sexta-feira, 22 de abril de 2022

CONTO: NEGÓCIO DE MENINO COM MENINA - IVAN ÂNGELO - COM GABARITO

 Conto: Negócio de menino com menina

            Ivan Ângelo

        O menino, de uns dez anos, pés no chão, vinha andando pela estrada de terra da fazenda com a gaiola na mão. Sol forte de uma hora da tarde. A menina, de uns nove anos, ia de carro com o pai, novo dono da fazenda. Gente de São Paulo. Ela viu o passarinho na gaiola e pediu ao pai:

        – Olha que lindo! Compra pra mim?

        O homem parou o carro e chamou:

        – Ô menino.

        O menino voltou, chegou perto, carinha boa. Parou do lado da janela da menina. O homem:

        – Esse passarinho é pra vender?

        – Não senhor.

        O pai olhou para a filha com cara de deixa pra lá. A filha pediu suave como se o pai tudo pudesse:

        – Fala pra ele vender.

        O pai, mais para atendê-la, apenas intermediário:

        – Quanto você quer pelo passarinho?

        – Não tou vendendo, não, senhor.

        A menina ficou decepcionada e segredou:

        – Ah, pai, compra.

        Ela não considerava, ou não aprendera ainda, que negócio só se faz quando existe um vendedor e um comprador. No caso, faltava o vendedor. Mas o pai era um homem de negócios, águia da Bolsa, acostumado a encorajar os mais hesitantes ou a virar a cabeça dos mais recalcitrantes:

        – Dou dez mil.

        – Não senhor.

        – Vinte mil.

        – Vendo não.

        O homem meteu a mão no bolso, tirou o dinheiro, mostrou três notas, irritado.

        – Trinta mil.

        – Não tou vendendo, não, senhor.

        O homem resmungou “que menino chato” e falou pra filha:

        – Ele não quer vender. Paciência.

        A filha, baixinho, indiferente às impossibilidades de transação:

        – Mas eu queria. Olha que bonitinho.

        O homem olhou a menina, a gaiola, a roupa encardida do menino, com um rasgo na manga, o rosto vermelho de sol.

        – Deixa comigo.

        Levantou-se, deu a volta, foi até lá. A menina procurava intimidade com o passarinho, dedinho nas gretas da gaiola. O homem, maneiro, estudando o adversário:

        – Qual é o nome deste passarinho?

        – Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.

        O homem, quase impaciente:

        – Não perguntei se ele é batizado não, menino. É pintassilgo, é sabiá, é o quê?

        – Aaaah. É bico-de-lacre.

        A menina, pela primeira vez, falou com o menino:

        – Ele vai crescer?

        O menino parou os olhos pretos nos olhos azuis.

        – Cresce nada. Ele é assim mesmo, pequenininho.

        O homem:

        – E canta?

        – Canta nada. Só faz chiar assim.

        – Passarinho besta, hein?

        – É. Não presta pra nada, é só bonito.

        – Você pegou ele dentro da fazenda?

        – É. Aí no mato.

        – Essa fazenda é minha. Tudo que tem nela é meu.

        O menino segurou com mais força a alça da gaiola, ajudou com a outra mão nas grades. O homem achou que estava na hora e falou já botando a mão na gaiola, dinheiro na outra mão.

        – Dou quarenta mil! Toma aqui.

        – Não senhor, muito obrigado.

        O homem, meio mandão:

        – Vende isso logo, menino. Não tá vendo que é pra menina?

        – Não, não tou vendendo, não.

        – Cinquenta mil! Toma! – e puxou a gaiola.

        Com cinquenta mil se comprava um saco de feijão, ou dois pares de sapatos, ou uma bicicleta velha.

        O menino resistiu, segurando a gaiola, voz trêmula.

        – Quero, não, senhor. Tou vendendo não.

        – Não vende por quê, hein? Por quê?

