domingo, 31 de julho de 2022

CONTO: CIRCUITO FECHADO (1) - RICARDO RAMOS - COM GABARITO

 Conto: Circuito fechado (1)

            Ricardo Ramos

     Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

RAMOS, Ricardo. Circuito fechado: Contos. Rio de Janeiro: Record, 1978. p. 21-22.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 103-4.

Entendendo o conto:

01 – Que impressão você teve ao ler o texto “Circuito fechado”?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: À primeira vista, o texto parece ser apenas uma enumeração de palavras e expressões. Porém, à medida que se avança na leitura atenta, concluímos que se trata de um texto do gênero conto.

02 – Qual é enredo desse conto?

      O cotidiano de uma pessoa.

03 – Em geral, verbos, advérbios e locuções adverbiais constroem a sequência temporal de uma narrativa.

a)   O autor usou esse recurso no conto que você acabou de ler?

Não.

b)   Que recursos linguísticos ajudam o leitor a perceber a sequência temporal de “Circuito fechado”?

A repetição de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas que sugerem ações rotineiras, que fazem parte do dia-a-dia.

04 – Se você conseguiu perceber o enredo, ou seja, a sucessão de fatos que acontecem em determinado tempo e lugar, sabe que deve haver uma personagem em “Circuito fechado”. Quem é essa personagem e quais são suas características? Justifique.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Pode-se identificar uma personagem do sexo masculino com base na nomeação de alguns de seus objetos de uso pessoal, como creme de barbear, pincel, gilete, cueca, camisa, abotoaduras, calça, gravatas, paletó, etc. Trata-se de um executivo/publicitário, provavelmente é uma pessoa de classe média.

05 – O conto “Circuito fechado” foi publicado pela primeira vez em 1972. Se tivesse sido escrito atualmente, quais elementos/objetos poderiam fazer parte do cenário descrito?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Celular, boxe de banheiro, banheira de hidromassagem, computador, notebook, laptop, aparelho de som, TV, vídeo game, DVD, fone de ouvido, controle remoto, etc.

06 – Determine:

a)   O tempo cronológico da narrativa.

Um dia na vida de uma pessoa (manhã, tarde e noite).

b)   Os espaços.

Casa, automóvel, local de trabalho da personagem, táxi, restaurante.

07 – Toda história pressupõe um leitor (real ou imaginário) e é contada de um ou mais pontos de vista. Nesse conto, qual é o foco narrativo, ou seja, a história é contada a partir de que ponto de vista? Responda no caderno.

a)   O próprio personagem conta o que fez e o que pensa.

b)   Um narrador conta o que observa, enumerando palavras e expressões relacionadas a ações cotidianas.

c)   Não é possível determinar um foco narrativo. Há vários.

d)   Quem narra também participa dos acontecimentos do enredo.

e)   Pela sua estrutura, o conto dispensa um narrador.

08 – Que ações se repetem? Explique.

      Hábitos de higiene, de tomar café, fumar, telefonar, escrever. Isso fica claro a partir da repetição das palavras e expressões associadas a essas ações.

 

ARTIGO EXPOSITIVO: LITERATURA LEITORES E LEITURA - MARISA LAJOLO - COM GABARITO

 Artigo expositivo: Literatura leitores e leitura                 

                               Marisa Lajolo

        Não se pode dizer que literatura é aquilo que cada um considera literatura? Por que não incluir no conceito de literatura as linhas que cada um rabisca em momentos especiais, como o poema que seu amigo fez para a namorada, mandou para ela e não mostrou para mais ninguém? Por que não chamar de literatura a história de bruxas e bichos que de noite, à hora de dormir, sua mãe inventava para você e seus irmãos? [...]

        Esses textos não têm a mesma cidadania literária que o romance famoso de Gustave Flaubert (1821-1880) ou de José de Alencar (1829-1877)? [...]

        E discutir literatura é abrir os olhos e ouvidos, e olhar e ouvir em volta, ler livros, meditar sobre as frases pintadas a spray em muros e edifícios da cidade, e fazer a eles a pergunta: o que é literatura? [...]

        Alguns livros são muito conhecidos e estão em todas as livrarias, todos conhecem o nome de quem os escreveu. [...]

