quarta-feira, 10 de julho de 2024

ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: FRUTA EM PÓ - ISADORA SILVA VILARDO - COM GABARITO

 Artigo de divulgação científica: Fruta em pó

        Tecnologia torna polpa de pequi e leite de babaçu disponíveis o ano inteiro

              Isadora Silva Vilardo

        Cada fruta tem sua época certa, quando fica mais saborosa, nutritiva e também mais barata. No entanto, mesmo azedinhas, boa parte delas fica disponível para consumo o ano todo. Isso não acontece com o babaçu e o pequi, que só podem ser consumidos cinco meses por ano. Para estender esse período e combater o desperdício, a engenheira de alimentos Audirene Amorim Santana transformou em pó a polpa desses dois frutos do cerrado sem perda significativa de suas propriedades nutricionais.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3BeIZx8q2TTgIQwdY_Ap0J7DwYyc1YHIrYQqsHHQrudEKP2KLH1slhXh3OpKmJUnrdBjQRsmmU2pIdKUkVmeCmsLB5gDQSNxZTXdZwAS3joK8Cbe02qWh3RTVCIxc6l5QgITM5M3Mz_jvFWTBiY4e9-gDNypxrRWpwuIQ4bDnvsf0ght8__MCJlG9cdY/s1600/PEQUI.jpg

        Com a pesquisa, realizada durante o doutorado na Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Santana pretende que os dois frutos, que fazem parte do cardápio regional nordestino e são ricos em nutrientes, possam ser usados pela população durante todo o ano.

        Secagem

        Como o pequi e o leite de babaçu são colhidos em grande quantidade, mas apenas durante quatro ou cinco meses, e logo estragam, era necessário criar uma forma de estoque prolongado dos frutos que não implicasse na perda de nutrientes. A pesquisadora empregou, para isso, o processo de secagem por aspersão, tecnologia muito utilizada na indústria alimentícia e farmacêutica para a produção de leite em pó, sucos, sopas, café instantâneo, remédios e sabão.

        [...]

        A técnica é simples: o secador por aspersão transforma o alimento, originalmente em estado fluido, em uma ‘nuvem’ de gotículas. Em contato com o ar quente, dentro do equipamento, a parcela líquida evapora, restando apenas um pó com os componentes do alimento. Além do baixo custo operacional, a rapidez desse processo pouco influi nas características físicas e químicas dos produtos, mantendo suas qualidades nutricionais.

        Após essa etapa, para fixar os componentes nutritivos dos frutos, Santana utilizou microencapsulantes. São carboidratos – no caso, a maltodextrina, a goma arábica e a dextrina ou amido modificado – misturados na polpa do pequi e do leite de babaçu que protegem os alimentos tanto no processo da secagem quanto no estoque. “Com esses cuidados, em média, 80% dos componentes nutritivos dos frutos se mantiveram”, conta Santana, enfatizando o poder antioxidante natural que as duas espécies apresentam.

        A pesquisadora sinaliza que o pó obtido tanto pode ser consumido diretamente pela população quanto utilizado na indústria para fabricação de produtos como sucos, bolos e outros. Preservado do calor e da umidade, o pó pode ser consumido em até quatro meses, praticamente dobrando o tempo de disponibilidade dos frutos na região. “Com a união da comunidade, governos e indústria, o projeto pode ser bem-sucedido para melhor aproveitamento das matérias-primas da Amazônia”, aposta.

VILARDO, Isadora Silva. Fruta em pó. Ciência Hoje, nº 308, p. 44, out. 2013.

Entendendo o artigo:

01 – Qual é a principal inovação apresentada pela engenheira de alimentos Audirene Amorim Santana em sua pesquisa sobre o pequi e o leite de babaçu?

      A principal inovação é a transformação da polpa de pequi e do leite de babaçu em pó, utilizando a técnica de secagem por aspersão, o que permite a disponibilidade desses frutos durante o ano inteiro sem perda significativa de suas propriedades nutricionais.

02 – Por que é importante transformar a polpa de pequi e o leite de babaçu em pó?

      É importante porque esses frutos são colhidos em grande quantidade apenas durante quatro ou cinco meses e logo estragam. Transformá-los em pó permite o estoque prolongado sem perder nutrientes, combatendo o desperdício e possibilitando seu consumo durante todo o ano.

