sábado, 19 de setembro de 2020

CRÔNICA: O CAMELO EXTRAVIADO - MARK TWAIN - COM GABARITO

 Crônica: O camelo extraviado

                             Mark Twain

   Um condutor de camelos perdeu o seu camelo e, encontrando um homem, perguntou-lhe: 

  -- Por acaso, o senhor não encontrou um camelo extraviado?

    O homem respondeu:

    -- Não é um camelo cego do olho esquerdo?

   -- Sim. 

        -- Que perdeu um dente de cima?

        -- Sim. 

        -- Que mancava da perna esquerda traseira?

        -- Sim! 

        -- Que carregava milho de um lado e mel do outro?

        -- Sim! O senhor não precisa apresentar mais detalhes. É exatamente o camelo que procuro. Estou com pressa. Onde o senhor o viu?

        -- Eu não vi camelo nenhum, respondeu o homem. 

        -- O senhor não viu? E como pôde descrevê-lo tão detalhadamente?

        -- Porque sei me servir dos olhos para observar as coisas. A maioria das pessoas tem olhos que não lhes servem de nada. Eu sabia que um camelo havia passado porque vi rastros. Sabia que mancava da pata esquerda traseira pelas marcas diferentes deixadas no chão do lado esquerdo. Sabia que era cego de um olho, porque só pastou o capim do lado direito do caminho. Sabia que perdeu um dente de cima porque deixou falhas nas raízes que mordeu. Notei que aves comiam os grãos de milho que foram caindo do lado esquerdo. Sei que o mel escorreu do lado direito porque observei muitas moscas juntas desse lado. Sei tudo sobre o seu camelo, mas não o vi. 

Mark Twain. Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 10-1.

Entendendo a crônica:

01 – O texto que você leu é um diálogo.

a)   Qual é o assunto do diálogo?

O assunto é um camelo que desapareceu.

b)   Quem está dialogando?

O diálogo ocorre entre dois homens; um deles é o dono do camelo.

02 – Você acha que as pessoas que conversam no texto se conhecem ou são estranhas uma para a outra? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: São estranhas, pela maneira respeitosa que o trata “senhor”.

03 – O homem não viu o camelo, mas conseguiu descrevê-lo. Como ele concluiu que:

a)   O camelo era cego de um olho?

Porque o animal só pastou o capim de um dos lados da estrada.

b)   O animal havia perdido um dente?

Porque ficaram falhas nas raízes que ele mordeu.

c)   O animal mancava de uma perna?

Porque algumas marcas deixadas no chão eram diferentes das outras.

04 – Como o homem concluiu que, de um lado, o camelo carregava milho e, de outro, levava mel?

      Ele notou que as aves estavam comendo os grãos caídos em um dos lados da estrada e que havia moscas reunidas sobre o mel derramado no outro lado.

05 – Na sua opinião, o homem que indicou as caracterís­ticas do camelo é um bom observador? Justifique sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, porque ele soube identificar os sinais que este havia deixado por onde passara.

06 – O que o homem que descreveu o camelo quis dizer com a frase "A maioria das pessoas tem olhos que não lhes servem de nada"?

      Ele deu a entender que muitas pessoas, apesar de enxergarem bem, não aproveitam essa capacidade, pois não prestam atenção àquilo que podem ver, ou seja, não observam atentamente as coisas.

07 – O fato narrado no texto, se realmente tivesse acontecido, poderia ter se passado no Brasil? Por quê?

      Não. Porque no Brasil, a não ser no zoológico, não há camelos. Mesmo que tivesse fugido, não seria um animal de carga.

08 – O autor do texto, ao criar essa história, não quis ape­nas contar um fato a respeito de um camelo. Na verdade, ele inventou esse acontecimento para trans­mitir aos leitores uma mensagem. Explique, com suas palavras, que mensagem seria essa.

      Resposta pessoal do aluno.

 



CRÔNICA: A LÍNGUA PORTUGUESA - LYGIA FAGUNDES TELLES / SONETO: LÍNGUA PORTUGUESA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Crônica: A LÍNGUA PORTUGUESA


Lygia Fagundes Telles

        Estou me vendo debaixo de uma árvore, lendo a pequena história da literatura brasileira. (...)

