua ideia de construir a parede foi muito mais sábia do que a minha. Graças à sombra da sua antiga parede, pude salvar meus animais e construir uma nova casa. Agradeço por ter me ensinado uma lição tão valiosa."

Vizinho: "Amigo, aprendemos todos os dias. O importante é saber reconhecer nossos erros e aprender com eles. A vida no deserto nos ensina a valorizar cada gota de água e cada raio de sombra. Fico feliz em ver que você encontrou sua paz."

Árabe: "E eu fico feliz por ter um vizinho tão sábio e compreensivo. A partir de agora, construiremos juntos uma vida melhor neste deserto."

Observações sobre o diálogo:

  • Arrependimento e gratidão: O árabe demonstra arrependimento por sua atitude inicial e gratidão pela lição aprendida.
  • Sabedoria e compreensão: O vizinho se mostra compreensivo e sábio, enfatizando a importância do aprendizado mútuo.
  • Resolução pacífica: O diálogo demonstra que o conflito foi resolvido de forma pacífica e que ambos aprenderam com a experiência.
  • Valorização da vida no deserto: A conversa ressalta a importância de se adaptar ao ambiente e valorizar os recursos disponíveis.

 

 

 

 

domingo, 1 de dezembro de 2024

CONTO: AS COCADAS - CORA CORALINA - COM GABARITO

 CONTO: As Cocadas

               Cora Coralina

 

Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do tempo.

Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco. Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando cortada em losangos. Saiu uma cocada morena, de ponto brando, atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYaXYVypbnXrlwuuNnkYgMSP7YEBeQEfeRWB0J2VBylW2kGJqQO774IVRXJS1LpIF4mrCpuSXaFQLA1vtegGZ-V_6Dn18VTOfa3FBslO_qWttfaXRe_F0R3MdJ-W62WaObPjkII9Hu3rlCwyJnimMIMfjbdXopoe1qscEdvPqSriG7gQst9EpVttl2Ttw/s320/COCADAS.jpg


Duas cocadas só... Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez mesmo. Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível de noite, sonhava com as cocadas. De dia, as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguardando e de olho na terrina.

Batia os ovos, segurava a gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava na boca do forno e socava cascas no pesado almofariz de bronze.

Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló. Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiii... Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão, no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina.

As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor.

Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador... Trovador... e veio o Trovador, um perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido e abanando a cauda. Farejou os doces sem interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso.

Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas.

Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – má e dolorida – de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.

CORALINA, Cora. O Tesouro da Casa Velha. 3. ed. São Paulo: Global, 2000.p.85-6.

 Entendendo o texto

01-  Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para os efeitos de sentidos não pertinentes: 

a-( V ) percebe-se que independente da idade, as crianças e adolescentes da época eram submetidos às atividades domésticas, prática considerada normal, à época;

b-( F  ) percebe-se que ao narrar que participou de todas as etapas da feitura do doce, a menina, narradora-personagem, pretendeu realçar o quanto se sentiu injustiçada, ao receber apenas uma cocada;

c-( V ) percebe-se que ao qualificar positivamente o coco, a narradora-personagem quis sugerir que a escolha da matéria-prima contribui, muitas vezes, para o pleno resultado do produto;

d-( V ) percebe-se que a narradora-personagem instiga o leitor a imaginar as sensações que sentiu quando menina, ao qualificar o coco e o doce, depois de pronto;

e-( F ) Percebe-se que não se apelou para os sentidos -visual, olfativo, gustativo e tátil- do leitor e da leitora, ao justificar-se o desejo da menina pelo doce;

f-( F ) percebe-se que a personagem prima, ao oferecer as cocadas emboloradas ao Trovador, o cachorro do tio, mostra que o tratamento dispensado aos animais não era dos melhores;

g-( F ) percebe-se que a personagem prima, ao oferecer as cocadas emboloradas ao Trovador, o cachorro do tio, mostra que a maioria dos adultos, à época, dava mais atenção aos animais que às crianças;

h-( V ) percebe-se que à época, geralmente, os adultos não ligavam importância aos sentimentos das crianças e adolescentes;

i-( V ) percebe-se que ao guardar a vasilha contendo as cocadas, no alto da prateleira, não se tinha intenção de distribuir os doces, mas sim de guardá-los; 

j-( F ) percebe-se que o fato de colocar a vasilha contendo as cocadas, no alto da prateleira, acentuava uma prática social comum da personagem prima: a capacidade de partilhar;

l-( F  ) percebe-se que a preocupação exclusiva com o trabalho era uma prática social marcante na vida das pessoas de antigamente;

k-( F ) percebe-se a prática social de as tarefas de casa serem repartidas igualmente entre todos os membros da casa;

l-( F ) percebe-se a prática social de a cozinha ficar a cargo tanto de homens quanto de mulheres;

m-( V  ) percebe-se como destaque a prática sócio-psicológica da inveja;

n-( V ) percebe-se como destaque a prática sócio-psicológica da frustração;

o-( F  ) percebe-se que a narradora-personagem, ao relembrar o episódio de quando menina, denota superação do sentimento negativo que nutria pelos adultos de então.

