sexta-feira, 22 de setembro de 2023

CONTO: ELEFANTES - MARCELO COELHO - COM GABARITO

 Conto: Elefantes

              Marcelo Coelho

        Meu primeiro dia na escola foi bem ruim. Hoje em dia as crianças não sabem direito como é o primeiro dia em que a gente entra na escola. Elas começam muito pequenas, com três anos estão no maternal. Comigo foi diferente. Eu já era meio grande. Tinha seis anos.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicIbbsbsKgHNhvZ7XGn5HOBZEajpk0bsjGm3Ao9Oe1eaeXVK9Ziz2StRwwMGibaT-vmxNuimwjPLWsa261v0TtUVd81PRynHARS6XjpFSO_B_VeeUPJjyuNqWOGR6MX4YjzXS7EyuSiSMFUWbw6RuGKhimXWLeHbK6Iz1B_ZxXBvz_Qm2_NBUz8kje1oA/s1600/ESCOLA.jpg


        Imagine. Seis anos. Quer dizer que, desde que eu nasci, até ter seis anos, eu ficava em casa. Sem fazer nada. Brincava um pouco. Mas meus irmãos eram muito mais velhos, e criei o costume de brincar sozinho. Era meio chato.

        Até que chegou o dia de entrar na escola. Minha mãe foi logo avisando.

        – Olha, Marcelo. Lá na escola, não pode ficar falando palavra feia. Bunda, cocô, xixi. Não usa essas palavras.

        Tocaram a buzina. Era o ônibus da escola.

        Eu estava de uniforme. Calça curta azul, camisa branca.

        Eu tinha uma camisa branca que me dava sorte. Era uma com uma pintinha no colarinho. Gostava daquela pintinha preta. Mas no primeiro dia de aula justo essa camisa tinha ido lavar. Fui com outra. Que não dava sorte.

        Bom, daí a aula começou, teve o recreio, eu não conhecia ninguém, tirei um sanduíche da lancheira, o lanche sempre ficava com um gosto de plástico por causa da lancheira, mas eu não sabia disso ainda, porque era a primeira vez que eu usava lancheira, então tocou o sinal e fui de novo para a classe.

        Até que deu certo no começo. A professora explicou alguma coisa sobre os elefantes. Falou que eles tinham dentes grandes, e que esses dentes eram muito valiosos.

        Então ela perguntou:

        – Alguém sabe qual o nome dos dentes do elefante?

        Ou melhor, ela falou assim:

        – Alguém sabe para que servem os dentes do elefante?

        Vai ver que ela queria perguntar: "Qual o material precioso que é tirado das presas do elefante?".

        O fato é que eu sabia a resposta, e gritei:

        – O marfim!

        A professora me olhou muito contente. Os meus colegas também me olharam, mas não pareciam tão contentes.

        Ela brincou:

        – Puxa, você está afiado, hein?

        Eu não respondi, mas fiquei inchado de alegria, como se fosse um elefantezinho. Dentes afiados.

        Tinha sido um bom começo.

        Mas aí vieram os problemas.

        Fui ficando com a maior vontade de fazer xixi.

        Segurei.

        A professora continuava a falar sobre os elefantes.

        Assunto mais louco para um primeiro dia de aula.

        E a vontade de fazer xixi ia aumentando.

        Cruzar as pernas não adianta nessa hora.

        Olhei para um coleguinha no banco da frente. Tive inveja dele. Ele estava ali, tranquilo. Sem nenhum aperto. Como é que seria estar no lugar dele? Pedir para ser ele, pedir emprestado o corpo dele por algum tempo? Como alguém pode ficar sem vontade de fazer xixi? Sem nem pensar no problema?

        Eu estava ficando meio desesperado. Eu era meio tímido também. Levantei a mão. A professora perguntou o que eu queria.

        – Posso ir no banheiro?

        – Espere um pouco, tá?

        Ela devia estar achando muito importante aquela história toda sobre elefantes. Começou a explicar como os elefantes bebiam água. Eles enchiam a tromba, seguravam bem, e daí- chuáá...

        Levantei a mão de novo.

        – Preciso ir no banheiro, professora...

        Ela nem respondeu. Fez só um gesto com a mão. Para eu esperar mais.

        Na certa, ela estava pensando que, no primeiro dia de aula, é importante não facilitar. Não dar moleza. Devia imaginar que todo mundo inventa que quer ir ao banheiro só para passear um pouco e não ficar ali assistindo aula.

        Professora mais chata.

        Levantei a mão pela terceira vez.

        Eu realmente não aguentava mais.

        Só que a professora nem precisou responder.

        Tinha tocado o sinal. Fim da aula.

        Era só correr até o banheiro.

        Levantei da carteira. A gente era obrigado a sair em fila.

