segunda-feira, 3 de junho de 2019

CONTO: HOMEM AO MAR - DOMINGOS PELLEGRINI - COM QUESTÕES GABARITADAS


Conto: Homem ao mar
        
    Domingos Pellegrini

        Olhando o filho na praia, o pai diz você parece eu com meu pai na primeira vez que vim à praia pulava pra lá e para cá feito cabrito. Se tem diferença é que naquele tempo pai não falava tanto com filho. O filho mal ouve, corre peitar as ondas, volta correndo. [...]
        Você está começando a virar homem, diz o pai quando ele volta a andar junto.
        O filho olha sério o rochedo, e acerta o passo com o pai até a areia encontrar com a rocha. Amarre bem o tênis, o pai manda e o menino amarra justo e firme cada cordão. Sobem no rochedo e o pai diz cuidado, hem, muito cuidado, senão tua mãe me mata. Agacham no rochedo olhando o mar que bate lá adiante nas rochas cobertas de mariscos. O pai tira do bolso uma lata de cerveja com linha enrolada; e, enquanto fica arrumando o anzol e a chumbada, o filho começa com as perguntas.
        Por que camarão tem tanta perna se vive na água? O que é que faz as ondas e por que tem umas maiores que as outras? Marisco come o que se não tem boca? Quando é que o bicho do caramujo sai lá de dentro? Por que siri anda de lado? Por que o mar é salgado?
        O pai diz que existiu um tempo quando o mar não era salgado, os continentes eram de rocha coberta de sal e as chuvas levaram o sal pro mar. O filho pergunta se antes de ser salgado o mar já era mar, e antes do pai responder pergunta se o mar salgou antes ou depois do tempo dos dinossauros.
        O tempo, pai resmunga arrumando a chumbada, o tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem, enfia o camarão no anzol, e o tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem. Gira a linhada acima da cabeça, com a mão direita, a esquerda segurando a lata. Lança o corpo pra frente quando lança a linhada lá adiante das rochas; olha se o filho prestou atenção. O filho pergunta por que os continentes eram de rocha salgada, e quem é que salgou?
        Estão ali faz hora dando banho nos camarões, o anzol sempre volta vazio mas o pai diz que não são os peixes comendo, não estão nem beliscando, os camarões ficam presos nos mariscos. Cada vez que puxa a linha o pai fala ainda bem que não enroscou, até que enrosca e o filho diz puxa, pensei que nunca fosse enroscar. Riem a mesma risada, o pai corta a linha nos dentes, tira mais um anzol do bolso das bermudas, embrulhado num papelzinho; e só tem mais um camarão no saquinho plástico.
        Começa a ventar e lá na vila dos pescadores os homens vão amarrar os barcos, as mulheres recolhem roupa de varal; o pai vê tudo isso, mas tão longe que não liga. O filho pergunta por que se chama Praia da Saudade. Porque antigamente, o pai chupa o dedo picado pelo anzol, diz que morria muito pescador no mar, deixava saudade, esse mar aí é bravo.
        Na varanda, o mar deixa ver mariscos grandes nas rochas, e o pai avança pra jogar a linha dizendo fica aí, aquilo ali corta que nem navalha, cair lá é o mesmo que passar um tomate num ralador. Avança devagar pra lançar a linhada e volta com cuidado, vendo que tem menos de uma hora de claridade, quase ninguém na praia, os últimos surfistas lagarteando na arrebentação. O filho pergunta que hora um peixe vai morder o anzol.
        O pai senta no rochedo com a lata no meio das pernas, diz que peixe não tem relógio, vai morder na hora que quiser, geralmente quando a gente menos espera. Então, o filho vira de costas pro mar, não vou esperar mais.
        O pai olha a praia deserta, no mar só dois surfistas, e já venta bem. Uma onda lambe um castelo de areia. Nas rochas já não aparecem os mariscos grandes; o mar está enchendo, diz o pai, quem sabe traz um peixe. Ficam olhando o mar escurecer, as ondas batendo e espirrando espuma até ali, e de repente a lata quase pula das mãos do pai. Fisgou, ele diz com uma voz que o filho não conhece, fisgou, e o filho começa a gritar você pegou, pai, você pegou!
        Ainda não, guri, ainda não – o pai geme lutando com o peixe, dando linha com cuidado para não folgar demais nem esticar muito. Deve ser um sargo dos grandes, fala com voz saindo do peito, a puxada é de sargo. O menino pergunta se sargo tem muita espinha. O peixe leva a linha pra lá, pra cá, e o pai diz desse jeito vai cortar a linha nos mariscos; mas aí o mar ajuda com uma onda que traz o peixe e bate água no rochedo até ali onde eles estão, o filho assusta. O pai grita cuidado, mas o vento já limpa a espumarada do ar e veem que o peixe está ali perto se debatendo, prateado e grande de três palmos, maior que todos que o filho já viu e o pai já pescou. A boca é maior que uma maçã, abrindo e fechando pra roer o girador do anzol. A linha está ali solta pelas rochas.