03 – Quais são os benefícios nutricionais de consumir pequi e leite de babaçu?

      O pequi e o leite de babaçu são ricos em nutrientes e apresentam poder antioxidante natural. Transformá-los em pó preserva esses benefícios nutricionais, permitindo seu consumo regular.

04 – Como funciona a técnica de secagem por aspersão utilizada na pesquisa?

      A técnica transforma o alimento fluido em uma ‘nuvem’ de gotículas que, em contato com o ar quente, evapora a parte líquida, restando apenas o pó com os componentes do alimento. É um processo rápido e de baixo custo operacional que preserva as qualidades nutricionais dos produtos.

05 – Quais ingredientes foram usados como microencapsulantes na pesquisa, e qual é a sua função?

      Foram utilizados carboidratos como maltodextrina, goma arábica e dextrina ou amido modificado. Esses microencapsulantes protegem os alimentos tanto no processo de secagem quanto no armazenamento, ajudando a manter 80% dos componentes nutritivos dos frutos.

06 – Quais são as possíveis aplicações do pó de pequi e do leite de babaçu na indústria alimentícia?

      O pó pode ser utilizado na fabricação de produtos como sucos, bolos e outros alimentos. Além disso, pode ser consumido diretamente pela população, ampliando as possibilidades de uso desses frutos na culinária regional e na indústria.

07 – Qual é a visão da pesquisadora sobre o impacto do projeto para a comunidade e a indústria?

      A pesquisadora acredita que com a união da comunidade, governos e indústria, o projeto pode ser bem-sucedido, melhorando o aproveitamento das matérias-primas da Amazônia e contribuindo para a economia local e a segurança alimentar.

 

 

NOTÍCIA: BRASIL OCUPA QUARTA POSIÇÃO NO RANKING DE ACIDENTES DE TRABALHO - FRAGMENTO - FÁBIO BITTENCOURT - COM GABARITO

 Notícia: Brasil ocupa quarta posição no ranking de acidentes de trabalho – Fragmento

        País chega a contabilizar uma morte por acidente em serviço a cada três horas e 40 minutos

            Fábio Bittencourt

        Muito se vê, pouco se lê (sobre o assunto) – o fato é que as mortes, acidentes e doenças relacionadas ao trabalho são uma questão de saúde pública muitas vezes "invisível", e até "naturalizada", dizem os especialistas. No Brasil, quarta posição no ranking mundial, a Previdência Social registra por ano cerca de 700 mil casos, e, segundo dados do Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, o país chega a contabilizar uma morte por acidente em serviço a cada três horas e 40 minutos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh10d5TEAIPSmskrQG7Tfyrgm-U4mmTygSa0kfT_h8KkI4I4EXUQMu67eW7kpeUs0Y_BOI8Lr2mT98QUGCNs6kxGTnJqw7rPi-bVja23cwOM5e5_6E5NEAvqkG1xgIfvQmw1r_2j3Vadz3hzeR5Gntnj_BAebROtlmuxXLljs-ALseJtEimO57C6B2rfn0/s1600/ACIDENTE.jpg


        De acordo com dados da Previdência oficial, entre 2014 e 2018 foi registrado no Brasil 1,8 milhão de afastamentos por acidente de trabalho e 6,2 mil óbitos. Na Bahia, esse número foi de 44.800 afastamentos e 272 mortes.

        Com o objetivo de fortalecer a participação e o controle social nesta área, será realizada amanhã, via vídeo e webconferência, atividade preparatória para a 16ª Conferência Nacional de Saúde – e 10ª estadual. Organizado pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (Cistt), o evento acontece no Instituto Anísio Teixeira, na Paralela, às 8h30.

        Com o tema Democracia e saúde: saúde do trabalhador no contexto do SUS, a reunião é voltada para conselheiros em saúde, representantes de movimentos sociais, de trabalhadores, além de técnicos. De acordo com a diretora de vigilância e atenção do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat), Letícia Nobre, entre as finalidades do encontro estão a de mobilizar diversos atores da sociedade em torno de "algo grave e bastante complexo".

