sexta-feira, 17 de outubro de 2025

CONTO: A CASA DA GRITARIA - EMÍLIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA - MONTEIRO LOBATO - COM QUESTÕES OBJETIVAS E GABARITO

 Conto: A Casa da Gritaria - Emília no país da gramática

           Monteiro Lobato

        — Que barulhada! — exclamou Emília, ao aproximar-se da Casa das INTERJEIÇÕES. — Será algum viveiro de papagaios?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoEOjq6s9iMzFzpGgSCA5SSftblFPqs_r_oyCPVHNKJ2175u0MsJvnu1qTm-ALBMHuVNVcDksmCBk3C4_wfw9cMgF6EH654zkBDX4KdY6A1XbycxwgwNH2LHOZ2btMUGKP3X4rkfETLSnWcuFp6rO7oQzpYeiaq2SUd2i_6LbfrQD9IxWYXj3-sPnNboQ/s320/1853567fab11a9187d1a36d210cdd8ad.jpg


        — São elas. Aquilo lá dentro parece um hospício, porque as Interjeições não passam de gritinhos.

        — Gritos de quê?

    — De tudo. Gritos de Dor, de Alegria, de Aplauso...

        A Casa das Interjeições parecia mesmo um viveiro de papagaios. Assim que entrou, Emília viu passarem correndo dois gemidinhos de DOR, as Interjeições Ai! e Ui! Logo em seguida viu, a dar pulos, três gritinhos de ALEGRIA: — Ah! Oh! Eh! Depois viu três de nariz comprido, as Interjeições de DESEJO: — Tomara! Oh! Oxalá! E viu três num entusiasmo doido — as Interjeições de ANIMAÇÃO: — Eia! Sus! Coragem! E viu quatro de APLAUSO, batendo palmas: — Viva! Bravo! Bem!

        Apoiado! E viu mais quatro com caras de horror e nojo, que eram as Interjeições de AVERSÃO: — Ih, Xi! Irra! Apre! E viu algumas de APELO, chamando desesperadamente alguém:

        — Olá! Psiu! Alô! E viu duas de SILÊNCIO, encolhidinhas, de dedo na boca: — Psiu! Caluda! E viu uma bem velhinha, de ADMIRAÇÃO — Cáspite! 

        — Que baitaquinhas! — comentou Emília, tapando os    ouvidos. — Já estou tonta, tonta...

        — E há ainda aqui — disse o Verbo Ser — esta pequena caixa com as ONOMATOPÉIAS, OU Interjeições IMITATIVAS de certos sons.

        Emília viu nessa caixinha as Onomatopeias Chape!, que imita o som do animal patinhando n'água. E viu Zás-Trás!, que imita movimento rápido. E viu também o célebre Nhoque!, muito usado por Pedrinho para imitar bote de cachorro bravo,  E viu Tchibum! — que imita barulho duma coisa que cai  n'água. E viu Trrrlin!, que imita som de esporas no assoalho,  E viu Tique-Taque, som de relógio. E ToqueToque, som de batida em porta. E viu Coin, Coin, Coin, som de Rabicó quando leva pelotadas do bodoque de Pedrinho.

        — Sim, senhor! — disse Emília, retirando-se. — São muito galantinhas, mas deixam uma pessoa atordoada. Lá no sítio usamos muito algumas destas interjeições, e ainda várias outras inventadas por nós. Tia Nastácia é uma danada para inventar Interjeições. Danada para tudo, aquela negra...

        E, mudando de tom:

        — Por que Vossa Serência não aparece por lá, um dia, para uma visita a Dona Benta? Por ser muito velho? Ora, deixe-se disso!... Estamos lá acostumados com a velhice. Dona Benta é velha e Tia Nastácia também. Cachorro bravo?... Oh, é bicho que nunca houve no sítio. Só temos Rabicó, que é um marquês que não morde, e a Vaca Mocha, que não tem chifre — e agora este Quindim, que é a pérola dos gramáticos.

        — E há ainda mais coisas por lá — continuou Emília, depois duma pausa. — Há os famosos bolinhos de Tia Nastácia, feitos de polvilho, leite, uma colherzinha de sal, etc. Depois ela frita. Quando Rabicó sente de longe o cheiro desses bolinhos, vem na volada. Mas não pilha um só. É comida de gente e não de... marquês.

        E finalizou, com uma piscadinha marota:

        — Dona Benta é viúva. Vá, que até pode sair casamento...