        Faltava pouco.

        Claro que não deu.

        Fiz o maior xixi. Dentro da classe.

        Logo eu, que nunca fui de fazer grandes xixis. Mas aquele foi fenomenal. Parecia um elefante. Coisa de fazer barulho no chão. Chuáá...

        A professora chegou perto de mim.

        – Você estava apertado? Por que não me avisou?

        Eu não soube o que responder. Mas entendi algumas coisas.

        A coisa mais óbvia é que, quando você tem vontade de fazer xixi, vai e faz. Coisa mais chata é ficar pedindo para alguém deixar a gente ir ao banheiro. Banheiro é assunto meu.

        Outra coisa é que as pessoas, em geral, não ligam para o que a gente está sentindo. Para mim a vontade de fazer xixi era a coisa mais importante do mundo. Para a professora, a coisa mais importante do mundo era ficar falando de elefantes.

        É como se cada pessoa tivesse um filme dentro da cabeça. E só prestasse atenção nesse filme. Filme dos elefantes, filme do xixi.

        Mais uma coisa. Quando a gente precisa muito, a gente tem de gritar para valer. Eu devia ter gritado:

        – Professora, tenho de fazer xixi.

        Ou, se quisesse evitar a palavra feia:

        – Professora, tenho absoluta urgência de urinar.

        Não seria bonito, mas até que seria certo dizer:

        – Vou dar uma mijada, pô.

        Mas o pior é ficar levantando a mão e dizendo baixinho:

        – Professora, posso ir no banheiro?

        Vai ver que eu estava falando tão baixo que ela nem escutou.

        As pessoas nunca escutam muito bem o que a gente diz.

        Uma última coisa.

        Aquele xixi não teve importância nenhuma. Eu fiquei envergonhado. Ainda mais no primeiro dia de aula. Só que, alguns dias depois, o vexame tinha passado. Tudo ficou normal. Tive amigos e inimigos na classe, fiz lição, respondi chamada, e nem a professora, nem meus amigos, nem meus inimigos, ninguém se lembrou do meu xixi.

        Sabe por quê? É porque já estava passando outro filme na cabeça deles. Cada pessoa tem outras coisas em que pensar: a briga que os pais estão tendo, o irmão mais velho que é chato, o presente que vai ganhar de aniversário...

        Só eu liguei de verdade para o caso do xixi. As outras pessoas estão sempre tratando de assuntos mais sérios. Elefantes, por exemplo.

COELHO, Marcelo. Elefantes. In: SCLIAR, Moacyr. et al. Era uma vez um conto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002. p. 21-25.

Entendendo o conto:

01 – Essa história é narrada na primeira pessoa.

a)   Qual é a primeira palavra que indica isso?

O pronome pessoal “eu”.

b)   Que experiência o personagem nos conta, logo no primeiro parágrafo?

No primeiro parágrafo o personagem nos conta sobre seu primeiro dia na escola. Ele descreve como as crianças de hoje em dia geralmente começam muito cedo na escola, no maternal, quando ainda têm três anos. No entanto, a experiência dele foi diferente, pois ele já era um pouco mais velho, com seis anos, e, até então, ficava em casa sem fazer muita coisa, brincando sozinho.

02 – Por que, segundo o narrador, a professora não o deixou ir ao banheiro? Releia o texto e liste as suposições do autor.

      O narrador não dá uma razão específica para o motivo da professora não o ter deixado ir ao banheiro quando ele pediu. A narrativa não explora as razões por trás da decisão da professora, deixando espaço para o leitor interpretar suas possíveis suposições.

·        A professora estava mais interessada em falar sobre elefantes e não prestou muita atenção ao pedido do narrador para ir ao banheiro.

·        A professora pode ter pensado que o narrador estava inventando uma desculpa para sair da aula.

·        A professora pode ter acreditado que o pedido do narrador era uma tentativa de chamar a atenção ou causar uma interrupção na aula.

03 – Qual é o tema principal do conto?

      É a experiência do narrador em seu primeiro dia na escola, incluindo a admissão com o controle de suas necessidades básicas e a percepção da falta de compreensão dos outros em relação ao que é importante para ele.

04 – Como o narrador se sentiu em relação ao seu primeiro dia de aula?

      O narrador descreveu seu primeiro dia de aula como sendo bem ruim.

05 – O que a mãe do narrador avisou antes do primeiro dia de aula?

      A mãe do narrador avisou que, na escola, ele não poderia falar palavras feias, como “bunda”, “cocô” e “xixi”.

06 – Qual foi a resposta que o narrador deu à pergunta da professora sobre os dentes dos elefantes?

      O narrador respondeu corretamente que os dentes dos elefantes são chamados de “marfim”.

