sexta-feira, 22 de abril de 2022

E-MAIL: CONVITE - COM QUESTÕES GABARITADAS

 E-mail: Convite

        De: ricsouza@ig.com.br

        Para sebas@uol.com.br

        Assunto: Convite

        Tião,

        Você já tem programa para o feriado de Finados? Que tal ir comigo e a turma para o sítio do meu avô? A Tita 8-) e o Juninho d:-), meus primos, vão tb. Se você não se lembrar deles, dê uma espiada com atenção nos emoticons junto aos nomes deles. Lembrou?

        Cara, o passeio promete, a programação tá D+. A turma tá na maior animação, e vai ser mais legal ainda se você for com a gente. Dá pra trazer seu violão?

        Me responda até quarta.

        Abraço do

        Ricardo

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 59-60.

Entendendo o e-mail:

01 – A palavra e-mail designa duas coisas: a mensagem enviada através da Internet e o endereço para onde enviamos essa mensagem. Geralmente, um endereço eletrônico no Brasil tem a seguinte estrutura: nome@provedor.com.br. O nome designa o usuário. O símbolo @(arroba) informa ao computador que esse conjunto é um endereço de e-mail. O provedor é a empresa que possibilita o acesso à Internet, mediante o pagamento de uma taxa. O com significa comercial e o br é a sigla de Brasil. No e-mail em estudo:

a)   Qual é o endereço eletrônico (e-mail) do remetente?

ricsouza@ig.com.br

b)   E o do destinatário?

sebas@uol.com.br

02 – Abaixo dos e-mails do remetente e do destinatário, há um item assunto. A palavra convite, escrita no campo destinado ao assunto, resume o assunto da mensagem enviada?

      Sim.

03 – No e-mail – nesse caso a mensagem enviada através da Internet –, além do vocativo e da assinatura do remetente, há o assunto e a despedida. A assinatura é facultativa.

a)   No e-mail de Ricardo, o assunto começa em “Você já tem programa para”. Onde ele termina?

Me responda até quarta.

b)   Qual é o assunto desse e-mail?

O convite a Tião para um passeio; portanto, trata-se de assunto de ordem pessoal.

c)   Que expressão Ricardo usa para se despedir de Tião?

Abraço do.

04 – Quando o e-mail é dirigido a uma pessoa íntima, algumas palavras podem ser abreviadas, como, por exemplo: com (c/), mais (+), quando (qdo), porque (pq). No e-mail de Ricardo, de acordo com o contexto, a que palavras se referem as abreviações:

a)   Tb? Também.

b)   Vc? Você.

05 – Depois do nome da Tita e do Juninho, Ricardo usou emoticons como um recurso para caracterizar os primos e fazer com que seu amigo Tião se lembrasse deles. Leia abaixo e, depois, responda:

          8-) = usar óculos;       d:-) = de boné.

O que os emoticons usados por Ricardo informam sobre:

a)   A Tita? Que ela usa óculos e é alegre.

b)   O Juninho? Que ele está sempre de boné e também é alegre.

06 – Observe a linguagem empregada neste trecho do e-mail:

        “Cara, o passeio promete, a programação tá D+. A turma tá na maior animação, e vai ser mais legal ainda se você for com a gente. Dá pra trazer seu violão?”

a)   Que elementos (palavras, expressões) fogem à variedade padrão da língua?

As gírias: cara, legal; As formas reduzida: tá, pra. D+; O emprego da expressão com a gente em lugar de conosco.

b)   Levante hipóteses: O que justificaria o uso desse tipo de linguagem no e-mail de Ricardo?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O fato de os correspondentes serem amigos e, portanto, terem um relacionamento íntimo, descontraído, sem formalidades.

07 – Reúna-se com seus colegas de grupo e, juntos, concluam: Para que serve o e-mail e quais são suas características?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É um tipo de texto usado para trocar mensagens pela internet, comunicando a alguém um assunto pessoal. Contém os seguintes elementos: resumo do assunto; data, às vezes também a hora em que o e-mail foi enviado; endereço eletrônico do remetente e do destinatário; vocativo; assunto; despedida e assinatura. Pode fazer uso de abreviações e emoticons, quando for dirigido a uma pessoa íntima. A linguagem varia de acordo com o grau de intimidade entre os correspondentes, podendo ser mais ou menos formal e, eventualmente, conter gírias.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA COM DESCRITORES PARA 9º ANO - COM GABARITO

Avaliação Diagnóstica com Descritores - 9º Ano


 Texto: Realidade com muita fantasia

Nascido em 1937, o gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escritor, igualmente atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda um biógrafo de mão cheia e colaborador assíduo de diversos jornais brasileiros. Seus livros para jovens e adultos são sucesso de público e de crítica e alguns já foram publicados no exterior.