        O Verbo Ser olhava para Emília com os olhos arregalados. Ele não sabia a história da célebre torneirinha de asneiras...

Entendendo o conto:

01. No trecho, o que a personagem Emília pensa que a Casa das INTERJEIÇÕES poderia ser, ao ouvir a barulhada?

A. Um circo com animais.

B. Um asilo de velhinhos.

C. Uma fábrica de doces.

D. Um viveiro de papagaios.

 02. De acordo com o Verbo Ser, por que a Casa das Interjeições parece um hospício?

A. Porque as Interjeições não passam de gritinhos.

B. Porque as Interjeições são bichos selvagens e perigosos.

C. Porque as Interjeições estão doentes e precisam de cuidado.

D. Porque as Interjeições estão sempre cantando ópera.

 

03. Quais Interjeições são representadas no conto como 'gemidinhos de DOR'?

A. Tomara! Oh! Oxalá!

B. Ai! e Ui!

C. Olá! Psiu! Alô!

D. Viva! Bravo!

 

04. Qual é a classificação das interjeições 'Ih, Xi! Irra! Apre!', que Emília viu 'com caras de horror e nojo'?

A. Interjeições de AVERSÃO.

B. Interjeições de APLAUSO.

C. Interjeições de SILÊNCIO.

D. Interjeições de ANIMAÇÃO.

 

05. Qual a onomatopeia que, segundo o texto, imita o som de 'batida em porta'?

A. Tique-Taque.

B. Toque-Toque.

C. Trrrlin!

D. Chape!

 

06. O que as ONOMATOPÉIAS representam, de acordo com a explicação do Verbo Ser?

A. Interjeições Imitativas de certos sons.

B. Interjeições de Desejo.

C. Palavras que indicam nome de pessoas.

D. Gritos de Admiração.

 

07. Qual onomatopeia, listada no texto, representa o som 'que imita barulho duma coisa que cai n’água'?

A. Nhoque!

B. Chape!

C. Zás-Trás!

D. Tchibum!

 

08. Qual interjeição (ou grupo) é mencionada no texto como sendo 'bem velhinha' e expressando ADMIRAÇÃO?

A.Oxalá!

B. Cáspite!

C. Caluda!

D. Ai!

 

09. Ao final do trecho, o que Emília sugere ao Verbo Ser sobre Dona Benta?

A. Que ele deveria fazer os bolinhos de polvilho.

B. Que Dona Benta quer vender o Sítio.

C. Que ele faça uma visita para tentar um casamento com ela.

D. Que ele ajude a proteger o sítio do cachorro bravo.

 

10. Qual personagem do Sítio do Picapau Amarelo é chamado por Emília de 'a pérola dos gramáticos' no final do conto?

A. O Verbo Ser.

B. Quindim.

C. Tia Nastácia.

D. Rabicó.

 

 

 

 

 

MÚSICA (ATIVIDADES): A VOZ DO MORRO - ZÉ KETI - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Voz do Morro

            Zé Keti

Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei dos terreiros
Eu sou o samba

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmi4XmtF-2jzAhlxNb7haPZIxStmGlz2fV8sKc63BBtvqP3YdLYo7AzeR93rMvs7hZyFKe9-n4LFqvb85Z5IHqv3BwHEeIkC-SXBO-LSZJ0iztkO83fMWMRhVDbQszdOsZaHTh8MOOpRKMlR6q2Genk372HI1PBl2MWU1Y0zJNBbM4gc4x3YEif-pHohc/s320/morro.jpg


Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem leva a alegria
Para milhões de corações brasileiros
Mais um samba, queremos samba
Quem está pedindo é a voz do povo de um país
Pelo samba, vamos cantando
Esta melodia de um Brasil feliz
.

Composição: Zé Kéti.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 233.

Entendendo a música:

01 – Quem é o narrador ou a voz que se apresenta no início da música?

      O narrador é o próprio samba, que se identifica como "a voz do morro".

02 – Qual é a intenção declarada do narrador ("Eu sou o samba") em relação ao mundo?

      O samba quer "mostrar ao mundo que tenho valor".

03 – De onde o narrador afirma ser e qual título ele reivindica para si?

      Ele afirma ser "natural daqui do Rio de Janeiro" e se autodenomina "o rei dos terreiros".

04 – Qual é o impacto ou o efeito que o samba afirma ter sobre o povo brasileiro?

