sexta-feira, 16 de junho de 2023

POEMA: PRETENSÃO - ULISSES TAVARES - COM GABARITO

 POEMA: Pretensão

               Ulisses Tavares

eu quero um grande amor,

tá bem, pode ser pequeno,

ok, mas que seja de verdade.

de mentira também serve,

mas que dure bastante,

aceito um rapidinho.

entre o nada e qualquer coisa,

meu coração dança miudinho.

TAVARES, Ulisses. Pretensão. In: Caindo na real.

São Paulo: Moderna, 2004. p. 38.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.68.

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Entendendo o texto

 

01.  O eu poético está à procura de quê? Como deve ser o que ele procura?

Está à procura de um amor. Deve ser grande ou pequeno, de verdade ou de mentira, duradouro ou breve.

02.  Nesse poema, são utilizadas formas verbais por meio das quais o eu poético quer indicar ao leitor que fala de coisas que para ele são certas. Releia o poema e identifique quais das formas verbais utilizadas indicam certeza.

quero, pode, serve, aceito, dança. 

03.  Duas das formas verbais utilizadas no poema aparecem em versos que indicam coisas que podem ou não acontecer. Quais são elas?

seja, dure

04.  Você considera que, ao utilizar essas duas formas verbais, o poeta quis expressar dúvida, uma condição ou um desejo de que algo realmente aconteça?

Um desejo.

POEMA: HUMANIDADE - CAROLINA MARIA DE JESUS - COM GABARITO

 POEMA: “HUMANIDADE”

                Carolina Maria de Jesus

“Depois de conhecer a humanidade
suas perversidades
suas ambições
Eu fui envelhecendo
E perdendo
as ilusões
o que predomina é a
maldade
porque a bondade:
Ninguém pratica
Humanidade ambiciosa
E gananciosa
Que quer ficar rica!
Quando eu morrer…
Não quero renascer
é horrível, suportar a humanidade
Que tem aparência nobre
Que encobre
As péssimas qualidades

Notei que o ente humano
É perverso, é tirano
Egoísta interesseiros
Mas trata com cortesia
Mas tudo é hipocrisia
São rudes, e trapaceiros”.

JESUS, Carolina Maria de. Meu estranho diário. São Paulo: Xamã, 1996. Disponível em:

<www.revistaprosaversoearte.com/carolina-maria-de-jesus-poemas>. Acesso em: 9 ago. 2018.

Fonte: Livro – Português – Conexão e Uso -7º Ano – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho, Editora Saraiva, 1ª ed., São Paulo, 2018.p.19.

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB8jmqeoHBY7x70dG8l855tc1lEe_5MKGFq2ib-MbfQ5bGY2ZttTs9CxdPai5OLWNGuuU719rZDOiE6ShLePalMeGNBXBn0_CmN3PJaKGq6pImwcEvmYVXbiU7MXlROpDggaida0utawazBzhqs5FN3MgqUTe98jagFdbG8dcA7kS0DlJ946BT84__/s320/cAROLINA.jpg



Entendendo o texto

01.  De que trata o poema?

Das desilusões que teve com a humanidade.

02.  É possível deduzir em que época da vida Carolina Maria de Jesus escreveu esse poema?

Resposta pessoal.

03.  No poema, o eu poético se refere a algum ser humano em particular?

Não, fala da humanidade em geral.

 

04.  Quais comportamentos o eu poético critica?

Critica as ambições, perversidades, maldade, ganância, tirania, egoísmo e hipocrisia da humanidade. Também diz que as pessoas são rudes e trapaceiras.

 

 

 

POESIA: MATER DOLOROSA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 POESIA: MATER DOLOROSA

               Castro Alves

Deixa-me murmurar à tua alma um adeus eterno.

em vez de lágrimas chorar sangue, chorar o sangue

de meu coração sobre meu. filho; porque tu deves

morrer, meu filho, tu deves morrer.

