segunda-feira, 28 de novembro de 2022

REPORTAGEM: O PAPEL DA JUSTIÇA DIANTE DOS PROCESSOS DE DISCRIMINAÇÃO E RACISMO - COM GABARITO

 REPORTAGEM: O PAPEL DA JUSTIÇA DIANTE DOS PROCESSOS DE DISCRIMINAÇÃO E RACISMO

 TEXTO I

          De acordo com o Censo dos Magistrados, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2013, 64% dos juízes são homens e 82% são ministros dos tribunais superiores. No quesito cor/etnia: 84,5% são brancos, 15,4% são pretos/pardos e 0,1% indígenas. A idade média de juízes é de 45 anos para desembargadores e ministros comuns, e de 42 anos para os juízes da Justiça Federal.

ALVES, Dina. Rés negras, juízes brancos: uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. Revista CS,Cali, n.21. p.97-120, jan.-abr.2017, p.110. Disponível em: www.scielo.org.co/pdf/recs/n21/2011-0324-recs-21-00097.pdf. Acesso em: 20.jan.2021.

 

TEXTO II

          Ser negra, pobre e mulher são fatores decisivos que influenciam as decisões judiciais na aplicação da lei penal e no encarceramento em massa. Entender o legado do sistema da escravatura no Brasil, como constituinte do atual sistema penal pode se revelar importante meio para uma democratização da Justiça. Mais ainda, reconhecer a especificidade da mulher negra encarcerada é importante para perceber como tais categorias produzem um complexo e difuso sistema de privilégios e de desigualdades que se refletem na realidade carcerária em São Paulo, especialmente no que se refere às mulheres negras encarceradas. A igualdade formal preconizada pela Constituição Federal garante a todas as pessoas os direitos fundamentais e sociais de forma isonômica. Mas, o poder judiciário reconhecer a existência do racismo institucional é um passo fundamental, pois mesmo na igualdade formal, em que todos e todas são iguais perante a lei, existem mecanismos “invisíveis” de discriminação que fazem com que algumas pessoas sejam menos iguais ou menos humanas, ou não humanas. As práticas rotineiras de policiamento de comunidade predominantemente negras e o crescimento nas estatísticas prisionais de mulheres negra, bem podem ser lidos como um diagnóstico da insidiosa persistência do racismo e da colonialidade da justiça criminal no Brasil contemporâneo.

ALVES, Dina. Rés negras, juízes brancos: uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana. Revista CS,Cali, n.21. p.97-120, jan.-abr.2017, p.110. Disponível em: www.scielo.org.co/pdf/recs/n21/2011-0324-recs-21-00097.pdf. Acesso em: 20.jan.2021.

  Fonte: Formação Geral Básico: Ensino Médio: Sociologia: Caderno 8: Caderno do professor/Angelo Pereira Campos, Luiz Cláudio Pinho. 1 ed.- São Paulo: SOMOS Sistemas de Ensino, 2020.p.11 e 12.

a)   Considerando o perfil sociológico dos magistrados e da população carcerária, explique por que, segundo a autora do texto II, o funcionamento da justiça reforça a desigualdade na sociedade brasileira.

A pesquisa realizada a partir da análise de sentenças judiciais revelou que, em um sistema carente de representatividade em relação às pessoas que exercem cargos na magistratura, a avaliação dos juízes fica prejudicada. Predomina um perfil masculino e de idade avançada.

Há uma sobreposição de desigualdades, o que denominamos de interseccionalidade de gênero, raça e classe. A falta de pessoas negras e mulheres e, ainda, o perfil econômico do magistrado transformam a justiça em um mecanismo reprodutor das desigualdades, uma vez que há poucas pessoas que vivenciaram o racismo, o machismo e o preconceito de classe entre os representantes do Poder Judiciário brasileiro. Sem empatia entre juízes e as mulheres negras como rés, as sentenças são expedidas sem levar em conta a estrutura social.

 

b)  Compare o funcionamento do sistema prisional brasileiro às políticas segregacionistas do apartheid sul-africano. Estabeleça semelhanças e diferenças entre os dois.

Como política de confinamento voltada para grupos étnicos-raciais, o apartheid foi organizado pelo governo da África do Sul quando liderado por descendentes dos colonizadores brancos. As autoridades governamentais sul-africanas impuseram leis que determinavam os padrões de comportamento que deveriam ser adotados pelas maiorias étnicas que foram minorizadas por práticas injustas previstas em leis, como a Lei do Passe, que exigia passaporte para os negros poderem frequentar espaços públicos. No sistema prisional brasileiro, as leis são formalmente livres de preconceitos, são feitas para todos. No entanto, elas são interpretadas e aplicadas de forma racista, devido à atuação dos magistrados que são brancos e estabelecem as sentenças sem levar em conta a estrutura social e as condições sociais dos acusados. Nas periferias, comunidades e favelas, o policiamento age de forma seletiva. A questão racial permeia o tratamento que o Estado dá ao problema da criminalidade e da segurança pública.

 

 

 

 

 

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