terça-feira, 4 de março de 2025

AUTOBIOGRAFIA: AQUILO POR QUE VIVI - BERTRAND RUSSELL - COM GABARITO

 Autobiografia: Aquilo por que vivi – Bertrand Russell

     

        Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, governaram-me a vida: o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade. 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCdhF-NtmAo650XFYVLHc7vycvMIMY2mADpWwzApk9x2nwcKOGQEF-dLar6LDpdla2xeUeeRhSfnkofe-y4B9JTRa_3Op-iL_GcAhDhdRSDjkEdMCQst4s5ur3EBkOFJSlXsGytfdJnEql9LQ_Bs3fcFeRigbOiUQz8kiu4B16w-kTzGDu3U8oTkpNcPI/s320/BUSCA.jpg


        Tais paixões, como grandes vendavais, impeliram-me para aqui e acolá, em curso, instável, por sobre o profundo oceano de angústia, chegando às raias do desespero. 

        Busquei, primeiro, o amor, porque ele produz êxtase – um êxtase tão grande que, não raro, eu sacrificava todo o resto da minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Ambicionava-o, ainda, porque o amor nos liberta da solidão – essa solidão terrível através da qual nossa trêmula percepção observa, além dos limites do mundo, esse abismo frio e exânime. Busquei-o, finalmente, porque vi na união do amor, numa miniatura mística, algo que prefigurava a visão que os santos e os poetas imaginavam. Eis o que busquei e, embora isso possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi isso que – afinal – encontrei. 

        Com paixão igual, busquei o conhecimento. Eu queria compreender o coração dos homens. Gostaria de saber por que cintilam as estrelas. E procurei apreender a força pitagórica pela qual o número permanece acima do fluxo dos acontecimentos. Um pouco disto, mas não muito, eu o consegui. 

        Amor e conhecimento, até ao ponto em que são possíveis, conduzem para o alto, rumo ao céu. Mas a piedade sempre me trazia de volta à terra. Ecos de gritos de dor ecoavam em meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos a construir um fardo para seus filhos, e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos, convertem numa irrisão o que deveria ser a vida humana. Anseio por afastar o mal, mas não posso, e também sofro. 

        Eis o que tem sido a minha vida. Tenho-a considerado digna de ser vivida e, de bom grado, tornaria a vivê-la, se me fosse dada tal oportunidade. 

 Bertrand Russel, Autobiografia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 523.

Entendendo a autobiografia:

01 – Quais são as três paixões que governaram a vida de Bertrand Russell?

      As três paixões que governaram a vida de Bertrand Russell são o anseio de amor, a busca do conhecimento e a dolorosa piedade pelo sofrimento da humanidade.

02 – Por que Russell buscou o amor?

      Russell buscou o amor porque ele produz êxtase, liberta da solidão e prefigura uma visão mística de união, algo que santos e poetas imaginam.

03 – Como Russell descreve sua busca pelo conhecimento?

      Russell descreve sua busca pelo conhecimento como uma paixão igual à do amor. Ele queria compreender o coração dos homens, saber por que cintilam as estrelas e apreender a força pitagórica dos números.

04 – Qual é o impacto da piedade na vida de Russell?

      A piedade sempre trazia Russell de volta à terra. Ele sentia ecos de gritos de dor, sofrimentos e injustiças da humanidade, o que convertia numa irrisão o que deveria ser a vida humana.

05 – Quais são os exemplos de sofrimento humano que ecoavam no coração de Russell?

      Exemplos de sofrimento humano que ecoavam no coração de Russell incluem crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desvalidos e todo o mundo de solidão, pobreza e sofrimentos.

06 – Como Russell vê a relação entre amor, conhecimento e piedade?

      Russell vê amor e conhecimento como algo que conduz para o alto, rumo ao céu, enquanto a piedade o trazia de volta à terra, confrontando-o com o sofrimento humano.

07 – Qual é a conclusão de Russell sobre a sua vida e a oportunidade de vivê-la novamente?