        Já outros – muitos e muitos outros – não desfrutam desta festa toda.

        Seus nomes são desconhecidos, suas obras são difíceis de serem encontradas, não constam das bibliotecas, ninguém fala delas. Eles imprimem às vezes seus próprios livros e não encontram leitores para além da família e dos amigos mais próximos.

        Em pequenas comunidades, cantadores, repentistas, contadores de histórias – embora só raramente projetem seus nomes nos circuitos eruditos das grandes cidades – são amados e respeitados por um público, que é fiel a eles.

        Enquanto isso, em segmentos modernos e requintados da indústria livreira, livros de grande sucesso – os best-sellers – podem ser escritos em uma espécie de linha de montagem, começando a produção da obra por um levantamento das expectativas do público: tipo de história de que gosta mais, frequência esperada de cenas de sexo e de violência, cenários e ambientes preferidos, coisas assim. Com base nesses dados, pode-se escrever um romance sob medida para um certo tipo de público. Como investimento comercial, livros desse figurino correm riscos mínimos e oferecem boas perspectivas de retorno financeiro. [...]

        Com formas tão diferentes de produção e circulação de objetos igualmente denominados literatura, será que é possível defini-la? Vamos chamar igualmente de literatura os romances de autores contemporâneos consagrados como Ariano Suassuna e Lya Luft, poesias de Manoel de Barros ou de Adélia Prado e as produções quase anônimas de cantadores de feira e autores marginais? Vão para o mesmo saco (de gatos...) best-sellers escritos quase que de encomenda e requintadas obras de vanguarda que apenas poucos leitores entendem? [...]

        Será que são literatura os poemas adormecidos em gavetas, pastas, fitas, disquetes, CDs, cadernos e arquivos pelo mundo afora, os romances que a falta de oportunidade impediu que fossem publicados, peças de teatro nunca lidas nem encenadas e que jamais encontrarão ouvidos de gente? Será que tudo isso é literatura?

        Pode ser, pode ser...

        E, se não é literatura, por que não é? Para uma coisa ser considerada literatura tem de ser escrita? Tem de ser editada? Tem de ser impressa em livro e vendida ao público? [...]

        A resposta é simples. Tudo isso é, não é e pode ser que seja literatura. Depende do ponto de vista, do significado que a palavra tem para cada um, da situação na qual se discute o que é literatura. [...]

LAJOLO, Marisa. Literatura: leitores e leitura. São Paulo: Moderna, 2001. p. 12-16.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 92-4.

Entendendo o artigo expositivo:

01 – Registre no caderno a alternativa que melhor sintetiza o objetivo do texto.

a)   Conceituar literatura de forma objetiva.

b)   Problematizar conceitos de literatura do ponto de vista da indústria cultural, dos leitores e da tradição.

c)   Valorizar a literatura popular, os repentistas e os contadores de história.

d)   Mostrar as origens da literatura do ponto de vista histórico.

e)   Criticar uma certa parcela de leitores que valoriza best-sellers.

02 – Releia a seguinte passagem:

        “Esses textos não têm a mesma cidadania literária que o romance famoso de Gustave Flaubert (1821-1880) ou de José de Alencar (1829-1877)?”

a)   A que se refere expressão Esses textos?

Refere-se aos exemplos de textos citados anteriormente: textos escritos e não publicados, contos infantis, etc.

b)   O que significa a expressão de sentido figurado cidadania literária?

A expressão foi usada para caracterizar os textos que costumam ser destacados pela crítica dos jornais, pela mídia e o ambiente acadêmico (escolas, universidades, etc.)

03 – Leia o verbete:

        Best-seller: [...] [Ingl.]

1.   Livro que é um sucesso de livraria, que vende muito.

Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI.

a)   Conforme a definição acima, você já leu algum best-seller? Qual?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Qual é a opinião da autora do texto sobre os best-sellers?

Ela os considera uma literatura com objetivo mais comercial.

c)   Em que trecho do texto ela demonstra esse ponto de vista?

“Espécie de linha de montagem, começando a produção da obra com um levantamento das expectativas do público”, “Como investimento comercial”.

d)   Você concorda com a opinião de Marisa Lajolo a respeito dos best-sellers? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

04 – Que tipo de frase é usado nos dois parágrafos iniciais? Com que objetivo?

