sexta-feira, 14 de junho de 2019

MENSAGEM ESPÍRITA: APOIO EM DEUS - (JOANNA ÂNGELIS) DIVALDO P. FRANCO- PARA REFLEXÃO

APOIO EM DEUS

        Entrega-te a Deus.
        Confia em Deus.
        Dá-te à obra de Deus em todos os instantes da tua vida.
 Tormentas que desabam, empecilhos que surgem, situações que se complicam — confia em Deus. 
        Angústias que recrudescem no imo dos sentimentos, ansiedades que pareciam superadas e retornam, assustadoras — entrega-te a Deus.
        Infortúnios que carpes silenciosamente, malquerenças que relevas com paciência — doa a tua vida a Deus.
        Entrega-te ao Pai Criador em toda e qualquer circunstância em que te vejas situado. 
        A morte é vida. 
        A noite corusca-se de estrelas. 
        A dificuldade reverdece em esperança.
        Se te sentes num túnel extenso entre sombras ameaçadoras, segue adiante e verás uma luz que te espera após o trânsito difícil.
        Se a soledade te junge a compromissos que te constrangem, leva com esperança o teu fardo e a tua alma de eleição te receberá no termo da subida.
        Se as conjunturas se abrem em abismos adornados de prazer, mas em cujo fosso estão miasmas e pesadelos futuros, renuncia hoje para que a paz te domine o coração amanhã.
        Nessa vilegiatura, por mais aflição que experimentes, não segues a sós.
        Entregue a Deus, confiando em Deus, dando-Lhe a vida, Deus se te manifestará através dos Anjos Guardiães infatigáveis, que seguem contigo, fiadores prestimosos da tua reencarnação, que te não permitem carregar um fardo acima das tuas forças.
        Chamado à reação colérica, pensa neles, faze silêncio e os ouvirás.
        Invitado ao desbordar de paixões que amesquinham e logo cessam os efeitos, diminui o passo, tem calma e eles te socorrerão.
        Instado ao desequilíbrio de qualquer natureza, recorre a proteção deles. Ora em silêncio interior e eles te auxiliarão.
        Se caíres, levanta. Eles te esperam.
        Se recuaste, recomeça o avanço. Eles te distendem braços.
        Se o desânimo se assenhoreou dos teus sentimentos, abre-te a eles e estímulo poderoso te movimentará os membros hirtos, permitindo que prossigas na tua marcha luminosa.
        E, se acaso um testemunho mais áspero se te apresentar desolador, amesquinhante, lembra-te de Jesus que, no momento extremo da cruz, a Deus entregou o espírito, ensinando-te a confiar em Deus, a entregar-te a Deus, a Deus doar a tua vida através dos teus Guias Espirituais.

Joanna de Ângelis (Divaldo P. Franco)


HISTÓRIA EM QUADRINHOS - SUJEITO - CONCORDÂNCIA NOMINAL - COM GABARITO

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - SUJEITO - CONCORDÂNCIA NOMINAL 
Cebolinha: Cebolinha em apuros! de Maurício de Sousa. Porto Alegre: L&PM, 2010.


Entendendo a tira:

01 – Por que Cebolinha acha que os equilibristas correm perigo?
      Porque eles podem cair da corda bamba, machucando-se gravemente.

02 – Por que o Cascão acha que o equilibrista está protegido?
      Porque ele carrega um guarda-chuva com ele.

03 – Leia as orações a seguir:
1     “... esses equilibristas colem peligo...”.
2     “... ele está até muito bem protegido!”

a)   Identifique o sujeito e o núcleo do sujeito dessa orações. A que classe gramatical eles pertencem?
1     – Sujeito: esses equilibristas; núcleo: equilibristas (substantivo). 2 – Sujeito: ele; núcleo: ele (pronome).

b)   Em que gênero e número esses núcleos foram empregados?
Na oração 1, foi empregado no masculino e no plural. Na oração 2, foi empregado no masculino e no singular.

c)   Passe para o singular a frase que está no plural e para o plural a que está no singular.
1 – Esse equilibrista cole peligo. 2 – Eles estão até muito bem protegidos.