      Russell considera sua vida digna de ser vivida e afirma que, se lhe fosse dada a oportunidade, ele a viveria novamente de bom grado.

 

 

POEMA: TABACARIA - (FRAGMENTO) - ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Poema: TABACARIA – Fragmento

             Álvaro de Campos

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBznXgb7i8kwvQhJsVu27ZftQfd8ixVeZ11s0eN4bIWcUWgYLrZ8IomvfG0UFzik2_OK-R8KeHeETycgJ0iBS99DERtDN-Kitw0OUmjVxRlxVK6g8IWj13qqVD-qYmfwJMoxVpyKXM5b3dBZdKL6EcmQ8WBeOVTO-w-X_Ru5F2cG5f8HBvTXmoQKUuH3U/s1600/QUARTO.jpg


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

[...]

Álvaro de Campos. In: Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 516.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o sentimento predominante no início do poema?

      O sentimento predominante no início do poema é de profunda insignificância e vazio, refletido nas frases "Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada."

02 – Como o poeta descreve o seu quarto e a rua à sua frente?

      O poeta descreve o seu quarto como um dos milhões do mundo, desconhecido e insignificante, enquanto a rua à frente é retratada como misteriosa, real, mas inacessível a todos os pensamentos.

03 – O que o poeta quer dizer com "Tenho em mim todos os sonhos do mundo"?

      Esta frase sugere que, apesar de se sentir insignificante e derrotado, o poeta ainda carrega consigo a capacidade de sonhar e imaginar infinitas possibilidades.

04 – Qual é a dualidade que o poeta enfrenta em relação à tabacaria?

      O poeta está dividido entre a lealdade que sente pela tabacaria, como uma coisa real e concreta, e a sensação de que tudo é apenas um sonho, algo irreal e ilusório.

05 – Como o poeta descreve seu estado emocional e físico no poema?

      O poeta descreve seu estado emocional como vencido, lúcido e perplexo, como se estivesse para morrer. Fisicamente, ele sente uma sacudidela nos nervos e um ranger de ossos, expressando uma sensação de despedida e fragilidade.

 

 

CONTO: VILA DOS CONFINS - (FRAGMENTO) - MÁRIO PALMÉRIO - COM GABARITO

Conto: Vila dos Confins – Fragmento

            Mário Palmério

        O canto do galo solou cheio, melodioso, dentro da noite clara. [...] varou a lagoa e foi morrer longe, longe, bem mais de meia légua, lá no Retiro das Goiabas. João Fanhoso ficou esperando a resposta – morava no Retiro um sobrinho, frango novo ainda, mas de voz já madura e cheia – porém tudo continuou quieto, ninguém lhe respondeu. Apenas o resmungo caseiro da mulherada, nos galhos do pé de lima de bico. Muitas eram as galinhas do Fanhoso e todas dormiam ali, ao lado dele.

 https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw7imd35QNO5kRFlY0RuMkVI-aMDRLsHVe4fqJq3au8HzQjIVj_cx-O5zKz2mC_CFkBysgSBuCS5l45x-QOK1rMN8iUpFnQx3id6GRt9eMjP3FajhR26sW2Z0UHDykHA-yF4pR_2BdFr_ZYjqEaWkEi5EkOT7RJOQs54n_MvCwm816J3FYa5WK1MQuK04/s320/GALO.jpg


        O galo velho olhou de novo o céu. Mudou de galho, pesadão, ajudado pelo bico e pelas asas. Custou, mas se ajeitou no outro poleiro mais alto, de visão melhor. Lua crescente, lindeza de pedação de lua clareando toda a fazenda do Boi Solto.

        Não era a primeira vez que sucedia aquilo – o fiasco daquele engano. Amanhã, seriam os comentários na rodinha do sura antipático, sem rabo ainda, sem voz ainda, pescoço pelado, e já metido a galo. Na do sura e na do garnisé branco – esse, então, um afeminado de marca, com aquela vozinha esganiçada e o passinho miúdo.

        João Fanhoso fechou os olhos, mal-humorado. A sola dos pés doía. Calo miserável!