      O samba afirma ser quem "leva a alegria / Para milhões de corações brasileiros".

05 – Qual é o pedido que é feito na parte final do trecho e em nome de quem ele é feito?

      O pedido é "Mais um samba, queremos samba", e ele é feito em nome da "voz do povo de um país".

 

 


MÚSICA(ATIVIDADES): EXPLODE CORAÇÃO - GONZAGUINHA - COM GABARITO

 Música (Atividades): Explode Coração

            Gonzaguinha

Chega de tentar dissimular
E disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não posso mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor e
Entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar e me cortou.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhuHVzQnipve91ylA6Hkw3M2HgqlhEgbwhpg9A-yzSFaKyP9l6Fn7T6_9IJVtuDYg11jP692kLLherOjI2CjKNs1ypYYaYFMMGDT1KPnlEJHzZ0Uu3-1vLUbLH7hpw6iWfwE-Vm67g1icr0YMtTPoPDVSMlnn6P84rN8GFWnfF7uT-bO-oJAsRjn8nLhM/s320/GONZAGUINHA.jpg


Chega de temer, chorar, sofrer
Sorrir, se dar, e se perder, e se achar
Que tudo aquilo que é viver,
Eu quero mais e me abrir
E que essa vida entre assim
Como se fosse o sol
Desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor dessa manhã.

Nascendo, rompendo, rasgando,
E tomando meu corpo e então eu
Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando
Feito louco, alucinado e criança
Sentindo o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração.

Composição: Gonzaguinha.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 259.

Entendendo a música:

01 – Qual é a atitude inicial que o eu lírico decide abandonar ou pôr fim?

      O eu lírico decide parar de "tentar dissimular / E disfarçar e esconder / O que não dá mais pra ocultar / E eu não posso mais calar".

02 – O que é o elemento que o eu lírico aponta como o "traidor" que revelou os sentimentos que a outra pessoa tentava esconder?

      O elemento traidor é "o brilho desse olhar", que "Entregou o que você tentou conter".

03 – Depois de decidir não mais temer e sofrer, o que o eu lírico deseja que a vida faça em relação a ele, e com qual metáfora ele compara isso?

      Ele deseja se abrir ("me abrir") e quer que essa vida entre em seu ser "Como se fosse o sol / Desvirginando a madrugada".

04 – Na segunda estrofe, o eu lírico expressa o desejo de sentir a dor da manhã nascendo. Quais são os verbos intensos que ele usa para descrever o processo desse novo despertar?

      Os verbos usados são: "Nascendo, rompendo, rasgando, / E tomando meu corpo".

05 – Qual é a ação final e enfática que o eu lírico proclama no último verso, e o que a motiva?

      A ação é "Explode coração". Ela é motivada pela intensidade dos sentimentos que ele não consegue mais conter ("Não dá mais pra segurar"), após ter passado por um turbilhão de emoções ("Chorando, sofrendo, gostando, adorando, gritando").

 

NOTÍCIA: A AGRICULTURA É VILÃ OU VÍTIMA NA CRISE HÍDRICA? - FRAGMENTO - IDOETA, P.A. - COM GABARITO

 Notícia: A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica? – Fragmento

        Cerca de 72% da água captada no país vai para a produção agrícola, o que está em linha com a média de 70% no mundo, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas). Mas esse consumo envolve diversas variáveis e, segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, ainda há desperdício significativo no setor e muito o que fazer para economizar água.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifPqtm5CaNogy5E00hVfsXe9y0Mdfyz-01QtZPEF8R73MerdhQd-Scs8Ft6TAYLxztpAjXjXj3GPZzz7ggoBy6O6nAm1NGFFLQsoQjUOuUdCH8M-nbp9QC_MlJlToBtkNiyqshElMH9u4x7Vx8FlCjtzr_Du31E2wr9d-wCTex5an5iTQig_2Zfx25uI8/s1600/HIDRICA.jpg


        Os analistas concordam em uma coisa: o Brasil tem água o bastante para todos, mas precisa aprender a geri-la de forma mais eficiente e combater os desperdícios.

        "Em locais onde falta água, podemos, no futuro, precisar optar por culturas agrícolas que consumam menos água. Isso faz parte de um planejamento maior. Mas o Brasil não pode passar por uma crise como a que temos agora, porque nós temos água", opina o pesquisador Lineu Rodrigues, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ligada ao ministério da Agricultura).