Muito atento às situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar combina em seus textos indícios de uma realidade bastante concreta com cenas absolutamente fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela nascem os desfechos surpreendentes das histórias.

Em sua obra, são frequentes questões de identidade judaica, do cotidiano da medicina e do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em que matamos James Cagney”.

01.  (D3)  Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

A expressão sublinhada em “é ainda um biógrafo de mão cheia” e significa que Scliar é

       (A) crítico e detalhista.

       (B) criativo e inconsequente.

       (C) habilidoso e talentoso.

       (D) inteligente e ultrapassado.


 Poema: Duas Almas


Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada,

entra, e sob este teto encontrarás carinho:

eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,

vives sozinha sempre, e nunca foste amada...

 

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,

e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.

Entra, ao menos até que as curvas do caminho

se banhem no esplendor nascente da alvorada.

 

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,

essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,

podes partir de novo, ó nômade formosa!

 

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha.

Há de ficar comigo uma saudade tua...

Hás de levar contigo uma saudade minha...

 

02.  (D3)   Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

 No verso "e a minha alcova tem a tepidez de um ninho", a expressão sublinhada dá sentido de um lugar:

      (A) aconchegante.

      (B) belo.

      (C) brando.

      (D) elegante.

  

SARA ISABEL

Sara Isabel, morena, tem quinze anos, mede 1,75, pesa sessenta e dois quilos e é de uma beleza irreparável. Cursa o primeiro ano do segundo grau no Colégio São Marcos e pretende se formar em medicina ou seguir a carreira de modelo.

Em casa é uma pessoa isolada, que fica horas e horas, em seu quarto, lendo e ouvindo músicas. No colégio, não se isola, mas também não se junta com todo mundo, seleciona as amizades. Com o namorado, não se mostra muito interessada, acha-se muito nova para firmar namoro. No clube ou na praia, mostra-se bastante solta: joga vôlei, tênis, gosta de fazer ginástica, não para um minuto. Das qualidades de Sara, a que mais me chama atenção é a sua dedicação aos estudos, o seu interesse em vencer na vida, o que mostra ser uma pessoa inteligente e conhecedora do seu mundo.

 

03.  (D3)  Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

 "... não se junta com todo mundo." Desta informação apresentada no texto infere-se que:

(A) Sara Isabel se acha mais importante que as outras pessoas.

(B) Sara Isabel é preconceituosa.

(C) Sara Isabel é orgulhosa.

(D) Sara Isabel é uma pessoa reservada.

 

 Leia o texto abaixo e, a seguir, responda.

 Poema: A namorada

 Havia um muro alto entre nossas casas.

Difícil de mandar recado para ela.

Não havia e-mail.

O pai era uma onça.

A gente amarrava o bilhete numa pedra

presa por um cordão

E pinchava a pedra no quintal da casa dela.

Se a namorada respondesse pela mesma

pedra

Era uma glória!

Mas por vezes o bilhete enganchava

nos galhos da goiabeira

E então era agonia.

No tempo do onça era assim.

 

(D21) Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

 03. No trecho “O pai era uma onça,” a palavra destacada sugere que o pai era

(A) violento.

(B) esperto.

(C) rápido.

(D) rígido.

 

 Texto: Os pancararés

 Conhecedores de cada canto da região em que viveram os cangaceiros, os pancararés, quando a volante passava, ajudavam a esconder Lampião e seu bando. Hoje, uma comunidade remanescente dos pancararés vive na Baixa do Chico, um pequeno povoado situado no interior do Raso da Catarina. Embora as condições de vida sejam bastante simples, os moradores parecem saudáveis. Vivem em casas rústicas de pau-a-pique e recebem água de um poço artesiano porque a região é árida e agreste.