Mário Palmério. Vila dos Confins. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

Fonte: Linguagem Nova. Faraco & Moura. 5ª série – 17ª ed. 3ª impressão – São Paulo – Editora Ática – 2003. p. 375.

Entendendo o conto:

01 – Qual é a ambientação do conto "Vila dos Confins"?

      O conto é ambientado em uma fazenda chamada Boi Solto, durante uma noite clara, iluminada pela lua crescente.

02 – Quem é João Fanhoso e o que ele está esperando no início do conto?

      João Fanhoso é um personagem do conto que está esperando a resposta do canto do galo de seu sobrinho, que mora no Retiro das Goiabas. No entanto, ele não recebe nenhuma resposta.

03 – Como é descrito o comportamento do galo velho no conto?

      O galo velho é descrito como pesadão, mudando de galho com dificuldade, ajudado pelo bico e pelas asas, até se ajeitar em um poleiro mais alto, de onde tem uma melhor visão.

04 – O que João Fanhoso imagina que acontecerá no dia seguinte?

      João Fanhoso imagina que, no dia seguinte, haverá comentários na rodinha de outros galos sobre o fiasco do engano de não receber resposta do canto do galo de seu sobrinho.

05 – Como João Fanhoso se sente no final do fragmento e por quê?

      João Fanhoso se sente mal-humorado e com dores na sola dos pés, devido a um calo miserável.

 

domingo, 2 de março de 2025

POESIA: OLÁ! NEGRO - FRAGMENTO - JORGE DE LIMA - COM GABARITO

 Poesia: OLÁ! NEGRO – Fragmento

             Jorge de Lima

Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos

e a quarta e quinta gerações de teu sangue sofredor

tentarão apagar a tua cor!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxBnzzhQqRV-PxQbGnYZBt1mpEg6Gl4IHUGYTmkjlIjxqKq3kMPDVo31y9B2UgWshyhmlHQNqcv4eh6ze7edCobg0_mbFvIXrZ7QPlHlcgrZvPmxomP4y7_QYvVocDkhD83rlSNhQuaeXt8_9wFwzI-oktSWva1qgAIkcV6HrKe2nXIIUbtQCHswvDUHU/s1600/%7B41AF3DFA-0BD3-42E9-BBB5-4E6774780187%7D_os241_zumbi.jpg


E as gerações dessas gerações quando apagarem

a tua tatuagem execranda,

não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!

Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi,

negro-fujão, negro cativo, negro rebelde

negro cabinda, negro congo, negro ioruba,

negro que foste para o algodão de U.S.A.

para os canaviais do Brasil,

para o tronco, para o colar de ferro, para a canga

de todos os senhores do mundo;

eu melhor compreendo agora os teus blues

nesta hora triste da raça branca, negro!

                         Olá, Negro! Olá, Negro!

A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!

[...]

Não basta iluminares hoje as noites dos brancos com teus jazzes,

com tuas danças, com tuas gargalhadas! 

Olá, Negro! O dia está nascendo! 

O dia está nascendo ou será a tua gargalhada que vem vindo?

                          Olá, Negro! 

                          Olá, Negro!

[...]

Poesia completa. @ by Maria Thereza Jorge de Lima e Lia Corrêa Lima Alves de Lima. Rio de Janeiro, Nova Aguilar.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 286-287.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema aborda a questão da identidade negra, a resistência contra a opressão e a celebração da cultura afro-brasileira.

02 – Que aspectos da história da população negra no Brasil são mencionados no poema?

      O poema menciona a escravidão ("negro cativo", "tronco", "colar de ferro", "canga"), a fuga ("negro-fujão"), a rebeldia ("negro rebelde") e a diversidade de origens ("negro cabinda, negro congo, negro ioruba"). Também há menção ao trabalho nos campos de algodão nos Estados Unidos e nos canaviais do Brasil.

03 – Qual é o significado da expressão "a tua tatuagem execranda"?

      A expressão "a tua tatuagem execranda" refere-se à marca da escravidão e do preconceito racial, que as gerações futuras tentarão apagar. No entanto, o poeta afirma que a alma do negro permanecerá viva.