        "Esse é um assunto bem amplo. Um problema de saúde pública importantíssimo, que fica completamente invisível ao grande público, aos gestores (de empresas e organizações), algo muito naturalizado. Como se o trabalhador sair de casa e se acidentar ou morrer fosse algo normal. É preciso uma compreensão maior do que é acidente, o porquê de eles acontecerem, e o motivo de não se adotar medida de prevenção e segurança. A irresponsabilidade e negligência em relação à gestão da saúde e segurança no trabalho é imensa no Brasil".

          Reverter a situação

        Ainda de acordo com ela, mesmo muito altos, os números apresentados, se multiplicados por 10, 100 vezes, diz, ainda assim não dariam conta do tamanho do estrago.

        "São dados oficiais, ou seja, representam apenas o universo de trabalhadores com carteira assinada e os direitos garantidos pelo regime celetista. Portanto, é preciso muita informação e investimento em educação para reverter essa situação", afirma Letícia.

        [...]

BITTENCOURT, Fábio. Brasil ocupa quarta posição no ranking de acidentes de trabalho. A Tarde, 12 maio 2019. Disponível em: http://atarde,uol,com,br/empregos/noticias/2058823-brasil-ocupa-quarta-posicao-no-ranking-de-acidentes-de-trabalho. Acesso em: 2 ago. 2019.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é a posição do Brasil no ranking mundial de acidentes de trabalho?

      O Brasil ocupa a quarta posição no ranking mundial de acidentes de trabalho.

02 – Quantos acidentes de trabalho são registrados anualmente pela Previdência Social no Brasil?

      A Previdência Social registra cerca de 700 mil casos de acidentes de trabalho por ano no Brasil.

03 – Com que frequência ocorre uma morte por acidente de trabalho no Brasil?

      Ocorre uma morte por acidente de trabalho a cada três horas e 40 minutos no Brasil.

04 – Quantos afastamentos e óbitos por acidente de trabalho foram registrados no Brasil entre 2014 e 2018?

      Entre 2014 e 2018, foram registrados 1,8 milhão de afastamentos e 6,2 mil óbitos por acidente de trabalho no Brasil.

05 – Qual foi o número de afastamentos e mortes por acidente de trabalho registrados na Bahia no mesmo período?

      Na Bahia, foram registrados 44.800 afastamentos e 272 mortes por acidente de trabalho entre 2014 e 2018.

06 – Qual é o objetivo da atividade preparatória para a 16ª Conferência Nacional de Saúde mencionada na notícia?

      O objetivo é fortalecer a participação e o controle social na área da saúde do trabalhador.

07 – Quais são os principais desafios apontados por Letícia Nobre em relação à saúde e segurança no trabalho no Brasil?

      Letícia Nobre destaca que há uma negligência e irresponsabilidade imensas na gestão da saúde e segurança no trabalho no Brasil, e enfatiza a necessidade de maior compreensão, informação e investimento em educação para reverter a situação.

 

 

segunda-feira, 8 de julho de 2024

CRÔNICA: UM CASTIGO SÓ TEM VALOR SE FOR EDUCATIVO - C.SALAZAR MÉXICO - COM GABARITO

 CRÔNICA: Um Castigo só tem valor se for EDUCATIVO

 

Como todos os meninos, eu era curioso e um pouco destruidor. Um dia cometi a travessura de fazer uns buracos em uma das portas de nossa casa, para ficar espiando o que ocorria na rua. Procurando dar-me um castigo educativo, meu pai fez-me reparar o estrago que causara. "Vá buscar uns pedaços de madeira, e procure cortá-las de modo a se ajustarem nos buracos; depois passe a lixa". 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDNaANf3V8KCDXjyYjGdInF20gx1WptT-u0Hjc-jQlkBqoHu_zNQ0tTOZ6Z5PLgCo4C-87BT-SRQRE0kxq7NAm8x2jcnuf5IEIdkX8kQh2ZBedlwOmy1jKYvRppb-YmaewMmlPY7ztNdY0yzUH63aaqjZurFogUE_Myjs_wryk_PQxJBUIjRMuXxIZ4Gg/s320/PINTURA.jpg