07 – O que o narrador sentiu durante a aula, que o levou a querer ir ao banheiro?

      O narrador ficou com uma grande vontade de fazer xixi durante a aula.

08 – Como o narrador se sentiu após o incidente do xixi na aula?

      O narrador ficou envergonhado no início, mas com o passar do tempo, percebeu que o vexame foi esquecido pelas outras pessoas, e a situação voltou ao normal.

CONTO: O PERU DE NATAL - MÁRIO DE ANDRADE

 Conto: O peru de natal

             Mário de Andrade

        Publicado na revista da Academia Paulista de Letras em 1942 e, posteriormente, na obra póstuma Contos Novos, de 1947, o protagonista Juca está cansado de cultivar o luto pelo pai, morto meses antes. Está cansado, na verdade, das regras antes impostas pela figura patriarcal e agora pelas convenções religiosas. Um cansaço que se concretiza nas ceias natalinas que ele havia desde sempre desfrutado, preparadas de acordo com a “natureza cinzenta” do pai. “Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.”

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNWeGQnkuJVpUq6oHFRP3GneGgHiM6ReU21wctaiNiO2vhXR4mYpATssb-WRYd__Xn4X51_RVlO24XQ6DaCXdOTrjNvtd9ZFQLWMG8PM1Cm6tiZrn3u6RKojCaHIfgdb4WnVi2p7j6Vb9q1XvAKBOvWOUqVOxPcqy6TX9mcF1FgmXjI6xdRIZ-yHRdRZM/s1600/PERU.jpg


        “Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia reles, já se imagina: ceia tipo meu pai, castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes (quanto discutimos os três manos por causa dos quebra-nozes…), empanturrados de castanhas e monotonias, a gente se abraçava e ia pra cama.”

         Considerado algo como a ovelha-negra da família, sempre inventando moda e avesso às regras, Juca decidiu assim finalizar o luto e o pesar pelo pai morto:

        — Bom, no Natal, quero comer peru.

        Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que morava conosco, advertiu que não podíamos convidar ninguém por causa do luto.

        — Mas quem falou de convidar ninguém! essa mania… Quando é que a gente já comeu peru em nossa vida! Peru aqui em casa é prato de festa, vem toda essa parentada do diabo…

        — Meu filho, não fale assim…

        — Pois falo, pronto!

        E descarreguei minha gelada indiferença pela nossa parentagem infinita, diz que vinda de bandeirantes, que bem me importa! Era mesmo o momento pra desenvolver minha teoria de doido, coitado, não perdi a ocasião. Me deu de supetão uma ternura imensa por mamãe e titia, minhas duas mães, três com minha irmã, as três mães que sempre me divinizaram a vida. Era sempre aquilo: vinha aniversário de alguém e só então faziam peru naquela casa. Peru era prato de festa: uma imundície de parentes já preparados pela tradição, invadiam a casa por causa do peru, das empadinhas e dos doces. […]

        Não, não se convidava ninguém, era um peru pra nós, cinco pessoas. E havia de ser com duas farofas, a gorda com os miúdos, e a seca, douradinha, com bastante manteiga. Queria o papo recheado só com a farofa gorda, em que havíamos de ajuntar ameixa-preta, nozes e um cálice de xerez, como aprendera na casa da Rose, muito minha companheira. Está claro que omiti onde aprendera a receita, mas todos desconfiaram. E ficaram logo naquele ar de incenso assoprado, se não seria tentação do Dianho aproveitar receita tão gostosa. E cerveja bem gelada, eu garantia quase gritando. É certo que com meus “gostos”, já bastante afinados fora do lar, pensei primeiro num vinho bom, completamente francês. Mas a ternura por mamãe venceu o doido, mamãe adorava cerveja.

        Juca queria um peru de Natal para cinco pessoas, com duas farofas, uma gorda de miúdos, outra seca, com bastante manteiga. A receita de Rose, sua namorada, como se revela depois, levava ainda os adocicados típicos dessa época e trazidos da Europa: nozes, vinho jerez. O melhor acompanhamento para uma receita tão elegante seria, naturalmente, “um vinho bom, completamente francês”. Mas ele teve de ceder à cerveja, bebida popular apreciada pela mãe, o que não seria nenhuma heresia. O ritual, afinal, seria de desamarração geral: do luto e da figura do pai cinzento.

        E foi feito o peru do “mais maravilhoso Natal” da família de Juca. E foi cortado em fatias fartas, como nunca havia acontecido antes. Em vez de a mãe cumprir a então somente-feminina tarefa de servir as pessoas, foi o filho feliz que se encarregou dos serviços e de deixar a parte mais nobre do peito da ave para ela – que, de surpresa e satisfação, chorou. E o choro remeteu ao pai morto, que voltava a se fazer vivo e a disputar espaço com o peru.