        O menino, acuado, tentando explicar:

        – É que eu demorei a manhã todinha pra pegar ele e tou com fome e com sede, e queria ter ele mais um pouquinho. Mostrar pra mamãe.

        O homem voltou para o carro, nervoso. Bateu a porta, culpando a filha pelo aborrecimento.

        – Viu no que dá mexer com essa gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora.

        O menino chegou pertinho da menina e falou baixo, para só ela ouvir:

        – Amanhã eu dou ele para você.

        Ela sorriu e compreendeu.

ÂNGELO, Ivan. O ladrão de sonhos e outras histórias. São Paulo: Ática, 1994. p. 9-11.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 173-6.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Águia (figurado): pessoa de grande talento e perspicácia, notável.

·        Encorajar: dar coragem a, animar, estimular.

·        Greta: fenda, abertura estreita.

·        Hesitante: que hesita, indeciso, vacilante.

·        Intermediário: que está de permeio, que intervém, mediador, árbitro.

·        Maneiro: hábil, jeitoso.

·        Recalcitrante: obstinado, teimoso.

·        Transação: combinação, ajuste, operação comercial.

02 – O texto trata de uma “negociação” entre pessoas de nível social diferente: o menino, de um lado, e o homem e a menina, de outro.

a)   Que dados do texto comprovam que o menino é pobre?

O menino está de pés no chão, sua roupa está encardida e com um rasgo na manga; seus pais, provavelmente, são lavradores na fazenda, empregados do homem que quer comprar o passarinho.

b)   Que dados do texto comprovam que o homem e sua filha são ricos?

O homem é o dono da fazenda, tem carro, mora em São Paulo, trabalha na Bolsa de Valores, vai oferecendo cada vez mais dinheiro ao menino para satisfazer um capricho de sua filha, que provavelmente tem todos os seus desejos satisfeitos.

c)   Supostamente, quem tem mais força para vencer na negociação? Por quê?

O homem, porque pode amedrontar o menino, intimidá-lo, tem poder, é rico, é o dono, o patrão.

03 – Mesmo diante das negativas do menino, a menina insiste em que o pai compre o passarinho. O que esse comportamento revela sobre o tipo de mundo em que ela vive?

      Esse comportamento revela que a menina é mimada e vive num mundo em que o dinheiro pode comprar tudo, satisfazer todos os seus desejos ou caprichos.

04 – O pai, homem experiente no mundo dos negócios, usa estratégias para convencer o menino e, nessas tentativas, vai ficando cada vez mais irritado.

a)   Quais são as primeiras estratégias?

Oferecer dinheiro; primeiro, dez mil; depois, vinte, trinta.

b)   Já desistindo da compra, diante da insistência da filha o pai tenta novamente. Que novas estratégias ele usa?

Ele conversa de forma amistosa com o menino, buscando intimidade, estudando-o como adversário num negócio.

c)   Com que argumento o pai da menina pretendia encerrar a negociação?

Dizendo que tudo na fazenda lhe pertencia.

05 – No final do texto, no auge da irritação, o homem dia à filha: “Viu no que dá mexer com essa gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora”.

a)   Podemos comparar o homem do texto com a raposa da fábula “A raposa e as uvas”. Por quê?

Porque, tal como ocorre na fábula, em que a raposa, não conseguindo apanhar as uvas, diz que elas estão verdes, o homem, não conseguindo convencer o menino, diz que ele é ignorante.

b)   O que revela em relação ao menino e à sua gente essa fala do homem?

Revela desprezo; ou que o homem se acha mais importante do que o menino; ou que, para ele, o menino e sua gente não passam de gentalha, são pessoas socialmente inferiores a ele.

06 – O passarinho tem um valor ou um significado diferente para cada uma das personagens.

a)   Que valor o passarinho tem para o pai da menina?

Para o pai da menina, o passarinho tem o valor de mercadoria e, além disso, representa um desafio; porém ele é vencido nesse desafio.

b)   E que valor ele tem para o menino e para a menina?