        Olavo Bilac! – eu disse em voz alta e de repente parei quase num susto depois que li os primeiros versos do soneto à língua portuguesa: Última flor do Lácio, inculta e bela / És, a um tempo, esplendor e sepultura.

        Fiquei pensando, mas o poeta disse sepultura?! O tal de Lácio eu não sabia onde ficava, mas de sepultura eu entendia bem, disso eu entendia, repensei baixando o olhar para a terra. Se escrevia (e já escrevia) pequenos contos nessa língua, quer dizer que era a sepultura que esperava por esses meus escritos?

        Fui falar com meu pai. Comecei por aquelas minhas sondagens antes de chegar até onde queria, os tais rodeios que ele ia ouvindo com paciência enquanto enrolava o cigarro de palha, fumava nessa época esses cigarros. Comecei por perguntar se minha mãe e ele não tinham viajado para o exterior.

        Meu pai fixou em mim o olhar verde. Viagens, só pelo Brasil, meus avós é que tinham feito aquelas longas viagens de navio, Portugal, França, Itália... Não esquecer que a minha avó, Pedrina Perucchi, era italiana, ele acrescentou. Mas por que essa curiosidade?

        Sentei-me ao lado dele, respirei fundo e comecei a gaguejar, é que não seria tão bom se ambos tivessem nascido lá. Estaria agora escrevendo em italiano, italiano! – fiquei repetindo e abri o livro que trazia na mão: Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!

        Calmamente ele pousou o cigarro no cinzeiro ao lado. Pegou os óculos. O soneto é muito bonito, disse me encarando com severidade. Feio é isso, filha, isso de querer renegar a própria língua. Se você chegar a escrever bem, não precisa ser em italiano ou espanhol ou alemão, você ficará na nossa língua mesmo, está me compreendendo? E as traduções? Renegar a língua é renegar o país, guarde isso nessa cabecinha. E depois (ele voltou a abrir o livro), olha que beleza o que o poeta escreveu em seguida, Amo-te assim, desconhecida e obscura, veja que confissão de amor ele fez à nossa língua! Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora? – acrescentou e levantou-se. Deu alguns passos e ficou olhando a borboleta que entrou na varanda: Já fez a sua lição de casa?

        Fechei o livro e recuei. Sempre que meu pai queria mudar de assunto ele mudava de lugar: saía da poltrona e ia para a cadeira de vime. Saía da cadeira de vime e ia para a rede ou simplesmente começava a andar. Era o sinal. Não quero falar nisso, chega. Então a gente falava noutra coisa ou ficava quieta.

        Tantos anos depois, quando me avisaram lá do pequeno hotel em Jacareí que ele tinha morrido, fiquei pensando nisso, ah! Se quando a morte entrou, se nesse instante ele tivesse mudado de lugar. Mudar depressa de lugar e de assunto. Depressa pai, saia da cama e fique na cadeira ou vá pra rua e feche a porta.

TELES. Lygia Fagundes. Durante aquele estranho chá: perdidos e achados.  Rio de Janeiro: Rocco, 2002, p.109-111.

    Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 196-9.

Soneto: Língua portuguesa

              Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 200.

Entendendo a crônica: 

01 – O poeta chama a língua portuguesa de flor do Lácio.

a)   Recorde o comentário da narradora: “O tal de Lácio eu não sabia onde ficava...”. Você sabe onde ficava “o tal de Lácio”: onde?

Na Península Itálica (região onde surgiu Roma).

b)   Por que o poema chama a língua portuguesa de flor do Lácio?

Porque é um produto excepcionalmente bom, bonito (como uma flor) da língua que se falava no Lácio; porque é uma língua tão bela quanto uma flor que tem sua origem no latim, língua falada no Lácio.

02 – O poeta atribui à língua características que se opõem; explique:

a)   A língua é bela, mas é inculta – por que é inculta?

É inculta porque não é produto de cultura, é a língua de um povo ainda sem tradição cultural; É inculta porque é primitiva, rude.

b)   A língua é esplendor (brilho, grandiosidade), mas é sepultura – por que é sepultura?

Porque, por ser uma língua desconhecida, o que é escrito nela fica fora do alcance dos outros, fica escondido, oculto.

03 – Por que a narradora ficou tão perturbada ao ver a língua portuguesa chamada de sepultura?

      Porque escrevia e assustou-se com a possibilidade de que não tivesse leitores, de que seus textos ficassem inacessíveis.