Dedicam-se a pequenas lavouras de milho e feijão e à criação de gado.

 04.   (D17) Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.    

No trecho “... quando a volante passava, ajudavam a esconder Lampião e seu bando.”, a expressão destacada demonstra uma circunstância de

      (A) dúvida.

      (B) condição.

      (C) tempo.

      (D) comparação.

 Música(Fragmento): Primeiros Erros

                    Kiko Zambianchi

Meu caminho é cada manhã

Não procure saber onde vou

Meu destino não é de ninguém

Eu não deixo os meus passos no chão

 [...]

Se um dia eu pudesse ver

Meu passado inteiro

E fizesse parar chover

Nos primeiros erros

O meu corpo viraria sol

Minha mente viraria

 Mas só chove e chove

Chove e chove.

 06. (D21) Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.

 A repetição do verbo “chove” no texto sugere

(A) a intensificação dos sentimentos do eu lírico.

(B) o contentamento do eu lírico com o seu passado.

(C) o distanciamento do eu lírico em relação as pessoas.

(D) a modificação da visão do eu lírico em relação a sua vida.

 

 Texto: O cachorro

 As crianças sabiam que a presença daquele cachorro vira-lata em seu apartamento seria alvo da mais rigorosa censura de sua mãe. Não tinha qualquer cabimento: um apartamento tão pequeno que mal acolhia Álvaro, Alberto e Anita, além de seus pais, ainda tinha de dar abrigo a um cãozinho! Os meninos esconderam o animal em um armário próximo ao corredor e ficaram sentados na sala à espera dos acontecimentos. No fim da tarde a mãe chegou do trabalho. Não tardou em descobrir o intruso e a expulsá-lo, sob os olhares aflitos de seus filhos.

 Granatic, Branca. Técnicas Básicas de Redação.

07. (D2) Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

  No texto, fica claro que haverá um conflito entre as crianças e a mãe, quando as crianças

(A) resolvem levar um cachorro para casa, mesmo sabendo que a mãe seria contra.

(B) levam para casa um cachorro vira-lata, e não um cachorro de raça.

(C) decidem esconder o animal dentro de um armário.

(D) não deixam o animal ficar na sala.

 

Leia o texto abaixo. (Variedade Linguística)

 

Dois mineiros, das Minas Gerais mesmo, encontraram-se na porta do armazém. Um comprara uma mula do outro, no dia anterior, e o que vendera lhe dizia que não podia entregar a mercadoria, porque o bicho tinha morrido.

 – Morreu é? Intão mi adevorve os cem reá qui paguei, uai!

– Mas si já gastei tudim...

– Intão mi traz a mula morta mermo, qui eu vô rifá ela.

– E quem é o doidipedra qui vai querê compra rifa di mula morta, ômi?

– É só num falá qui tá morta, uai! Outro dia, o que vendeu a mula morta, perguntou para o que tinha ficado de rifar o bicho:

– Como foi a rifa, cumpadi?

– Foi boa. Vendi quinhentos biêti a 2 reá cada. Faturei 998 reá!

– Eita! E ninguém recramô?

– Só o ômi qui ganhô.

– E o qui ocê feiz?

– Devorvi os 2 reá dele, uai!

  (História da tradição popular, recontado por Fausto Wolff, Coluna do Fausto, Jornal do Brasil, set. 2007.)

08. (D11) Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.

A forma de expressão escrita da fala dos dois personagens da história teve a intenção de

(A) mostrar a diferença entre eles.

(B) criticar um modo errado de falar.

(C) separar a fala de cada personagem

(D) representar um modo regional de falar.

 

Texto: No mundo dos sinais


 Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos.

Mulungus e aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem flores, sem frutos.

Sinais de seca brava, terrível!

Clareia o dia. O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o gado.

Toque de saída. Toque de estrada.

Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem.

 TV Cultura, Jornal do Telecurso .

09. (D14) Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.

A opinião do autor em relação ao fato comentado está em

(A) “os mandacarus se erguem”.

(B) “aroeiras expõem seus galhos”.

(C) “Sinais de seca brava, terrível!!”.

(D) “Toque de saída. Toque de entrada”.