        O filho olha aflito o pai. Vamos esperar outra onda pra puxar ele, o pai sussurra e o filho pergunta por que ele está falando assim, peixe escuta fora d’água? O pai quase ri mas vê a onda vindo, crescendo e espumando, e manda o filho ir pra trás, o mar está enchendo, mas o menino continua ali e a onda bate nas rochas, o pai agarra o filho com um braço e agacha debaixo duma concha enorme de espumas borrificadas. A água escorre pelo rochedo e veem que ainda estão ali e o peixe agora está mais perto, brilhando na última claridade do dia, um peixe lindo de dar dó.
        Dá pra pegar, grita o filho, e o pai diz você fica aqui. Enfia a lata numa fenda do rochedo, olha se vem vindo onda, vem mais ainda longe, então vai pé ante pé, agachando um pouco mais a cada passo, até quase tocar no peixe, esquecido da onda – e então, ao ouvir a onda quebrando nas rochas, olha a parede de água quase ali e volta correndo, vendo que o filho vem ao encontro. É daquelas ondas maiores que vem depois duma série de ondas, arrebenta nas rochas e invade o rochedo espumante e pegando o menino pela cintura, enquanto o pai perde a visão com tanta água esborrifando pelo ar. Quando consegue enxergar de novo, a água está escorrendo de volta para o mar, com a força de um riacho bravo, e ele sente alguma coisa bater na barriga, é o peixe também voltando para o mar.
        Só aí vê que a onda levou também o filho, lá está ele se batendo no meio das rochas, por onde o mar recua entre paredes de mariscos. O filho grita pai, aqui, pai, começando a nadar de peito pra voltar ao rochedo. Ele grita que não, não volte, nada em frente! O filho para, com a cabeça acima da água, e o pai dá graças por ter ensinado o filho a nadar desde criancinha; mas vê a estranheza e o medo aparecendo no olhar do menino, e sabe que em seguida pode vir o pânico. Depois vai explicar ao filho que não se deve voltar a um rochedo na arrebentação, para não acabar jogado nas rochas e navalhado pelos mariscos. Agora, o pai sabe que não tem tempo de explicar nada, sabe o que deve fazer e faz: dá alguns passos até a borda do rochedo e ali se descalça, pulando no mar e deixando as sandálias.
        Pulou de ponta, sai perto do filho, vê que outra onda já vem vindo lá atrás. Nada pra frente! – grita apontando – Vamos furar a onda! Lê o pensamento no olhar do filho: será que ficou louco? O pai aponta a onda e berra – Nada! – e o filho olha a onda, abre a boca entendendo e respirando, e começam a nadar de peito encarando a onda que cresce. A última onda que arrebentamos ainda está recuando e eles vão rápidos levados por ela, de encontro à onda que vem. Já fizeram isso muitas vezes brincando, e o menino não vacila, continua nadando firme e encarando a onda, que agora se curva levantando, e chegam ao pé dela quando começa a espumar na crista. Mergulham juntos, passam por baixo do turbilhão para não ser arrastados de volta, e então o pai, bracejando de olhos fechados e ouvindo o ribombo da onda, pensa nos tênis do filho.
        Quando aflora a cabeça e vê o filho, fala tira os tênis, e agora o menino obedece logo, a cabeça afunda enquanto arranca um tênis, aflora, respira com um olhar onde o pai lê: você mesmo quem me mandou amarrar bem, pai; e afunda de novo para arrancar o outro tênis. A cabeça volta e o pai diz fique calmo, temos de nadar em frente e depois até a praia, entendeu? O filho balança a cabeça e o pai diz então vamos.
        Lá já vem outra onda, e vão nadando contra ela. Calma, fala o pai, não se canse. Essa já alcançam antes de começar a espumar, a parede curva de água azul escura, com reflexos dourados do poente atrás deles. Mergulham, a onda passa e voltam a encarar o céu já escuro adiante. Voltando a nadar o pai pergunta se o filho está cansado, e o menino diz não, o pai diz não canse, vá com calma.
        Furam mais uma onda e, ao aflorar o pai não vê o filho. Gira o corpo na água, e o filho aflora, o pergunta tudo bem, o filho balança a cabeça olhando a próxima onda. Furam mais uma, duas, três, perdem a conta. Chegam a um ponto em que não precisam mais furar as ondas mergulhando, são ondas sem crista, mansas, água que passa subindo e descendo, e então o pai diz pronto – arfando – daqui voltamos pra praia – toma fôlego – nadando de viés, entende? O filho diz tá, mas antes que comece a nadar, o pai vê o medo no olhar dele.
        Nadam olhando as luzes das casas lá adiante, e conforme estão no alto duma onda ou no baixio entre duas ondas, ou veem as casas e até a praia ou apenas céu dourado no horizonte. Mas de repente o pai não vê mais o filho. Grita. Ouve gritos do filho. Quando voltam a se achar, estão arfando assustados, e o pai quase não consegue pedir calma. O filho olha as luzes, diz é muito longe, pai. Você tem de aguentar, diz o pai se esforçando pra não arfar, você não nada mil metros na piscina?
        Na piscina, diz o filho, com um olhar de medo e dor.