As crianças querem o passarinho pelo que ele é, para brincar com ele.

07 – Pelo final da história, você acha que o menino deu uma lição na menina e n pai dela? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, pois pai e filha tiveram uma lição de que o dinheiro não compra tudo, de que é preciso respeitar o desejo das outras pessoas, etc.

08 – Observe algumas falas das personagens do texto:

        “— Você pegou ele dentro da fazenda?” (Pai da menina).

        “— Fala pra ele vender.” (Menina).

        “— Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.” (Menino)

a)   Para se comunicar, as personagens usam a variedade padrão da língua ou uma variedade não padrão?

Usam uma variedade não padrão.

b)   Na situação em que eles se encontram – uma conversa entre um adulto e duas crianças –, o uso dessa variedade é adequado? Por quê?

Sim, pois eles estão numa situação informal e apenas um é adulto; a situação não exige o emprego da variedade padrão.

c)   Como você acha que o pai da menina diria a primeira frase se ele estivesse trabalhando na Bolsa?

Provavelmente ele empregaria a variedade padrão. Ficaria assim: Você o pegou dentro da fazenda?

 

 

TIRA: CALVIN SUA CASA - O ESTADO DE S.PAULO - PRONOMES - COM GABARITO

 Tira: Calvin sua casa


Fonte da imagem -  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm6JvtlUbai6H0xISd7jy0zC1cs9WPVkdMSPhI_aYucgVW8W71DYH1OOCxphck7lGgj_T8CH9M0o45L5b-M3-Nl21dpQyG1OTS80DlEUxf8N9j1I96w_RFGPgY8ggNjjRt9LjJWi3rvPUMz56JpCShvi-PXjsbMs9VIVLQsT_YJuOhBaqfEQxjCn08/s264/CALVIN%20CASA.jpg

O Estado de S. Paulo, 13/06/1995.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 185.

Entendendo a tira:

01 – Quantas vezes são empregados pronomes possessivos no texto?

      Sete vezes.

02 – No primeiro quadrinho, Calvin diz sua casa, e Susie, a amiga dele, diz minha casa. Nesse quadrinho, eles estão falando de casas diferentes?

      Não.

03 – Por que, então, eles não empregam o mesmo pronome?

      Calvin, ao se referir à casa de Susie, precisa empregar o possessivo de 3ª pessoa: sua; Susie, ao se referir à própria casa, precisa empregar o possessivo de 1ª pessoa: minha.

04 – Destaque da tira um pronome de tratamento.

      Você.

05 – Por que, no último quadrinho, é empregado o pronome demonstrativo isso, e não isto ou aquilo?

      Porque se refere a algo que acabou de ser dito: que Susie não pode passar do jardim.

 

ANÚNCIO: KILDARE - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Anúncio: Kildare

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-Nc5B-qdK55tLGutRsuLVmDevXLtr2joF5LrKcutiDFnQdfNjm3vDGDVrJtx01zXKWuPqjHCxEAPevan3KqGdyt5693MBEovBlWPneUFEyeVANOA1HmhroS1f1U3gslZ5a-eEvRswm-bAo9W1DMe8RYweslbBUbtFzAp5yr9e0Qu1jrC3Fyxp6bvz/s241/kildare.jpg


Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 171.

Entendendo o anúncio:

01 – O anúncio faz uso de uma variedade linguística não padrão. Identifique, na parte verbal do anúncio, os elementos que fogem à variedade padrão.

      A gente no lugar de nós; o uso de lembrar em vez de lembrar-se; o emprego do pronome reto no lugar do oblíquo em botar ele.

02 – O anunciante empregou a expressão a gente, que é própria de uma linguagem informal. Como ficaria esse texto, de acordo com a variedade padrão e com o emprego do pronome reto nós no lugar de a gente?

      Às vezes, nós só nos lembramos de tirar um Kildare dos pés quando já está quase na hora de colocá-lo de novo.