        Principiou uma luta baixa entre o peru e o vulto de papai. Imaginei que gabar o peru era fortalecê-lo na luta, e, está claro, eu tomara decididamente o partido do peru. Mas os defuntos têm meios visguentos, muito hipócritas de vencer: nem bem gabei o peru que a imagem de papai cresceu vitoriosa, insuportavelmente obstruidora.

        — Só falta seu pai…

        Eu nem comia, nem podia mais gostar daquele peru perfeito, tanto que me interessava aquela luta entre os dois mortos. Cheguei a odiar papai. E nem sei que inspiração genial, de repente me tornou hipócrita e político. Naquele instante que hoje me parece decisivo da nossa família, tomei aparentemente o partido de meu pai. Fingi, triste:

        — É mesmo… Mas papai, que queria tanto bem a gente, que morreu de tanto trabalhar pra nós, papai lá no céu há de estar contente… (hesitei, mas resolvi não mencionar mais o peru) contente de ver nós todos reunidos em família.

        E todos principiaram muito calmos, falando de papai. A imagem dele foi diminuindo, diminuindo e virou uma estrelinha brilhante do céu. Agora todos comiam o peru com sensualidade, porque papai fora muito bom, sempre se sacrificara tanto por nós, fora um santo que “vocês, meus filhos, nunca poderão pagar o que devem a seu pai”, um santo. Papai virara santo, uma contemplação agradável, uma inestorvável estrelinha do céu. Não prejudicava mais ninguém, puro objeto de contemplação suave. O único morto ali era o peru, dominador, completamente vitorioso.

        E o peru/pai foi consumido ali: havia um prazer que não se podia esconder de ver o primeiro sumir do prato e o segundo sair de casa direto para seu devido lugar, o céu distante. A vivacidade de Juca venceu o ultrapassado defunto, mas, ironicamente, toda a história do peru só serviu para que a posição antes ocupada pelo pai não sumisse, mas trocasse de dono: agora era ele, o filho mais velho, o “patriarca” da família, quem daria as ordens, ainda que elas fossem, para ele, mais livres e prazerosas.

        “Minha mãe, minha tia, nós, todos alagados de felicidade. Ia escrever ‘felicidade gustativa’, mas não era só isso não. Era uma felicidade maiúscula, um amor de todos, um esquecimento de outros parentescos distraidores do grande amor familiar. E foi, sei que foi aquele primeiro peru comido no recesso da família, o início de um amor novo, reacomodado, mais completo, mais rico e inventivo, mais complacente e cuidadoso de si. Nasceu de então uma felicidade familiar pra nós que, não sou exclusivista, alguns a terão assim grande, porém mais intensa que a nossa me é impossível conceber.”

        O conto de Juca talvez tenha sido apenas um conto, talvez tenha sido uma peça da autobiografia que Mário de Andrade foi escrevendo por meio de seus personagens.  De qualquer maneira, o protagonista e o cenário descrito em O Peru de Natal têm mais semelhanças do que discrepâncias em relação à vida e ao ambiente em que seu criador estava inserido. Assim como Juca, Mário perdeu ainda na juventude o pai – o primeiro, aos 19 anos, o segundo, aos 24. Tinha também “três mães” – que, na vida do escritor, eram sua mãe Mariquinha (Maria Luísa Almeida Leite Moraes Andrade), sua irmã Maria de Lourdes e sua tia Nhanhã (Ana Francisca de Almeida Leite Moraes).

        A filósofa e crítica literária Gilda de Mello e Souza (1919-2005), prima de Mário, conviveu com ele e suas três mães na famosa casa da Rua Lopes Chaves, na Barra Funda, em São Paulo. Em depoimento concedido no Centro Cultural São Paulo, em 1992, Gilda conta que, durante a velhice de dona Mariquita, “ele passou a servir a mesa”, tal qual Juca o fez naquela noite. Para a prima, aliás, o conto em questão seria um eco da cozinha da família. “O Peru de Natal, de uma certa maneira, devolve ao leitor o que era uma festa ou um jantar elaborado na casa de Mário”, lembra ela.

        As receitas açucaradas eram especialidades da mãe do escritor, que era tida, inclusive, como uma grande doceira da cidade. Seus afamados bom bocados de queijo mais os bolos e biscoitos como os amanteigados – os prediletos de Mário, “uma maravilha de apresentação, uma delícia sem fim” – começavam a ser preparados nas vésperas dos dias festivos. Na manhã antes do evento, a trabalheira continuava porque aí vinham as coxinhas, as empadinhas e o peru, que tinha de ter as duas farofas, exatamente como descrito “O Peru de Natal”, recorda-se Gilda.