        Já mal se veem na quase escuridão entre as ondas, mas o pai procura os olhos do filho para dizer calma, continua com calma. O menino continua a nadar, agora nado livre, e o pai continua em nado de peito, para não perder o filho de vista. Às vezes perde, na passagem duma onda, mas logo voltam a nadar juntos, o pai arfando tanto que pensa meu Deus, eu é que não vou aguentar, e começa a repetir mentalmente meu Deus, meu Deus, meu Deus. Nunca esteve tão fora de forma na vida, tanto vinho, tanta cerveja; então promete que, se saírem dessa, não bebe durante um ano. Passa mais uma onda, o menino para, respira olhando para ele com um olhar que é um borrão, a boca aberta é outro borrão, e o pai promete nunca mais beber na vida. Fala arquejando, quase sem voz – Estamos quase na arrebentação! – e voltam a nadar na escuridão. Quanto mais cansado fica, mais o pai pensa em tirar as bermudas, os bolsos enchem de água, até que decide e grita pro filho esperar, afunda lutando com a roupa. Quando se livra das bermudas, a bunda toca na areia e leva um susto, firma as pernas e se lança para cima, aflora sem fôlego ao lado do filho, continuam a nadar.
        O filho vai com braçadas moles, lentas, cada uma parece que vai ser a última, e de vez em quando geme ai, pai, e ele fala vai, vai! Na arrebentação se perdem, uma onda arrastando o menino, e depois o pai se vê sozinho com os pés na areia e água pelo peito. A onda vazante puxa de volta para o mar e ele sabe que tem de nadar forte agora pra sair logo dali, não tem outra coisa a fazer, então enfia a cabeça na água e vai em nado livre, batendo no mar com braçadas duras. Nada até não aguentar mais e aí fica de pé, seja o que Deus quiser, se o mar quiser levar agora, que leve, ele não tem mais força pra nada; mas se vê com água pela cintura, está salvo. Olha em volta, só água e espuma, vira-se para o mar mas sabe que não vai conseguir voltar pra buscar o filho. Grita o nome do filho contra o vento, grita sabendo que o filho não pode se agarrar num grito, mas grita até ficar rouco e aí vai pra praia.
        Mal consegue chegar na praia, arrastando as pernas, os braços caídos, e vê o menino deitado na areia, tossindo; deita junto. Ficam ali tossindo enquanto as ondas vêm lamber as pernas. Depois o pai perguntará como ele chegou tão depressa ali, e o filho dirá que pegou jacaré numa onda, ué, e rirão muito disso, mas agora o pai só pergunta se ele está bem, e uma onda cobre os dois deitados, o menino corre engatinhando até a areia seca. O pai diz bem, pra uma coisa valeu: finalmente você pegou medo do mar.
        Andam meio se arrastando na direção das casas.
        Um homem de bermudas floridas rega a grama – e uma mulher, varrendo folhas secas, quando vê os dois, fala meu Deus! Só aí o pai lembra que está pelado.
        No dia seguinte, de noitinha, o médico diz que amanhã já podem ir pra casa, e depois eles ficam no quarto ouvindo os grilos no jardim do hospital. Então o filho começa de novo a fazer perguntas. Por que não tem sanduiche em hospital? Não era bom se em casa também tivesse cama com manivela? Não podia ter ao menos mostarda em hospital? E grilo canta só de noitinha por que, e por que é que falam que grilo canta se só faz cri-cri?
        O pai fala que não vai responder porque o médico falou que ele tem de descansar. Isso foi ontem, diz o menino, hoje ele disse que você está muito bem. Chega de pergunta por um tempo, tá, o pai pede mandando. Uma copeira deixa na mesinha a bandeja com dois pratos e a sopeira, o menino destampa e diz hum, que nojo, é canja. O pai diz hum, que bom, é canja, e enche os dois pratos. O filho mexe que mexe no prato com colher, mas começa a comer e o pai diz que pra isso também valeu aquele passeio no mar, só mesmo em hospital pro filho comer sopa. Comem, e o filho pergunta se ele vai contar pra mãe. O pai diz que é melhor não contar, ela se preocupa demais.
        O filho pergunta e você, pai, ficou preocupado?
        O pai pensa um pouco e diz que ficou preocupado sim, quando a mulher começou a bater com a vassoura.
        Riem, depois o pai fala que vai ligar pra mãe, dizendo que está no hotel, e depois vão dormir. E se ela ligar pro hotel? – o filho pergunta e o pai diz que não quer nem pensar, e chega de tanta pergunta.
        O filho pergunta se pode fazer só mais uma pergunta, e pergunta por que você falou que eu estou começando a virar homem? Quando cresce pelo na gente é que vira homem? Então homem sem pelo não é homem?
        O pai diz você disse que ia ser uma pergunta só. Pena que a gente perdeu o peixe, diz o filho com o olhar perdido na sopa. Mas a gente sempre ganha alguma coisa, o pai também olha a sopa.
        E o que é que a gente ganhou, pai?
        O pai diz você já é um homem, meu filho, você é um homem já.