Nathaniel Lee


Meu Filho, dorme, dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama - o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Ai! borboleta, na gentil crisálida,
As asas de ouro vais além abrir.
Ai! rosa branca no matiz tão pálida,
Longe, tão longe vais de mim florir.

Meu filho, dorme Como ruge o norte
Nas folhas secas do sombrio chão!
Folha dest'alma como dar-te à sorte?
É tredo, horrível o feral tufão!

Não me maldigas... Num amor sem termo
Bebi a força de matar-te a mim
Viva eu cativa a soluçar num ermo
Filho, sê livre... Sou feliz assim...

- Ave - te espera da lufada o açoite,
- Estrela - guia-te uma luz falaz.
- Aurora minha - só te aguarda a noite,
- Pobre inocente - já maldito estás.


Perdão, meu filho... se matar-te é crime
Deus me perdoa... me perdoa já.
A fera enchente quebraria o vime...
Velem-te os anjos e te cuidem lá.


Meu filho dorme... dorme o sono eterno
No berço imenso, que se chama o céu.
Pede às estrelas um olhar materno,
Um seio quente, como o seio meu.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi95PDEtDlUYLmAsxrFq9GqApSS9jMZzTqj8vu0abJCFUeQRzHDxZ0GJgeTliXVv_aaKaCVH9CAVgOYDax6oZIjA9DOz1BW262zKOJknnV_JCA-oeS-WnIoHLlJHJ9LwBHWANtzswCJJEscvHoRmVv6VAJI_CQB10Y-I3QVB3DQt-K7mNJRTTUzRBim/s320/Dolores%20(2).jpg

(Castro Alves. O navio negreiro e outros poemas.

São Paulo: Saraiva, 2007. p. 31-2.)

Fonte: Livro-Conecte literatura brasileira: William Roberto Cereja/Thereza Cochar Magalhães- 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.228-9.

 

Entendendo o texto

01. Justificar o título do poema "Mater dolorosa".

         O título do poema refere-se à dor materna de entregar o filho à morte para que, futuramente, ele não venha a ser escravo.

02. Com base em "Mater dolorosa", comentar o papel das metáforas na construção da linguagem poética de Castro Alves.

Metáforas como "borboleta", "rosa branca", "ave", "estrela", "aurora", entre outras, conferem à linguagem poética de Castro Alves expressividade, impacto, riqueza de imagens e de sentidos.

03.  Interpretar o poema "Mater dolorosa" e tomar uma posição favorável ou contrária à atitude da mãe e fundamentar seu ponto de vista com argumentos.

         Professor: Qualquer que seja a posição tomada pelo aluno (contrária ou favorável ao gesto da mãe), o importante é que ele fundamente seu ponto de vista com pelo menos um argumento consistente. Sugerimos pedir aos alunos que leiam suas respostas para a classe e, a seguir, abrir a discussão.

POEMA: OLHOS VERDES - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 POEMA: OLHOS VERDES

             Gonçalves Dias

Eles verdes são:
E têm por usança
Na cor esperança,
E nas obras não.
CAMÕES, Rimas

 

São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri;
 Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma – vida, outra – morte;
Uma – loucura, outra – amor.
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7WPQ4YAwcrOGPwUjz4vVG7VeWpr6Dpd3cOxKaosKEfC5PHg5opVoZ2mdkM7frnmHeivyZIPqePRI-XzOljJBR_wmaIiw5OHDdFDtom_lJFhUUP_c-FVazaTtPwx9NLHE3bP0d4DV4lER6nTrb_o0zLN1kdi_2zJVV7L8k12kH3RwiY3GPqG_Nmm3Y/s320/Meus%20Olhas%20Verdes.JPG

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz no coração;
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!



São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

 

Como se lê num espelho,
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
 Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!

 

Dizei vós, ó meus amigos,
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança,
De uns olhos verdes que vi!
 Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
 Depois que os vi!