04 – Como o poeta descreve a relação entre a cultura negra e a cultura branca?

      O poeta reconhece a influência da cultura negra na cultura branca, mencionando o jazz, as danças e as gargalhadas. Ele também sugere que a cultura branca está em declínio ("A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!").

05 – Qual é a mensagem final do poema?

      A mensagem final do poema é de esperança e celebração da identidade negra. O "dia nascendo" e a "gargalhada" do negro simbolizam um futuro de libertação e reconhecimento.

 

POESIA: VIOLONCELO - CAMILO PESSANHA - COM GABARITO

 Poesia: Violoncelo

             Camilo Pessanha

Chorai, arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY3zcerFbukmh7Av-JATA6E6F0a15VRBdFoj8rlnhQagKZQJnYlUofnGUUup2Hd9Qd5p5fhn3SdRuVqi_5NVyQoHus2oGe9yixOicC7a3nMRhdVHdzoeUqHKZ28LxEIhAH_2pUq1ayRLHvFvrkFeIbU_oISWrr5rTGaV6ILx4fsIz6l0NLeIuTVZKkvng/s320/VIOLONCELO.jpg



De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas, ouçam!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trêmulos astros...
Solidões lacustres...
-- Lemes e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
-- Chorai, arcadas,
Do violoncelo,
Despedaçadas.

Camilo Pessanha.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 209.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal emoção expressa no poema?

      A principal emoção expressa no poema é a melancolia profunda, o sofrimento e a sensação de desespero. O violoncelo, com suas "arcadas convulsionadas", representa a voz da dor, e as imagens de destruição e desespero reforçam essa atmosfera de tristeza.

02 – Quais são as principais imagens utilizadas no poema e o que elas representam?

      O poema é rico em imagens que evocam a destruição, a fragilidade e a passagem do tempo. Algumas das imagens mais marcantes são:

      Arcadas do violoncelo: Representam a voz da dor e do sofrimento.

      Pontes aladas de pesadelo: Sugerem a instabilidade e a fragilidade da vida.

      Barcos que se despedaçam no rio: Simbolizam a destruição e a brevidade da existência.

      Urnas quebradas e blocos de gelo: Evocam a morte e a frieza.

03 – Qual é o significado do título "Violoncelo"?

      O violoncelo, como instrumento musical, é a fonte sonora que expressa a emoção central do poema. Sua sonoridade melancólica e profunda é utilizada para transmitir a dor e o sofrimento do eu lírico.

04 – Quais são as características estilísticas marcantes do poema?

      O poema apresenta características típicas do Simbolismo, como a musicalidade, a subjetividade e o uso de imagens para expressar emoções e sensações. A linguagem é rica em metáforas e símbolos, criando uma atmosfera de mistério e melancolia.

05 – Qual é a relação entre o "eu" lírico e o violoncelo no poema?

      O "eu" lírico se identifica com o violoncelo, utilizando-o como um instrumento para expressar sua própria dor e sofrimento. O violoncelo se torna, assim, uma extensão do próprio "eu", um veículo para a manifestação de suas emoções mais profundas.

 

POEMA: DÉCIMAS - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Décimas

             Gregório de Matos

Quita, como vos achais

com esta troca tão rica?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcFjIfoG1lQ6pQxThGJt9Ad1oz969I-UIyFDPIuqyklF3sDFt93-WYXMaJATA0cH2-J-0RwTLBsd0iExlKFsVXWj_WfSG8r3poq11xJ969xQVZ5j7KAIUaidsxx_iOVVfdG7zy2N6tlp1cZFbby_Vi-FRvfHuy9Yb-HbHJCjPRUQFI9ZdK_Y-SausmpP8/s320/troca-de-servicos.jpg


eu vos troco por Anica,

vós por Nico me deixais:

vós de mim não vos queixais,

eu, Quita, de vós me queixo,

e pondo a cousa em seu eixo,

a mim com razão me tem,

pois me deixais por ninguém,

e eu por Arnica vos deixo.