 

 Poema: Eu tenho um sonho


Eu tenho um sonho

lutar pelos direitos dos homens

Eu tenho um sonho

tornar nosso mundo verde e limpinho

Eu tenho um sonho

de boa educação para as crianças

Eu tenho um sonho

de voar livre como um passarinho

 

Eu tenho um sonho

ter amigos de todas raças

Eu tenho um sonho

que o mundo viva em paz

e em parte alguma haja guerra

Eu tenho um sonho

Acabar com a pobreza na Terra

Eu tenho um sonho

Eu tenho um monte de sonhos...

Quero que todos se realizem

Mas como?

Marchemos de mãos dadas

e ombro a ombro

Para que os sonhos de todos

se realizem!

 SHRESTHA, Urjana. Eu tenho um sonho. In: Jovens do mundo inteiro. Todos temos direitos: um livro de direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2000. p.10.

 10. (D2) Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.

 No verso “Quero que todos se realizem” o termo sublinhado refere -se a

(A) amigos.

(B) direitos.

(C) homens.

(D) sonhos.

 

quinta-feira, 14 de abril de 2022

CRÔNICAS: BOTECOS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Crônica: Botecos

              Luís Fernando Veríssimo

        [...]

        E tem a história do Nascimento, que um dia quase brigou com o garçom porque chegou na mesa, cumprimentou a turma, sentou, pediu um chope e depois disse:

        -- E traz aí uns piriris.

        -- O que? – disse o garçom.

        -- Uns piriris.

        -- Não tem.

        -- Como, não tem?

        -- “Piriris” que o senhor diz é…

        -- Por amor de Deus. O nome está dizendo. Piriris.

        -- Você quer dizer – sugeriu alguém, para acabar com o impasse – uns queijinhos, uns salaminhos…

        -- Coisas pra beliscar – completou o outro, mais científico.

        Mas o Nascimento, emburrado não disse mais nada. O garçom que entendesse como quisesse. O garçom, também emburrado, foi e voltou trazendo o chope e três pires. Com queijinhos, salaminhos e azeitonas. Durante alguns segundos, Nascimento e o garçom se olharam nos olhos. Finalmente o Nascimento deu um tapa na mesa e gritou:

        -- Você chama isso de piriris?

        E o garçom, no mesmo tom:

        -- Não. Você chama isso de piriris!

        Tiveram que acalmar os ânimos dos dois, a gerência trocou o garçom de mesa e o Nascimento ficou lamentando a incapacidade das pessoas de compreender as palavras mais claras. Por exemplo, “flunfa”. Não estava claro o que era flunfa? Todos na mesa se entreolharam. Não, não estava claro o que era flunfa.

        -- A palavra está dizendo – impacientou-se Nascimento. – Flunfa. Aquela sujeirinha que fica no umbigo. Pelo amor de Deus!

A mãe de Freud. Porto Alegre: L&PM, 1997. p. 61-2.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 56-7.

Entendendo a crônica:

01 – O que Nascimento, personagem principal dessa história, tem de diferente dos outros amigos?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Tem um vocabulário próprio, onde ele acha que as pessoas tem obrigação de entender e saber o que significa.

02 – Afinal, o que você acha que Nascimento chamava de piriris?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É possível que fossem azeitonas, salame e queijo, mas não naquela quantidade ou daquele tipo, ou com aquela apresentação.

03 – Você acha que Nascimento está tentando reformar o mundo?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Em parte sim, pois ele não aceita as regras da língua formal.

04 – Qual o resultado do procedimento da personagem?

      Nascimento se indispõe com as pessoas, cria mal-estar no ambiente, se mostra mal-educado e promove mal-entendidos. Pode-se dizer que esse resultado equivale à infelicidade dele perante os amigos.

05 – Suponha que o garçom e os amigos de Nascimento aprendessem com ele o significado das palavras piriris e flunfa. E depois começassem a usá-las no trabalho, com outros amigos, com os familiares, etc.

a)   O que aconteceria com essas palavras?

Elas se tornariam uma gíria e, com o tempo, se todos começassem a fala-las, talvez viessem a se integrar à língua.

b)   Então, conclua: As regras que a língua segue podem mudar?

Sim, as regras podem mudar. Apesar disso, a língua é viva e está em constante mudança, assim como as pessoas e a sociedade.