     02-No texto-discurso, percebe-se, como tese central, uma oposição político-cultural da narradora-personagem a uma prática social dos tempos mais antigos. Contra o que se protesta:

       a- contra a gulodice das crianças;

       b- contra o fato de as crianças trabalharem;

    c- contra a rigidez e a insensibilidade com que os adultos tratavam as crianças;

       d- contra os maus tratos aos animais.

   03-O primeiro conflito relevante da narrativa se instala quando:

      a- se fazem as cocadas;

      b- se distribuem duas cocadas à menina e colocam-se as outras cocadas no alto da prateleira;

      c- se descobre que as cocadas se emboloraram;

      c- se distribuem as cocadas para o cachorro.

  04-O clímax da narrativa transcorre quando:

        a- se distribuem duas cocadas à menina e colocam-se as outras cocadas no alto da prateleira;

          b- se descobre que as cocadas se emboloraram;

     c- se distribuem as cocadas ao cachorro, com a menina salivando de vontade comê-las;

         d- a narradora-personagem lembra do episódio já adulta.

  05-Uma relação trabalhista permanece existindo, tanto na época histórica em que teria vivido a narradora-personagem, quanto nos dias de hoje. Qual?:

        a- o trabalhador trabalha duro e os chefes o recompensam com uma grande quantidade das riquezas produzidas;

        b- o trabalhador trabalha duro e os chefes não o recompensam como deveria, retornando-lhe apenas uma mísera parte das riquezas produzidas;

         c- o trabalhador trabalha duro e o chefe reparte em igualdade as riquezas produzidas com o trabalhador;

         d- o trabalhador trabalha duro e vê o fruto do seu trabalho, as riquezas produzidas, sendo distribuídas para o bem comum de toda a sociedade.

   06- Em “Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – e dolorida – de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.”, os adjetivos grifados:

a-   caracterizam-qualificam positivamente a REVOLTA, os ADULTOS e as COCADAS;

         b-caracterizam-qualificam negativamente a REVOLTA e os ADULTOS;

         c-caracterizam-qualificam negativamente a narradora-personagem;

         d- caracterizam-qualificam negativamente a REVOLTA, os ADULTOS e as COCADAS.

    07-Em Batia os ovos, segurava a gamela, untava as formas, arrumava as assadeiras, entregava na boca do forno e socava no pesado almofariz de bronze.”, a quem ou a que se referem as ações acima sublinhadas?

A narradora-personagem.

    08-Em “Batia os ovos, segurava a gamela, untava as formas, arrumava as assadeiras, entregava na boca do forno e socava no pesado almofariz de bronze.”, infira qual objeto a narradora-personagem “arrumava nas assadeiras” ou “entregava na boca do forno”?

        As formas com os bolos ou outras preparações culinárias.

   09-Algumas palavras utilizadas no conto sofreram modificações, ao longo do tempo, outras até caíram em desuso (ficaram arcaicas). Pesquise o significado das palavras abaixo:

a-aguando; esperando ansiosamente.

b-almofariz; recipiente de pedra ou metal, usado para triturar alimentos ou outros materiais.

c-apuração; ato de levar ao ponto certo, de refinar.

d-areado; ato de esfregar com areia para limpar.

e-deslembrada; esquecida, distraída.

f-escumação; ato de retirar a espuma.

g-gamela; : recipiente grande, geralmente de madeira, usado para misturar alimentos

h-terrina; recipiente fundo e largo, com tampa, usado para guardar alimentos

i-untava; passava gordura ou outro tipo de substância em uma superfície

j-quitandas:  doces ou salgados vendidos em pequenas quantidades

 

 

 

CONTO: GERMINAL - TERCEIRA PARTE - III - FRAGMENTO - ÉMILE ZOLA - COM GABARITO

 Conto: Germinal – Terceira parte – III – Fragmento

           Émile Zola

        [...]