 

Vós por um Dom Patarata

trocais um Doutor em Leis,

e eu troco, como sabeis,

uma por outra Mulata:

vós fostes comigo ingrata

com a grosseira ingratidão,

eu não fui ingrato não,

e quem troca odre por odre,

um deles há de ser podre,

e eu sou na troca odre são.

 

Eu com Anica querida

me remexo como posso,

vós co Patarata vosso

estarei bem remexida:

nesta desigual partida

leve o diabo o enganado,

porque eu acho no trocado,

que me vim a melhorar

mas na Moça por soldar,

que vós no Moço soldado.

 

Se bem vos não vai na troca

Pela antiga benquerença,

Eu sou de tão boa avença,

Que farei logo a destroca:

Porém se Amor vos provoca

A dar-me outros novos zelos,

Hemos de lançar os pelos

Ao ar por seguridade,

E eu sei, que a vossa amizade

Há de custar-me os cabelos.

Op. Cit. Vol. VII, p. 1572.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 92.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema "Décimas"?

      O tema central do poema é a troca de parceiros amorosos, com foco na comparação entre as trocas feitas pela personagem Quita e pelo eu lírico. O poema aborda a dinâmica dos relacionamentos, a insatisfação e a busca por novas experiências amorosas.

02 – Qual é a forma poética utilizada por Gregório de Matos nesse poema?

      A forma poética utilizada é a décima, uma estrofe de dez versos octossílabos, com rimas ricas e consoantes. Essa forma poética era comum na época e permitia ao poeta expressar suas ideias de forma concisa e musical.

03 – Quem são as personagens mencionadas no poema e qual é o papel de cada uma?

      As personagens mencionadas são Quita, Nico, Anica, Dom Patarata e o "Moço soldado". Quita e o eu lírico são os protagonistas da troca de parceiros. Nico é o novo parceiro de Quita, enquanto Anica é a escolhida pelo eu lírico. Dom Patarata é mencionado como um dos pretendentes de Quita, e o "Moço soldado" representa a possibilidade de um novo relacionamento para ela.

04 – Qual é o tom predominante no poema "Décimas"?

      O tom predominante no poema é satírico e irônico. Gregório de Matos utiliza a comparação entre as trocas de parceiros para criticar os costumes da sociedade da época, ridicularizando a superficialidade dos relacionamentos e a busca por status social.

05 – O que o eu lírico quer dizer ao afirmar que sua troca foi "melhorada"?

      Ao afirmar que sua troca foi "melhorada", o eu lírico expressa sua satisfação com a nova parceira, Anica. Ele demonstra que encontrou mais prazer e felicidade no novo relacionamento do que no anterior, enquanto, Quita parece ter feito uma troca menos vantajosa.

06 – Qual é o significado da expressão "odre são" utilizada no poema?

      A expressão "odre são" é uma metáfora para o próprio eu lírico, que se considera um "odre" (recipiente) em bom estado, ao contrário do "odre podre" que seria seu antigo parceiro. Essa comparação enfatiza a ideia de que ele fez uma troca mais vantajosa do que, Quita.

07 – Qual é a importância do poema "Décimas" para a obra de Gregório de Matos?

      O poema "Décimas" é importante por representar a faceta satírica da obra de Gregório de Matos, que ficou conhecido por sua poesia crítica e irreverente. Além disso, o poema demonstra sua habilidade em utilizar formas poéticas populares, como a décima, para expressar suas ideias e críticas à sociedade de forma criativa e original.

 

 

POEMA: AOS VÍCIOS - (FRAGMENTO) - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Aos vícios – Fragmento

              Gregório de Matos 

Eu sou aquele que os passados anos 

Cantei na minha lira maldizente 

Torpezas do Brasil, vícios e enganos. 

[...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVLom877M237KiKcZVVDe-OJHOQQNyZUtojyAGpBAZ_Nr7aNAx4jeSmMA7lmjnhyAfyELF7-RBtsRamGfDRSHYUOpjwT0sV3fB6RLuCXe0EdYm681f1i5OFXdXhbWa-rMUBJKJZFgXNuhoauT65ao-1JAzy6kbG8tzpzeUHS8XaSeq-la05HihNWFXqc4/s1600/SILENCIO.jpg


De que pode servir calar quem cala? 