03 – Observe a imagem do anúncio. Considerando a imagem e o tipo de variedade linguística escolhido, responda:

a)   Qual é o público que ele pretende atingir? Por quê?

Um público jovem, porque há um jovem deitado, e em razão da linguagem empregada.

b)   Você acha que o uso dessa variedade linguística torna mais fácil convencer o público a consumir o produto? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, pois a linguagem faz com que o leitor se identifique com o anúncio e, consequentemente, com o produto anunciado.

04 – Na parte inferior do anúncio, havia o seguinte texto:

        “Num Kildare seus pés ficam à vontade. Por isto, mesmo que o seu dia seja um corre-corre sem fim, tirá-los não vai ser a sua primeira preocupação ao chegar em casa”.

        Nesse texto, o emprego do pronome oblíquo em tirá-los ocasionou um problema de coerência e coesão textual.

a)   Da forma como está redigido o texto, qual é a única palavra anterior a que pode estar relacionado o pronome los?

Pés.

b)   Por que tal relação criaria um sentido absurdo para o texto?

Porque não podemos tirar os pés.

c)   Que outra redação você daria ao texto, para evitar esse sentido absurdo?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tirar os sapatos.

POEMA: RECADO - CARLOS QUEIROZ TELLES - COM GABARITO

 Poema: Recado    

              Carlos Queiroz Telles

Vocês podem me falar.

Vocês podem me explicar.

Vocês podem me ensinar.

Vocês podem me pedir.

Vocês podem me exigir.

Vocês podem me ordenar.

Vocês podem me forçar.

Vocês podem me obrigar

a fazer o que eu não quero.

 

Só não venham, por favor,

me dizer o que eu quero!

Sonhos, grilos e paixões. São Paulo: Moderna, 1990. p. 3.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 170.

Entendendo o poema:

01 – Todo o poema é construído a partir de uma relação de oposição entre os interlocutores, identificados por pronomes.

a)   Que pronomes identifica o locutário?

Vocês.

b)   Que pronomes identificam o locutor?

Me, eu.

c)   Classifique-os.

Vocês: pronome de tratamento; me: pronome oblíquo átono; eu: pronome reto.

02 – O poema se intitula “Recado”.

a)   Quem você acha que pode ser o locutor desse “recado”? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente um adolescente.

b)   E quem poderia ser o locutário?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As pessoas que normalmente interferem na opinião das outras, ou seja, alguém mais velho, um professor, os pais, etc.

03 – Observe, a seguir, os dois grupos de palavras que finalizam os versos do poema na primeira estrofe. Se necessário, consulte o dicionário para perceber a diferença de sentido entre elas.

Grupo 1                                            Grupo 2

Falar                                                 Exigir

Explicar                                            Ordenar

Ensinar                                             Forçar

Pedir                                                 Obrigar

Essas palavras representam os esforços feitos pelos outros para que o locutor faça aquilo que não quer.

a)   Leia na vertical as palavras dos dois grupos. Em seguida, compare a primeira palavra de cada grupo com a última palavra. Nota-se que, de uma palavra para outra, vai ocorrendo uma mudança. Esse tipo de alteração corresponde a qual das ideias abaixo:

Oposição           --        Gradação       --       Exclusão.

b)   Compare as palavras do primeiro grupo com as palavras do segundo grupo. Em qual deles se nota maior imposição de ideias?

No segundo grupo.

 

PIADA: CABRAL DESCOBRIU O BRASIL - ZIRALDO - COM GABARITO

 Piada: Cabral descobriu o Brasil

          Ziraldo

        E Cabral descobriu o Brasil. Na madrugada seguinte o grumete foi acordá-lo:

        -- Dom Cabral, Dom Cabral, Frei Henrique de Coimbra mandou chamar o senhor para assistir à Primeira Missa!

        E Cabral respondeu:

        -- Estou muito cansado. Diga a ele que eu vou na das dez.

Ziraldo. Mais anedotinhas do Bichinho da Maçã. São Paulo: Melhoramentos, 1988. p. 13.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 165-6.