d)   Além do verbo, que outras palavras concordaram em gênero e número com os núcleos do sujeito?
O pronome esses e o particípio protegido, com função de adjetivo na frase. Explique aos alunos que muito, até e bem são advérbios, portanto são invariáveis.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): DE UNS TEMPOS PRA CÁ - CHICO CÉSAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

ATIVIDADES COM A Música: De Uns Tempos Pra Cá

                                           Chico César
De uns tempos pra cá
os móveis, a geladeira
o fogão, a enceradeira
a pia, o rodo, a pá
coisas que eu quis comprar
deu vontade de vender
e ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
o carro, a casa, o som
tv, vídeo, livros, bom...
o que em tese faz um lar
admito eu quis comprar
começo a me arrepender
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

De uns tempos pra cá
o pufe, a escrivaninha
sabe a mesa da cozinha?
lençóis, louça e o sofá
não precisa se alterar
pensei em me desfazer
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

De uns tempos pra cá
telefone, bicicleta
minhas saídas mais secretas
tô pensando em deixar
dê no que tiver que dar
seu amor me basta ter
pra ficar só com você
isso de uns tempos pra cá

Coisas são só coisas
servem só pra tropeçar
têm seu brilho no começo
mas se viro pelo avesso
são fardo pra carregar

                                      Composição: Chico César

Entendendo a canção:
01 – Qual é o tema da canção?
      O eu lírico demonstrar estar apaixonado e disposto de desfazer de coisas para ficar com sua amada.

02 – O eu lírico conta algo que:
a)   Está acontece no presente.
b)   Aconteceu em um passado bem próximo.
c)   Aconteceu num passado distante.
d)   Acontecerá num futuro bem próximo.

03 – Encontre na canção um verso ou expressão que confirme sua resposta da pergunta dois.
      “De uns tempos prá cá...”

04 – Por que o eu lírico quer se desfazer de tantas coisas?
      Só para ficar com sua amada.

05 – Ele diz que coisas e servem pra quê?
      Servem só pra tropeçar têm seu brilho no começo, mas se viro pelo avesso são fardo pra carregar.

06 – Você acha que quando amamos alguém, alguma coisa muda em nossa vida? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.



POEMA: O CÂNTICO DA TERRA - CORA CORALINA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: O cântico da terra
              Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Entendendo o poema:

01 – Cora Coralina, autora deste poema, é a grande poetisa do estado de Goiás, e utilizou em suas obras imagens rurais. Assinale a alternativa em que todas as palavras retiradas do texto, e que formam um campo semântico, remetem à zona rural:
a)   Espiga – roça – gado.
b)   Ventre – materno – seio.
c)   Berço – filho – pão.
d)   Homem – mulher – amor.
e)   Lavrador – fartura – lida.

02 – Em que versos evocam o lavrador, ressaltam seus objetos de trabalho, materializando mais uma vez a ideologia capitalista?
      “A ti ó lavrado, tudo quanto é meu. / Teu arado, tua foice, teu machado”.

03 – Que conselho o poema passa para os leitores na sua última estrofe?
      O eu poético está dizendo que é preciso trabalhar (lavrar), este refrão “e dono de sítio, felizes seremos”, descreve justamente o sistema de produção do capitalismo, o trabalho que dignifica o homem e a corrida pelo maior lucro, sempre.

04 – A associação entre terra e mulher é expressa no verso:
a)   “Sou a espiga generosa de teu gado”.
b)   “Sou o chão que se prende”.
c)   “Sou a razão de tua vida”.
d) “Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor”.

05 – A religiosidade do poema é revelada no verso:
a)   “A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.”
b) “De mim vieste pela mão do Criado
    c) “Eu sou a grande Mãe Universal.”
    d) “Sou a telha da coberta de teu lar.”

06 – O texto “O cântico da terra” pode ser considerado um poema porque os:
a)   Organiza-se em estrofes com o mesmo número de versos.
b) Explora a sonoridade e o duplo sentido das palavras
    c) Apresenta rima no final de todos os verso.
    d) Utiliza expressões da linguagem formal.

07 – Na quinta estrofe, o poema refere-se:
a)   Ao reencontro com o amor.
b) Ao retorno do viajante
     c) à morte do lavrador.
     d) à volta aos braços da mãe.

08 – O texto é um poema que conta:   
a)   O exílio do poeta.
b)   A criação do mundo.
c)   A origem da vida.
d)   A infância do lavrador.