Nunca se há de falar o que se sente?! 

Sempre se há de sentir o que se fala. 

 

Qual homem pode haver tão paciente, 

Que, vendo o triste estado da Bahia, 

Não chore, não suspire e não lamente? 

[...]

Se souberas falar, também falaras, 

Também satirizaras, se souberas, 

E se foras poeta, poetizaras. 

 

A ignorância dos homens destas eras 

Sisudos faz ser uns, outros prudentes, 

Que a mudez canoniza bestas feras. 

 

Há bons, por não poder ser insolentes, 

Outros há comedidos de medrosos, 

Não mordem outros não — por não ter dentes. 

 

Quantos há que os telhados têm vidrosos, 

e deixam de atirar sua pedrada, 

De sua mesma telha receosos? 

 

Uma só natureza nos foi dada; 

Não criou Deus os naturais diversos; 

Um só Adão criou, e esse de nada. 

 

Todos somos ruins, todos perversos, 

Só os distingue o vício e a virtude, 

De que uns são comensais, outros adversos. 

 

Quem maior a tiver, do que eu ter pude, 

Esse só me censure, esse me note 

Calem-se os mais, chitom, e haja saúde. 

MATOS, Gregório de. Aos vícios. Op. Cit. Vol. II, p. 468.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 91.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tom geral do poema e qual o principal tema abordado?

      O tom do poema é de crítica e indignação. O principal tema abordado é a hipocrisia e os vícios da sociedade da Bahia na época de Gregório de Matos, com destaque para a corrupção e a omissão.

02 – Qual é a intenção do poeta ao escrever esses versos?

      A intenção do poeta é denunciar os vícios e a hipocrisia da sociedade, expondo as mazelas e contradições presentes na Bahia de seu tempo. Ele busca provocar reflexão e incitar a mudança através de sua poesia satírica.

03 – Que tipo de linguagem Gregório de Matos utiliza no poema?

      O poeta utiliza uma linguagem satírica, com ironia e sarcasmo, para criticar os vícios da sociedade. Ele também emprega expressões fortes e de tom acusatório para enfatizar a gravidade dos problemas que denuncia.

04 – Quem são os alvos da crítica de Gregório de Matos no poema?

      Os alvos da crítica são diversos, incluindo os poderosos, os corruptos, os hipócritas e a sociedade como um todo, que se omite diante dos problemas. O poeta não poupa ninguém em sua sátira.

05 – Qual é o significado da afirmação "Todos somos ruins, todos perversos"?

      Essa afirmação expressa a visão pessimista do poeta sobre a natureza humana, corrompida pelos vícios e pela hipocrisia. Ele não faz distinção entre as pessoas, afirmando que todos são passíveis de cometer erros e atos perversos.

06 – O que o poeta quer dizer com "Quem maior a tiver, do que eu ter pude, / Esse só me censure"?

      Com essa afirmação, o poeta desafia aqueles que se consideram justos e virtuosos a criticá-lo, caso tenham uma conduta moral superior à sua. Ele se coloca como alguém que reconhece seus próprios vícios, mas que não se cala diante dos vícios alheios.

07 – Qual a importância do poema "Aos Vícios" para a literatura brasileira?

      O poema "Aos Vícios" é importante por ser um retrato crítico da sociedade colonial brasileira, expondo seus problemas e contradições. Além disso, a poesia de Gregório de Matos é marcante por sua irreverência, sarcasmo e linguagem expressiva, características que o consagraram como um dos maiores poetas do Barroco no Brasil.

 

 

MANIFESTO: DA POESIA PAU-BRASIL - (FRAGMENTO) - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 MANIFESTO: DA POESIA PAU-BRASIL – Fragmento

                      Oswald de Andrade

        A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos.

        [...]