                Domingos Pellegrini. Homem ao mar. In: José Paulo Paes (coord.) Histórias de aventuras. São Paulo: Ática. 1998. p. 57-60. v. 25.
Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, de o significado das palavras abaixo:
·        Chumbada: linha de pesca.
·        Sargo: tipo de peixe.
·        Borrificadas: irrigados, molhados.
·        Ribombo: estrondo, barulho.
·        Aflorar: emergir, vir à superfície.
·        Arquejando: ofegante.

02 – A aventura está presente em nossas vidas e ela nos ajuda a conhecer novas situações e aprender a lidar com fatos inusitados. Que aventuras os personagens do conto vivenciaram?
      Durante uma pescaria, o filho foi arrastado para dentro do mar e o pai tenta salvá-lo.

03 – O narrador dessa história exerce um papel muito importante no texto, pois é ele quem apresenta os fatos para o leitor. Nesse conto, o narrador participa da história ou ele apenas a observa e expõe os fatos? Explique.
      O narrador expõe os fatos que observa; trata-se do foco narrativo de 3ª pessoa.

04 – O elemento espaço é sempre muito importante em uma narrativa, pois permite que o leitor se localize e imagine a ação com mais facilidade. Qual é o espaço principal utilizado nesse conto e qual é a importância dele no texto?
      O espaço principal é o mar, lugar onde as aventuras se desenrolam.

05 – Após a calmaria da pesca, pai e filho passaram por apuros no mar que os levaram a ter problemas.
a)   O que aconteceu com eles?
Eles acabaram sendo arrastados pelo mar e tiveram que enfrenta-lo para sobreviver.

b)   De que forma eles conseguiram sair dessa situação?
Por meio da superação do medo, buscando manter a calma.

c)   Essa situação pode ser considerada o clímax do conto? Explique.
Sim, pois é o momento em que acontece algo fora da normalidade no texto, fazendo a história passar por uma transformação.

06 – Assim que conseguiram sair salvos do mar, os dois passaram por uma situação vexatória.
a)   Que situação foi essa?
O pai estava nu e assustou uma mulher na praia.

b)   Por que em uma situação como essa as pessoas são capazes de esquecer que estão nus?
Porque as pessoas passam por um estresse tão grande que só conseguem preocupar-se em saírem ilesas das situações de perigo.

07 – Quando estavam no hospital, o filho perguntou ao pai se em algum momento ele teve medo.
a)   O que o pai respondeu?
Que teve medo quando a mulher começou a correr atrás dele com a vassoura.

b)   Você acha que a resposta do pai foi sincera? Com que intenção ele deu essa resposta ao filho?
Não, o pai teve muito medo quando estava no mar, no entanto, ao falar para o filho que teve medo da mulher que corria atrás dele com a vassoura, encontrou uma forma de suavizar os perigos pelos quais haviam passado.

08 – No início do texto, o pai diz que o filho estava virando homem e, no final, afirma que ele já é um homem. Interprete a fala do pai em relação às mudanças do filho.
      No início, o filho demonstrava mudanças físicas, ao passo que, por meio do problema enfrentado, ele adquiriu também maturidade, tendo um comportamento e uma atitude mais responsável.

09 – Enquanto enfrentavam o mar, pai e filho estavam aflitos e com medo. No entanto, o pai não queria demonstrar isso para o filho. Por que ele agiu dessa forma?
      Porque não queria que o filho entendesse que eles estavam passando por uma situação muito perigosa, conseguindo, assim, que o filho não ficasse nervoso e entrasse em desespero.