04 – Para a narradora, a solução para escapar da língua-sepultura seria escrever em italiano: “Estaria agora escrevendo em italiano, italiano!”.

a)   Por que italiano, e não francês, alemão, inglês...?

Porque era descendente de italianos, poderia ter nascido na Itália, a língua italiana era para ela uma possibilidade que tinha sido perdida.

b)   Escrever em italiano e não em português seria melhor não por causa do número de falantes. Que vantagem teria o italiano sobre o português?

O italiano é uma língua mais difundida no mundo, mais estudada, mais conhecida, é a língua de um país com mais representação econômica, cultural e literária que os países de língua portuguesa.

05 – Recorde a opinião do pai sobre o poema: “O soneto é muito bonito...”. De acordo com o soneto de Olavo Bilac; conte o número de estrofes, o número de versos em cada estrofes e conclua: qual é a forma de um soneto?

      O objetivo é provocar a leitura do poema de Bilac e aproveitar a referência a soneto, na crônica, para que os alunos conheçam esta forma de composição poética.

      Duas estrofes de quatro versos – dois quartetos, e duas estrofes de três versos – dois tercetos.

06 – Recorde o que a narradora diz ao pai: “Olha aí, pai, o poeta escreveu com todas as letras, nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai para debaixo da terra, desaparece!”. Que argumentos o pai usa para contestar essa afirmação?

      Quem escreve bem, será lido em sua própria língua; há a possibilidade das traduções; não se deve renegar a própria língua, porque seria renegar o próprio país.

07 – Recorde estas palavras do pai: “... veja que confissão de amor ele fez à nossa língua!”. Consulte o soneto, em que versos o poeta confessa seu amor à língua portuguesa?

      O objetivo é mais uma vez remeter à leitura do poema.

      Primeiro verso da segunda estrofe; primeiro e terceiro verso do primeiro terceto.

08 – O pai chama a atenção da filha para um aspecto do soneto: “Tem mais, ele precisava da rima para sepultura e calhou tão bem essa obscura, entendeu agora?”

a)   Identifique, no soneto, as outras palavras que rimam com sepultura, além da palavra obscura.

Impura, ternura.

b)   Por que, entre as palavras que, no soneto, rimam com sepultura, obscura destacou-se como a rima mais apropriada?

As duas palavras se aproximam, quanto ao sentido: em ambos há a ideia de sem luz, sombrio, desconhecido.

09 – Qual é a opinião do pai:

a)   Sobre o soneto?

O soneto é muito bonito, faz uma bela confissão de amor à língua, as rimas são bem escolhidas.

b)   Sobre o destino de obras escritas em língua portuguesa?

Se são bem escritas, permanecerão, mesmo sendo em português, e poderão ser traduzidas.

c)   Sobre a reclamação da filha contra a língua portuguesa?

É uma atitude feia, não se deve renegar a própria língua.

10 – A filha começou a conversa expondo ao pai este problema: “... nossa língua é sepultura mesmo, tudo o que a gente fizer vai pra debaixo da terra, desaparece!”. A crônica não revela se a filha deixou de pensar assim, depois da conversa com o pai.

        Se você estivesse no lugar da filha, teria mudado seu modo de pensar? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

REPORTAGEM: A VOLTA DOS DIRIGÍVEIS - SOLANGE BARREIRA/REVISTA GALILEU - COM GABARITO

REPORTAGEM: A volta dos dirigíveis


      
Solange Barreira

          Os charutos voadores retornam aos céus como anúncios ambulantes e prometem tornar-se uma valiosa opção de transporte.

        Metro a metro ele avança sobre São Paulo. A bordo, a paisagem passa pelas janelas como um filme em câmera lenta. Com placidez, vence o congestionamento da avenida Marginal Pinheiros, contorna os arranha-céus e segue em direção ao verde do Parque do Ibirapuera. Em todo o percurso, cria rebuliço: executivos apontam-no pelas janelas dos escritórios, crianças esticam o pescoço para acompanhá-lo e os mais velhos, saudosos, logo se perguntam: será mesmo um dirigível? Sim, os charutos voadores estão de volta.