Fiz o trabalho um pouco envergonhado, e, ao terminá-lo, era pouca a vontade que tinha de olhar para a porta azul com aqueles círculos brancos. Meu pai, calmamente, examinou o resultado do meu trabalho, então me disse que eu devia pintar aqueles círculos da mesma cor da porta, e me deu dinheiro para comprar tinta

A que arranjei não era exatamente da mesma cor, e por isso, por insistência do meu pai, pintei toda a porta. Desde esse momento, surgiu em mim uma espécie de gosto para melhorar e reparar as coisas da nossa casa. Pintei seis portas e duas janelas, que não ficaram mal, senti-me orgulhoso de ser pintor, e minha atitude mudou em consequência daquele castigo que terminou em forma agradável e boa.                                                                                           

Por: C. Salazar México

Entendendo o texto

 01- Qual a tese defendida pelo autor do texto-discurso?

          a- É preciso castigar as crianças de forma divertida;

          b- Só a punição faz a criança mudar de atitude;

       c- É preciso dar uma punição reparadora dos danos de forma que a criança reflita e aprenda;

         d- Não se deve castigar as crianças

02-Qual o tema central em discussão?

a-   O castigo;

b-   a punição infantil;

c-   a única forma adequada de se castigar;

d-   as travessuras infantis

03-O texto-discurso acima é uma tomada de posição política contra outras formas de se educarem as crianças.

      Assinale I para as formas consideradas INCORRETAS de se educar e C para as formas consideradas CORRETAS:

     a-(  I  ) crianças bem educadas são as que recebem severas punições; 

     b-(  I ) crianças bem educadas nunca devem  ser punidas;

     c-( C ) crianças bem educadas são as que recebem punições acompanhadas de lições de reparação dos erros; 

     d-( I  ) crianças só devem receber punições leves.

04 -A que ou quem se referem as palavras sublinhadas no texto-discurso?

      As palavras sublinhadas referem-se ao narrador e às ações que ele realizou ao longo do castigo imposto pelo pai.

05 -No trecho Como todos os meninos”, a palavra sublinhada estabelece relação de:

      a- adição;

      b- contradição/adversidade;

      c- comparação;

      d-causa.

06 -O menino foi castigado a pintar toda a porta, por qual motivo?

a-   fez uns buracos na porta;

b-   comprou uma tinta um pouco diferente da cor da porta;

c-   o pai queria que ele se tornasse pintor;

d- porta ficou com círculos brancos.

07- No trecho “Meu pai, calmamente, examinou o resultado do meu trabalho...”, a palavra grifada sugere:

a-   o lugar onde estava o pai;

b-   o modo como o pai agiu;

c-   a intensidade do gesto do pai;

d-   o momento em que o pai agiu.

08 -No trecho “Fiz o trabalho um pouco envergonhado...”, a palavra destacada sugere:

a-   a intensidade da vergonha;

b-   o modo da vergonha;

c-   o momento da vergonha

09 -No trecho “era pouca a vontade que tinha de olhar para a porta azul”, a palavra destacada sugere:

a-   o momento da vontade;

b-   o modo da vontade;

c-    a intensidade da vontade.

10-No trecho “Pintei seis portas e duas janelas, que não ficaram mal...”, a palavra destacada sugere:

a-   a intensidade da pintura;

b-   o modo da pintura;

c-   o lugar da pintura;

d-   o tempo da pintura.

11- No trecho “minha atitude mudou em consequência daquele castigo que terminou em forma agradável e boa.” , a expressão destacada sugere:

a-   a intensidade do término do castigo;

b-   o momento do término do castigo;

c-   o modo como terminou o castigo;

d- o lugar em que terminou o castigo.

12-O texto-discurso foi escrito predominantemente na forma:

a-   narrativa;

b-   descritiva;

c-   expositiva;

d-   dissertativa;

e-    injuntiva.

13-No trecho “A que arranjei não era exatamente da mesma cor...”, a palavra grifada sugere:

a-   confirmação;

b-   negação;

c-   retificação;

d-   modo.

14-No trecho “A que arranjei não era exatamente da mesma cor...” a palavra grifada substitui-se por:

a-   certamente;

b-   propriamente;

c-   indubitavelmente;

d- conclusivamente.