        O peru recheado não era, assim, restrito ao Natal. Estava mais para uma daquelas receitas especiais que cabem em qualquer ocasião especial do ano. Ao contar a história de Juca e do pai/peru, Mário de Andrade inseriu dados interessantes sobre o cotidiano que ele próprio vivenciava, em casa, gostando ou não da parentada que, segundo a prima, aparecia mesmo nos aniversários para se fartar dos quitutes. Esqueceu-se, no entanto, de passar a receita que lhe trouxe mais do que “felicidade gustativa”. O Lembraria foi procurar em dois livros de culinária, um dos anos 1930, outro dos 1940, os segredos do peru recheado. E descobriu que estes eram, na verdade, um só: embebedar o bicho!

Mário de Andrade.

Entendendo o conto:

01 – Por que o narrador-protagonista trouxe um peru para o Natal?

      Trouxe um peru para o Natal como parte de uma tradição familiar e para surpreender sua mãe, dona Isabel.

02 – Que sentimento o conto transmite?

      Transmite uma atmosfera de carinho familiar e nostalgia.

03 – Que ruptura esse fato marca na vida da família?

      A chegada do peru de Natal simboliza uma ruptura com a tristeza e a falta de esperança que acompanham a perda do pai, trazendo uma luz de otimismo e lembranças felizes para a família em um momento significativo do ano.

04 – Como eram as ceias de Natal à época do pai do nosso narrador?

      As ceias de Natal eram momentos especiais e tradicionais para a família, cheios de alegria, união e afeto, que transcendem as dificuldades da vida cotidiana.

 

CONTO: O NEGRO BONIFÁCIO(GAUCHESCO) - J. SIMÕES LOPES - COM GABARITO

 Conto: O negro Bonifácio (gauchesco)

           J. Simões Lopes

        Se o negro era maleva? Cruz! Era um condenado!... mas, taura, isso era, também!

        Quando houve a carreira grande, do picaço do major Terêncio e o tordilho do Nadico (filho do Antunes gordo, um que era rengo), quando houve a carreira, digo, foi que o negro mostrou mesmo pra o que prestava...; mas foi caipora.

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        Escuite.

        A Tudinha era a chinoca mais candongueira que havia por aqueles pagos. Um cajetilha da cidade duma vez que a viu botou-lhe uns versos mui lindos — pro caso — que tinha um que dizia que ela era uma

        “............................................... chinoca airosa,”

        Lindaça como o sol, fresca como uma rosa!...

        E o sujeito quis retouçar, porém ela negou-lhe o estribo, porque já trazia mais de quatro pelo beiço, que eram dali, da querência, e aquele tal dos versos era teatino...

        Alta e delgada, parecia assim um jerivá ainda novinho, quando balança a copa verde tocada de leve por um vento pouco, da tarde. Tinha os pés pequenos e as mãos mui bem torneadas; cabelo cacheado, as sobrancelhas finas, nariz alinhado.

        Mas o rebenqueador, o rebenqueador..., eram os olhos!...

        Os olhos da Tudinha eram assim a modo olhos de veado-virá, assustado: pretos, grandes, com luz dentro, tímidos e ao mesmo tempo haraganos... pareciam olhos que estavam sempre ouvindo.., ouvindo mais, que vendo...

        Face cor de pêssego maduro; os dentes brancos e lustrosos como dente de cachorro novo; e os lábios da morocha deviam ser macios como treval, doces como mirim, frescos como polpa de guabiju...

        E apesar de arisca, era foliona e embuçalava um cristão, pelo só falar, tão cativo...

        No mais, buenaça, sem entono; e tinha de que, porque corria à boca pequena que ela era filha do capitão Pereirinha, estancieiro, que só ali, nos Guarás, tinha mais de não sei quantas léguas de campo de lei, povoado, O certo é que o posto em que ela morava com a mãe, a sia Fermina, era um mimo; tinha de um tudo: lavoura, boa cacimba, um rodeíto manso; e a Tudinha tinha cavalo amilhado, só do andar dela, e alguma prata nos preparos.

        Parecenças, isso, tinha, e não pouco, com a gente do capitão...

        O velho, às vezes, ia por lá, sestear, tomar um chimarrão...

         Pois para a carreira essa, tinha acudido um povaréu imenso.

        E ela veio, também, com a velha. Velha, é um dizer, porque a sia Fermina ainda fazia um fachadão...

        E deu o caso que os quatro embeiçados também vieram, e um, o mais de todos, era o Nadico.

        E sem ninguém esperar, também apareceu o negro Bonifácio.

        É assim que o diabo as arma...

        Escuite.

        O negro não vinha por ela, não; antes mais por farrear, jogar e beber: ele era um perdidaço pela cachaça e pelo truco e pela taba.