09 – O eu poético através dos versos nos possibilita compreender um espaço social rural, como terra, gado, e o próprio trabalhador do campo, por isso é considerado, o quê?
      É considerado o hino do lavrador.

10 – O que nos sugere o título do poema, “O Cântico da Terra”?
      Sugere a determinação de uma dada religiosidade, pois Cântico se refere às antigas cantigas religiosas, como forma de poetizar as orações, hino comumente se refere a um canto de louvor a alguém ou uma nação.

11 – O poema é construído a partir de várias metáforas que formam imagens poéticas. Na sétima estrofe, é possível reconhecer que se faz referência a (ao):
a)   Vida.
b)   Morte.
c)   Nascimento.
d)   Meio ambiente.
e)   Desmatamento.





POESIA: CANTE DE LÁ... QUE EU CANTO DE CÁ - PATATIVA DO ASSARÉ - COM GABARITO


Poesia: CANTE DE LÁ... QUE EU CANTO DE CÁ

PATATIVA DO ASSARÉ

Poeta, cantô da rua,
Que na cidade nasceu,
Cante a cidade que é sua,
Que eu canto o sertão que é meu.
Se aí você teve estudo,
Aqui, Deus me ensinou tudo,
Sem de livro precisá
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá, que eu canto cá.

Você teve educação,
Aprendeu muita ciência,
Mas das coisa do sertão
Não tem boa experiência.

Nunca fez uma boa palhoça,
Nunca trabalhou na roça,
Não pode conhecê bem,
Pois nesta penosa vida,
Só quem provou da comida
Sabe o gosto que ela tem.

Pra gente cantá o sertão,
Precisa nele morá,
Tê almoço de feijão
E a janta de mugunzá,
Vivê pobre, sem dinheiro,
Trabalhando o dia inteiro,
Socado dentro do mato,
De aprecata currelepe,
Pisando em riba do estrepe,
Brocando a unha-de-gato.

Você é muito ditoso,
Sabe lê, sabe escrevê,
Pois vá cantando o seu gôzo,
Que eu canto meu padecê.
Enquanto a felicidade
Você canta na cidade,
Cá no sertão eu enfrento
A fome, a dô e a miséria.
Pra sê poeta deveras,
Precisa tê sofrimento.

Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de ouro,
Para a gente sertaneja
É perdido este tesouro.
Com o seu verso bem feito,
Não canta o sertão direito
Porque você não conhece
Nossa vida aperreada.
E a dô só é bem cantada,
Cantada por quem padece.

Só canta o sertão direito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteção de ninguém,
Coberto de precisão
Suportando a privação
Com paciência de Jó,
Puxando o cabo da enxada,
Na quebrada e na chapada,
Molhadinho de suó.

Amigo, não tenha queixa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De qual maneira se pega
Num ferro pra trabalhá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá que eu canto cá.

Repare que a minha vida
É diferente da sua.
A sua rima polida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem diferente,
Meu verso é como a semente
Que nasce em riba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obras da criação.

Mas porém, eu não invejo
O grande tesouro seu,
Os livros do seu colégio,
Onde você aprendeu.
Pra gente aqui sê poeta
E fazê rima completa,
Não precisa professô;
Basta vê no mês de maio,
Um poema em cada galho
E um verso em cada fulô.
 
Seu verso é uma mistura
É um tal sarapaté,
Que quem tem pouca leitura,
Lê, mas não sabe o que é.
Tem tanta coisa encantada,
Tanta deusa, tanta fada,
Tanto mistério e condão
E outros negócio impossive.
Eu canto as coisa visive
Do meu querido sertão.

Canto as fulô e os abróio
Com todas coisas daqui:
Pra toda parte que eu óio
Vejo um verso se bulí.
Se às vez andando no vale
Atrás de curá meus males
Quero repará pra serra,
Assim que eu óio pra cima,
Vejo um dilúvio de rima
Caindo em riba da terra.

Mas tudo é rima rasteira
De fruta de jatobá,
De folha de gameleira
E fulô de trapiá,
De canto de passarinho
E da poeira do caminho,
Quando a ventania vem,
Pois você já tá ciente:
Nossa vida é diferente
E nosso verso também.
 