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhswNuqJgTTX-uoviamxG8bUrN1oEoqfykgRA1AiNIxtvck9zxAsulnUFdIyxwi5lfIDVA-zilDhEwFWJr4ZjWrtJQb-pkWiLrWwZUqvo8leyQC72OWgLsPhjBL2t_27_5GjbQyRnVabB9NRKQTtLszHzD-11C6tBEkaamShBN9oXmcNQSNa2KB4JLJfLA/s320/PAU.jpg

        Contra o gabinetismo, a prática culta da vida. [...]

        A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.

        [...]

        O trabalho contra o detalhe naturalista – pela síntese; contra a morbidez romântica – pelo equilíbrio geômetra e pelo acabamento técnico; contra a cópia, pela invenção e pela surpresa

        [...]

        Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão do mundo. Ver com olhos livres.

        [...]

In: Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia e Modernismo brasileiro. Petrópolis, Vozes; Brasília, INL, 1976.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 254-255.

Entendendo o manifesto:

01 – Qual é a principal proposta do Manifesto da Poesia Pau-Brasil?

      A principal proposta do manifesto é a criação de uma poesia brasileira original e autêntica, que valorize a cultura local, a linguagem coloquial e a síntese, em contraposição à poesia tradicional e erudita.

02 – O que significa a afirmação de que "a poesia existe nos fatos"?

      Essa afirmação significa que a poesia não está apenas nos livros ou nos poemas, mas também na realidade cotidiana, na beleza das paisagens, nas cores das casas e na forma como as pessoas se expressam. Oswald de Andrade defende que a poesia deve estar presente na vida real, e não apenas em ambientes eruditos.

03 – Qual é a crítica do manifesto ao "gabinetismo" e à "prática culta da vida"?

      O manifesto critica a poesia que se distancia da vida real, que se fecha em gabinetes e se preocupa apenas com a erudição e a formalidade. Oswald de Andrade defende uma poesia que se conecte com a vida cotidiana, com a linguagem do povo e com a realidade brasileira.

04 – Quais são as características da "língua pau-brasil" defendida no manifesto?

      A "língua pau-brasil" é uma língua sem arcaísmos, sem erudição, natural e neológica, que valoriza a contribuição de todos os erros e que se expressa como falamos e como somos. É uma língua que busca a originalidade e a autenticidade, em contraposição à língua erudita e formal.

05 – Quais são as principais características da estética pau-brasil defendida no manifesto?

      A estética pau-brasil defende a síntese, o equilíbrio geométrico, o acabamento técnico, a invenção e a surpresa, em contraposição ao detalhe naturalista e à morbidez romântica. É uma estética que busca a originalidade, a criatividade e a liberdade de expressão.

 

POESIA: NAÇÃO DE PÁRIA - NELSON ASCHER - COM GABARITO

 Poesia: Nação de pária

             Nelson Ascher

Não que me agrade
gaiola ou grade --
pelo contrário.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPZlsumMbEOJp-EpwKm9HSbNa4i7MghrhxtuREJ-56JHZYk40LwhyKfR-MPN27a4eLL5WlS6Y914DnuivO61w8yr2-M5OLnwGNv-Q16EaEfkl0KmNToOmEbcA7TwgC1sChylc4EgUB1HVT1KisjE2vSaSksVG761oPNkOR2lFemiloz_fCXKMS7jwU47Q/s320/GRADE.jpg



Não que me aguarde
lá dentro um mar de
rosas: meu páreo

não é bem este e,
como da peste,
corro por fora,

enquanto a esfinge
feroz nem finge
que me devora.

Porém sucede
que, sem parede,
nada me ecoa,

nem a arbitrária
pátria que, pária,
procuro à toa.

26 poetas hoje – Esses poetas, uma antologia nos anos 90. Organização de Heloísa Buarque de Holanda. 2. ed. Rio de Janeiro, Aeroplano, 2001.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 322.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a sensação de deslocamento e a busca por identidade em um mundo que parece não oferecer um lugar para o indivíduo. O "pária" do título sugere alguém marginalizado, que não se encaixa nas estruturas sociais estabelecidas.

02 – O que o poeta quer dizer com "gaiola ou grade"?