        [..]

        Safras como as de feijão, em Goiás, e o milho, em Minas e São Paulo, perderam produtividade por conta da crise hídrica.

        [...] os produtores são diretamente impactados pela falta d’água porque a legislação brasileira determina que, em caso de seca, o uso prioritário é o humano, e não o agrícola.

        [...].

Fonte: IDOETA, P. A. A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica? BBC Brasil, 4 mar. 2015. Disponível em: https://www.bbb.com/portuguese/noticias/2015/03/150302_agua_agricultura_pai. Acesso em: 12 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 228.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o percentual de água captada no Brasil que é direcionado para a produção agrícola e como esse dado se compara à média mundial?

      Cerca de 72% da água captada no Brasil é utilizada na produção agrícola. Esse índice está em linha com a média mundial, que é de aproximadamente 70%, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas).

02 – O que os especialistas consultados pela BBC Brasil apontam como um problema significativo na agricultura em relação ao uso da água?

      Os especialistas concordam que ainda existe um desperdício significativo de água no setor agrícola e que há muito a ser feito para aumentar a eficiência e economizar água na produção.

03 – Qual é a visão dos analistas sobre a quantidade de água disponível no Brasil?

      Os analistas concordam que o Brasil tem água o bastante para todos. O principal desafio, no entanto, é aprender a gerir essa água de forma mais eficiente e combater os desperdícios.

04 – De acordo com o pesquisador Lineu Rodrigues da Embrapa, qual medida pode ser considerada em locais com escassez de água no futuro?

      Em locais onde a falta de água é um problema, pode ser necessário optar por culturas agrícolas que consumam menos água. Ele ressalta que essa é uma questão de planejamento maior, mas que o Brasil não deveria passar por crises hídricas graves, pois possui água.

05 – Como a legislação brasileira prioriza o uso da água em momentos de crise hídrica ou seca, impactando diretamente os produtores rurais?

      A legislação brasileira determina que, em caso de seca ou crise hídrica, o uso prioritário da água é o humano, e não o agrícola. Isso faz com que os produtores rurais sejam diretamente impactados pela falta d’água na sua produção.

 

NOTÍCIA: AGROMETEOROLOGIA E O USO EFICIENTE DA ÁGUA - FRAGMENTO - GOMIDE, R. L. ALBUQUERQUE, P.E.P. - COM GABARITO

 Notícia: Agrometeorologia e o uso eficiente da água – Fragmento

        [...]

        A influência das condições meteorológicas e climáticas sobre a produção agrícola é tratada por um dos ramos da meteorologia denominado Agrometeorologia, que enfatiza, principalmente, os parâmetros agroclimáticos de superfície. Alguns destes diretamente responsáveis pela força de demanda hídrica da atmosfera, que são importantes na determinação da necessidade hídrica ou requerimento de água ou evapotranspiração de culturas (ETc). O crescimento, o desenvolvimento e a produção das culturas são afetados pela taxa de ETc, que, por sua vez, está relacionada com a água, recurso natural que está se tomando cada vez mais escasso, demandando estudos criteriosos voltados para a sua produtividade e uso mais eficiente.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2YhyphenhyphenX3_14DUOjui6XpOJMT6nHGL557XZZjzwwMt5z6pMCEbSlN3tAok_NlGVayeMx1TmP1Vj3CGAkUrLCf5Xshdt3JdUBw67oJ_HdfUb-VZ2I6z8zLuRj8DmJas_QwYZUyeiyMzLR_xDAkME0FLFNbIBFiG07Oh1R2Ltm5f-K3pH-BgoPcsptyXWTbfA/s320/Agrometeorologia-digital-uma-ferramenta-capaz-de-alavancar-a-produtividade-agricola.jpg


        [...]

        Infelizmente, ainda no Brasil, a grande maioria dos usuários da agricultura irrigada não utiliza qualquer tipo de estratégia de uso e manejo eficiente (racional) da água na irrigação. [...]

        As redes de estações agrometeorológicas, principalmente aquelas com monitoramento e registro automático de parâmetros agroclimáticos de superfície, são ainda incipientes nas diferentes regiões do Brasil. Isto, em parte, dificulta a racionalização de uso da água na irrigação. Este quadro pode ser revertido com o uso de plataformas automáticas de coleta de dados climáticos de superfície, envolvendo técnicas de microprocessamento, emprego da microeletrônica e utilização de sensores para registrar os principais parâmetros climáticos, possibilitando o controle, a aquisição, a transferência e o armazenamento de dados digitais envolvidos nas medições em condições de campo.