      Frases interrogativas, usadas com o objetivo de problematizar o conceito de literatura.

05 – Para garantir a continuidade do assunto (a temática do texto), a autora articula as ideias usando recursos sintáticos (relação entre palavras e ideias) e semânticos (escolha de vocábulos). Identifique a alternativa em que esses recursos não foram interpretados corretamente e corrija-a no caderno.

a)   [...] Esses textos não têm a mesma cidadania literária [...]

Retoma a ideia do parágrafo anterior, usando a palavra “textos”, de sentido mais amplo (hiperônimo).

b)   [...] Já outros – muitos e muitos outros – não desfrutam desta festa toda. [...]

Contrapõe escritores desconhecidos a escritores consagrados.

c)   [...] Enquanto isso, em segmentos modernos e requintados da indústria livreira [...]

Introduz uma situação simultânea mas contrastante em relação à do parágrafo anterior: best-sellers x literatura popular.

d)   [...] A resposta é simples. Tudo isso é, não é e pode ser que seja literatura. [...]

Enfatiza o que foi perguntado nos parágrafos anteriores.

A autora não enfatiza o que foi perguntado, mas responde, resumindo as questões apontadas ao longo do texto

REPORTAGEM: UMA GERAÇÃO DESCOBRE O PRAZER DE LER - (FRAGMENTO) - BRUNO MEIER - COM GABARITO

 Reportagem: Uma geração descobre o prazer de ler – Fragmento

                       Bruno Meier

        Ler obras juvenis ou best-sellers é apenas o começo de uma longa e produtiva convivência com os livros. Essa é a lição que anima os jovens a se aventurarem na boa literatura atual e nos clássicos

        [...] Em janeiro, a universitária Iris Figueiredo, de 18 anos, anunciou em seu blog a intenção de organizar encontros para discutir clássicos da literatura. A ideia era reunir jovens que estavam cansados de ler as séries de ficção que lideram as vendas nas livrarias e passar a ler obras de grandes autores. Trinta respostas chegaram rapidamente. No mês seguinte, o evento notável de Iris começou: vinte adolescentes procuraram uma sombra junto ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói – cada um com seu exemplar de Orgulho e Preconceito, da inglesa Jane Austen, debaixo do braço e sentaram-se para conversar. Durante duas horas, leram os trechos de sua preferência, analisaram a influência da autora sobre escritores contemporâneos (descobriram, por exemplo, que certas frases do romance foram emuladas em diálogos da série O Diário de Bridget Jones, de Helen Fielding) e destrincharam os dilemas pelos quais passaram a vivaz Elizabeth Bennett e o arrogante Mr. Darcy, os protagonistas do romance. Iris se entusiasma ao falar do sucesso de suas reuniões que já abordaram títulos como O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, 1984, de George Orwell, e Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Desde pequena, ela é boa leitora. Mas foi só ao descobrir a série Harry Potter que se apaixonou pela leitura e a transformou em parte central de seu dia a dia. Quando a saga do bruxinho virou mania entre as crianças e os adolescentes, uma década atrás, vários críticos apressaram-se em decretar que esse seria um fenômeno de resultados nulos. Com o eminente crítico americano Harold Bloom à frente, argumentavam que Harry Porter só formaria mais leitores de Harry Potter os livros da inglesa J.K. Rowling seriam incapazes de conduzir a outras leituras e propiciar a evolução desses iniciantes. Jovens como Iris desmentem essa tese de forma cabal. Ler é prazer. E, uma vez que se prova desse deleite, ele é mais e mais desejado. Basta um pequeno empurrãozinho como o que a universitária ofereceu por meio do convite em seu blog - para que o leitor potencial deslanche e, guiado por sua curiosidade, se aventure pelos caminhos infinitos que, em 3000 anos de criação literária, incontáveis autores foram abrindo para seus pares.