Dizei vós: “Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!”
Dizei-o vós, meus amigos,
 Que ai de mi!
Não pertenço mais à vida
 Depois que os vi!

(1823-1864)
Cancioneiro do amor – Os mais belos versos da poesia brasileira
Antologia organizada por Wilson Lousada
Livraria José Olympio Editora – 2ª edição, 1952.

Fonte: Livro-Conecte literatura brasileira: William Roberto Cereja/Thereza Cochar Magalhães- 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.199/200.

 

ENTENDENDO O POEMA

01. Explicar por que, sendo o Romantismo contrário à tradição clássica, o poema "Olhos verdes" apresenta como epígrafe versos de Camões.

         Os versos que servem de epígrafe ao poema são escritos na medida velha (redondilhas menores), métrica de origem medieval e muito apreciada pelos românticos.

02. Comentar a importância dos dualismos - como vida/morte, loucura/amor - na construção do texto "Olhos verdes" e confrontá-los com os dualismos barrocos.

        Os românticos apreciavam os dualismos, mas não com a perspectiva conflituosa e cheia de culpa do Barroco, que opunha o mundo material ao espiritual. Os dualismos românticos visavam demonstrar o desarranjo interior provocado pela paixão e, muitas vezes  pela falta de correspondência amorosa.

03. Explicar em que consiste o estado de morto-vivo" do eu linco, no poema Olhos verdes".

       O eu lírico sente-se como um morto-vivo, ou seja, alguém que, embora vivo, morreu interiormente, pois não é correspondido no amor.



quarta-feira, 14 de junho de 2023

POEMA: MINHA CAMA É UM VELEIRO - ROBERT LOUIS STEVENSON - COM GABARITO

 POEMA: MINHA CAMA É UM VELEIRO

                 Robert Louis Stevenson.


A minha cama é um veleiro;
nela me sinto seguro;
com minha roupa de marinheiro,
vou navegando no escuro.


De noite embarco e sacudo a mão
para os amigos no cais;
fecho os olhos e pego o timão:
não ouço nem vejo mais.


Cauto marujo, levo em segredo
para a cama uma fatia
de bolo e também algum brinquedo,
pois é longa a travessia.


Corremos de noite o mundo inteiro;
mas quando chega a alvorada,
eis-me a salvo em meu quarto e o veleiro
de proa bem amarrada.

Fuente:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj52XR_tnRb7MOfDVWsntfwJUL6rg8ZulJqYW9TOuk3pLNz1jYUoq0besviRFTBrTPlvMiHADj_3ZXBJuet6UGVRsZ0O238OVYafTfbkm3ljU2ce4zAXm22PmjpPEy65mluzqdCWLEIeNRVqtvZPktSb13YhB_hbC-DA436OJPmLhEXm_elH7TDKijT/s1600/VELEIRO.jpg


(ln : José Paulo Paes , sei. e trad. Ri melhor quem ri primeiro - Poemas para crianças (e adultos inteligentes). São Paulo: Companhia das Letras, 200 7. p. 22.

Fonte: Livro-Conecte literatura brasileira: William Roberto Cereja/Thereza Cochar Magalhães- 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p.37-8.

Entendendo o texto 

01. Já no primeiro verso do poema, o eu lírico se refere a uma imagem que ele cria antes de dormir.
a) O eu lírico é um adulto ou uma criança? Justifique sua resposta com elementos do texto.

       É uma criança, pois diz que leva para a viagem "uma fatia de bolo e também algum brinquedo", revelando ser ainda criança.

b) Qual é a imagem que ele cria antes de dormir?

    A imagem de estar navegando num veleiro.

 c) Quanto tempo leva a viagem? Que palavras indicam esse tempo?

    Uma noite de sono, conforme indica mas expressões "corremos de noite" e "quando chega a alvorada ".