        — Mas o pior é quando a gente se diz que tudo isso não pode mudar... Quando se é jovem, imagina-se que a felicidade virá, tem-se esperança, mas a miséria continua e nada muda... Eu não desejo mal a ninguém, mas certas vezes ando revoltada com tanta miséria.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTFe4ANBf8Xq54NesSEOWGEcEsRfJjXKpbX31m_b77mXD1nNwK6UiMUtUw70RugZVppzO8rbJRiQNW9316pGP_4b326fLVcezGk_BsuJO6Fe-TwWZOHkRf_kDEdMgo62s1Be0G8zWSgrHvq92nNcvw2OZM21YcUSXmvfMtCUYz5D77aUtgchuZZ2zGVBQ/s320/GERMINAL.jpg


        Descia um silêncio sobre o grupo, que respirava a custo, no mal-estar resultante desse horizonte cerrado. Apenas o velho Boa-Morte, quando estava, arregalava uns olhos surpresos, porque no seu tempo ninguém se preocupava dessa maneira: nascia-se no carvão, escavava-se no veio sem pedir mais nada. Agora, novos ventos enchiam os mineiros de ambição.

        — Não presta cuspir no prato em que se come — murmurava ele. — Uma boa cerveja é uma boa cerveja... Claro, os chefes são quase sempre uns canalhas, mas sempre haverá chefes, não é verdade? Não quebrem a cabeça pensando nisso.

        Era como botar fogo em Etienne. Como? Então os operários não podiam pensar? Pois esperassem e veriam... As coisas iam mudar muito em breve, justamente porque o operário aprendera a pensar. No tempo do velho, o mineiro vivia na mina como um animal de carga, como uma máquina de extrair hulha, sempre enfurnado na terra, os ouvidos e os olhos tapados, sem saber o que estava acontecendo no mundo. Por esse motivo os ricos que governam podiam fazer o que bem entendessem, vendê-lo e comprá-lo, chupar-lhe o sangue, o mineiro nem se dava conta. Agora ele estava acordado nas entranhas da terra, germinava lá no fundo como uma semente. E todos veriam, um belo dia, brotar homens da terra. Sim! Um exército de homens que restabeleceria a justiça... Ou será que todos não eram iguais depois da Revolução?

        Uma vez que tinha direito ao voto, por que o operário deveria permanecer escravo do patrão que lhe pagava? As grandes empresas, com suas máquinas, esmagavam tudo, e não se tinham sequer as garantias de outrora, quando o pessoal da mesma profissão, reunido em corporações, sabia defender-se. Raios! Era por isso, por isso e por muitas outras coisas, que este mundo acabaria explodindo um dia, graças à instrução. Era só olhar, ali no conjunto habitacional mesmo: os avós não sabiam nem assinar o nome, os pais já o assinavam, enquanto os filhos liam e escreviam como professores. Ah! Era uma bravia messe de homens amadurecendo ao sol, crescendo pouco a pouco. Desde o momento em que já não se estava mais colado no mesmo lugar a vida inteira e tinha-se a ambição de tomar o lugar do vizinho, por que não abrir caminho à força e vencer de uma vez por todas?

        Apesar de sensibilizado pelos argumentos do rapaz Maheu continuava cheio de desconfiança.

        — No momento em que a gente dá um pio é despedido — disse ele. — O velho tem razão, o mineiro será sempre a vítima, sem esperança de receber pelo menos uma perna de carneiro como recompensa.

        [...]

Émile Zola. Germinal. São Paulo: Círculo do Livro, p. 155.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 292-293.

Entendendo o conto:

01 – Qual a principal diferença entre as gerações de mineiros apresentadas no texto?

      A principal diferença reside na consciência de classe e na esperança de mudança. A geração mais velha, representada por Boa-Morte, aceita passivamente sua condição, enquanto a geração mais jovem, liderada por Etienne, questiona o sistema e busca por transformações sociais. A educação e o acesso à informação têm um papel fundamental nessa mudança de mentalidade.

02 – Como a miséria e as condições de trabalho influenciam a visão de mundo dos mineiros?

      A miséria e as condições de trabalho desumanas levam os mineiros a questionarem a ordem social e a buscar por justiça. A esperança de uma vida melhor e a indignação com a exploração são sentimentos que unem os trabalhadores e os impulsionam à luta por seus direitos.

03 – Qual o papel da educação na conscientização dos trabalhadores?