        Várias vezes, no decorrer do último século, previu-se a morte dos livros e do hábito de ler. O avanço do cinema, da televisão, dos videogames, da internet, tudo isso iria tornar a leitura obsoleta. No Brasil da virada do século XX para o XXI o vaticínio até parecia razoável: o sistema de ensino em franco declínio e sua tradição de fracasso na missão de formar leitores, o pouco apreço dado à instrução como valor social fundamental e até dados muito práticos, como a falta e a pobreza de bibliotecas públicas e o alto preço dos exemplares impressos aqui, conspiravam (conspiram, ainda) para que o contingente de brasileiros dados aos livros minguasse de maneira irremediável. Contra todas as expectativas, porém, vem surgindo uma nova e robusta geração de leitores no país movida, sim, por sucessos globais como as séries Harry Porter, Crepúsculo e Percy Jackson. [...]

        Também para os cidadãos mais maduros abriram-se largas portas de entrada à leitura. A autoajuda (e os romances com fortes tintas de autoajuda, como A Cabana) é uma delas; os volumes que às vezes caem nas graças do público, como A Menina que Roubava Livros, ou os autores que tem o dom de fisgar com suas histórias, como o romântico Nicholas Sparks, são outra. E os títulos dedicados a recuperar a história do Brasil, como 1808, 1822 ou Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, são uma terceira, e muito acolhedora, dessas portas. É mais fácil tornar a leitura um hábito, claro, quando ela se inicia na infância. Mas qualquer idade é boa, é favorável, para adquirir esse gosto. Basta sentir aquele comichão do prazer, e da curiosidade – e então fazer um esforço, bem pequeno, para não se acomodar a uma zona de conforto, mas seguir adiante e evoluir na leitura.

 


          [...]

VEJA Especial. São Paulo, ed. 2217, ano 44, n° 20, 18 maio 2011, p. 98-108.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 85-7.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Cético: Que duvida de tudo, descrente.

·        Cobal: Rigorosa; completa, perfeita.

·        Vaticínio: Ato de adivinhar o futuro.

·        Comichão: Desejo irresistível, urgente, premente.

02 – Qual é a ideia central dessa reportagem?

      Os jovens descobrem o prazer de ler por meio da leitura de obras juvenis e de best-sellers.

03 – Segundo a reportagem, o que tem contribuído para a formação de uma nova geração de leitores no país?

      A leitura de obras juvenis ou de best-sellers pelos jovens e a leitura de obras de autoajuda e de romances com elementos capazes de atrair o público adulto.

04 – Muitos especialistas apontam o uso das novas tecnologias como uma ameaça ao hábito da leitura. As informações apresentadas na reportagem negam ou confirmam isso? Explique.

      Negam, relatando que, por meio de um blog, uma universitária organizou encontros para discutir clássicos da literatura.

05 – Para escrever uma reportagem, o repórter faz entrevistas com especialistas ou testemunhas. Quem Bruno Meier entrevistou e o que o(a) entrevistado(a) faz?

      Ele entrevistou a universitária Íris Figueiredo, de 18 anos, que organiza encontros de discussão e leitura de clássicos da literatura.

06 – Leia o verbete:

        Emular [do lat. Aemulare] V. t. d.

1.   Ter emulação com; rivalizar ou competir com; disputar preferência a: Grande ambicioso, não se impõe limites: emula amigos e inimigos.

2.   Pôr-se par a par de; igualar: O jovem poeta procura emular Carlos Drummond de Andrade.

3.   Seguir o exemplo de; imitar. [...]

Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI.      

a)   Explique o sentido da palavra emuladas em:

“[...] Descobriram, por exemplo, que certas frases do romance foram emuladas em diálogos da série O Diário de Bridget Jones, de Helen Fielding. [...]”

Imitadas, copiadas. Corresponde à acepção 3 do verbete.

b)   O que se pode deduzir dessa afirmação?

Pode-se deduzir que os escritores contemporâneos são influenciados pelos autores clássicos e os imitam.

07 – Releia o trecho a seguir:

        “[...]Quando a saga do bruxinho virou mania entre as crianças e os adolescentes, uma década atrás, vários críticos apressaram-se em decretar que esse seria um fenômeno de resultados nulos. Com o eminente crítico americano Harold Bloom à frente, argumentavam que Harry Porter só formaria mais leitores de Harry Potter os livros da inglesa J.K. Rowling seriam incapazes de conduzir a outras leituras e propiciar a evolução desses iniciantes. [...]”. Segundo a reportagem, isso se confirmou?