02. Se dizemos "A cama é macia" ou "O veleiro é seguro", estamos utilizando uma linguagem normal, em que as palavras são empregadas com seu sentido habitual. Contudo, se dizemos "A minha cama é um veleiro", estamos utilizando uma linguagem diferente, poética, em que as palavras compõem imagens e ganham sentidos novos.

a)   O que permitiu ao poeta, no primeiro verso, aproximar cama e veleiro?

O meio utilizado para uma travessia.

 b) A partir da imagem do verso inicial, o eu lírico apresenta outras imagens correlacionadas. A que correspondem as expressões:
• "minha roupa de marinheiro"? o pijama.
"os amigos no cais"? Os colegas e as lembranças do dia.
"cauto marujo"? Criança prevenida, que leva para a cama alimento e distração, caso a noite seja longa e o sono demore a vir.

• pego o timão? A criança dirige e escolhe seus sonhos.
"o veleiro de proa bem amarrada"?
O despertar da criança na segurança de seu quarto.


03. Imagens como "A minha cama é um veleiro" e "[sou] Cauto marujo" são exemplos da figura de linguagem chamada metáfora. O que o uso dessa figura de linguagem acrescenta ao texto?
O uso da metáfora, ao aproximar realidades diferentes, como cama e veleiro, menino e marujo, sono e viagem, enriquece o texto quanto às possibilidades de sentido.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

CRÔNICA: O CORONEL E O LOBISOMEM - JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO - COM GABARITO

 CRÔNICA: O CORONEL E O LOBISOMEM

         Num repente, relembrei estar em noite de lobisomem – era sexta-feira.

Já um estirão era andado quando, numa roça de mandioca, adveio aquele figurão de cachorro, uma peça de vinte palmos de pêlo e raiva…

Dei um pulo de cabrito e preparado estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de consciência, do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCrQIdV5Kx0335zRERbdRYXVq6OlDAJG9f3U4p8zG5zbFD_biOAPzTxWFG5gTR7ukkRuXMMiOHn1zxw13t9TunN9pq_wAw-HH7OTIXuENhLq86Pb1JTnmfCxHsQnkOc_0qjmfjRYrM6SEImM8qBWeoIy57dTS09eHVQl8M7oLYtavmMxMTT-MeFI0h/s433/O%20CORONEL.jpg


– São Jorge, Santo Onofre, São José!

Em presença de tal apelação, mais brabento apareceu a peste. Ciscava o chão de soltar terra e macega no longe de dez braças ou mais. Era trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado. Dos olhos do lobisomem pingava labareda, em risco de contaminar de fogo o verdal adjacente. Tanta chispa largava o penitente que um caçador de paca, estando em distância de bom respeito, cuidou que o mato estivesse ardendo. Já nessa altura eu tinha pegado a segurança de uma figueira e de lá de cima, do galho mais firme aguardava a deliberação do lobisomem. Garrucha engatilhada, só pedia que o assombrado desse franquia de tiro. Sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e lá na esperança de que eu pensasse ser uma súcia deles e não uma pessoa sozinha. O que o galhofista queria é que eu, coronel de ânimo desenfreado, fosse para o barro denegrir a farda e deslustrar a patente. Sujeito especial em lobisomem como eu não ia cair em armadilha de pouco pau. No alto da figueira estava, no alto da figueira fiquei.

(JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO. O Coronel e o Lobisomem. José Olympio, 11a Edição, Rio de Janeiro)

COMPREENSÃO DO TEXTO

01.               Dê o significado das seguintes palavras que aparecem no texto:

                a) estirão –  caminhada longa

                b) carecia – precisava, necessitava

                c) macega – qualquer erva daninha

                d) negaças – engodo, isca

                e) súcia –  multidão de bandidos, malfeitores

                f) denegrir – tirar a fama ou o crédito, infamar

02.               O tempo (momento em que transcorre a ação) e o espaço (local onde ocorre a ação) estão adequados ao fato narrado? Justifique.