10 – As aventuras pelas quais o filho passou acabaram sendo um marco na vida dele: tornou-se “homem”, isto é, passou a ter maturidade, responsabilidade.
a)   Em sua opinião, que outras situações vividas pelo ser humano podem representar uma transformação tão significativa?
Resposta pessoal do aluno.

b)   E você, já viveu alguma aventura que representou uma transformação significativa? Conte para seus colegas.
Resposta pessoal do aluno.

11 – Ao falar da relação entre pai e filho, o narrador diz que há diferenças entre antigamente e hoje em dia.
a)   Em sua opinião, de que diferenças o narrador estava falando?
As diferenças referem-se ao fato de que a aproximação e o diálogo entre pais e filhos sofreram mudanças ao longo dos tempos.

b)   Por que você acha que esse comportamento mudou? Discuta com os colegas.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque a educação de antigamente era muito diferente de hoje. Não havia diálogo entre pais e filhos.

12 – Em vários momentos do texto, o narrador expõe as falas dos personagens de forma direta, sem indicar as marcações do discurso, como as aspas ou os travessões.
a)   Retire do texto exemplos que comprovem essa afirmação?
“Olhando o filho na praia, o pai diz você parece eu com meu pai na primeira vez que vim à praia pulava pra lá e para cá feito cabrito.”; “Você está começando a virar homem...”.

b)   Como é possível identificar de quem são essas falas? Explique.
Por meio da leitura atenta do texto, que permite conhecer o contexto e saber quem é o personagem que fala.

c)   Que efeito essa ausência de marcações do discurso acarreta na narrativa?
A narrativa torna-se mais dinâmica e envolvente, com menos pausas.

13 – No trecho “Se tem diferença é que naquele tempo pai não falava tanto com filho.”, há um marcação de tempo. Identifique-a e explique que sentido ela adquire ao ser empregada dessa maneira.
      Naquele tempo. A expressão dá ideia de passado, de algo que já aconteceu em um outro momento.

14 – O texto apresenta um registro oral, mas especificamente no 3° parágrafo, em que há uma expressão típica e característica da oralidade. Identifique-a e explique o sentido dessa expressão.
      Hem, que apresenta a função de testar a comunicação, de modo a indagar alguém se entendeu o que se estava falando.

15 – Releia os seguintes trechos, atentando para as palavras em destaque.
        “Sobem no rochedo e o pai diz cuidado, hem, muito cuidado, senão tua mãe me mata.”
        “Marisco come o que se não tem boca?”

Mesmo sendo semelhantes na pronúncia, os termos destacados nos trechos são escritos de formas diferentes. Explique por que isso ocorre.
      Senão significa “do contrário”, podendo ser substituído pelas expressões caso contrário, de outro modo. Já a expressão se não é a junção da conjunção se mais o advérbio não, e indica uma condição, uma alternativa, incerteza, dúvida.

16 – Ao falar dos mariscos, o pai faz duas comparações. Identifique-as e explique com que intenção elas foram criadas.
      O pai compara os ferimentos feitos pelos mariscos com os feitos por uma navalha e por um ralador de tomate. A intenção do pai foi alertar o filho do perigo, pois os mariscos podiam causar graves machucados.

17 – Quando algum navegante cai no mar, a tripulação costuma usar a expressão homem ao mar para que todos a bordo ajudem a efetuar o resgate. Correlacione essa informação ao título da narrativa e à última fala do pai, comentando o efeito de sentido do uso dessa expressão.
      O título “Homem ao mar” na narrativa condiz com a expressão usada pelos navegantes, pois o filho cai no mar, e depois o pai pula para salvá-lo. A expressão usada no título também pode ser interpretada no sentido de o menino tornar-se homem, na opinião do pai, pois, ao cair no mar e enfrenta-lo sem medo, por isso, tornou-se homem ao mar.

POEMA: VISÃO 1944 - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Visão 1944
       
              Carlos Drummond de Andrade

Meus olhos são pequenos para ver
a massa de silêncio concentrada
por sobre a onda severa, piso oceânico
esperando a passagem dos soldados.


Meus olhos são pequenos para ver
luzir na sombra a foice da invasão
e os olhos no relógio, fascinados,
ou as unhas brotando em dedos frios.


Meus olhos são pequenos para ver
o general com seu capote cinza
escolhendo no mapa uma cidade
que amanhã será pó e pus no arame.


Meus olhos são pequenos para ver
a bateria de rádio prevenindo
vultos a rastejar na praia obscura
aonde chegam pedaços de navios.

Meus olhos são pequenos para ver
o transporte de caixas de comida,
de roupas, de remédios, de bandagens
para um porto da Itália onde se morre.