Repare que diferença
Existe na vida nossa:
Enquanto eu tô na sentença,
Trabalhando em minha roça,
Você lá no seu descanso,
Fuma o seu cigarro manso,
Bem perfumado e sadio;
Já eu, aqui tive a sorte
De fumá cigarro forte
Feito de palha de milho.
 
Você, vaidoso e faceiro,
Toda vez que quer fumá,
Tira do bolso um isqueiro
Do mais bonito metá.
Eu que não posso com isso,
Puxo por meu artifício
Arranjado por aqui,
Feito de chifre de gado,
Cheio de algodão queimado,
Boa pedra e bom fuzí.
 
Sua vida é divertida
E a minha é grande pena.
Só numa parte de vida
Nós dois samo bem iguá:
É no direito sagrado,
Por Jesus abençoado
Pra consolá nosso pranto,
Conheço e não me confundo
Da coisa melhó do mundo
Nós goza do mesmo tanto.

Eu não posso lhe invejá
Nem você invejá eu
O que Deus lhe deu por lá,
Aqui Deus também me deu.
Pois minha boa mulhé,
Me estima com muita fé,
Me abraça, beija e quer bem
E ninguém pode negá
Que das coisa naturá
Tem ela o que a sua tem.

Aqui findo esta verdade.
Toda cheia de razão:
Fique na sua cidade
Que eu fico no meu sertão.
Já lhe mostrei um espêio,
Já lhe dei grande consêio
Que você deve tomá.
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mexo aí,
Cante lá que eu canto cá.
                                  Patativa do Assaré

Entendendo a poesia:

01 – A poesia acima são décimas (estrofes de dez versos) que seu autor, classificava como poesia matuta. Nelas, a oposição entre lá e cá, ou seja, entre poesia de salão e poesia da criação, autoriza dizer que existe no campo da linguagem uma:
a)   Metáfora do conflito de classes por meio do contraste entre a literatura elitizada e a popular.
b)   Superioridade da experiência adquirida na natureza em relação à obtida em meio à civilização.
c)   Associação entre as variedades linguísticas e as diversidades de repertórios culturais.

02 – A poesia é construída sobre uma antítese, isto é, uma relação entre ideias contrastantes. Que elementos são colocados em oposição? Como eles se caracterizam?
      A poesia é construída com base na presença de uma antítese, que é notada no decorrer do texto onde podemos perceber que o eu lírico fala que não precisa do que tem na cidade, mas sim do que tem no sertão, evidenciando as diferenças entre as duas realidades.

03 – A linguagem evidencia marcas de uma variedade linguística regional brasileira. Qual?
      Sim, a linguagem evidencia a presença de uma variação linguística regional, onde temos o sertanejo como linguagem presente, de alguém interiorano.

04 – Analise e compare as formas paioça e trabaiou, que aparecem na poesia, com as formas palhoças e trabalhou. Que diferença você observa em relação à grafia e a pronúncia entre os dois pares de palavras?
      A grafia e a pronuncia são feitas de formas diferentes, onde temos que a presença do “lh” é retirado das palavras, para que possa ser feita a substituição do “io”.

05 – Essa diferença na grafia das palavras alterou o número de letras e de fonemas em cada uma delas? Explique.
      O número de letras foi alterado, mas o número de fonemas não necessariamente, apresentando o mesmo número de fonemas que falamos em ambos os casos, mas são colocados de formas diferenciadas.

06 – Observe como foram escritas as palavras cantô, precisá, favô e conhecê. Que letra foi substituída em todas elas?
      Na escrita das palavras cantô, precisá, favô e conhecê temos a retirada da letra “r” e do acréscimo de acentos nas vogais.

07 – Os acentos circunflexos foram colocados nessas palavras por razões relativas à modalidade oral ou escrita? Explique o que você entendeu a respeito disso.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os acentos podem ser relacionados a modalidade linguística, nesta poesia ao regionalismo.