      Não. Na reportagem se afirma que, apesar dessas expectativas, está surgindo no Brasil uma grande geração de leitores, motivada “por sucessos globais como as séries Harry Porter, Crepúsculo e Percy Jackson”.

08 – Releia mais este trecho:

        “[...] No Brasil da virada do século XX para o XXI, o vaticínio até parecia razoável: [...]”.

a)   Vaticínio tem o sentido de profecia. A que vaticínio o trecho acima se refere?

À morte dos livros e ao hábito de ler.

b)   O que sustentava a crença nesse vaticínio?

Problemas no sistema de ensino, sua tradição de fracasso na formação de leitores, o pouco valor dado à ilustração formal como valor fundamental, a falta de bibliotecas públicas e o pequeno acervo das existentes e o alto preço dos livros.

09 – Releia:

        “[...]a falta e a pobreza de bibliotecas públicas e o alto preço dos exemplares impressos aqui, conspiravam (conspiram, ainda) para que o contingente de brasileiros dados aos livros minguasse de maneira irremediável. [...]”.

a)   Qual é o sentido das formas verbais conspiravam e conspiram, nesse trecho?

Iam/vão contra o acesso do público aos livros e à leitura.

b)   Qual é o significado do trecho que está entre parênteses?

Acrescenta-se, dessa forma, a informação de que esses problemas ainda persistem.

10 – Explique o sentido de “Um livro puxa outro”, de acordo com o contexto em que foi usado.

      Um livro puxa outro” significa que a leitura de um best-seller destinado ao público jovem, como Harry Potter (de J. K. Rowling), por exemplo, pode levar à leitura de muitos outros clássicos, como Grande sertão: veredas (de Guimarães Rosa) todos os citados no quadro, entre outros.

 

CHARGE: POESIA É VOAR FORA DA ASA - BLOGDOELIOMAR/CHARGE- COM GABARITO

 Charge: Poesia é voar fora da asa

 

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjixDX_B6Dgui_QrDSiNyvuKB7GlC6cGaWHokrarkMKQ42sFjmbqTmt6TN6J5LxPdRXZ7-j7oeIeq7JfaoCi6mEmnG3dW5xGLPm98lS__c6IjMYhgZFZ3SQP_ihK0kXoks3WTbky0TV6fnnuYUKgqvA3MGkqC7COYztAmyjuScKYEVRMt9F61wrQhz3/w346-h270/POESIA.jpg

Disponível em: blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/charge-clayton-259. Acesso em: 20 jan. 2016.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 66-7.

Entendendo a charge:


01 – O que a imagem da charge representa?

      O poeta Manoel de Barros transmutando-se, transformando-se em pássaros.

02 – Explique a metáfora empregada no verso de Manoel de Barros: “Poesia é voar fora da asa”.

      A metáfora remete à ideia de que, por meio da leitura e da escrita, é possível se deslocar para outros lugares, para outras realidades.

03 – Observe na charge a caricatura do poeta: os braços abertos, a expressão facial, o sorriso largo, o rosto alegre. O que podemos deduzir a partir dela?

      O caricaturista destaca traços da personalidade do poeta: pessoa de bem com a vida, feliz com seu ofício de escrever, de criar; e sempre “de braços abertos para o mundo”.

 

INFOGRÁFICO: CONSUMO HUMANO DE ÁGUA NO MUNDO - COM GABARITO

 Infográfico: Consumo humano de água no mundo

 

Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwvR4qGpZH-u7ZPRQSPENL50wR5Qme1N3r5y3LUt76Qs4VMre5o1VAWQlHEvB0hmdl7ztsthRhkx6IiX5wVrkffrC46PPmCQNP1v8OkiX5Hj-rqErd8Y0DBPKZYji1IXyQXg4oWhF-vTSyck4afv0HMdcLgsIWpC1Vg_IHIkUYBQeDwzQpAlOG6viP/w437-h258/agua.png 

Disponível em: www.planetasustentavel.abril.com.br/download/stand2-painel5-agua-por-pessoa2.pdf. Acesso em: 19 jan. 2016.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 65-6.