Meus olhos são pequenos para ver
o corpo pegajento das mulheres
que foram lindas, beijo cancelado
na produção de tanques e granadas.


Meus olhos são pequenos para ver
a distância da casa na Alemanha
a uma ponte na Rússia, onde retratos,
cartas, dedos de pé boiam em sangue.


Meus olhos são pequenos para ver
os milhares de casas invisíveis
na planície de neve onde se erguia
uma cidade, o amor e uma canção.


Meus olhos são pequenos para ver
as fábricas tiradas do lugar,
levadas para longe, num tapete,
funcionando com fúria e com carinho.


Meus olhos são pequenos para ver
na blusa do aviador esse botão
que balança no corpo, fita o espelho
e se desfolhará no céu de outono.


Meus olhos são pequenos para ver
o deslizar do peixe sob as minas,
e sua convivência silenciosa
com os que afundam, corpos repartidos.


Meus olhos são pequenos para ver
os coqueiros rasgados e tombados
entre latas, na areia, entre formigas
incompreensivas, feias e vorazes.


Meus olhos são pequenos para ver
essa fila de carne em qualquer parte,
de querosene, as ou de esperança
que fugiu dos mercados deste tempo.

Meus olhos são pequenos para ver
a gente do Pará e de Quebec
sem notícia dos seus e perguntando
ao sonho, aos passarinhos, às ciganas.


Meus olhos são pequenos para ver
todos os mortos, todos os feridos,
e este sinal no queixo de uma velha
que não pôde esperar a voz dos sinos.


Meus olhos são pequenos para ver
países mutilados como troncos
proibidos de viver, mas em que a vida
lateja subterrânea e vingadora.

Meus olhos são pequenos para ver
as mãos que se hão de erguer, os gritos roucos,
os rios desatados, e os poderes
ilimitados mais que todo exército.


Meus olhos são pequenos para ver
toda essa força aguda e martelante,
a rebentar do chão e das vidraças,
ou do ar, das ruas cheias e dos becos.


Meus olhos são pequenos para ver
tudo que uma hora tem, quando madura,
tudo que cabe em ti, na tua palma,
ó povo! que no mundo te dispersas.

Meus olhos são pequenos para ver
tuas sonhadas ruas, teus objetos,
e uma ordem consentida (puro canto,
vai pastoreando sonos e trabalhos).

Meus olhos são pequenos para ver
essa mensagem franca pelos mares,
entre coisas outrora envilecidas
e agora a todos, todas ofertadas.


Meus olhos são pequenos para ver
o mundo que se esvai em sujo e sangue,
outro mundo que brota, qual nelumbo
– mas veem, pasmam, baixam deslumbrados.

                                     Carlos Drummond de Andrade. Visão 1944. In: ________ A Rosa do Povo. São Paulo: Companhia das letras.
Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:
·        Luzir: brilhar, irradiar luz.
·        Bandagens: tecido que se aplica sobre a pele servindo como curativo.
·        Pegajento: que é maçante, que aborrece.
·        Catre: cama rústica, simples.
·        Envilecidas: sem valor, desprezível.
·        Nelumbo: tipo de planta.

02 – Que tipo de sentimento esse poema despertou em você?
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Em sua opinião, com que intensão o poeta Drummond teria escrito esse poema?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Com base no título do poema, é possível inferir qual será o assunto abordado?
      Sim, pois ele indica que será mostrado um ponto de vista sobre um acontecimento ocorrido em 1944, no caso, a Segunda Guerra Mundial.

05 – O poema lido foi publicado pela primeira vez no livro A Rosa do Povo, em 1945. Esse livro, considerado pelos críticos como a melhor obra de Drummond, é composto de 55 poemas escritos entre os anos de 1943 e 1945, momento em que o mundo vivenciava os horrores da Segunda Guerra Mundial. Leia a seguir algumas das principais características desse livro:
·        A poesia social;
·        A reflexão existencial (o eu e o mundo);
·        A poesia sobre a própria poesia;
·        O passado;
·        O amor;
·        O cotidiano;
·        A celebração dos amigos.

Em sua opinião, em qual dessa temáticas se enquadra o texto “Visão 1944”? Por quê?
      Poesia social, pois ela se refere a um acontecimento relacionado a toda a sociedade.

06 – No poema, o eu lírico está vivenciando os fatos ou ele os relata de um lugar distante? Por quê?
      Ele relata os fatos de um lugar distante, pois descreve acontecimentos que ocorreram em alguns países da Europa.

07 – No final da 1ª estrofe, o eu lírico diz que a passagem dos soldados em combate é esperada por uma massa concentrada. Em sua opinião, o que essa cena reflete em relação ao sentimento das pessoas?
      Ela mostra a angústia das pessoas que presenciam a cena.