15-Cite dois adjetivos que qualificam/caracterizam, positiva e negativamente, o narrador-personagem.

Positivamente: curioso, trabalhador.
Negativamente: destruidor, envergonhado.

 

 

 

 

 

ARTIGO DE OPINIÃO: PELA CULATRA - HÉLIO SCHWARTSMAN - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Pela culatra

                             Hélio Schwartsman

        SÃO PAULO – Meu masoquismo não vai além dos debates eleitorais. Já faz alguns pleitos que parei de acompanhar com lupa a propaganda dos candidatos no rádio e na TV. É possível, porém, passar completamente alheio ao fenômeno, e o que me chamou a atenção este ano foi o grande de inserções que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) coloca na programação.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgh0VZ6fYnb-UeU2eSguKuj3CeL31glP_hZeJd2ll82ew9iX5nRL39y5A8LAu-4VFfCOKrcTd7HzlcsybnPE0p0sp3nXsjmEYyUNFqgwsRR1wKX79TrF74I5fig0wmQyI7K4_lrXdCSebgFDSeKPxhfsEdXJBZGw83PMGZIBj2hDHnRmtc6Skbz8OPKY8I/s1600/tse.jpg


        Algumas das peças, que, aliás, já saíram do ar, até que traziam informações relevantes, como os procedimentos necessários para o voto em trânsito, mas o grosso delas tenta incutir espírito cívico no eleitor e incentivá-lo a comparecer no dia da votação. Considerando que o sufrágio é obrigatório no país, tais campanhas me parecem, no mínimo, um grande desperdício. Seria p equivalente de a Receita Federal gastar preciosos recursos públicos com anúncios publicitários que tentem convencer o contribuinte de que ele deve ficar feliz ao pagar seus impostos.

        Eu não seria tão contra esse tipo de campanha se o voto fosse facultativo, como ocorre nas democracias civilizadas. Mas ele é compulsório. Ironicamente, por sutilezas lógicas que examinaremos a seguir, isso faz com que a própria mensagem cívica que o TSE tenta transmitir se esfacele.

      Tomemos o caso da esmola ou do ato de bravura. Ora, para que esses gestos tenham significado, é necessário que o indivíduo tenha a opção de não fazê-los. Se se tornam obrigatórios, a esmola se converte em tributo, e o heroísmo, em dever. Com isso, o valor que tinham é subvertido.

        Penso que com o voto é a mesma coisa. Se somos compelidos a apertar os botões da urna, nossas escolhas se tornam menos livres, o que rouba um pouco de seu significado e, pior, impede que o eleitor se constitua como um sujeito verdadeiramente autônomo, se é lícito empregar aqui o vocabulário kantiano.

        De minha parte, cada vez que ouço as edificantes peças do TSE, fico com vontade de viajar no dia da eleição.

SCHWARTSMAN, Hélio. Pela culatra. Folha de S. Paulo, 19 set. 2014. Opinião, p. A2.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Qual é a opinião de Hélio Schwartsman sobre as campanhas do TSE para incentivar a participação nas eleições?

      Schwartsman considera essas campanhas um grande desperdício, pois o voto é obrigatório no Brasil, tornando desnecessária a tentativa de incutir espírito cívico nos eleitores.

02 – Por que Schwartsman acha que o voto obrigatório diminui o valor das escolhas dos eleitores?

      Ele argumenta que, quando somos compelidos a votar, nossas escolhas se tornam menos livres, o que rouba um pouco do seu significado e impede que o eleitor se constitua como um sujeito verdadeiramente autônomo.

03 – Qual é a comparação feita por Schwartsman entre o voto obrigatório e atos como esmola ou bravura?

      Schwartsman compara o voto obrigatório à esmola e ao heroísmo, dizendo que, para que esses gestos tenham significado, é necessário que o indivíduo tenha a opção de não realizá-los. Se tornam obrigatórios, perdem o valor.

04 – Qual é a posição de Schwartsman sobre o voto facultativo em relação ao voto obrigatório?

      Ele seria a favor das campanhas do TSE se o voto fosse facultativo, como ocorre nas democracias civilizadas, pois isso daria mais significado ao ato de votar.

05 – O que Schwartsman sente quando ouve as campanhas do TSE?