        Nos últimos anos, eles reapareceram nas principais cidades do mundo, fazendo propaganda. Como na capital paulista, onde, desde maio, o Spirit of The Americas sobrevoa a cidade exibindo a marca de pneus Goodyear e gerando imagens de eventos para a TV Globo. Mais do que isso: os dirigíveis também estão de volta às pranchetas dos projetistas, empenhados em reativá-los como meio de transporte de passageiros e carga. Remodeladas e modernizadas, essas centenárias máquinas voadoras – o primeiro protótipo de Santos Dumont acaba de completar 100 anos – prometem invadir os céus do próximo século.

          Ele se consagrou cruzando o Atlântico, mas uma tragédia interrompeu sua evolução.

        Até pouco tempo, a ideia de construir um dirigível restringia-se ao campo das excentricidades. Afinal, em 6 maio de 1937, o Hindenburg, fabricado pela empresa alemã Zeppelin, ardeu diante de uma multidão, em Nova Jérsei, Estados Unidos. A notícia da morte de 36 pessoas e as imagens do incêndio correram o mundo. O irmão mais velho do Hindenburg, o Graf Zeppelin, estava sobre o Atlântico. Pousou na Alemanha dois dias depois do acidente e nunca mais teve uso comercial.

        Os poucos privilegiados que podiam desfrutar de tal luxo sentiram-se desamparados. A aviação comercial ainda não tinha se desenvolvido, por isso, os dirigíveis representavam a maneira mais rápida e charmosa de cruzar o Atlântico: três dias e meio de viagem, contra dez dos navios, em instalações confortáveis e luxuosas. Para uma nata de felizardos passageiros, zepelim era mais que sinônimo de dirigível, representava o prazer de voar.

        Poucos anos antes, esse era o maior desafio do homem. Um autêntico sonho conquistado em etapas: primeiro com os balões, depois com os dirigíveis e só então com os aviões. Nessa história, dois brasileiros escreveram capítulos importantes.

          Invenção brasileira

        O primeiro foi o jesuíta Bartolomeu de Gusmão, que demonstrou, em 1709, que um balão cheio de ar quente poderia alçar voo. Como a experiência quase acabou em incêndio, passou despercebida. O outro foi Alberto Santos Dumont. "Antes de conceber o legendário 14 Bis, Santos Dumont procurou resolver o problema da dirigibilidade dos balões", conta o físico Henrique Lins de Barros, diretor do Museu de Astronomia do Rio de Janeiro, estudioso da vida do inventor. "Seu primeiro dirigível data de setembro de1898, mas só em 1901ele se consagrou pioneiro no domínio dessa tecnologia." A outra figura que gravou seu nome nessa galeria foi o conde alemão Ferdinand von Zeppelin. Contemporâneo de Santos Dumont, Zeppelin era um visionário.

        Gastou sua fortuna na criação de dirigíveis com estrutura rígida para transporte de passageiros. Em 2 de julho de 1900, fez o voo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança, no sudoeste da Alemanha. Mas a glória durou pouco: o tecido que cobria a estrutura de alumínio do balão se rompeu no pouso. Nem por isso o milionário desistiu. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, Zeppelin pôde contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e seus dirigíveis se transformaram em orgulho nacional. Em 1910, ele inaugurou linhas regulares na Europa. Mas só em 1928 o Graf Zepelin ficou pronto e partiu para uma volta ao mundo. Daí até a tragédia do Hindenburg, em 1937, foi quase uma década de absoluto sucesso. Como o conde morreu em 1917, não viu seus veículos cruzando oceanos.

          Várias empresas no mundo gastam milhões de dólares para reviver os áureos tempos.

        Os novos projetos (de dirigíveis), tocados em várias partes do mundo, também herdaram características dos modelos originais. Mas são, de longe, máquinas muito mais avançadas, dignas do próximo milênio. A primeira providência que todas as empresas tomam é usar hélio no lugar de hidrogênio. A outra é incorporar os avanços tecnológicos dos aviões, como os modernos instrumentos computadorizados de orientação de voo. "Os dirigíveis dessa nova geração são verdadeiros extintores de incêndio voadores", afirma John Walker, presidente da Airship Technologies, empresa britânica que está construindo dois modelos para transporte de passageiros, um para 5 e outro para 52 pessoas.