Sim. Pois descreve o encontro de um lobisomem, personagem folclórica que segundo seus criadores, só aparece à noite em lugares ermos ou florestas. O texto informa que era “noite de lobisomem – sexta-feira… numa roça de mandioca”.

03.               Em que pessoa é narrado o texto? Quem é o narrador?

É narrado em 1a pessoa. O narrador é Ponciano de Azeredo Furtado.

04.               Pode-se afirmar que o lobisomem é esperto? Justifique sua resposta com elementos do texto.

Sim. O texto informa que o lobisomem era “sabidão, cheio de voltas e negaças, deu ele de executar macaquice que nunca cuidei que um lobisomem pudesse fazer. Aquele par de brasas espiava aqui e lá na esperança de que eu pensasse ser uma súcia deles e não uma pessoa sozinha.”

05.               Aponte uma passagem do texto que indica que o coronel sentiu medo do lobisomem.

“Já nessa altura eu tinha pegado a segurança de uma figueira e lá de cima, do galho mais firme aguardava a deliberação do lobisomem.”

06.               Quais nomes o narrador emprega para designar o lobisomem?

“figurão de cachorro”, “peste”, “penitente”, “assombrado”, “sabidão”, “par de brasas”, “galhofista”.

07.               Indique passagens do texto que revelam a fúria do lobisomem.

“Ciscava o chão de soltar terra e macega no longe de dez braças ou mais.” “Dos olhos do lobisomem pingava labareda…”

08.               Na frase: “Sujeito especial em lobisomem como eu, não ia cair em armadilha de pouco pau”, qual o sentido das expressões em destaque?

Especial – a palavra se refere ao narrador que se considerava um profundo conhecedor de lobisomem;

         Armadilha de pouco pau – emboscadas fáceis de serem descobertas antes de ser cair nelas.

       09.               Pode-se afirmar que o coronel é vaidoso? Justifique sua resposta com elementos do texto.

Sim. “Era trabalho de gelar qualquer cristão que não levasse o nome de Ponciano de Azeredo Furtado.” “…eu, coronel de ânimo desenfreado…”, “Sujeito especial em lobisomem como eu não ia cair em armadilha de pouco pau.”

10.               Aponte duas características do ambiente sociocultural em que se desenrola a ação.

      As características socioculturais que se pode identificar no texto: a) A crença em figuras folclóricas existente entre as pessoas simples e de pouco conhecimento científico que moram na zona rural das cidades;   b) A figura de um protetor rural – o coronel – muito comum em lugares onde as autoridades não fazem chegar a sua ação.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

FILME(ATIVIDADES) RATATOUILLE - COM GABARITO

 Atividade do filme: Ratatouille






01. O que Rémy (rato) gostava mais de fazer em relação aos alimentos?

     Rémy era muito curioso e aprendeu até identificar veneno da comida de origem duvidosa que ele e seu bando consumiam.

    
02. Onde a família do Rémy (rato) moravam no início do filme?

     Vivia no sótão de uma senhora nada simpática.

03. Com quem ele falava através de um livro?

     Com o  Chef Parisiense Auguste Gusteau.

04. Quem era Linguini?

     Alfredo Linguini era o recém contratado para fazer a limpeza do restaurante.

05. Qual foi o primeiro prato que Rémy fez no restaurante?

     Uma sopa.

06. O Chef Parisiense Auguste Gusteau já era falecido e aparecia no pensamento do ratinho com que  lema?

"Qualquer um pode cozinhar".   

07. Por que o chef  Skinner queria acabar com o Linguini?

    Porque Gusteau deixou um testamento, onde revela que Linguini é na verdade seu filho e herdeiro.

 08. Que acontece após uma perseguição do chef Skinner a  Rémy?

      Rémy  entrega o testamento a Linguini que toma posse do restaurante.

09. Por que o restaurante foi fechado?

      Foi denunciado, porque encontraram ratos.