        [...]

        Tudo isso possibilita o controle mais preciso de aplicação de quantidades reais de água para as plantas e uma maior eficiência de seu uso, o que assegura a sustentabilidade da agricultura irrigada e a preservação do meio ambiente. [...]

Fonte: GOMIDE, R. L.; ALBUQUERQUE, P. E. P. Agrometeorologia e otimização do uso da água na irrigação. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, nº 246, p. 72-85, 2008. Disponível em: https://www.alice.enptia.embrapa,br/bitstream/doc/474146/1/agrometeorologiaotimização.pdf. Acesso em: 12 abr. 2019.

Fonte: Set Brasil. Ensino Fundamental, anos finais, 6º ano, livro 2. Thaís Ginícolo Cabral – São Paulo: Moderna, 2019. p. 228-229.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a área da meteorologia que estuda a influência das condições climáticas e meteorológicas sobre a produção agrícola?

      O ramo da meteorologia que trata da influência das condições meteorológicas e climáticas sobre a produção agrícola é denominado Agrometeorologia.

02 – O que a Agrometeorologia enfatiza e quais são os parâmetros importantes que afetam a demanda hídrica das culturas?

      A Agrometeorologia enfatiza, principalmente, os parâmetros agroclimáticos de superfície. Alguns destes são diretamente responsáveis pela força de demanda hídrica da atmosfera, que é importante na determinação da necessidade hídrica ou evapotranspiração de culturas (ETc).

03 – Por que a taxa de evapotranspiração de culturas (ETc) é um fator de grande preocupação na agricultura atual?

      A taxa de ETc afeta o crescimento, o desenvolvimento e a produção das culturas, e está diretamente relacionada com a água, um recurso natural que está se tornando cada vez mais escasso, o que demanda estudos criteriosos para sua produtividade e uso eficiente.

04 – Qual é a situação atual do uso e manejo da água na agricultura irrigada no Brasil, de acordo com o texto?

      Infelizmente, a grande maioria dos usuários da agricultura irrigada no Brasil ainda não utiliza qualquer tipo de estratégia de uso e manejo eficiente (racional) da água na irrigação.

05 – Qual é o principal problema identificado no Brasil que dificulta a racionalização do uso da água na irrigação?

      As redes de estações agrometeorológicas, especialmente aquelas com monitoramento e registro automático de parâmetros agroclimáticos, são ainda incipientes (ou seja, estão em fase inicial/insuficientes) nas diferentes regiões do Brasil.

06 – Como o texto sugere que o quadro de incipiência das redes de estações agrometeorológicas pode ser revertido?

      O quadro pode ser revertido com o uso de plataformas automáticas de coleta de dados climáticos de superfície. Isso envolve o emprego de técnicas de microprocessamento, microeletrônica e utilização de sensores para registrar os principais parâmetros.

07 – Qual é o benefício final da implementação de tecnologias como plataformas automáticas de coleta de dados para a agricultura irrigada?

      Essa implementação possibilita o controle mais preciso da aplicação de quantidades reais de água para as plantas e uma maior eficiência de seu uso, o que, por sua vez, assegura a sustentabilidade da agricultura irrigada e a preservação do meio ambiente.

 

 

CRÔNICA: RECENSEAMENTO - RUBEM BRAGA - COM GABARITO

 Crônica: Recenseamento

              Rubem Braga

        São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas.  Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas.

 
 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLkrtjnzYjCHiu7zM12EL13nDgZa46EC0atqxOrKFhf2wwwk6gI4yxp5mfZnXuSYvsSqY8-2RJKN_fkYs2trvJ7EMf429RwHQtFW-wWQr6MZdv_vDQj-v0UCLruI9Zq2-2GeKVMUJHhhkRgO9PsXpAZoYoSDjbO54XPaiS6RAmgAQwpEYVLpWQgmYo-p8/s320/ibge-propoe-reduzir-questoes-do-censo-2-2.jpg



        O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

        -- Quantos são aqui?

        Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

        -- Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

        E outro:

        -- Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota de seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor.

        E outro:

        -- Eu? Tinha um amigo e um cachorro. O amigo se foi, levando minhas gravatas e deixando a conta da lavadeira. O cachorro está aí, chama-se Lord, tem três anos e meio e morde como um funcionário público.