Entendendo o infográfico:

01 – Qual é o tema do infográfico que você leu?

      O consumo de água em diferentes países, continentes e regiões do planeta.

02 – Explique as seguintes informações, apresentadas por meio da linguagem não verbal.

a)   Linha ondulada separando a área amarela da área azul.

Remete à superfície da água.

b)   Imagens de figuras humanas.

Habitantes de diferentes países, continentes e regiões do mundo.

c)   Escala em azul-claro sobre os desenhos das pessoas.

Indica a quantidade de água consumida.

d)   Bandeiras.

A nacionalidade das pessoas; países, continentes ou regiões de origem.

e)   Balão vermelho.

Dá destaque à informação sobre a quantidade de pessoas sem acesso à água potável.

03 – Nos infográficos, a função informativa da linguagem costuma predominar. Essa é a função predominante desse texto? Explique.

      Não. Apesar de esse infográfico cumprir a função informativa de apresentar informações a respeito do consumo de água no mundo, predomina a função conativa, apelativa, o que se nota em: 1) Convencer o público-alvo da necessidade de economizar água; 2) Alertar o público-alvo para o consumo desigual da água e para a necessidade de distribuição mais igualitária, dessa riqueza natural.

04 – De acordo com o infográfico, o consumo de água é maior nos países ricos ou pobres? Explique.

      O consumo é maior nos países mais ricos: Canadá, Estados Unidos, Japão, países da Europa. O Brasil gasta 187 litros (por dia, em média por pessoa) e os países da África Subsaariana até 29 litros. Isso mostra a desigualdade de acesso à água, que é indispensável à vida humana.

05 – Quando esse infográfico foi produzido, a população mundial era de cerca de 7,4 bilhões de pessoas e a população sem acesso à água potável era de 1,1 bilhão de pessoas, ou seja, 15% do total. Pesquise e atualize essas informações. Depois, com um colega, analisem se a distribuição de água potável está sendo feita de maneira igualitária. Socializem as descobertas de vocês.

      Resposta pessoal do aluno.

 

REDAÇÃO: O VOLANTE, O LOBO DO HOMEM - TAISSA GONÇALVES LEAL - COM GABARITO

 Redação: O volante, o lobo do homem

                  Taissa Gonçalves Leal

    Egoísmo, irresponsabilidade e traços mais do que meramente vestigiais de irracionalidade: essas são as únicas explicações cabíveis para tentar justificar o que leva uma pessoa que consome bebida alcoólica a dirigir e pôr em risco a sua e tantas outras vidas. A Lei Seca, que recentemente foi implantada no Brasil, tem o intuito de coibir a associação de álcool e direção, e de reduzir o número de mortes causadas por essa associação. Apesar de já mostrar alguns resultados, a lei demanda maior fiscalização, pois é preciso eliminar a habitual certeza de impunidade que há no país.

        Thomas Hobbes, filósofo inglês, dizia que o estado de natureza humano é um risco à sobrevivência da própria espécie, e que instituições que regulamentem o comportamento e as ações do homem são essenciais para evitar o caos e a extinção da humanidade. A Lei Seca é uma dessas instituições. Mesmo cientes de que o álcool como droga neurodepressora altera a capacidade de raciocínio, reflexo e de coordenação motora, muitos motoristas, por comodidade e falta de responsabilidade, não demonstram o mínimo apreço ou zelo pela vida quando decidem dirigir após terem consumido bebida alcoólica.

        Apesar de já implantada, a Lei Seca ainda não atingiu o seu potencial. É preciso que haja um compartilhamento de responsabilidades entre Estado e sociedade para que os objetivos dessa lei sejam alcançados com maior eficácia. O Estado precisa destinar mais verbas à fiscalização, colocar mais policiais equipados com etilômetros nas vias para que os transgressores da lei sejam devidamente punidos. Também fazem-se necessários investimentos em palestras públicas que mostrem a realidade e o sofrimento de famílias que perderam entes em acidentes relacionados ao uso de álcool, e os sobreviventes cujas sequelas trouxeram dificuldades crônicas para suas vidas. A Educação no Trânsito deveria ser inserida na grade curricular obrigatória das escolas para que crianças e adolescentes tenham contato e consciência das responsabilidades as quais é preciso ter como motorista, passageiro, ciclista ou pedestre.