        E bem montado, vinha, num bagual lobuno rabicano, de machinhos altos, peito de pomba e orelhas finas, de tesoura; mui bem tosado a meio cogotilho, e de cola atada, em três tranças, bem alto, onde canta o galo!...

        E na garupa, mui refestelada, trazia uma chirua, com ar de querendona...

        Eta! negro pachola!

        De chapéu de aba larga, botado no cocuruto da cabeça e preso num barbicacho de borlas morrudas, passado pelo nariz; no pescoço um lenço colorado, com o nó republicano; na cintura um tirador de couro de lontra debruado de tafetá azul e mais cheio de cortados do que manchas tem um boi salino!

        E na cintura, atravessado com entono, um facão de três palmos, de conta.

        Na pabulagem, andava sozinho: quando falava, era alto e grosso e sem olhar para ninguém.

        Era um governo, o negro!

        Ora bem; depois de se mostrar um pouco, o negro apeou a chirua e já meio entropigaitado começou a pastorejar a Tudinha... e tirando-se dos seus cuidados encostou o cavalo rente no dela e aí no mais, sem um — Deus te salve! — sacudiu-lhe um envite para uma paradita na carreira grande. A piguancha relanceou os seus olhos de veado assustado e não se deu por achada; ele repetiu o convite da aposta e ela então — depois explicou — de puro medo aceitou, devendo ganhar uma libra de doces, se ganhasse o tordilho. O tordilho era o do Nadico.

        Ficou fechado o trato.

        O negro — era ginetaço! — deu de rédea no lobuno, que virou direito, nos dois pés, e já lhe cravou as chilenas, grandes como um pires, e saiu escaramuçando, meio ladeado!

        Os quatro brancos se olharam... o Nadico estava esverdeado, como defunto passado...

        A Tudinha pegou logo a caturritar, e a cousa foi passando, como esquecida.

        Mas, quê!... o negro estava jurado...

        Escuite.

        Entraram na cancha os parelheiros, todos dois pisando na ponta do casco, mui bem compostos e lindos, de se lavar com um bochecho d'água.

        Fizeram as partidas; largaram; correram: ganhou, de fiador, o do Nadico, o tordilho.

        Depois rompeu um vozerio, a gente desparramou-se, parecia um formigueiro desmanchado; as parcerias se juntaram, uns pagavam, outros questionavam.... mas tudo se foi arreglando em ordem, porque ninguém foi capaz de apontar mau jogo.

        E foi-se tomar um vinho que os donos da carreira ofereceram, como gaúchos de alma grande, principalmente o major Terêncio, que era o perdedor.

        E a Tudinha lá foi, de charola.

        No barulho das saúdes e das caçoadas, quando todos se divertiam, foi que apareceu aquele negro excomungado, para aguar o pagode. Esbarrou o cavalo na frente do boliche; trazia na mão um lenço de sequilhos, que estendeu a Tudinha: havia perdido, pagava...

        A morocha parou em meio um riso que estava rindo e firmou nele uns olhos atravessados, esquisitos, olhos como pra gente que já os conhecesse..., e como sentiu que o caso estava malparado, para evitar o desaguisado, disse:

        — Faz favor de entregar à mamãe, sim?!...

        O negro arreganhou os beiços, mostrando as canjicas, num pouco caso e repostou:

        — Ora, misturada!..., eu sou teu negro, de cambão!... mas não piá da china velha! Toma!

        E estendeu-lhe o braço, oferecendo o atado dos doces.

        Aqui, o Nadico manoteou e no soflagrante sopesou a trouxinha e sampou com ela na cara do muçum.

        Amigo! Virge' nossa senhora!

        Num pensamento o negro boleou a perna, descascou o facão e se veio!...

        O lobuno refugou, bufando.

        Que peleia mais linda!

        Vinte ferros faiscaram; era o Nadico, eram os outros namorados da Tudinha e eram outros que tinham contas a ajustar com aquele tição atrevido.

        Perto do negro Bonifácio, sentado sobre um barril, sem ter nada que ver no angu, estava um paisano tocando viola: o negro — pra fazer boca, o malvado! — largou-lhe um revés, tão bem puxado, que atorou os dedos do coitado e o encordoamento e afundou o tampo do estrumento!...

        Fechou o salseiro.

        O Nadico mandou a adaga e atravessou a pelanca do pescoço do negro, roçando na veia artéria; o major tocou-lhe fogo, de pistola, indo a bala, de refilão, lanhar-lhe uma perna..., o ventana quadrava o corpo, e rebatia os talhos e pontaços que lhe meneavam sem pena.

        E calado, estava; só se via no carão preto o branco dos olhos, fuzilando...

        Ai!...

        Foi um grito doido da Tudinha... e já se viu o Nadico testavilhar e cair, aberto na barriga, com a buchada de fora, golfando sangue!...