08 – Na 3ª estrofe, é apresentado um exemplo do que acontece em uma guerra.
a)   O que está sendo narrado nesse trecho?
O eu lírico do poema refere-se aos militares escolhendo a próxima cidade a ser atacada pelo exército alemão.

b)   De que forma o eu lírico retrata esse acontecimento?
De forma trágica.

09 – No poema, é descrito o que acontecia com os judeus nos campos de concentração. Identifique em que estrofe isso é mostrado e explique o que ocorria com eles nesses locais.
      A descrição ocorre na 14ª estrofe. Nos campos de concentração, os judeus realizavam muitos trabalhos pesados e depois eram mortos.

10 – Ao longo do poema, são mostrados várias situações de destruição decorrentes da guerra, enfatizando que ela, por meio da destruição e das mortes provocadas, leva a dor ao ser humano. Na 8ª estrofe, por meio da apresentação de determinados elementos, é constituída uma cena.
a)   Que cena é essa?
A cena cotidiana de uma casa, de uma família.

b)   Qual é o efeito dela para esse contexto?
Mostrar que a Guerra destruiu, inclusive, a família, os lares.

11 – O poema foi escrito em 1944 e, nesse período, a guerra ainda não havia terminado. Releia a última estrofe do poema em que é mostrado o que o eu lírico espera com relação ao futuro. Que consequências ele acredita que a guerra ainda trará para as pessoas?
      Que ela ainda trará muita dor e sofrimento, pois o eu lírico, mesmo tendo esperança, não consegue ver outra solução positiva para o futuro.

ARTIGO DE OPINIÃO: DO QUE VOCÊ TEM MEDO? GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Do que você tem medo?       
                                               Gilberto Dimenstein

        Das alternativas a seguir, quais são as cinco coisas de que você mais tem medo?
01– Fantasma.
02 – Escuro.
03 – Assalto.
04 – Reprovação na escola.
05 – Separação dos paias.
06 – Sequestro.
07 – Morte dos pais.
08 – Acidente de carro.
09 – Acidente de avião.
10 – Meninos de rua.
11 – Doenças graves.
12 – Desemprego.
13 – Reprovação no vestibular.
14 – Morte.
        Se você comparar a sua resposta com a de seus colegas, verá que o medo da violência é uma das alternativas mais recorrentes.
        Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o que mais aterrorizava as pessoas eram os monstros e outras criaturas fictícias. Hoje, muitos dos monstros dos jovens são resultados dos problemas sociais brasileiros.
        Na década de 1970, a palavra “sequestro” era geralmente ligada a motivos políticos. Por exemplo, na época da ditadura, grupos revolucionários sequestraram o embaixador dos Estados Unidos exigindo a libertação de presos políticos. Raramente esse assunto preocupava a população em geral. Atualmente, são corriqueiras as mais variadas modalidades de sequestro de cidadãos comuns, inclusive o sequestro-relâmpago, que já fez inúmeras vítimas em nosso país.
        A paisagem urbana também mudou muito dos anos 1970 para cá: eram poucas as casas com grades, alarmes, cercas eletrificadas e havia poucos condomínios resguardados por sistemas de segurança com tecnologia avançada. Carros blindados, então, eram um privilégio de autoridades importantes. Não era tão perigoso andar nas ruas e as pessoas tinham menos medo de parar nos faróis ou andar sozinhas à noite. Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo, como acontece hoje em dia.
    Mas a situação mudou. O tráfico de drogas, que até então era um problema de “vizinhos”, como a Colômbia, tomou o Brasil – literalmente – de assalto. O crime organizado agravou muito a violência urbana. Em alguns lugares, ele chega a ser um “poder paralelo”, sendo tão ou mais forte que a autoridade legal, como a polícia.
        Embora o tráfico de drogas não seja o único fator que causa a violência, a relação é direta. E, nesse ponto, novamente a falta de cidadania gera inúmeras consequências, que, juntas, viram uma bola de neve: o jovem entra no tráfico, já que sem a formação educacional não consegue arrumar um trabalho lícito que lhe garanta um padrão de vida digno. Dentro do tráfico, ele é obrigado a fazer uso da violência, para ser respeitado. É claro que as coisas não acontecem de modo tão simples, afinal, outros motivos como o desamparo familiar e o convívio social também influenciam o jovem a entrar no tráfico. Porém, essa trajetória é comum. E esse é um exemplo de como uma mazela social, a falta de educação para crianças e jovens, pode ter decorrências graves e afetar toda a sociedade, inclusive você.
        Esse cenário faz o Brasil conhecer um novo tipo de geografia urbana: pessoas de classe média alta, inconformadas e assustadas com a falta de segurança, as guerras de quadrilhas, os assaltos à mão armada, os confrontos entre polícia e criminosos nos grandes centros, isolam-se em caríssimos condomínios, onde é possível fazer quase tudo sem sair deles, pois há academias, shopping centers, escritórios, consultórios médicos. Esse é um mau sinal: sem promover o desenvolvimento das comunidades em seu entorno, o isolamento dos mais ricos só gera mais desigualdade e insegurança. Prova disso são os constantes arrastões a esses oásis de luxo.
        A boa notícia é que em alguns estados as taxas de criminalidade caíram significativamente. O estado de São Paulo, por exemplo, pelo nono ano seguido registrou queda no número de assassinatos. O índice ainda é muito alto se comparado ao dos países desenvolvidos, mas desde 1999 a queda é significativa, de 65,5%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda considera o estado como “zona endêmica de homicídios” com a taxa de 10,76 casos por cada 100 mil moradores. Mas São Paulo está bastante próximo de sair dessa zona, quando atingir a marca inferior a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. O número de sequestros registrados também caiu entre janeiro e setembro de 2008 foram 41 casos, 53% menos que no mesmo período de 2007.
        Será que esses dados apontam para um futuro menos violento?