10. Que tipo de comida o Rémy gostava de fazer?

     O Ratatouille.
11. Pra você qual é a importância de se alimentar bem? De ter hábitos saudáveis?

     Resposta pessoal.
12. Qual era o verdadeiro talento de Linguini?

      Seu talento era de servir as mesas usando patins.

 13. O Ratatouille é uma receita clássica francesa. Como é seu preparo?

       Seu preparo tem como ingredientes principais a berinjela e o tomate. Adicionado à eles, podem estar no preparo abobrinha e pimentão, entre outros legumes assados. Tudo isso é completado com molho de tomate. Uma combinação colorida, levemente apimentada e muito gostosa. O Ratatouille pode ser servido quente ou frio, como prato principal ou acompanhamento. 

 



sábado, 8 de abril de 2023

TEXTO: A COR DE UM PAÍS PLURAL - PRECONCEITO RACIAL - COM GABARITO

 TEXTO: A COR DE UM PAÍS PLURAL

“E aí, neguinho?”, “Ô, Pelé, pega aquela caixa!”, “Tudo bem, japa?”, “Entra aí, alemão!”, “Me dá uma bala, meu: você parece turco!”. Quem nunca ouviu no dia-a-dia frases como essa? O Brasil se diz um país sem preconceito racial, mas será que essas frases não ocultam algum tipo de preconceito?

A seguir você vai ler um painel de textos, com depoimentos importantes de pessoas que já viveram situações relacionadas com o preconceito racial.

O PRECONCEITO RACIAL

TEXTO I

       No ano passado, eu passeava num shopping de Curitiba com a minha mãe, quando gostei de uma blusa.

      Entrei na loja. Vi o preço. Era caríssima. Mesmo assim, quis experimentar.

      Mas ninguém me atendia. As vendedoras me olhavam de cima para baixo.

      Olhavam e faziam que não me viam. Fiquei nervosa e fui embora. Disse à minha mãe o que tinha acontecido. Decidi, então, voltar. Entrei e contei até dez. Todos continuavam a me ignorar. Aí explodi. “Será que tenho de abrir minha bolsa e mostrar o cartão de crédito?” Virei as costas e sai. A gerente então correu atrás de mim. Tentou me explicar que não podia adivinhar que eu tinha dinheiro para comprar a blusa. Não quis ouvi-la, não. Poxa, só porque sou negra não posso ter dinheiro? O preconceito existe, sim. [...]

Cinthya Rachel, 18 anos, a Biba do Castelo Ra-Tim-Bum.(Veja, 24/6/1998.)

TEXTO II

       Moro num prédio de classe média. Aos nove anos, eu era o único negro. Três amigos meus viviam chamando meus pais de “Café” e “King Kong”. Eu me sentia humilhado. O síndico dizia que lugar de negro era na senzala. Aos onze anos, deixei de frequentar o playground. Ficava em casa. Nunca mais brinquei no prédio. Mas não jeito. Se saio na rua cinco vezes, em pelo menos uma sou insultado. No ano passado, ao voltar do colégio a pé, o motorista de uma Kombi jogou o carro em cima de mim e gritou: “Vai para casa, macaco”. Na época em que me isolei dos garotos do prédio, todos os fins de semana meus pais arrumavam programas fora de casa para mim. Num deles fomos à Hípica e decidi aprender a montar. Comecei a competir. Em seis anos, ganhei 18 medalhas e 2 troféus. O hipismo me ajudou a superar o problema do preconceito.

