Texto: A tempestade
Luiz Felipe
Pagnossim
Não guardo muitas lembranças do meu
tempo de escola. Mas me lembro que nunca me destaquei pela sociabilidade. Fazer
amizades sempre foi uma tarefa difícil para mim. Aguardava que os colegas se
aproximassem e a partir daí poderia se desenvolver, talvez, uma amizade.
Mas há algo de que me lembro bem: das
aulas da professora Helena, especialmente de uma delas. Naquele dia, ela entrou
e não demorou a anunciar a atividade: uma narrativa de aventura com tema livre.
Dei uma encolhida sobre a carteira,
enquanto olhava para os lados, sem nenhuma ideia na cabeça: “Tema livre!”. Era
liberdade demais para minha falta de imaginação.
Alguns colegas escreviam, outros
ficavam olhando para a folha. Percebi que eu era um desses, perdido no papel em
branco. Celina, ao contrário, ajeitava-se impecável sobre a carteira,
demonstrando estar totalmente pronta para começar o seu texto.
Algumas cenas de filmes de piratas
começaram a ocupar, de repente, a minha mente. Adorava filmes de ação, aventuras,
navios, combates. Eu, então, me concentrei. Peguei a caneta, posicionei o papel
e aí começou a minha aventura.
“Em alto mar, deslizava o antigo navio.
Suas velas imensas se enchiam com o sopro do vento na popa, empurrando o barco
vigorosamente em direção ao continente africano. No convés sujo e descuidado, o
Capitão Trovão gritava a todo pulmão, fazendo-se obedecer pela tripulação de
trinta piratas que temiam a fúria do comandante.”
Minha cabeça estava imersa nas cenas
que descrevia. A imaginação ia se organizando e completando as cenas até o
clímax de uma tormenta no mar, em que o navio, desnorteado, era jogado para
todo lado pela fúria das ondas.
“Em meio ao movimento do navio, surge o
tesouro que o Capitão Trovão mantinha escondido, espalhando moedas de ouro que
flutuavam sobre a água que já tomava conta do navio. A tripulação tentava
agarrar algumas moedas, enquanto o Capitão ainda encontrava forças para gritar.
Foi quando uma imensa onda entornou, finalmente, o navio levando toda a
tripulação pirata para o fundo do mar.”
Fim.
Tempo depois, a professora veio com as
redações corrigidas. A primeira que ela retirou da pasta foi a que eu havia
escrito. Elogiou muito a criatividade do meu texto e fez questão de lê-lo para
toda classe. O pessoal adorou. A Celina até sorriu para mim.
Depois desse dia, entendi que, afinal,
não era tão impossível fazer uma redação com tema livre, pois, quanto mais
livre o tema, melhor para soltar a imaginação e maior é também a aventura. Um
gosto pela aventura de ler e de escrever que guardo até hoje.
PAGNOSSIM, Luiz Felipe.
Fonte: Maxi: Séries
Finais. Caderno 2. Língua Portuguesa – 6º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas
de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 52-54.
Entendendo o texto:
01 – É possível afirmar que o
autor do texto “A tempestade” é um adulto? Justifique sua resposta.
Sim, pois logo no
início do texto ele afirma que irá relatar lembranças do tempo da escola, o que
pressupõe que o autor, atualmente, é um adulto.
02 – Procure a palavra sociabilidade
no dicionário. Em seguida, copie a frase do texto que apresenta um exemplo da
falta de sociabilidade do autor quando criança.
Característica do
que é sociável. “Fazer amizade sempre foi uma tarefa difícil para mim.”
03 – Como o menino justificou
a sua dificuldade em escrever uma narrativa de aventura cujo tema era livre?
Para o menino, o
tema livre implicava em muita liberdade para escrever em conjunto com a sua
suposta falta de imaginação.
04 – Em sua opinião, é mais
difícil escrever uma narrativa de aventura cujo tema é livre? Justifique sua
resposta.
Resposta pessoal do aluno.
05 – Enquanto o menino olhava
para o papel em branco, o que de repente aconteceu?
De repente, cenas de filmes de piratas
começaram a ocupar a mente do menino enquanto ele olhava para o papel em
branco.
06 – Que palavra o menino usou
para indicar que a história do Capitão Trovão havia terminado?
Fim.
07 – Por que a professora
escolheu a narrativa do menino para ler em voz alta para a turma?
Porque a narrativa do menino era muito
criativa.
08 – Qual foi a conclusão a
que o autor chegou ao final do texto?
O autor do texto chegou à conclusão de
que não era impossível fazer uma redação com tema livre, pois isso
possibilitava que a imaginação fluísse.
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