      Ele sente vontade de viajar no dia da eleição, indicando sua resistência às campanhas que consideram inúteis devido à obrigatoriedade do voto.

06 – Quais informações Schwartsman considera úteis nas campanhas do TSE?

      Ele menciona que algumas campanhas trazem informações relevantes, como os procedimentos necessários para o voto em trânsito, mas considera isso uma exceção.

07 – Como Schwartsman compara a propaganda eleitoral à propaganda da Receita Federal?

      Ele compara o esforço do TSE em incentivar o voto obrigatório à hipotética situação de a Receita Federal gastar recursos públicos tentando convencer os contribuintes a ficarem felizes ao pagar impostos, considerando ambos um desperdício de recursos.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: VOTO É COMO VACINA: TEM QUE SER OBRIGATÓRIO - FRAGMENTO - ANTÔNIO LASSANCE - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Voto é como vacina: tem que ser obrigatório – Fragmento

                                Antônio Lassance 

        A defesa do voto facultativo é muito bonita. Bonita, ingênua, desinformada e irresponsável.

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyDGg_YtoyohUfOcNoz4aJZpeCzUFiyrwg6ZMG5tdpthlpW06l3GtyRYRFECPr3ZAhyphenhyphenUQRhSHLNNWwa81W4WgZoTFNneVHNu9wo4JIWcyCE09X-Zs4S0xs52RRC0CDNASDflGzIEWzrt2I8T86olLBMbhkeAXB3BF0n1lgEzklo5MZlyNIFcPtES5ZTK4/s320/votar.jpg


        É bom tratar do tema antes que seja tarde demais. Antes que o Brasil resolva entrar nessa canoa furada. Há sempre propostas de emenda constitucional tramitando no Congresso. O voto facultativo pode nos surpreender, um dia, como um presente de grego.

        [...]

        Vota quem quer, pois o voto é um direito, certo? Errado. O voto é um direito, mas, como qualquer outro direito, ele traz consigo obrigações. A educação também é um direito, mas os pais são obrigados a colocar os filhos na escola (Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 55: “Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”).

        A saúde é um direito, mas as famílias têm a obrigação de vacinar seus filhos. As pessoas devem estar vacinadas contra algumas doenças se quiserem visitar alguns estados e outros países. Os direitos são custeados graças à nossa obrigação de pagar impostos – o nome não é à toa.

        [...]

        Do voto deveríamos pensar o mesmo. É um direito e igualmente uma obrigação. O cidadão que quer direitos está assumindo que tem uma relação com o Estado, que é o agente responsável por garantir esses direitos e cobrar as obrigações. O cidadão que tem o direito de reclamar do Estado, a plenos pulmões, é o mesmo que tem a obrigação de dizer ao Estado que rumo ele deve tomar. Para que o Estado represente o que o cidadão quer, o pressuposto é que ele, na condição de eleitor, diga o que quer e o que não quer.

        [...]

        Hoje, o eleitor que não quiser votar tem duas opções: justificar ou pagar a multa. A multa tonou-se irrisória para a maioria dos brasileiros. Vai de 3% a 10% do valor do salário mínimo. Outras penalidades acabam sendo mais relevantes. O título pode ser cancelado e a pessoa fica impedida de fazer concursos públicos, receber empréstimo de instituições financeiras públicas, tirar passaporte e carteira de identidade, entre outras.

        Todos são obrigados a comparecer, mas não a votar, na medida em que há a opção do eleitor anular o voto.

        [...]

        Tanto o voto branco quanto o voto nulo são expressões democráticas da livre manifestação. Deveriam ser opções de voto respeitadas e melhor informadas. O cidadão tem direito de votar em branco, se quiser, e de votar nulo, se preferir. A urna eletrônica admite as duas possibilidades.

        [...]

LASSANCE, Antônio. Voto é como vacina: tem que ser obrigatório. Disponível em: www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Voto-e-como-vacina-tem-que-ser-obrigatorio/29862. Acesso em: 31 jul. 2019.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Por que o autor compara o voto com a vacina?

      O autor compara o voto com a vacina para argumentar que, assim como a vacinação é obrigatória para garantir a saúde pública, o voto deve ser obrigatório para assegurar a saúde democrática do país. Ambos são direitos que trazem consigo obrigações, pois impactam diretamente o bem-estar coletivo.