        A própria Zeppelin também resolveu investir numa nova linha de dirigíveis no início dos anos 90. Em setembro do ano passado, realizou o voo de seu primeiro protótipo, o LZ N07. Seguindo a tradição da fábrica, o corpo do balão tem estrutura rígida, que combina tubos de alumínio com fibra de carbono, mas é bem menor que os do passado, com 68 metros de comprimento. A cobertura foi concebida com a ajuda de um computador e a gôndola de passageiros lembra a cabine de um jatinho, mas com muito mais espaço entre as 12 poltronas de passageiros.

        Transporte pesado

        Mas o projeto mais ambicioso é, sem dúvida, o do Cargolifter CL 160. Com 242 metros de comprimento, ele poderá carregar 160 toneladas e peças de até 50 metros de comprimento, numa imensa gôndola de carga. Com isso, resolverá problemas como o transporte de uma turbina de hidroelétrica, sem paralisar o tráfego nas rodovias. O alemão Carl von Gablenz, de 46 anos, é o mentor desse megaprojeto. Especialista em logística e professor na universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, Gablenz percebeu há alguns anos a necessidade de uma alternativa para o transporte pesado. Ele mostra, por exemplo, que para carregar um gerador de 160 toneladas da Alemanha para a Índia um dirigível pode levar cinco dias, ao custo de 650 mil reais. O velho sistema caminhão-navio-caminhão consome a mesma soma, em 74 dias de viagem. O CL160 oferece, ainda, outras vantagens.

        Impulsionado por cinco motores diesel, consome a quarta parte do combustível de um jato de carga. É claro que os jatos superam em muito sua velocidade de cruzeiro, que varia de 80 a 135 km/h. Mas nenhum transporte termina no aeroporto. Então, computando-se o tempo de retirada da carga para embarcar num caminhão ou trem, o CL 160 ganha a corrida. "Ele pode descarregar seus volumes com um guindaste, no espaço de um campo de futebol, pairando a 100 metros de altura", observa Gablenz.

        [Se esses grandes projetos de dirigíveis forem em frente], o céu do século XXI não terá discos voadores, como previam os escritores de ficção científica, mas fantásticos charutos voadores.

       Revista Galileu. São Paulo, Globo, dezembro de 1998.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 104-8.

Entendendo o texto:

01 – Esse texto, publicado em uma revista, é constituído por três partes, cada uma iniciada por uma frase apresentada em letras azuis.

a)   Do ponto de vista do conteúdo informativo do texto, para que servem essas frases?

Servem para resumir o conteúdo do parágrafo que aparece depois dela.

b)   Do ponto de vista do aspecto visual do texto, para que elas servem?

Esse recurso gráfico visa a tornar mais leve e mais atrativa a apresentação visual do texto na página. Além disso, serve para que o leitor descanse um pouco entre uma parte e outra da leitura.

c)   Há, no texto, outro recurso gráfico que também tenha função semelhante à referida nos itens anteriores?

São “Invenção brasileira” e “Transporte pesado”.

02 – Depois de ler o primeiro parágrafo, você sentiu mais vontade de continuar ou de parar a leitura do texto? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

03 – No primeiro parágrafo da primeira parte, que palavras ou expressões permitem ao leitor antecipar que o texto vai tratar de algo que já existiu em outros tempos?

      “Saudosos” (alguém só pode ter saudade de algo que já existiu) e “estão de volta” (voltar pressupõe ter estado em um lugar e depois estar novamente no mesmo lugar).

04 – A segunda parte do texto é formada por quatro parágrafos separados por um intertítulo.

a)   Identifique o intertítulo e explique a que fato ele se refere.

“Invenção brasileira”. Refere-se ao fato de ter sido o brasileiro Santos Dumont quem solucionou o problema da dirigibilidade dos balões.

b)   Você acha que o fato de a reportagem ser destinada a leitores brasileiros influenciou na escolha desse intertítulo? Por quê?

Sim, porque é um recurso sutil, que explora o patriotismo do leitor, estimulando seu interesse em continuar a leitura.

TEXTO: CEDRO - MADEIRA NOBRE DA MATA ATLÂNTICA - CÉLIA DE ASSIS - COM GABARITO

 Texto: Cedromadeira nobre da mata Atlântica

            Célia de Assis

        Ao longo de uma parte do litoral brasileiro, há uma belíssima floresta conhecida como mata Atlântica.

        Antigamente, a mata Atlântica existia em todo o litoral do Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, mas, hoje em dia, ela só existe realmente em seis estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, e, mesmo nesses estados, ela já está bastante destruída.