        E outro:

        -- Oh! sede bem-vindo. Aqui somos eu e ela, só nós dois. Mas nós dois somos apenas um. Breve, seremos três. Oh!

        E outro:

        -- Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê.  Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

        E outro:

        -- Aqui moro eu. Quer saber o meu nome? Procure uma senhorita loura que mora na terceira casa da segunda esquina, à direita. O meu nome está escrito na palma de sua mão.

        E outro:

        -- Hoje não é possível, não há dinheiro nenhum. Volte amanhã. Hein? Ah, o sr. é do recenseamento? Uff! Quantos somos? Somos vinte, somos mil. Tenho oito filhos e cinco filhas. Total: quinze pestes. Mas todos os parentes de minha mulher se instalaram aqui. Meu nome? Ahn... João Lourenço, seu criado. Jesus Cristo João Lourenço. A minha idade? Oh! pergunte à minha filha, pergunte. É aquela jovem sirigaita que está dando murros naquele piano. Ontem quis ir não sei onde com um patife que ela chama de "meu pequeno". Não deixei, está claro. Ela disse que eu sou da idade da pedra lascada. Escreva isso, cavalheiro, escreva. Nome: João Lourenço; profissão: idiota; idade: da pedra lascada.  Está satisfeito? Não, não faça caretas, cavalheiro. Creia que eu o aprecio muito. O sr. pelo menos não é parente da mulher. Isso é uma grande qualidade, cavalheiro! É a virtude que eu mais admiro! O sr. é divino, cavalheiro, o sr. é meu amigo íntimo desde já, para a vida e para a morte!

Rubem Braga. Para gostar de ler, vol. 3. São Paulo, Ática, 1979.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 158.

Entendendo a crônica:

01 – No primeiro parágrafo, qual é a principal ironia ou contraste estabelecido pelo cronista ao listar os elementos que serão "reduzidos a números" pelo governo?

      A ironia principal é a equiparação entre seres humanos, animais e plantações. Ao afirmar que "Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números," o cronista ridiculariza a visão puramente estatística do governo, que trata a complexidade da vida (mulheres) e a natureza (bois, algodoeiros) com a mesma frieza quantitativa.

02 – Qual é a pergunta feita pelo recenseador ("Quantos são aqui?") e por que o cronista a classifica como uma "Pergunta triste"?

      O cronista a classifica como uma "Pergunta triste" porque, em vez de obter uma resposta numérica simples, a indagação abre espaço para revelações de abandono, perda e solidão. As respostas subsequentes não falam apenas de números, mas de ausências ("havia mulheres e criancinhas," "o amigo se foi"), frustrações e vazios existenciais.

03 – Cite dois exemplos de respostas dadas ao recenseador que demonstram ironia ou sarcasmo por parte dos entrevistados.

      Dois exemplos são:

      O homem que lista "mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas" e sarcasticamente convida: "Querendo levar todos, é favor." (Sugerindo o desejo de se livrar de alguns desses "membros" do agregado familiar).

      O homem que descreve o cachorro Lord, que "morde como um funcionário público" (uma crítica humorística à rigidez e à agressividade burocrática).

04 – Como a saudade é retratada em uma das respostas, mostrando que o número real de habitantes não corresponde ao número estatístico?

      A saudade é retratada na resposta "Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!" A saudade é personificada, tornando a pessoa ausente uma presença real e permanente no ambiente do eu lírico, alterando a contagem fria do recenseamento.

05 – No sexto parágrafo, o homem diz: "Aqui somos eu e ela, só nós dois. Mas nós dois somos apenas um. Breve, seremos três. Oh!" O que a afirmação "nós dois somos apenas um" sugere?

      Sugere a unidade afetiva e a fusão completa do casal apaixonado. No contexto do amor romântico, "nós dois somos apenas um" expressa uma identidade indivisível, que é mais importante do que a contagem individual do censo. O "Breve, seremos três" sugere, com alegria, a chegada de um filho.

06 – O que o último entrevistado (João Lourenço) revela sobre sua percepção do recenseamento, e como ele expressa seu desabafo pessoal?

      João Lourenço inicialmente confunde o recenseamento com um cobrador ("Hoje não é possível, não há dinheiro nenhum"). Ao perceber o erro, ele usa o recenseador como um receptor para um longo desabafo, classificando-se como "idiota" e sua idade como "da pedra lascada." Ele transfere a função do censo (quantificar) para a função catártica (desabafar frustrações pessoais e familiares).