          Gilberto Dimenstein. Violência. In:__________ O cidadão de papel: aa infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 22. ed. São Paulo: Àtica, 2009. p. 26-7.
Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Lícito: que é permitido e de acordo com a lei.

·        Oásis: região em um meio hostil ou após uma sequência de situações desagradáveis, é sinônimo de prazer.

·        Endêmica: peculiar à determinada população ou região.

02 – Com base nas alternativas listadas pelo autor do texto, comente quais você assinalaria.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Compare os itens que você marcou com os marcados pelos colegas e verifique se o medo da violência aparece de forma mais recorrente ou não.
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Dos itens listados, quais estão relacionados à violência?
      Estão o assalto e sequestro.

05 – Qual é a relação entre o título e o conteúdo do texto?
      No título, o autor traz um questionamento sobre o medo das pessoas. Em seguida, ao longo do texto, pressupõe que a violência urbana é o medo que atinge a maioria das pessoas e, por isso, passa a discutir esse tema.

06 – Dimenstein faz uma comparação entre o que aterrorizava as pessoas antigamente com o que as assusta na atualidade. Que diferenças são apontadas?
     Antigamente, as pessoas tinham medo de situações ligadas ao imaginário, como monstros e criaturas. Atualmente, elas têm medo de situações ligadas à realidade.

07 – O autor explica qual foi a origem do sequestro. Qual é a diferença entre o que acontecia na década de 1970 e atualmente em relação a esse tipo de violência?
      O sequestro originou-se vinculado a motivos políticos, no entanto, hoje também ocorre com cidadãos comuns, visando a interesses pessoais.

08 – No texto é explicado que a violência não era algo que preocupava os cidadãos comuns. No entanto, situações como o sequestro deixaram de ser casos isolados para fazer parte do cotidiano. Em sua opinião, por que essas transformações ocorreram?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque a violência tornou-se banal e um meio de as pessoas tirarem proveito sem grande esforço ou mérito.

09 – No trecho: “Gente comum não sentia a necessidade de aprender técnicas de autodefesa ou a manejar armas de fogo [...].”, fica claro quem eram os grupos de pessoas que deveriam se prevenir contra a violência? Quem era esses grupos?
      Não fica explícito, mas é possível inferir que os grupos eram os policiais de forma geral, os seguranças, entre outros.

10 – Com o passar do tempo, a violência urbana se intensificou, tornando-se um grave problema para a sociedade.
a)   De acordo com o texto, o que agravou a violência urbana?
O crime organizado do tráfico de drogas.

b)   De acordo com o texto, quais são os principais motivos que levam uma pessoa a entrar para o tráfico?
A falta de formação educacional que diminui as oportunidades de emprego; O desamparo familiar e o convívio social.

11 – Segundo o autor, a paisagem urbana sofreu várias mudanças nos últimos anos.
a)   Em que consiste essas mudanças?
Percebe-se na paisagem urbana a tentativa das pessoas se protegerem da violência. Hoje as casas são protegidas, por exemplo, com alarmes, grades e cercas elétricas. Além disso, os mais ricos se isolam em caríssimos condomínios onde é possível fazer quase tudo.

b)   Em sua opinião, quais são as causas e as consequências dessas mudanças?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A causa é a violência urbana, que leva as pessoas a buscar proteção. Uma das consequências é o progressivo isolamento e confinamento do ser humano.