02 – Quais são os riscos que o autor aponta ao adotar o voto facultativo?

      O autor alerta que o voto facultativo pode ser um "presente de grego" que enfraqueceria a democracia brasileira. Ele teme que a adesão ao voto facultativo possa diminuir a participação política, tornando a representatividade e a legitimidade dos eleitos menos robusta.

03 – Como o autor justifica que o voto deve ser visto como uma obrigação, além de um direito?

      O autor justifica que, assim como outros direitos, como a educação e a saúde, que exigem ações obrigatórias (matricular os filhos na escola e vaciná-los), o voto também deve ser uma obrigação. Ele argumenta que o cidadão que exige direitos deve, em contrapartida, participar ativamente do processo democrático para indicar ao Estado o que deseja.

04 – Quais são as penalidades para quem não vota e não justifica a ausência, segundo o texto?

      As penalidades para quem não vota e não justifica a ausência incluem o pagamento de uma multa irrisória, que varia de 3% a 10% do valor do salário mínimo. Além disso, há consequências mais significativas, como o cancelamento do título de eleitor, impossibilidade de prestar concursos públicos, de receber empréstimos de instituições financeiras públicas, e de tirar passaporte e carteira de identidade.

05 – Como o autor descreve as opções de voto branco e voto nulo?

      O autor descreve o voto branco e o voto nulo como expressões democráticas legítimas da livre manifestação dos eleitores. Ele ressalta que essas opções deveriam ser respeitadas e melhor informadas, destacando que a urna eletrônica admite ambas as possibilidades.

06 – Qual é a posição do autor em relação às propostas de emenda constitucional que visam tornar o voto facultativo?

      O autor é contrário às propostas de emenda constitucional que visam tornar o voto facultativo. Ele alerta para o perigo de o Brasil adotar essa medida, que ele considera uma "canoa furada", capaz de enfraquecer a democracia ao diminuir a participação dos cidadãos no processo eleitoral.

07 – O que o autor sugere sobre a relação entre o cidadão e o Estado no contexto do voto?

      O autor sugere que a relação entre o cidadão e o Estado é baseada em um contrato social, onde o cidadão que quer direitos deve assumir suas obrigações. Para ele, o voto é um meio pelo qual o cidadão comunica ao Estado suas demandas e desejos, e essa participação ativa é essencial para que o Estado represente verdadeiramente a vontade do povo.

 

REPORTAGEM: EM BUSCA DE GALÁXIAS MUITO, MUITO DISTANTES - FRAGMENTO - ANDRÉ BERNARDO - COM GABARITO

Reportagem: Em busca de galáxias muito, muito distantes – Fragmento

                      André Bernardo

        [...] Sempre que alguém perguntava à jovem Duília Fernandes de Mello o que ela queria ser quando crescesse, a resposta estava na ponta da língua: astrônoma. O interesse veio da curiosidade sobre como as sondas espaciais conseguiam fotografar planetas distantes e como aquelas fotos iam parar nos jornais e revistas da Terra apenas alguns dias depois. “Quando minha mãe soube disso, me levou ao Observatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi lá que eu me apaixonei ainda mais pela Astronomia e decidi que era isso que queria para minha vida”, conta. Aos 50 anos, Duília acaba de ganhar o Prêmio Diáspora Brasil, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores aos cientistas brasileiros que mais se destacaram no exterior. Hoje, ela dá expediente em um dos centros de estudo mais importantes da Nasa, o Goddard Space Flight Center (GSFC), em Maryland. Lá, a sua função é, quem diria, analisar as fotos tiradas pelo telescópio Hubble.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyQmp4VFoGDVEfJp3Np1LN9_PhFp99znbls0F9WR190uY3H3JryZSlR35rsbLvVnSiGXmUfZgscKAn63qeTf_6ufNgQjIQ56Uth8zkPqchM_PqQ0IDhVobKOJsZ4YZjaoYmfT3wIXotD5nWpNrsOoRISZMv6De-JtzWoGtgqjpRuva909qCnQ0tv8Ge40/s1600/GALAXIAS.jpg


        P: Por que o número de mulheres na ciência ainda é tão reduzido?
        O número de mulheres cientistas é baixo em todo o mundo. No Brasil, é até razoável; melhor do que nos países do Norte, como Alemanha, Inglaterra e Suécia. O único jeito de mudar isso é mostrando para meninas e meninos que mulheres também fazem ciência. O número de mulheres na Nasa é baixo, mas, na faixa etária mais jovem, vem crescendo. A Nasa tem um programa que se propõe a incentivar o equilíbrio de gênero e diversidade.