07 – De que forma o tratamento que Rubem Braga dá ao tema "Recenseamento" ilustra uma característica fundamental da crônica?

      A crônica ilustra a característica de transformar um fato cotidiano e prosaico (o censo) em uma reflexão poética e humana. Rubem Braga utiliza a moldura do recenseamento para transcender o dado estatístico e acessar a subjetividade, o humor, a dor e os dramas ocultos por trás dos números, capturando a essência da vida em sociedade.

 

 

MÚSICA (ATIVIDADES): A TUA PRESENÇA MORENA - CAETANO VELOSO - COM GABARITO

 Música (Atividades): A Tua Presença Morena

            Caetano Veloso

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha azul e amarela
A tua presença

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É negra, negra, negra
Negra, negra, negra
Negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena
Morena, morena, morena
Morena.

Compositor: Caetano Veloso.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 104.

Entendendo a música:

01 – Qual é a figura de linguagem central utilizada na música e como a sua repetição no início de quase todos os versos contribui para o tema?

      A figura central é a Anáfora, a repetição da expressão "A tua presença". Essa repetição é essencial para o tema, pois enfatiza a onipresença, a persistência e o efeito avassalador dessa presença na vida e na percepção do eu lírico, quase como uma obsessão ou uma verdade incontestável.

02 – De que forma a presença da pessoa amada é descrita como uma experiência sensorial total no início da música?

      A presença é descrita como invadindo o eu lírico por todos os canais sensoriais, mencionados metaforicamente como os "sete buracos da minha cabeça," e explicitamente como "Pelos olhos, boca, narinas e orelhas." Isso sugere que a percepção do eu lírico é dominada e absorvida completamente pela presença, sem escapatória.

03 – De que maneiras a "tua presença" afeta o sentido de tempo e a identidade do eu lírico?

      A presença tem um efeito paradoxal e transformador: ela "paralisa meu momento em que tudo começa" (suspende o tempo e a confusão, mas marca um novo e decisivo início) e "Desintegra e atualiza a minha presença" (destrói o eu antigo e incompleto para, em seguida, construir um novo eu, transformado e renovado).

04 – Analise o significado da sequência de cores utilizada na canção ("branca verde, vermelha azul e amarela" e, em seguida, "negra, negra, negra").

      A primeira sequência, que mistura diversas cores, simboliza a totalidade, a plenitude e a diversidade da presença, como a soma de todas as luzes. A subsequente repetição intensa de "negra, negra, negra" confere a essa totalidade uma intensidade, profundidade, mistério e uma força fundamental e radical, sugerindo uma beleza que transcende a superfície.

05 – A música utiliza a hipérbole (exagero) para descrever o efeito da presença no mundo externo. Cite dois exemplos que ilustram como a presença transcende o eu lírico e afeta a realidade.

      Exemplos de hipérbole que transcendem o eu lírico:

      A presença "Silencia os automóveis e as motocicletas," sugerindo que a sua força e beleza são capazes de anular o barulho, o caos e a agitação do mundo moderno.

      A presença "Se espalha no campo derrubando as cercas," simbolizando a abolição de barreiras, limites e convenções, tanto sociais quanto geográficas.

06 – O que os versos "A tua presença / É tudo que se come, tudo que se reza" e "Coagula o jorro da noite sangrenta" sugerem sobre a função da presença na vida do eu lírico?

      Esses versos elevam a presença a uma função universal e vital. Ela é o sustento ("tudo que se come"), a fé e a esperança ("tudo que se reza"), e o elemento ordenador e pacificador ("Coagula o jorro da noite sangrenta" - estanca o caos, o perigo ou a turbulência da vida). A presença é, portanto, a base da existência.

07 – O poema culmina com o adjetivo repetido "Morena." Qual o significado ou importância desse adjetivo na construção da identidade e do tema da canção?

      "Morena" é o adjetivo que finaliza, materializa e personaliza toda a força cósmica e universal descrita. Ele ancora a intensidade espiritual e sensorial a uma identidade feminina, brasileira e concreta, transformando o conceito abstrato da "presença" em uma figura física de grande importância cultural, estética e afetiva para o eu lírico.