        No meio do silêncio que se fez, o negro ainda gritou:

        — Come agora os meus sobejos!...

        Depois, roncou, tal e qual como um porco acuado... e então, foi uma cousa bárbara!...

        Em quatro paletadas, desmunhecando uns, cortando outros, esgaravatando outros, enquanto o diabo esfrega o olho, o chão ficou estivado de gente estropiada, espirrando a sangueira naquele reduto.

        É verdade também que ele estava todo esfuracado: a cara, os braços, a camisa, o tirador, as pernas, tinham mais lanhos que a picanha de um reiúno empacador: mas não quebrava o corincho, o trabuzana!

        Aquilo seria por obra dalguma oração forte, que ele tinha, cosida no corpo.

        A esse tempo, era tudo um alarido pelo acampamento; de todos os lados chovia gente no lugar da briga.

        A Tudinha, agarrada ao Nadico, com a cabeça pousando-lhe no colo, beijando-lhe ela os olhos embaciados e a boca já morrente, ali, naquela hora braba, à vista de todo o mundo e dos outros seus namorados, que se esvaíam, sem um consolo nem das suas mãos nem das puas lágrimas, a Tudinha mostrava mesmo que o seu camote preferido era aquele, que primeiro desfeiteou e cortou o negro, por causa dela...

        Foi então que um gaúcho gadelhudo, mui alto, canhoto, desprendeu da cintura as boleadeiras e fê-las roncar por cima da cabeça... e quando ia a soltá-las, zunindo, com força pra rebentar as costelas dum boi manso, e que o negro estava cocando o tiro, de facão pronto pra cortar as sogas... nesse mesmo momento e instante a velha Fermina entrou na roda, e ligeira como um gato, varejou no Bonifácio uma chocolateira de água fervendo, que trazia na mão, do chimarrão que estava chupando...

        O negro urrou como um touro na capa...; a rumo no mais avançou o braço, e fincou e suspendeu, levantou a velha, estorcendo-se, atravessada no facão até o esse...; ao mesmo tempo, mandado por pulso de homem um bolaço cantou-lhe no tampo da cabeça e logo outro, no costilhar, e o negro caiu, como boi desnucado, de boca aberta, a língua pontuda, mexendo em tremura uma perna, onde a roseta da chilena Unia, miúdo...

        Patrício, escuite!

        Vi então o que é uma mulher rabiosa...: não há maneia nem buçal que sujeite: é pior que homem!...

        A Tudinha já não chorava, não; entre o Nadico, morto, e a velha Fermina estrebuchando, a morocha mais linda que tenho visto, saltou em cima do Bonifácio, tirou-lhe da mão sem força o facão e vazou os olhos do negro, retalhou-lhe a cara, de ponta e de corte... e por fim, espumando e rindo-se, desatinada — bonita, sempre! — ajoelhou-se ao lado do corpo e pegando o facão como quem finca uma estaca, tateou no negro sobre a bexiga, pra baixo um pouco — vancê compreende?... — e uma, duas, dez, vinte, cinquenta vezes cravou o ferro afiado, como quem espicaça uma cruzeira numa toca... como quem quer estraçalhar uma causa nojenta... como quem quer reduzir a miangos uma prenda que foi querida e na hora é odiada!...

        Em roda, a gauchada mirava, de sobrancelhas rugadas, porém quieta: ninguém apadrinhou o defunto.

        Nisto um sujeito que vinha a meia rédea sofrenou o cavalo quase em cima da gente: era o juiz de paz.

        Mais tarde vim a saber que o negro Bonifácio fora o primeiro a... a amanonsiar a Tudinha; que ao depois tomara novos amores com outra fulana, uma piguancha de cara chata, beiçuda; e que naquele dia, para se mostrar, trouxera na garupa a novata, às carreiras, só de pirraça, para encanzinar, para tourear a Tudinha, que bem viu, e que apesar dos arrastados de asa daquela moçada e sobretudo do Nadico, que já a convidara para se acolherar com ele, sentira-se picada, agoniada da desfeita que só ela e o negro entendiam bem...; por isso é que ela ficou como cobra que perdeu o veneno...

        Escuite.

        Até hoje me intriga, isto: como uma morena, tão linda, entregou-se a um negro, tão feio?...

        Seria de medo, por ele ser mau?... Seria por bobice de inocente?... Por ele ser forçudo e ela, franzina?... Seria por...

        Que, de qualquer forma, ela vingou-se, isso, vingou-se...; mas o resto que ela fez no corpo do negro? Foi como um perdão pedido ao Nadico ou um despique tomado da outra, da piguancha beiçuda?...

        Ah! mulheres!...