        A destruição da floresta acontece principalmente por causa das queimadas e da extração de madeira. Uma das madeiras mais valiosas e cobiçadas da mata Atlântica é o cedro. Essa árvore alcança até trinta metros de altura, tem a casca bastante áspera e seus galhos altos formam uma copa meio comprida.

        A madeira do cedro, que é muito durável e macia, é empregada na fabricação de madeira compensada, em trabalhos artesanais (esculturas, por exemplo), na fabricação de janelas e na construção de barcos. Além disso, do cedro é extraído um óleo muito usado na indústria de cosméticos.

        Apesar de ser uma planta do interior das matas, o cedro pode ser usado para reflorestamento, porque se desenvolve muito bem em áreas abertas, onde a luz do sol é mais intensa. Nesses locais, torna-se ainda mais vigoroso, cresce bastante e de forma rápida, transformando-se em árvores imensas e muito bonitas.

   In: Célia de Assis, Cibele Boni de Toledo, Sérgio Romaniuc Neto e Inês Cordeiro. Baseado em Nossas plantas: mata Atlântica. São Paulo, FTD, 1994.

Fonte: Língua Portuguesa. Entre palavras – Edição renovada. Mauro Ferreira. 5ª série. Ed. FTD – São Paulo – 1ª edição – 2002. P. 42-3.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, quais os estados que ainda possuem a mata Atlântica?

      São seis estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

02 – Segundo o texto, que fatores têm contribuído muito para a destruição da mata Atlântica?

      As queimadas e a extração de madeira.

03 – Que informações o texto apresenta a respeito do cedro?

      O cedro pode atingir 30 metros, tem casca áspera, madeira resistente e macia. É utilizada na produção de compensados, em artesanato, na fabricação de janelas e na construção de barcos.

04 – Na sua opinião, a possibilidade de encontrar um pé de cedro em uma mata nativa (natural) da região em que você mora é grande ou pequena?

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Se no quintal de sua casa ou perto dela houvesse um pé de cedro bem bonito e alguém resolvesse derrubá-lo, o que você faria para evitar que a árvore fosse destruída?

      Resposta pessoal do aluno.

 

QUADRO: PRANTO - CÂNDIDO PORTINARI - COM GABARITO

 Quadro: Pranto

             


Cândido Portinari


            PORTINARI, Cândido. Pranto. Óleo sobre tela: color. Coleção particular.

       Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 93-4.

Entendendo o quadro:

01 – Comece observando os efeitos de luz. Em que parte do quadro parece haver maior incidência de luz?

      Sobre o rosto e sobre as mãos.

02 – Qual a cor que mais chama a atenção?

      O roxo da blusa.

03 – O que a expressão do rosto da mulher sugere?

      Tristeza, desespero, desalento, desolação.

04 – Que recursos o artista usou para representar os sentimentos do personagem?

      Linhas retas (na testa, nos braços e nas mãos); olhos enormes que parecem saltar da testa; as mãos na cabeça e no rosto.

05 – Observe que as linhas internas do braço formam ângulos de aproximadamente 90° em relação à base da pintura. Em que outras partes do quadro esse ângulo se repete?

      Na parte superior da cabeça, nos reflexos de luz na blusa, nos dedos da mão que parecem enxugar as lágrimas.

06 – O que as linhas retas e angulosas sugerem?

      Sofrimento, dureza, rigidez, dor, desespero.


CARTA: DE SOLICITAÇÃO - LUCIANA KOJAK - COM GABARITO

Carta: de solicitação

            Luciana Kojak

Goiânia, 1° de abril de 2002

Ilmo. Sr.

Diretor da Agência Central de Correios

Nesta Capital

 

Prezado Senhor

        Venho, por meio desta, solicitar autorização para uma visita dos alunos da 5ª série a essa agência da Empresa de Correios e Telégrafos no próximo dia 18, às 10 horas, a fim de que eles possam conhecer as atividades, o funcionamento e os serviços oferecidos pela agência.

        Esclareço que contatos telefônicos anteriores já foram feitos, e a referida data já deve estar agendada.

 

 

Atenciosamente.

Luciana Kojak

Professora de língua Portuguesa

Colégio Emílio de Menezes.

 

       Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 36-7.