      "Gaiola ou grade" simbolizam as restrições e limitações impostas pela sociedade, sejam elas físicas ou psicológicas. O poeta expressa sua rejeição a essas limitações, indicando um desejo de liberdade.

03 – Qual o significado de "pária"?

      "Pária" é uma palavra de origem indiana que se refere a uma pessoa excluída ou marginalizada pela sociedade. No contexto do poema, representa a condição do indivíduo que se sente deslocado e sem um lugar definido.

04 – Como a figura da "esfinge" contribui para o sentido do poema?

      A "esfinge" representa um desafio ou enigma que o poeta precisa enfrentar. A imagem da esfinge que "devora" sugere a sensação de ameaça e opressão que o poeta sente em relação ao mundo exterior.

05 – O que o poeta busca ao mencionar "a arbitrária pátria"?

      Ao mencionar "a arbitrária pátria", o poeta expressa a busca por um lugar de pertencimento e identidade. A palavra "arbitrária" sugere que a ideia de pátria é construída socialmente e pode não corresponder às necessidades individuais.

 

POESIA: ANGÚSTIA E REAÇÃO - MURILO MENDES - COM GABARITO

 Poesia: Angústia e Reação

             Murilo Mendes

Há noites intransponíveis,
Há dias em que para nosso movimento em Deus,
Há tardes em que qualquer vagabunda
Parece mais alta do que a própria musa.
Há instantes em que um avião
Nos parece mais belo que um mistério de fé,
Em que uma teoria política
Tem mais realidade que o Evangelho.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiSwUjcDZCgJxDpCgcy6b9Hx5xuepot4ww605geVFsB84qmxjTxICFnjc_7Pq2rYJ-Ot_9GwgoPXWaJVoG0f53S0YDe5Kpo8a4HFNrF1HMTjxnVo61TLkvfoEwodCEOjqhXUXkhhRbH3aPJ16ffP_GGPRUsujW0_oAcaRRX8nToIh9S-YI952_ENWtq74/s1600/NOITE.jpg

Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito;
O tempo sobrepõe-se à ideia do eterno.
É necessário morrer de tristeza e de nojo
Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus,
E ressuscitar pela força da prece, da poesia e do amor.
É necessário multiplicar-se em dez, em cinco mil.
É necessário chicotear os que profanam as igrejas
É necessário caminhar sobre as ondas.

Poesia completa e prosa. @ by Maria da Saudade Cortesão Mendes. Nova Aguilar, Rio de Janeiro.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 285.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a luta interna entre a fé e a descrença, a angústia diante de um mundo que parece abandonar os valores espirituais e a necessidade de reação para resgatar essa fé.

02 – Que sentimentos o poeta expressa ao longo do poema?

      O poeta expressa sentimentos de angústia, tristeza, nojo e desespero diante da aparente ausência de Deus no mundo. Ele também expressa a necessidade de reação, força e esperança através da prece, da poesia e do amor.

03 – Quais são as imagens utilizadas pelo poeta para representar a angústia?

      O poeta utiliza imagens como "noites intransponíveis", "dias em que para nosso movimento em Deus", "tardes em que qualquer vagabunda parece mais alta do que a própria musa" e "instantes em que um avião nos parece mais belo que um mistério de fé" para representar a angústia e a sensação de afastamento de Deus.

04 – O que o poeta propõe como forma de superar a angústia?

      O poeta propõe a "força da prece, da poesia e do amor" como forma de superar a angústia e resgatar a fé. Ele também propõe a necessidade de "multiplicar-se em dez, em cinco mil", "chicotear os que profanam as igrejas" e "caminhar sobre as ondas", simbolizando a necessidade de ação e transformação.

05 – Qual a relevância do título "Angústia e Reação" para a compreensão do poema?

      O título "Angústia e Reação" resume a essência do poema, que explora o sentimento de angústia diante da descrença e a necessidade de reação para resgatar a fé e os valores espirituais. O título indica a dualidade presente no poema, entre o sofrimento e a esperança, a passividade e a ação.