Augusto Modesto, 16 anos, estudante em São Paulo (Idem)

TEXTO III

        Em 1968, [a atriz Zezé Mota], aos 25 anos, com o Teatro de Arena, estreou uma temporada no Harlem, reduto dos negros pobres de Nova York. O movimento black power ainda não havia eclodido com toda a sua força, mas os negros americanos já procuravam substituir o sentimento de humilhação por um tipo de orgulho barulhento da raça. Zezé apareceu usando uma peruca no estilo Chanel – cabelos lisos, escorridos. “Os americanos perguntaram a Boal (Augusto Boal, diretor do grupo) por que eu usava um cabelo que não era de negro se eu era negra”, lembra a atriz. Zezé arrancou a peruca. Mas seus cabelos de verdade continuavam a não ser os de uma negra. Estavam alisados. “Voltei para o hotel, lavei o cabelo e assumi meu lado negro”, conta. “Foi um batismo.”

Zezé Mota, cantora e atriz (Idem)

Fonte da imagem-https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNEO7IOjTZNfzMNlsU6pVCP9_tcnQZmz4ddXrachqcfBSdV7vCZ_3q34vUrzxJSdYGIMoPah9_MSqBGA0gcFqPIVy479GJlxNQXYpj1wpJHyEtDmo63tVmERfOzbwheyh6WV6CiXum-tPAn37caX-lQnzlctVrVPRAqoOzd0ar6WU5LX6hau5YKfiW/s320/cabelo-crespo-como-cuidar.jpg


TEXTO IV

       Desde os 12 anos, coloquei na minha cabeça que eu poderia me dar bem no futebol. Era um sonho, eu sabia. Então, por segurança, estudava para ser torneiro mecânico. Enquanto eu vendia pastéis em feiras livres, meus dois irmãos capinavam o jardim dos vizinhos. Mamãe oferecia tapetes nas ruas e papai era gari da prefeitura. A vida era difícil. Refrigerante e frango, só aos domingos. Na escola, como eu não tinha dinheiro para comprar doces na hora da merenda, meus amigos diziam: “Também, teu pai é preto e lixeiro”. Até hoje me lembro de um garoto branco, o Marcos. Ele era muito rico para os nossos padrões, mas era o único que não se incomodava com a minha cor. Era meu melhor amigo. Trocávamos as roupas e ele deixava eu usar as dele, muito mais caras e bonitas do que as minhas. Eu nunca ia às festas boas do meu bairro. Tinha medo da discriminação. Sei que os grã-finos me olhavam de maneira diferente, então procurava o povão em bailes funk. Tudo isso era triste para mim, mas a pior decepção foi quando me apaixonei pela filha de um marinheiro. Ele não admitia vê-la ao lado de um negro com cabelo black power. E esse racista arruinou tudo.

Marcelo Pereira Surcin, o Marcelinho Carioca, jogador de futebol (Idem)

TEXTO V

       Nossa raça ficou muito tempo no escuro, mas agora somos uma sensação. A revolução começou pela estética. O negro, hoje, se acha bonito, se veste melhor. Sou um modelo para os meninos que, como eu, foram criados na pobreza das periferias. Zelando pela minha imagem, me cuidando, sei que posso melhorar a autoestima dessa garotada e servir de exemplo para eles. Não bebo, não fumo, não curto drogas. [...] Precisamos crescer com consciência, seguir uma ideologia, promover ações solidárias. Nossos pais eram aplaudidos quando deixavam a escola para trabalhar. Nossos avós pensavam “que bom, meu filho não é vagabundo”. Resultado: ficaram burros. Não tínhamos cultura para nos relacionar com o branco, que por sua vez não sabia como tratar o negro. A minha geração também começou a trabalhar cedo, mas não largou os estudos. Meus pais sempre disseram que eu devia ser melhor que eles. Que eu tinha de trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Por isso, a luta contra o preconceito é mais eficiente.

José de Paula Neto, o Netinho, vocalista do Negritude Júnior(Idem).

TEXTO VI

       Numa das aulas de um curso de pós-graduação, fui incumbida pela professora de observar a apresentação de alguns trabalhos de colegas da sala e fazer um comentário avaliativo.