        Estancieiras ou peonas, é tudo a mesma cousa... tudo é bicho caborteiro...; a mais santinha tem mais malícia que um sorro velho!...

J. Simões Lopes.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o gênero literário do conto?

      O conto pertence o gênero literário regionalista e faz parte das “Lendas do Sul”.

02 – Qual é o cenário principal onde se passa a história?

      A história se passa em um ambiente rural do Sul do Brasil, mais especificamente na região gaúcha.

03 – Quem é o protagonista da história?

      O protagonista é o escravo negro chamado Bonifácio.

04 – Qual é o conflito central enfrentado por Bonifácio?

      Bonifácio enfrentou o conflito entre a fidelidade a seu senhor e a busca por sua liberdade.

05 – Como Bonifácio se destaca na propriedade do coronel?

      Bonifácio se destaca como cozinheiro habilidoso e conhecedor de ervas medicinais.

06 – Quem é o coronel mencionado na história, e qual é sua atitude em relação a Bonifácio?

      O coronel é o senhor de Bonifácio, que demonstra afeto e respeito por ele, tratando-o com uma relação mais humana do que escravocrata.

07 – Por que Bonifácio se vê diante da oportunidade de fugir?

      Ele vê a oportunidade de fugir quando seu senhor vai a Rio Grande para buscar um médico para seu filho doente.

08 – Qual é o resultado da história para Bonifácio?

      Bonifácio decide não fugir e permanecer fiel ao seu senhor, mesmo tendo a chance de conquistar sua liberdade.

09 – Qual é a mensagem principal transmitida pelo conto?

      O conto aborda temas como lealdade, liberdade e respeito mútuo, mostrando a complexidade das relações entre escravos e senhores no contexto histórico e social do sul do Brasil. 

 

 

FILME(ATIVIDADES): FOME DE VIVER - COM GABARITO

 Filme(ATIVIDADES): FOME DE VIVER

 

Data de lançamento: 19 de maio de 1983 (1h 40min)

Gênero: Terror, Drama, Suspense.

Relançamento: 24 de janeiro de 2014.

Direção: Tony Scott.

Roteiro: Michael Thomas.

Elenco: Catherine Deneuve, David Bowie, Susan Sarandon.

Título original: The Hunger

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJQafRTaUWNXjknFkFBG_nnMwRVBuIgjTCyazmUWKZvYCsQNCJvHiR823Qh2zDo37ZYS2eNBi6U7twTAL-eP668ab6YVzkh18IfAXGPw68fX-zMBZGSNBKf2HDawQSwoAizvmga4yEs_eDeqHmRIYQ_ou80zZYKzbD0hPXdVY-rxiXfjDy3iUBrZ2lx_s/s320/FOME.jpg


SINOPSE

        Não recomendado para menores de 18 anos

        Manhattan, Nova York. Miriam Blaylock (Catherine Deneuve) é uma vampira que consegue se manter "viva" e bela através dos séculos com o sangue dos seus amantes. Em retribuição, os jovens e as moças que se envolvem com ela não envelhecem, até Miriam ter tirado bastante sangue deles. Infelizmente seu atual parceiro, John (David Bowie), está tendo um envelhecimento extremamente rápido e a expectativa de vida é de apenas 24 horas. Desesperado, ele procura a ajuda da médica Sarah Roberts (Susan Sarandon), que é especialista em envelhecimento prematuro. 

Entendendo o filme:

01 – Qual é o tema central do filme?

      O filme aborda temas de vampirismo, imortalidade e desejo sexual, acompanhando a história de um casal de vampiros que se envolve com uma jovem médica.

02 – O que acontece com as vítimas de Miriam Blaylock depois que ela se alimenta delas?

      As vítimas de Miriam Blaylock tornam-se vampiros imortais como ela, mas acabam por começar a envelhecer rapidamente, ficando presos em corpos envelhecidos e desfigurados.

03 – Onde se passa a maior parte da história?

      Se passa em Nova York onde muitos dos eventos sobrenaturais ocorrem.

04 – Este filme faz parte de algum gênero específico além do horror?

      Além do gênero de horror, também possui elementos de romance e drama, explorando relacionamentos e questões existenciais.

05 – Que elemento único e simbólico é apresentado no filme, representando a imortalidade dos vampiros?

      Um dos elementos simbólicos da imortalidade é a caixa de mogno que Miriam guarda no sótão, que contém os corpos de todos os seus amantes vampiros ao longo dos séculos.

06 – Qual é o dilema central enfrentado por Sarah Roberts no filme?

      Ela é diagnosticada com uma condição de envelhecimento acelerado após ser mordida por Miriam e se tornar imortal. Ela luta para aceitar sua nova condição e o fardo da imortalidade enquanto busca uma cura para sua situação.