      A educação é fundamental para a conscientização dos trabalhadores. Ao aprender a ler e escrever, os mineiros adquirem ferramentas para se informar sobre seus direitos e para organizar a luta por melhores condições de vida. A educação permite que os trabalhadores compreendam as causas da exploração e busquem soluções coletivas para seus problemas.

04 – Como a figura de Etienne se diferencia dos demais mineiros?

      Etienne se destaca por sua liderança, sua capacidade de articulação e por sua fé na possibilidade de mudança. Ele representa a voz daqueles que não se conformam com a situação e que buscam uma sociedade mais justa e igualitária.

05 – Quais os obstáculos enfrentados pelos mineiros em sua luta por melhores condições de trabalho?

      Os mineiros enfrentam diversos obstáculos em sua luta, como a repressão dos patrões, a divisão entre os trabalhadores e a falta de organização. Além disso, a desconfiança e o medo de perder o emprego impedem muitos trabalhadores de se engajar ativamente na luta.

06 – Qual a importância da solidariedade entre os trabalhadores na luta por seus direitos?

      A solidariedade é fundamental para a organização e a luta dos trabalhadores. Ao se unirem, os trabalhadores se fortalecem e aumentam suas chances de conquistar seus objetivos. A solidariedade permite que os trabalhadores superem as divisões e as diferenças individuais e construam um movimento unido em defesa de seus direitos.

07 – Qual a mensagem principal do fragmento?

      O fragmento de "Germinal" transmite uma mensagem de esperança e de luta. A história dos mineiros mostra que a mudança é possível, mesmo diante de grandes dificuldades. A educação, a organização e a solidariedade são elementos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

 

SONETO: AMAR DENTRO DO PEITO - MANUEL MARIA DU BOCAGE - COM GABARITO

 Soneto: Amar dentro do peito

             Manuel Maria du Bocage

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:


Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgppvAdt0_7SfAoZObFNXcWtegOZsUYs5352KVNUoyI996ccZfaddFBSqPHP_lRFzZafGdykZrX3T76Ph31yxHWMji_jscXyDqk-fMXlZlqEasyAtan_oqDQS1s5xFJc8Rpt80Brj_lWNmOFNscQCuDF6LPGmmYdKitzrNhHVaJT-t32s7nIdzNQJWTQGg/s1600/DONZELA.jpg



Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

www.casadacultura.org.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 252.

Entendendo o soneto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

      - Alta ventura: boa sorte.

      - Ditoso: feliz, pleno de sorte.

      - Jucundo: feliz, vivo, alegre.

      - Folhos: pregas, babados que se colocam em roupas.

      - Pimpolhos: seios.

02 – Qual a principal temática abordada no soneto?

      O soneto de Bocage aborda o tema do amor passional e da sedução, retratando o desejo e a conquista amorosa de forma intensa e sensual. O eu lírico descreve um encontro amoroso secreto e apaixonado, revelando os prazeres e emoções que acompanham esse momento.

03 – Como o eu lírico descreve a mulher amada?

      O eu lírico descreve a mulher amada como uma figura idealizada, marcada pela beleza e pureza. A referência aos "olhos vergonhosos" e aos "braços castos e belos" reforçam essa imagem de inocência e desejo.

04 – Que elementos do contexto histórico e cultural podem ser identificados no poema?

      O soneto de Bocage reflete o contexto cultural do Arcadismo, movimento literário que valorizava a natureza, a vida simples e a expressão dos sentimentos. No entanto, o poema também apresenta elementos que antecipam o Romantismo, como a intensidade emocional e a valorização do amor individual.

05 – Qual a importância do encontro amoroso descrito no poema para o eu lírico?

      O encontro amoroso descrito no poema representa o ápice da felicidade para o eu lírico. A conquista da mulher amada e a experiência do prazer sexual são descritas como os maiores gozos da vida.

06 – Que recursos expressivos são utilizados por Bocage para transmitir a intensidade do sentimento amoroso?

      Bocage utiliza diversos recursos expressivos para transmitir a intensidade do sentimento amoroso, como:

      Linguagem sensual: a descrição detalhada dos atos amorosos e a utilização de adjetivos como "jucundo" e "fecundo" reforçam a sensualidade do poema.

      Metáforas: a comparação da boca da amada com uma flor que se abre ("Ditoso levantar-lhe os brancos folhos") é uma metáfora que expressa a ideia de entrega e prazer.

      Hipérbole: a afirmação de que "É este o maior gosto que há no mundo" exagera a importância do amor vivido, enfatizando sua intensidade.