 

 

MÚSICA (ATIVIDADES): SAMBA DE ORLY - CHICO BUARQUE - COM GABARITO

 Música (Atividades): Samba de Orly

            Chico Buarque

Vai, meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão de correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5u8G4FLJcc4La1XVwFboDu0MZmAEOV3kVufKXkmg5LWLTVNwGoMx4XPpcQdjse-cnmw2ALEY40Ivvzk2JA5NBWqEsQDD2heaXNM5s3U_oV2EyzkfbD2BOUJEeEGVWtvw8sp2DaPqvHXg_4UkhNsbdZCTDObuheqapCQcW7kB8kUNzxYQSiUIrXrcx9Oo/s320/ORLY.jpg


Pede perdão
Pela duração dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa

Vai, meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão de correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão

Pede perdão
Pela duração dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa

Vai, meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão

Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que eu vou levando

Pede perdão
Pela duração dessa temporada

Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa.

Composição: Chico Buarque / Toquinho / Vinícius de Moraes. A arte de Chico Buarque.

Fonte: Gramática da Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 110.

Entendendo a música:

01 – Qual é a provável localização do eu lírico (o falante) no início da canção e qual a implicação do nome "Orly" no título?

      O eu lírico está em um local frio e fora do Brasil, provavelmente em exílio. Orly é o principal aeroporto de Paris, na França. O título sugere que a canção é cantada em um momento de despedida, onde o "irmão" está prestes a embarcar, e alude diretamente à experiência de exílio de muitos artistas brasileiros durante a Ditadura Militar (período em que a canção foi criada).

02 – Qual é o papel do eu lírico e qual é a função do "irmão" na narrativa da canção?

      O eu lírico é aquele que permanece na situação de dificuldade, sendo o portador da tristeza e da saudade. Ele é o elo de ligação com a terra natal. O "irmão" é o mensageiro e o emissário, a pessoa que consegue ir embora (do exílio) ou retornar ao Brasil, a quem o eu lírico confia pedidos e instruções.

03 – O que a frase "Beija o meu Rio de Janeiro / Antes que um aventureiro / Lance mão" sugere no contexto da canção de Chico Buarque?

      A frase contém uma advertência de natureza política. No contexto da época, o "aventureiro" é uma metáfora para uma força externa ou autoritária (implica-se o regime militar) que pode tomar, corromper ou danificar o país. O eu lírico pede ao irmão que vá logo, antes que seja tarde demais para a pátria.

04 – O eu lírico dá duas instruções principais ao "irmão" relacionadas ao seu próprio estado emocional e à sua imagem pública. Quais são elas?

      As duas instruções são:

      "Mas não diga nada / Que me viu chorando": O eu lírico pede para que o irmão esconda sua vulnerabilidade e tristeza.

      "E pros da pesada / Diz que eu vou levando": O eu lírico pede para que o irmão transmita uma imagem de resiliência e força aparente às autoridades ou aos oponentes ("os da pesada"), mostrando que ele está suportando a situação.

05 – Analise o contraste entre o pedido para "Vê como é que anda / Aquela vida à toa" e a realidade histórica implícita na canção.

      A expressão "vida à toa" remete à alegria, à despreocupação e à leveza que são características culturais do Rio de Janeiro e do samba. O contraste é irônico: o eu lírico pede que o irmão verifique se o Brasil ainda mantém sua essência alegre, sugerindo que a realidade da ditadura militar e a censura provavelmente sufocaram ou limitaram essa vida livre e "à toa" no país.

06 – Por que o eu lírico pede especificamente por uma "notícia boa" ao invés de apenas pedir informações sobre amigos ou família?

      O pedido por uma "notícia boa" é um pedido de esperança que transcende o pessoal. O eu lírico não quer apenas detalhes do cotidiano; ele anseia por uma confirmação de que a situação política ou social do Brasil está melhorando, de que a liberdade retornou ou de que o perigo cessou. Essa seria a verdadeira "notícia boa" para alguém sofrendo com o exílio ou a repressão.

07 – Qual é o recurso de repetição mais notável e como ele se relaciona com a forma musical do samba?

      O recurso mais notável é a Anáfora ("Vai, meu irmão," "A tua presença") e a repetição integral das estrofes centrais. Ele é eficaz porque imita o ritmo cíclico e insistente do samba e da canção popular, reforçando a mensagem principal (o lamento, a despedida e as instruções) de forma a dar à canção um tom de súplica constante e a sensação de que a saudade e o sofrimento do eu lírico se repetem.