        P: O que significou ver seu talento reconhecido pelo seu próprio país com o Prêmio Diáspora Brasil?

        Fiquei muito honrada e aproveitei para agradecer ao Brasil pelo investimento feito na minha carreira desde a graduação até o doutorado. Sempre procurei retornar esse investimento. O projeto “Mulher das Estrelas”, por exemplo, é fruto disso. Nasceu como um fã-clube que três meninos brasileiros fundaram há 6 anos e, hoje, é uma página no Facebook onde respondo perguntas de crianças e jovens sobre Astronomia.

        [...]

        P: Se a senhora pudesse escolher, qual dos grandes mistérios do Universo gostaria de desvendar?

        Gostaria de saber ser existe vida inteligente em outros planetas. Quem sabe eles não saberiam as respostas para todos os outros mistérios? Não existe evidência científica que sugira que a vida seja algo único do nosso planeta. Como conhecemos apenas um tipo de vida, estamos procurando por planetas que sejam semelhantes à Terra e que estejam na zona habitável, nem muito perto da estrela e nem muito longe dela.

BERNARDO, André. Em busca de galáxias muito, muito distantes. Revista Galileu, ago. 2014. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2014/08/em-busca-de-galaxias-muito-muito-distantes.html. Acesso em: 9 set. 2019.

Entendendo a reportagem:

01 – O que despertou o interesse de Duília Fernandes de Mello pela astronomia?

      O interesse de Duília Fernandes de Mello pela astronomia surgiu da curiosidade sobre como as sondas espaciais conseguiam fotografar planetas distantes e como essas fotos chegavam aos jornais e revistas da Terra em poucos dias.

02 – Qual foi a reação de Duília ao visitar o Observatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro?

      Ao visitar o Observatório da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Duília se apaixonou ainda mais pela Astronomia e decidiu que queria seguir essa carreira para a vida toda.

03 – Qual prêmio Duília Fernandes de Mello ganhou recentemente e quem o concede?

      Duília Fernandes de Mello ganhou recentemente o Prêmio Diáspora Brasil, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil aos cientistas brasileiros que mais se destacaram no exterior.

04 – Onde Duília Fernandes de Mello trabalha atualmente e qual é sua função?

      Atualmente, Duília Fernandes de Mello trabalha no Goddard Space Flight Center (GSFC), um dos centros de estudo mais importantes da Nasa, onde sua função é analisar as fotos tiradas pelo telescópio Hubble.

05 – Qual é a opinião de Duília sobre a participação de mulheres na ciência?

      Duília acredita que o número de mulheres cientistas é baixo em todo o mundo, embora no Brasil seja melhor comparado a países do Norte como Alemanha, Inglaterra e Suécia. Ela defende que é necessário mostrar para meninas e meninos que mulheres também fazem ciência e destaca que a Nasa tem um programa para incentivar o equilíbrio de gênero e diversidade.

06 – O que Duília fez ao receber o Prêmio Diáspora Brasil?

      Ao receber o Prêmio Diáspora Brasil, Duília se sentiu muito honrada e aproveitou a oportunidade para agradecer ao Brasil pelo investimento em sua carreira desde a graduação até o doutorado. Ela também mencionou o projeto "Mulher das Estrelas" como um exemplo de como ela procura retornar esse investimento.

07 – Qual grande mistério do universo Duília gostaria de desvendar?

      Duília gostaria de saber se existe vida inteligente em outros planetas. Ela acredita que se isso fosse possível, esses seres poderiam ter respostas para muitos outros mistérios do universo. Ela menciona que, como conhecemos apenas um tipo de vida, procuramos por planetas semelhantes à Terra que estejam na zona habitável.