Entendendo a piada:

01 – A quem se refere o pronome lo?

      Refere-se a Cabral.

02 – E a quem se refere o pronome a ele?

      Refere-se a Frei Henrique de Coimbra.

03 – O marinheiro emprega o pronome de tratamento senhor para se dirigir a Cabral. O que isso demonstra em relação ao cargo que Cabral ocupava na comitiva que descobriu o Brasil?

      Que ele ocupava um posto de autoridade, pois o uso desse pronome indica tratamento respeitoso.

04 – Desafio: Tente descobrir que palavra da anedota (piada) substitui a palavra missa.

      É a palavra na.

QUADRO: NOITE DE SÃO JOÃO - GUIGNARD - COM QUESTÕES GABARITADAS

 Quadro: Noite de São João

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRfNUhRF-w0J9hNZHvmR3UayhJpu31WHnWUnfcucd-XCdiM6YTUIrACBX28EmO1jKLNcYs7-qyBP-Ba0dAJAETsfhpo_xpNN6O902x44Yd7SJDO3ronOh-tor28qSUNm1xiHCOQ51o0U5eFLNCJdQuxSn7ev8Gi79GZQurNy4JGXCafAUpEzlu8FDr/s265/sao%20joao.jpg

Guignard. Quadro Noite de São João. Enciclopédia Itaú Cultura.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 155-6.

Entendendo o quadro:

01 – O quadro mostra uma paisagem noturna e nebulosa. Apesar disso, alguns elementos nele se destacam, pelo fato de estarem iluminados.

a)   Quais são esses elementos?

Os elementos que pertencem à cidade (principalmente as igrejas) e os balões.

b)   Com base nos elementos destacados, justifique título do quadro.

Observa-se que o quadro, ressaltando balões e igrejas, faz referência a uma festa religiosa cristã, o Dia de São João, que é comemorado com procissões, rezas, quermesses, quadrilhas, fogos de artifício, balões, fogueira.

02 – Você deve ter observado, em sua cidade ou em fotografias e pinturas, que muitas igrejas são construídas em lugares altos, como no quadro Noite de São João. Por que você acha que isso ocorre?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: As igrejas construídas em lugares elevados estão mais próximos de Deus.

03 – Observe o tamanho das pessoas na parte inferior do quadro. Em seguida, compare o tamanho delas com o tamanho das igrejas e dos balões.

a)   Qual desses dois elementos tem um tamanho desproporcional em relação às pessoas?

Os balões.

b)   Por que você acha que o pintor deu tanto destaque a esse elemento?

O tamanho dos balões é exagerado porque eles costumam ser uma importante atração da festa em que se comemora o Dia de São João.

04 – No quadro de Guignard, quem solta os balões são grupos de pessoas.

a)   De acordo com a visão do pintor, soltar balão pode ser uma forma de integrar as pessoas?

Sim.

b)   De acordo com a visão do pintor, o que as pessoas desejam, ou esperam, ao soltarem balões?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Que seus sonhos (ou os pedidos para o santo) se realizem.

 

POEMA: NA RUA DO SABÃO - MANUEL BANDEIRA - COM GABARITO

 Poema: Na rua do sabão

             Manuel Bandeira


Cai cai balão

Cai cai balão

Na Rua do Sabão!


O que custou arranjar aquele balãozinho de papel!

Quem fez foi o filho da lavadeira.

Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito.

Comprou o papel de seda, cortou-o com amor, compôs os gomos oblongos...

Depois ajustou o morrão de pez ao bocal de arame.

Ei-lo agora que sobe, – pequena coisa tocante na escuridão do céu.

 

Levou tempo para criar fôlego.

Bambeava, tremia todo e mudava de cor.

A molecada da Rua do Sabão

Gritava com maldade:

Cai cai balão!


Subitamente, porém, entesou, enfunou-se e arrancou das mãos que o tenteavam.

E foi subindo...