        Como dizia Hobbes: “O homem é o lobo do homem”. Portanto, a Lei Seca é um mecanismo essencial para que o homem não se torne, ao mesmo tempo, predador e presa de sua própria espécie.

Disponível em: http://imguol.com/c/noticias/2014/04/03/redação-nota-1000-enem-2013-1396556713033_588x686.jpg.  Acesso em: 18 nov. 2014.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 60-1.

Entendendo a redação:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Vestigiais: Que deixam vestígios: marcas, traços, indícios, sinais, pegadas.

·        Lei Seca: Nome popular da Lei n° 11.705, de 19 de junho de 2008.

·        Coibir: Impedir, proibir, reprimir, controlar, fazer cessar.

·        Neurodepressor: Que causa depressão no sistema nervoso central, no cérebro.

·        Etilômetro: Tem o mesmo sentido que o termo popular “bafômetro”, aparelho que, ao ser soprado (ou utilizando o “bafo” expelido pelo indivíduo), detecta e determina o grau de concentração de álcool em seu organismo.

·        Sequela: Complicação, sequência, consequência, continuidade de uma doença (causada por um acidente, cirurgia, outra doença, etc.).

02 – Qual é o ponto de vista defendido pela autora do texto na introdução da redação escolar?

      A Lei Seca demanda maior fiscalização, pois é preciso eliminar a habitual certeza de impunidade que há no país.

03 – Identifique na redação “O volante, o lobo do homem” estratégias argumentativas apresentadas no desenvolvimento do texto para defender o posicionamento da autora.

a)   Citação de autoridade.

Citou a sentença O homem é o lobo do homem, do filósofo Thomas Hobbes (intertextualidade e argumento de autoridade).

b)   Exemplificação de atitudes humanas que podem reforçar a defesa da tese.

Relacionou a sentença do filósofo a traços negativos dos seres humanos (como o egoísmo, a irresponsabilidade), para explicar a atitude de dirigir após consumir bebida alcoólica, pondo em risco a sua vida e a de tantas outras pessoas.

c)   Exemplificação de conhecimentos científicos.

Apresentou conhecimento científico da área de Ciências Biológicas: o álcool afeta o sistema nervoso central e compromete o raciocínio, os reflexos e a coordenação motora.

d)   Avaliação e ressalvas.

Faz referência aos resultados positivos da Lei Seca, mas apresenta ressalvas à sua implantação, citando a falta de fiscalização e a cultura da impunidade.

04 – Na conclusão, que propostas foram apresentadas para solucionar o problema?  

      A autora sugere ações do Estado, como aumento de verbas para o setor, a fim de melhorar a fiscalização (com policiais bem equipados), palestras públicas e campanhas educacionais de trânsito, nas escolas.

05 – Para promover a coesão do texto, a autora usou adequadamente palavras que articulam suas ideias.

a)   Qual é a função da expressão apesar de:

·        No 1° parágrafo?

Fazer uma ressalva: só a lei não basta; é necessário que haja fiscalização, destacando a tese de que “o ser humano tem um potencial destrutivo e por isso precisa de leis que regulem a sua ação como a Lei Seca, para evitar a combinação carro/álcool”.

·        No 3° parágrafo?

Fazer outra ressalva: só a Lei não basta. É necessário que haja compartilhamento de responsabilidade entre Estado e sociedade, maior participação e fiscalização de todos.

b)   Qual é a função da palavra também no 3° parágrafo?

Acrescentar novas propostas de solução para o problema.

c)   Qual é a função da palavra portanto, no último parágrafo?

Introduzir a conclusão de sua tese (ou ponto de vista) a respeito do tema proposto pelo Enem.

06 – Explique o título do texto “O volante, o lobo do homem”.

      O título é uma paráfrase da sentença de Thomas Hobbes e tem o objetivo de denunciar que o automóvel tornou-se uma arma mortífera. A direção por alguém alcoolizado, ao volante do veículo, é perigosa; torna o homem animalesco, selvagem (como um lobo). O desrespeito às leis de trânsito, especialmente à Lei Seca, pode provocar lesões irreversíveis no ser humano.