        Depois de concluída minha exposição, a professora comentou: “O debate foi tão intenso que a “japoronga” até arregalou os olhos!”. Nesse momento, me senti paralisada pela crueldade das palavras. Não consegui fazer nada, a não ser esboçar um sorriso sem graça e sentar-me quieta. Fui embora com um sentimento de tristeza tão grande, pensando que mesmo no meio universitário ainda teria que ouvir comentários pejorativos como esse.

        Entender  que atitudes e palavras como essas, ainda que sutis, são expressões de preconceito foi um processo doloroso para mim, que me acompanhou por toda a vida e em todos os lugares.

Cristina Akisino, brasileira, neta de japoneses, pesquisadora iconográfica em São Paulo

Fonte: Livro- Português: Linguagem, 6ª Série- William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães, 2ª.ed – São Paulo: Atual Editora, 2002.p.114-7.

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

01. No texto I, Cinthya conta a experiência que teve ao querer comprar uma blusa. Releia a explicação que a gerente deu a Cinthya.

a)   Na sua opinião, os funcionários da loja agiriam da mesma forma com uma pessoa branca, mas vestida com roupas simples?

Provavelmente sim, pois pareceu que o procedimento normal é não atender quem supostamente não tem condições de comprar.

b)   O preconceito manifestado pelas pessoas dessa loja é social, racial ou dos dois tipos?

É primeiramente social, contudo, pode ser também racial, pois a vendedora, pelo fato de a cliente ser negra, achou que ela não tivesse dinheiro para comprar a blusa.

02. No texto II, Augusto sentia-se humilhado por causa do preconceito que sofria. O hipismo, porém, mudou a vida dele. Por que você acha que isso aconteceu?

Resposta pessoal.

Sugestão: Porque o esporte melhorou a autoestima do garoto, isto é, fez com que visse que ele tinha valor.

03. A atriz Zezé Mota conta que o contato com os negros americanos, em 1968, foi para ela uma espécie de batismo. Que sentido tem essa palavra nesse contexto?

A atriz dá a entender que, a partir dessa experiência, ela se assumiu como negra, iniciou uma fase nova em sua vida, agora com uma identidade negra.

04. No depoimento do jogador Marcelinho Carioca, há exemplos de pessoas preconceituosas e exemplos de pessoas sem preconceito.

a)   Quais são os exemplos de pessoas sem preconceito?

O amigo Marcos e a namorada branca.

b)   De acordo com o texto, a ausência de preconceitos pode aproximar as pessoas? Justifique sua resposta.

Sim. A amizade entre Marcelinho e Marcos mostra justamente que, quando não há preconceito, podem acontecer relações verdadeiras entre as pessoas.

c)   Pelo que conta o jogador, o preconceito leva a vítima ao isolamento? Por quê?

Sim, porque a vítima fica com medo de se expor e sofrer agressões, conforme mostra o exemplo das festas de grã-finos do bairro.

05. De acordo com o depoimento do cantor Netinho, a revolução entre os negros começou pela estética. Mas o texto acaba revelando outro tipo de revolução.

a)   O que o cantor quer dizer com a palavra estética?

Ele se refere ao reconhecimento da beleza do negro pelo próprio negro. Antes o negro se depreciava, hoje ele se acha bonito.

b)   Qual é o outro fator importante que acabou dando mais condições aos negros de se destacarem socialmente? Por que ele é importante?

Os estudos, pois, de acordo com o cantor, com cultura o negro fica mais preparado para se relacionar com o branco e combater o preconceito.

06. Na situação vivida por Cristina Akisino em sala de aula:

a)   Você acha que a intenção da professora era magoar a aluna, debochando dela perante a classe?

Resposta pessoal.

b)   O comentário da professora revela preconceito racial ou não? Por quê?

Sim, porque, além de empregar “japoronga” – termo geralmente usado de forma pejorativa -, a professora se referiu a característica raciais da aluna, sem que houvesse nenhuma necessidade naquela situação.