Entendendo a carta:

01 – Quando essa carta foi escrita?

      Em abril de 2002.

02 – Quem a escreveu?

      A professora de Língua Portuguesa, Luciana Kojak.

03 – Para quem ela foi enviada?

      Para o Diretor da Agência dos Correios de Goiânia.

04 – Qual é o objetivo dessa carta?

      Solicitar autorização para uma visita dos alunos à agência.

05 – A remetente da carta justifica a solicitação? Explique.

      Sim. A visita tem como finalidade dar a conhecer o funcionamento, as atividades e os serviços oferecidos pela agência de Correios.

06 – A linguagem usada é formal ou informal? Justifique.

      Formal. Foi escrita pela professora da escola.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ARTIGO: OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA: INIMIGA OU PARCEIRA DO CONSUMIDOR? RAMALHO, N. - COM GABARITO

             Artigo: Obsolescência programada: inimiga ou parceira do consumidor?

         Obsolescência programada é exercida quando um produto tem vida útil menor do que a tecnologia permitiria, motivando a compra de um novo modelo — eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis são exemplos evidentes dessa prática. Uma câmera com uma resolução melhor pode motivar a compra de um novo celular, ainda que o modelo anterior funcione perfeitamente bem. Essa estratégia da indústria pode ser vista como inimiga do consumidor, uma vez que o incentiva a adquirir mais produtos sem realmente necessitar deles. No entanto, traz benefícios, como o acesso às novidades.

          Planejar inovação é extremamente importante para melhoria e aumento da capacidade técnica de um produto num mercado altamente competitivo. Já imaginou se um carro de hoje fosse igual a um carro dos anos 1970? O desafio é buscar um equilíbrio entre a inovação e a durabilidade. Do ponto de vista técnico, quando as empresas planejam um produto, já tem equipes trabalhando na sucessão dele, pois se trata de uma necessidade de sobrevivência no mercado.

         Sintomas de obsolescência são facilmente percebidos quando um novo produto oferece características que os anteriores não tinham, como o uso de reconhecimento facial; ou a queda de desempenho do produto com relação ao atual padrão de mercado, como um smartphone que não roda bem os aplicativos atualizados. Outro sinal é detectado quando não é possível repor acessórios, como carregadores compatíveis, ou mesmo novos padrões, como tipo de bateria, conector de carregamento ou tipos de cartão de um celular, por exemplo.

         Isso não significa que o consumidor está refém de trocas constantes de equipamento: é possível adiar a substituição de um produto, por meio de upgrades de hardware, como inclusão de mais memória, baterias e acessórios de expansão, pelo menos até o momento em que essa troca não compense financeiramente. Quanto à legalidade, o que se deve garantir é que os produtos mais modernos mantenham a compatibilidade com os anteriores, a fim de que o antigo usuário não seja forçado constantemente à compra de um produto mais novo se não quiser. É importante diferenciá-la da obsolescência perceptiva, que ocorre quando atualizações cosméticas, como um novo design, fazem o produto parecer sem condições de uso, quando não está.

         É preciso lembrar também que a obsolescência programada se dá de forma diferente em cada tipo de equipamento. Um controle eletrônico de portão tem uma única função e pode ser usado por anos e anos sem alterações ou troca. Já um celular tem maior taxa de obsolescência e pode ter de ser substituído em um ano ou dois, dependendo das necessidades do usuário, que pode desejar fotos de maior resolução ou tela mais brilhante.

         Essa estratégia traz desafios, como geração do lixo eletrônico. Ao mesmo tempo, a obsolescência deve ser combatida na restrição que possa causar ao usuário, como, por exemplo, uma empresa não mais disponibilizar determinada função que era disponível pelo simples upgrade do sistema operacional, forçando a compra de um aparelho novo. O saldo geral é que as atualizações trazidas pela obsolescência programada trazem benefícios à sociedade, como itens de segurança mais eficientes em carros e conectabilidade imediata e de alta qualidade entre pessoas. É por conta disso que membros de uma mesma família que moram em países diferentes podem conversar diariamente, com um custo relativamente baixo, por voz ou vídeo. Além disso, funcionários podem trabalhar remotamente, com mais qualidade de vida, com ajuda de dispositivos móveis.

 RAMALHO, N. Obsolescência programada: inimiga ou parceira do consumidor? Disponível em: . Acesso em: 23 jul. 2019. Adaptado.