                                      para longe...

                                                                    serenamente...

Como se o enchesse o soprinho tísico do José.

 

Cai cai balão!

A molecada salteou-o com atiradeiras

                                              assobios

                                              apupos

                                              pedradas.

Cai cai balão!

Um senhor advertiu que os balões são proibidos pelas posturas municipais.

Ele foi subindo...

                               muito serenamente...

                                                                      para muito longe...

Não caiu na Rua do Sabão.

Caiu muito longe... Caiu no mar, – nas águas puras do mar alto.

Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 195-6.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 152-4.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Apupo: vaia, gritos e assobios.

·        Arrancar: desprender(-se), soltar(-se).

·        Atiradeira: estilingue, bodoque.

·        Enfunar-se: encher-se de vento; tornar-se bojudo; inflar.

·        Entesar: tornar direito, reto; esticar, endireitar.

·    Morrão de pez: pedaço de corda ou mecha com breu ou piche em que se coloca fogo.

·        Oblongo: que tem mais comprimento que largura; alongado.

·        Saltear: atacar de repente.

·        Tentear: apalpar, dirigir.

·        Tísico: aquele que sofre de tuberculose pulmonar.

02 – O início do poema refere-se a uma cantiga de nosso folclore.

a)   Em que época do ano e em que tipo de festividade ela é cantada?

No início do inverno, em junho, nas festas juninas.

b)   Que fatos citados no poema se relacionam com essa festa?

Crianças cantarem a cantiga Cai cai balão e o menino soltar balão.

03 – José arranjou o balãozinho de papel com dificuldade. Qual é a condição social do menino? Justifique sua resposta.

      O menino é de uma classe social desfavorecida; é pobre. Ele é filho da lavadeira e trabalha na composição de um jornal.

04 – Enquanto o balão vai, aos poucos, ganhando altura e subindo, a molecada muda de atitude gradativamente.

a)   Como a molecada reage enquanto o balão ganhava fôlego?

A molecada gritava com maldade “Cai cai balão”, torcendo para que ele caísse.

b)   E quando ele começou a subir?

Atacou o balão com atiradeiras (estilingues) e pedradas, assobiando e vaiando.

05 – A tuberculose é uma doença contagiosa, causada pelo bacilo de Koch, e se localiza frequentemente nos pulmões. Até o início do século XX não tinha cura. Comparando a tuberculose com a Aids, doença que atualmente também é contagiosa e incurável, como você imagina que as pessoas agiam naquela época em relação a um tuberculoso?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Em razão do medo de se contagiarem ou por falta de informação a respeito da doença, as pessoas excluíam socialmente os doentes, tinham preconceito.

06 – No poema, podemos comparar José com o balãozinho.

a)   Que semelhanças há entre o comportamento do balão tentando subir e i que José apresentava em razão da sua condição física de menino tuberculoso?

O balãozinho levou tempo para criar fôlego. Bambeava, tremia e mudava de cor. Do mesmo modo, José, tuberculoso, tinha dificuldade para respirar, tossia muito, tremia, perdia o fôlego e mudava de cor.

b)   Ao agredirem o balão, quem na verdade os meninos pretendiam agredir? Justifique sua resposta.

Eles pretendiam agredir José, pois tinham preconceito em relação ao garoto, pelo fato de ele ter contraído uma doença contagiosa e incurável. Ou então porque sentiam inveja de José.

07 – Apesar da maldade dos moleques, o balãozinho subiu muito serenamente e caiu muito longe, “nas águas puras do mar alto”.

a)   Comparando novamente José com o balão, qual seria, na sua opinião, o sonho do menino que o balãozinho conseguiu realizar?

O sonho de sair da prisão representada pela doença, o desejo de conhecer o mundo, de ser livre, de ser aceito, etc.

b)   Considerando que José estava doente, infectado pela tuberculose, o que podem representar as “águas puras” do mar alto?

Podem representar a purificação de José, o fim de sua doença.