sábado, 28 de janeiro de 2017

NOTÍCIA: INFRATORAS BUSCAM SONHO DE CONSUMO "COR-DE-ROSA"- ELIANE TRINDADE - COM GABARITO


INFRATORAS BUSCAM SONHO DE CONSUMO "COR-DE-ROSA"

Meninas de rua vagam na Vila Mariana em busca de celulares e lentes coloridas.

    Perfil psicológico das infratoras mostra a mesma situação de rua experimentada por suas  mães e até avós.                                                                     Eliane Trindade
 de São Paulo

     Alisante de cabelo e lentes de contato coloridas são itens visados nos arrastões protagonizados por meninas de rua, com idade entre 9 e 15 anos, nas lojas da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo.
     “Quero ser bonita, tia”, disse uma delas para a conselheira tutelar Ana Paula Borges, 29, em uma das mais de vinte vezes em que foi encaminhada para atendimento pela polícia no último ano.
     Negras e mulatas de cabelos crespos, elas dizem querer alisar as madeixas para ficarem bonitas conforme o padrão de beleza estabelecido. Usam os produtos na rua.
     A mudança do visual chega à cor dos olhos. Elas furtaram um kit de lente de contato verde de R$ 100. Como não dava para todas ficarem com duas lentes cada, dividiram o pacote. Algumas usavam só uma lente ao serem levadas recentemente à delegacia.
     Nas fotos do grupo que ilustram o dossiê das sete garotas no Conselho Tutelar da Vila Mariana, as meninas fazem pose de modelo. Usam casacos rosa e acessórios.
     “Como toda criança e adolescente, querem consumir, comer e passear no shopping. Elas pedem. Se não ganham, furtam”, afirma Ana Paula.
     Elas circulam nos metrôs Paraiso e Ana Rosa em busca dos ícones do consumo infanto-juvenil: celulares, especialmente os cor-de-rosa.
     “Pego o celular das lourinhas que já olham pra mim com medo”, diz a garota negra, gorro rosa. Ela tem 11 anos, não se acha bela. “Bonita, eu? Olha a cor da minha pele”, corta, diante do elogio.
     O perfil psicológico e socioeconômico do grupo foi desenhado ao longo de uma série de contatos com conselheiros tutelares e monitores do programa Presença Social nas Ruas, da prefeitura.
     Todas elas têm um histórico de abandono há gerações. “As mães delas viveram a mesma realidade de rua”, diz Kátia de Souza, conselheira.
     “É uma segunda e até terceira geração na rua. É como se fosse hereditário”, confirma Ana Paula.

     Famosas
     Desde o início de julho, os furtos das meninas na região começaram a chamar a atenção Atraídas pela repercussão, outras crianças resolveram fazer o mesmo.
     Segunda-feira, cinco meninas e dois meninos fizeram um arrastão num hotel, do Paraíso. Levados ao Conselho Tutelar da Vila Mariana, promoveram também um quebra-quebra no local. Um terceiro grupo também agiu no Itaim Bibi (zona oeste) na última terça.

                                                TRINDADE, Eliane. Folha de São Paulo, 28 ago. 2011. Disponível em:                        http://wwww1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2808201101.htm.
                                                                   Acesso em: 19 jan. 2015.

1 -   De acordo com a notícia, por que, nos arrastões promovidos pelas meninas, os itens mais visados são alisante de cabelo e lentes de contato?
     Porque as meninas querem ficar bonitas de acordo com o padrão de beleza estabelecido.

2 -   Pelo que se pode deduzir pela leitura da notícia, qual é o padrão de beleza estabelecido pela sociedade?
     Cabelos lisos e pele e olhos claros.

3 -   Que argumento é dado pela conselheira tutelar para justificar a ação das meninas?
     Elas querem consumir, como toda criança. Elas pedem e, se não ganham, furtam.

4 -   De acordo com o texto, qual é o ícone do consumo infanto-juvenil?
     Celulares, especialmente os cor-de-rosa.

5 -   Releia o parágrafo a seguir:
        “Pego o celular das lourinhas que já olham pra mim com medo”, diz a garota negra, gorro rosa. Ela tem 11 anos, não se acha bela. “Bonita, eu? Olha a cor da minha pele”, corta, diante do elogio.
     - Levante uma hipótese: Por que razões a garota não se considera bonita?
     Resposta pessoal.
6 -   Em relação ao perfil psicológico e socioeconômico do grupo, que semelhança foi encontrada entre as garotas?
     Todas elas tem um histórico de abandono há gerações. As mães e, em alguns casos, as avós também viveram a mesma realidade.
7 -   Que consequências decorreram do fato de os arrastões das meninas terem se tornado famosos?
     Atraídas pela repercussão, outras crianças resolveram fazer o mesmo.






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