CONTO: UM PROBLEMA DIFÍCIL - PEDRO BANDEIRA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Um problema difícil 
                    
         Pedro Bandeira 

      Era um problema dos grandes. A turminha reuniu-se para discuti-lo e Xexéu voltou para casa preocupado. Por mais que pensasse, não atinava com uma solução. Afinal, o que poderia ele fazer para resolver aquilo? Era apenas um menino!
        Xexéu decidiu falar com o pai e explicar direitinho o que estava acontecendo. O pai ouviu calado, muito sério, compreendendo a gravidade da questão. Depois que o garoto saiu da sala, o pai pensou um longo tempo. Era mesmo preciso enfrentar o problema. Não estava em suas mãos, porém, resolver um caso tão difícil.
         Procurou o guarda do quarteirão, um sujeito muito amigo que já era conhecido de todos e costumava sempre dar uma paradinha para aceitar um cafezinho oferecido por algum dos moradores.
        O guarda ouviu com a maior das atenções. Correu depois para a delegacia e expôs ao delegado tudo o que estava acontecendo.
         O delegado balançou a cabeça, concordando. Sim, alguma coisa precisava ser feita, e logo! Na mesma hora, o delegado passou a mão no telefone e ligou para um vereador, que costumava sensibilizar-se com os problemas da comunidade.
        Do outro lado da linha, o vereador ouviu sem interromper um só instante. Foi para a prefeitura e pediu uma audiência ao prefeito. Contou tudo, tintim por tintim. O prefeito ouviu todos os tintins e foi procurar um deputado estadual do mesmo partido para contar o que havia.
        O deputado estadual não era desses políticos que só se lembram dos problemas da comunidade na hora de pedir votos. Ligou para um deputado federal, pedindo uma providência urgente. O deputado federal ligou para o governador do estado, que interrompeu uma conferência para ouvi-lo.
        O problema era mesmo grave, e o governador voou até Brasília para pedir uma audiência ao ministro.
        O ministro ouviu tudinho e, como já tinha reunião marcada com o presidente, aproveitou e relatou-lhe o problema.
        O presidente compreendeu a gravidade da situação e convocou uma reunião ministerial. O assunto foi debatido e, depois de ouvir todos os argumentos, o presidente baixou um decreto para resolver a questão de uma vez por todas.
        Aliviado, o ministro procurou o governador e contou-lhe a solução. O governador então ligou para o deputado federal, que ficou muito satisfeito. Falou com o deputado estadual, que, na mesma hora, contou tudo para o prefeito. O prefeito mandou chamar o vereador e mostrou-lhe que a solução já tinha sido encontrada.
        O vereador foi até a delegacia e disse a providência ao delegado. O delegado, contente com aquilo, chamou o guarda e expôs a solução do problema. O guarda, na mesma hora, voltou para a casa do pai do Xexéu e, depois de aceitar um café, relatou- lhe satisfeito que o problema estava resolvido.
        O pai do Xexéu ficou alegríssimo e chamou o filho.
        Depois de ouvir tudo, o menino arregalou os olhos:
         – Aquele problema? Ora, papai, a gente já resolveu há muito tempo!

                                                                        Pedro Bandeira

Entendendo o conto:

01 – “(...) Afinal, o que poderia ele fazer para resolver aquilo? Era apenas um menino!” Apesar de pensar assim no início, ao final do conto Xexéu e sua turma conseguem resolver o “grande problema”. A atitude das crianças se diferencia da atitude dos adultos diante esse problema. Segundo o conto nos relata, como os adultos agem para resolver o problema?
a)   Os adultos agem de maneira irracional, apaixonada. Ao invés de proporem uma solução ao problema, pela sua forma irrefletida de agir, eles acabam complicando ainda mais toda situação. 
b)   Os adultos acreditam na rígida hierarquia social, que subordinada uma autoridade a outra, e esperam que, ao delegar o problema para pessoas de maior autoridade, esse seria um bom caminho para resolvê-lo. 
c)   Os adultos não confiam nas crianças para resolverem seus próprios problemas, e por isso as obrigam a esperar que elas cresçam e adquiram uma outra uma visão sobre como encarar as dificuldades da vida. 
d)   Devido à sua grande experiência, os adultos acreditam que o melhor caminho para resolver problemas é se apoiarem no conhecimento da comunidade e da tradição, e se esse caminho funcionou muitas vezes então deve funcionar todas as vezes. 