 ENTENDENDO O ARTIGO

1) Considere a oração em destaque no seguinte trecho do Texto: “Obsolescência programada é exercida quando um produto tem vida útil menor do que a tecnologia permitiria, motivando a compra de um novo modelo”. A reescrita que mantém o mesmo valor semântico dessa oração é:

(A) à medida que motive a compra de um novo modelo.

(B) a menos que motive a compra de um novo modelo.

(C) ainda que motive a compra de um novo modelo.

(D) para que motive a compra de um novo modelo.

(E) embora motive a compra de um novo modelo.


2) No Texto, no período “Essa estratégia da indústria pode ser vista como inimiga do consumidor, uma vez que o incentiva a adquirir mais produtos sem realmente necessitar deles.”, o conector uma vez que poderia ser substituído, sem alteração do sentido, por

(A) conforme

(B) quando

(C) como

(D) pois

(E) se

 

3) A frase em que a vírgula está empregada adequadamente é:

(A) A tela do computador, é a janela que descortina o mundo.

(B) O investimento deve ser feito na área que, pode salvar vidas.

(C) A vaga é para programador, que tem salário acima da média.

(D) Concluíram, que não há mais como parar o avanço tecnológico.

(E) É muito importante, que os investimentos na área tecnológica continuem.


4) O Texto, que aborda a obsolescência programada, busca

(A) condenar a produção excessiva de lixo eletrônico.

(B) denunciar o preço exorbitante das mercadorias modernas.

(C) alertar sobre o consumo desenfreado de novas tecnologias.

(D) destacar a queda vertiginosa na qualidade dos itens à venda.

(E) analisar a suplantação dos produtos disponibilizados ao consumidor.


5) No Texto, a tese defendida pelo autor pode ser resumida no seguinte trecho:

(A) “Obsolescência programada: inimiga ou parceira do consumidor?” (título).

(B) “Essa estratégia da indústria pode ser vista como inimiga do consumidor”.

(C) “Planejar inovação é extremamente importante para melhoria e aumento da capacidade técnica de um produto”.

(D) “Isso não significa que o consumidor está refém de trocas constantes de equipamento”.

(E) “O saldo geral é que as atualizações trazidas pela obsolescência programada trazem benefícios à sociedade”.


6)  O fragmento do Texto que comprova a estratégia argumentativa usada pelo autor para aproximar-se do leitor, buscando persuadi-lo, é:

(A) “Uma câmera com uma resolução melhor pode motivar a compra de um novo celular”.

(B) “Já imaginou se um carro de hoje fosse igual a um carro dos anos 1970?”  

(C) “Outro sinal é detectado quando não é possível repor acessórios como carregadores compatíveis”.

(D) “É preciso lembrar também que a obsolescência programada se dá de forma diferente em cada tipo de equipamento.”

(E) “É por conta disso que membros de uma mesma família que moram em países diferentes podem conversar diariamente”.

 

7) No Texto, em “Isso não significa que o consumidor está refém de trocas constantes de equipamento: é possível adiar a substituição de um produto”, a oração depois dos dois pontos acrescenta, ao trecho anterior, uma ideia de

(A) modo

(B) concessão

(C) explicação

(D) comparação

(E) consequência


 8) No Texto, em “Já um celular tem maior taxa de obsolescência e pode ter de ser substituído em um ano ou dois”, a palavra Já apresenta o sentido de

(A) tempo

(B) exclusão

(C) oposição

(D) intensidade

(E) conformidade


9)  Nas seguintes passagens do Texto, a oração que apresenta estrutura de sujeito indeterminado é:

(A) “No entanto, traz benefícios, como o acesso às novidades.”

(B) “se trata de uma necessidade de sobrevivência no mercado.”

(C) “se não quiser.”

(D) “a obsolescência programada se dá de forma diferente”

(E) “que pode desejar fotos de maior resolução ou tela mais brilhante.”


10) De acordo com o Texto, obsolescência perceptiva é aquela que é caracterizada pelo(a)

(A) aumento da vida útil dos produtos eletrônicos

(B) ampliação da capacidade técnica dos produtos

(C) necessidade de compra de produto recém-lançado

(D) renovação do modelo estético dos produtos

(E) queda de desempenho do produto antigo