CARTUM: JOEL ESTÁ APRENDENDO A SOLETRA - FEIFFER - COM GABARITO

 Cartum: Joel está aprendendo a soletra

        

 Fonte da imagem -https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8Z4kbrt9Wnk_jrCaL47S9X2zubCgIZYTM0heopw1CzrLTXbuPx9wwAiGEZH57a-QKUw1YVcvtsuA4g9s3CoOYzutre2wALfQbPDwDgIZP9ileTYdUAssfy9SEV1Vw5R65ppQ7pb_1gv3yERC0VUho6MMyELepDpbePEZ2KJep8am0uVJ1ddfHxzf_/s225/SOLETRAR.jpg

      Feiffer

        A mamãe está me ensinando a soletrar, mas eu não entendia, e ela disse que era muito simples: Joel, G-A-T-O quer dizer GATO, e eu disse: Por quê?

        E ela disse porque é assim, e eu perguntei por que era assim, e ela disse que Deus queria que fosse assim e eu perguntei: Por que W-X-Y-Z não quer dizer GATO?

        E ela disse que é porque não é assim e eu disse por que não se eu quero que seja assim e ela disse que é por causa das regras...

        E eu disse que as regras são bobas e G-A-T-O quer dizer GATO é uma regra estúpida e ultrapassada, e W-X-Y-Z quer dizer GATO é melhor e mais moderno e ela disse: Não tente reformar o mundo, Joel, ou você será muito infeliz...

        E eu perguntei por que as regras antigas estão sempre certas e por que as regras novas estão sempre erradas, e ela disse: Já fui paciente demais com você, rapazinho, e agora soletre gato do modo certo ou irá para a cama uma semana sem ver TV...

        E eu disse quem precisa ver TV, e ela disse: Deixe de ser malcriado, você precisa de TV, e eu disse: Não podemos conversar como duas pessoas civilizadas, e ela disse que eu arranjei essas ideias engraçadas na rua; ficarei sem TV durante um mês...

        E eu disse que W-X-Y-Z quer dizer GATO.

        E ninguém me fará mudar de ideia.

        A-B-C-D-E-F-G

        Quer dizer socorro.

Entre sensos e pensos. Gráfica Bahiense, 1976.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 54-5.

Entendendo o cartum:

01 – Embora Joel seja a única personagem que aparece no cartum, podemos tomar conhecimento de uma situação vivida por ele e sua mãe. Nas discussões com ela, fica claro o temperamento de Joel, o seu modo de ser e de pensar. Como você caracterizaria o garoto?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Joel é um garoto teimoso e inconformado com as regras impostas.

02 – Na 2ª cena, a mãe de Joel dá mostras de que está se cansando de tantas perguntas. Qual das respostas dela comprova sua impaciência?

      “Deus queria que fosse assim”. Não conseguindo convencer o filho, a mãe apela até para argumentos religiosos.

03 – Da 5ª para a 6ª cena, a mãe de Joel vai ficando cada vez mais nervosa.

a)   Observe as ameaças que ela faz em relação à TV. O que muda de uma cena para a outra?

Inicialmente, Joel ficaria uma semana sem ver TV; depois o castigo passa para um mês.

b)   Na sua opinião, qual comentário de Joel teria levado a mãe a ficar tão nervosa?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Não podemos conversar como duas pessoas civilizadas”. Colocando-se como superior e mostrando um comportamento não emocional, diferentemente da mãe, Joel a irrita ainda mais.

04 – Compare a última cena com as demais. Observe, principalmente, o rosto da personagem.

a)   O que sua expressão sugere?

Espanto e medo.

b)   Ainda na última cena, Joel cria uma nova forma de escrever a palavra socorro. O que você acha que deve estar acontecendo nesse momento entre ele e a mãe?

Provavelmente a mãe está vindo para bater nele ou puni-lo de outra forma.

05 – A revolta de Joel tem suas razões: quando aprendemos a falar e a escrever, as regras da língua falada e escrita já estão prontas, e não temos muitas chances de modifica-las.

a)   O que você acha que aconteceria se cada um de nós criasse regras próprias para falar e escrever?

As pessoas não se entenderiam e seria a maior confusão.

b)   Joel, revoltado, deseja se livrar das regras da língua escrita. Mas, ao afirmar que, para ele, a palavra gato deve ser escrita com w-x-y-z, o menino estaria mesmo se libertando das regras? Por quê?