02 – “Aliviado, o ministro procurou o governador e contou-lhe a solução. O governador então ligou para o deputado federal, que ficou muito satisfeito. Falou com o deputado estadual, que, na mesma hora, contou tudo para o prefeito. O prefeito mandou chamar o vereador e mostrou-lhe que a solução já tinha sido encontrada. (...)” O conto de Pedro Bandeira é escrito a partir de uma estrutura que vai se repetindo, de uma maneira lúdica e interessante, que nos prende até o final da história. Se fôssemos caracterizar essa estrutura do conto com uma imagem, uma metáfora, qual poderia ser essa imagem?
a)    Poderia ser um labirinto. Pois parece que, quando uma pessoa relata o problema para outra, esta relata para outras pessoas mais, como se um caminho fosse se desdobrando em outros novos caminhos, de maneira cada vez mais complexa.
b)   Poderia ser uma corrida. Pois, para o resolver o problema da maneira mais rápida possível, todas as pessoas envolvidas se valem de todos os meios à sua disposição. É uma forma de competição. Quem conseguir resolver o problema com mais rapidez é o vencedor. 
c)   Poderia ser a brincadeira de telefone sem fio. Pois, quando uma pessoa relata o problema para outra pessoa, esta compreende de maneira imperfeita, e passa a mensagem para uma outra pessoa que também entende imperfeitamente, e assim por diante, até que no final a mensagem inicial já foi completamente distorcida e o problema não precisa mais ser resolvido. 
d)   Poderia ser uma escada. Pois o problema é relatado de uma autoridade a outra, seguindo a estrutura da hierarquia estatal. E assim como o relato do problema sobe por essa estrutura, ao final, quando a solução é encontrada, ela também precisa descer. 

03 – “(...) Aquele problema? Ora, papai, a gente já resolveu há muito tempo!” A fala de Xexéu ao final do conto revela que a solução para o “grande problema” não precisava acontecer do modo como os adultos encontraram a solução. Segundo o conto, por que o modo dos adultos de resolver o problema parece inadequado?
a)   Porque os adultos, devido a suas responsabilidades no trabalho, possuem pouco tempo para resolver o “grande problema” que Xexéu lhes apresenta. A crianças se viram melhor quando agem sozinhas. 
b)   Porque os adultos não compreendem o que as crianças dizem para eles. Portanto, quando as crianças relatam seus problemas para os adultos, estes compreendem outra coisa, e não podem ajudá-las. 
c)   Porque o caminho que os adultos tomaram para resolver o problema é complicado e demorado. É possível que aquele problema específico não precisava seguir todo esse caminho para ser resolvido. 
d)   Porque o “grande problema”, assim como todos os problemas fundamentais da vida, tem sua solução numa forma de agir simples e descomplicada. As crianças, por estarem mais próximas da simplicidade, são as que conseguem melhor resolver problemas. 

04 – O conto de Pedro Bandeira, ao mesmo tempo em que apresenta um enredo coerente e bem humorado, permite diversas camadas de interpretações, que descortinam alguns de seus elementos. Entre as interpretações abaixo, qual delas é incorreta, e não pode ser feita acerca do conto de Pedro Bandeira?
a)   As autoridades só se comunicam com seus subordinados e superiores imediatos, de modo que, até percorrer toda a cadeia hierárquica entre as autoridades, o problema apresentado por Xexéu e sua turma demora muito para encontrar uma solução. 
b)   Os adultos, que representam a obediência a regras e a ordens hierárquicas, estão de certa forma limitados por essa obediência. As crianças, por outro lado, por estarem relativamente livres de obedecer a regras e hierarquias, podem dispor de criatividade e astúcia para resolver seus problemas. 
c)   O governo é incapaz de resolver os problemas da população, pois, até que a voz do povo chegue aos governantes que podem fazer algo, os problemas já foram resolvidos pela própria população e já deixaram de existir. 
d)   Por não sabermos que problema é esse proposto por Xexéu e sua turma, torna-se mais extraordinário o fato de que eles tenham resolvido esse problema sozinhos e antes de todas as autoridades. 

05 – Qual é a tipologia predominante no conto:
(X) Narrativa.
(   ) Argumentativa.
(   ) Descritiva.

06 – Em relação ao discurso das personagens. Presença de discurso:
(   ) Direto.
(X) Indireto.

07 – Dentro deste tipo textual (conto) há que narrador?
(X) Narrador-personagem.
(   ) Narrador-observador.
(   ) Narrador-onisciente.