Não; porque, ao criar novas regras de escrita, ele também ficaria preso a elas.

06 – A mãe diz ao garoto: “Não tente reformar o mundo, Joel, ou você será muito infeliz”. Você acha que toda pessoa como Joel, que discorda das regras estabelecidas, torna-se infeliz? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

POEMA: À MODA CAIPIRA - ELIAS JOSÉ - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Poema: À moda caipira

             Elias José

Para a Sonia Junqueira, pela parceria e amizade.


U musquitu ca mutuca
num cumbina.
U musquitu pula
i a mutuca impina.

U patu ca pata
num afina.
U patu comi grama
i a pata qué coisa fina.

U gatu cum u ratu
vivi numa eterna luita.
U ratu vai cumê queiju,
vem um gatu i insurta.

U galu ca galinha
num pareci casadu.
A galinha vai atrais deli
i u galu sarta di ladu.

U pavão ca pavoa
mais pareci muléqui.
A pavoa passa réiva
e eli só abri u léqui.

U macacu ca macaca
num pareci qui si ama:
ela pedi um abraçu,
ele dá uma banana…

Eu mais ocê cumbina
qui dá gostu di vê:
eu iscrevu essas poesia
i ocê cuida di lê…

Cantos de encantamento. Belo Horizonte: Formato, 1996. p. 22.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 51-2.

Entendendo o poema:

01 – Ao escrever esse poema, o autor não obedeceu às regras ortográficas da língua portuguesa.

a)   Leia o nome do poema e tire uma conclusão: Por que, na sua opinião, o autor escreveu o texto desse modo?

Porque ele procurou imitar o jeito de falar de um caipira.

b)   Qual é o dialeto que o autor usou para escrever o poema?

O dialeto caipira.

02 – Compare as palavras abaixo. As da coluna da esquerda estão escritas de acordo com as regras ortográficas, e as da coluna da direita estão escritas conforme aparecem no poema.

Mosquito           musquitu

Pato                  patu

Rato                  ratu

a)   Quais dessas palavras lembram mais o nosso jeito de falar?

As palavras do lado direito.

b)   Conclua: Nosso jeito de falar sempre corresponde ao modo como as palavras são escritas?

Não, a correspondência não é exata.

03 – Compare em cada par de palavras abaixo as da esquerda com as da direita e tire conclusões sobre as diferenças entre oralidade e escrita.
Mosquito—musquitu           Parece—pareci           Insulta—insurta


Combina—cumbina             Come—comi              Salta—sarta


Comer—cumê                      Dele— deli

a)   O que acontece com a vogal o de sílabas átonas (fracas), como em mosquito, quando a palavra é falada?

Transforma-se em u.

b)   O que acontece com a vogal e da sílaba final das palavras, como em parece, quando ela é falada?

Transforma-se em i.

c)   O que acontece com a letra l anterior à última sílaba, como em insulta, quando ela é falada?

Transforma-se em r.

d)   Dessas mudanças, quais são as típicas do dialeto caipira?

Insurta, sarta.

e)   Por que existem essas diferenças entre oralidade e escrita, na sua opinião?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A grafia da língua portuguesa no Brasil está ligada às origens históricas da língua e da influência de imigrantes mis recentes: japoneses, italianos, libaneses, etc.

04 – Observe este trecho do poema:

“Eu iscrevu essas poesia”

a)   Além da grafia da palavra iscrevu, esse trecho apresenta outra variação em relação à norma-padrão. Qual é ela?

A falta de concordância.

b)   Apesar dessa variação, podemos entender que o trecho se refere a uma única poesia ou a mais de uma? Como é possível saber isso?

A noção de plural é dada por essas; logo, o plural de poesia seria só um reforço. Como as variedades populares buscam a economia, poesia fica no singular.

05 – Na última estrofe do poema, o eu lírico se dirige a outra pessoa e compara seu relacionamento com ela ao relacionamento de vários animais.

a)   Quem é essa pessoa?

A namorada ou a mulher amada do eu lírico.

b)   O que o eu lírico pretende provar com essas comparações?  

Que eles podem se dar bem, melhor do que os animais.