Texto: O Mundo do Circo como você
nunca viu
As apresentações do CIRQUE DU SOLEIL já foram vistas por 50 milhões de
pessoas, mas nunca no Brasil. Nossa repórter conta como são os quatro shows que
o grupo mantém em Las Vegas, entre eles o KÀ, 165 milhões de dólares
Tania Menai, de Las Vegas
Pegue um show de ballet, adicione
música, humor, nado sincronizado, teatro, trapézio, acrobacia e capoeira.
Coloque bastante dinheiro, coordenação e harmonia. Bata tudo no liquidificador.
Pronto. Aqui está o Cirque du Soleil, a maior e mais espetacular companhia arte
performática no mundo. Não, você nunca vi nada igual. Nenhuma outra companhia
jamais ousou fazer algo parecido do que se vê nos shows dessa trupe
interacional que roda o mundo e que fez de seu presidente um dos homens mais
ricos do planeta.
Sem jamais ter usado animais, o Cirque
du Soleil (em português, Circo do Sol) já mostrou sua cara para mais de 50
milhões de pessoas, sendo que 7 milhões só no ano passado. Desde sua criação em
1984, na província de Quebéc, Canadá, a companhia já rodou o mundo aportando
250 vezes em 100 cidades – nenhuma brasileira. “Eles vêm de fora desse mundo”,
definiu o americano Edward Fosner, um senhor de 91 anos que já viu muito da
vida – e o Cirque du Soleil mais de oito vezes. E todos, em Las Vegas, destino
número um para quem planeja uma viagem especialmente para assistir à trupe. É a
única cidade em que o grupo mantém quatro espetáculos fixos.
E é em Las Vegas que o Cirque está
apresentando o mais impressionante show que já montou, o Ká. Inaugurado há um
ano, é considerado, por sua grandiosidade, recursos tecnológicos, proposta
conceitual e produção cênica, um espetáculo de outro mundo. Épico da companhia,
a produção do Ká, inspirada em artes marciais, consumiu nada menos que 165
milhões de dólares para ser montada no maior hotel da Terra, o MGM Grand, que
abriga mais de 5 mil quartos.
Os criadores inovaram nas áreas de
pirotecnia, multimídia e na arte de construção de bonecos. Nesse espetáculo,
oito brasileiros dividem a cena com mais 75 artistas internacionais. Tudo no Ká
é grandioso. A começar pelo teatro, instalado especialmente para o show. Todas
as suas 1950 poltronas são equipadas com duas caixas acústicas, que tornam os
efeitos sonoros cristalinos. A boca de cena é um vão enfumaçado: nele, os
artistas voam, jogam-se e atuam sobre um palco móvel retangular que gira em
vários sentidos, servindo de chão ou de parede, dependendo da cena. As
fantasias foram feitas por 70 profissionais, que somaram 35 mil horas nesse
projeto – cada uma teve um molde exclusivo para cada artista, incluindo as 15
perucas e os 400 pares de sapato. Em certo momento, um barco de quase 1
tonelada surge balançando no meio de um maremoto, todo manipulado pelos
artistas, que se movem para todos os lados e se penduram em seu mastro.
Encabeçando a trupe até hoje está o
engolidor de fogo, acordeonista e perna-de-pau quebecois Guy Laliberté. Hoje
com 46 anos e, merecidamente, figurinha fácil nas listas de bilionários
divulgadas anualmente por revistas americanas, é ele o CEO da companhia.
Laliberté, com sua visão e audácia, fez do Cirque du Soleil uma multinacional
privada que emprega hoje 3 mil pessoas. Pelo mundo, são 700 artistas. Todos
eles são avaliados pela direção dentro e fora do palco: não basta ter talento
se não houver pontualidade e disciplina. Na sede, em Montréal, trabalham1600
profissionais criando e montando os espetáculos. O time para lá de eclético,
inclui a parte técnica, designers, empresários, tradutores, maquiadores,
costureiros, figurinistas, coreógrafos, músicos, fisioterapeutas, médicos,
massagistas, professores, diretores e o que mais se possa imaginar. Trata-se de
uma torre de babel totalizando 40 nacionalidades e 25 idiomas. Mas no palco não
se fala nenhum deles. Derrubando qualquer barreira de comunicação cultural, os
trapezista, malabaristas, atores e palhaços se expressam com gestos, caretas e,
sempre, muito bom humor.
DIMENSÕES
MONUMENTAIS
O preço dos ingressos para ver os
espetáculos do Cirque em Las Vegas varia entre 60 e 150 dólares – e uma coisa é
certa: o que se vê na ribalta, nos trapézios e nos ares justifica cada centavo.
“Recrutamos os melhores atletas e artistas circenses em todos os continentes”,
diz Callie de Quevedo, uma das porta-vozes da companhia. “Depois disso, eles
ainda passam por um treinamento de seis meses em Montréal, no Canadá. Muitos
são cortados nesta fase. Quem está no show é, de fato, o créme-de-la-créme no
que faz”. Ela conta que muitos são campeões mundiais de ginástica olímpica,
outros foram premiados pelo mundo em diversos festivais circenses, de teatro ou
de dança. No começo, há 21 anos, a equipe contava com 73 circenses apaixonados
que ganharam fama se apresentando na festa de 450 anos de independência
canadense. O Cirque jamais usou animais em seus espetáculos.
Tania
Menai. O mundo do circo como você nunca viu.
Viagem e turismo. São Paulo:
Abril, n° 124, fev. 2006. p. 98-100.
Entendendo o texto:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo.
·
Performática: atuação com desempenho notável.
·
Épico: de intensidade fora do comum, fantástico, desmedido, grandioso,
memorável.
·
Pirotecnia: arte ou técnica de usar fogos ou explosivos.
·
CEO: da expressão em inglês chief executive officer, que significa
diretor executivo.
·
Eclético: composto por profissionais de diversas áreas.
·
Ribalta: palco.
02 – Além de informar, a reportagem
lida apresenta outra finalidade. Identifique-a.
Divulgar o Cirque
du Soleil.
03 – Em um texto, o título é
produzido com uma intenção. Analise o título do texto e explique com que
objetivo ele foi produzido.
Apresentar o
assunto e destacar um aspecto importante sobre o que está sendo abordado.
04 – Ao falar sobre o
espetáculo Ká, a autora ressaltou que ele foi produzido de maneira grandiosa.
Do que foi descrito sobre ele, o que mais chamou sua atenção?
Resposta pessoal
do aluno.
05 – Releia o seguinte
trecho da reportagem:
“[...] a maior e mais espetacular
companhia de arte performática do mundo. Não, você nunca viu nada igual. Nenhum
outro grupo circense jamais ousou fazer algo parecido com o que se vê nas
apresentações dessa trupe internacional. [...] com sua visão e audácia [...] o
que se vê na ribalta, nos trapézios e nos ares justifica cada centavo.”
Esse trecho revela uma visão pessoal ou
impessoal da autora em relação aos fatos publicados? Explique.
Embora tenha
exposto informações, ele também apresenta uma visão pessoal da autora.
06 – No último parágrafo, há
um intertítulo ou entretítulo: “Dimensões monumentais”. Analise-o e escreva com que função esse
recurso é empregado.
Para destacar um
outro aspecto do assunto abordado.
07 – No texto, foram
reproduzidas falas de algumas pessoas. Por que em textos como esse é importante
empregar esse recurso?
Porque a
transcrição das falas comprova e reforça aquilo que o(a) autor(a) está
comentando.
08 – Segundo o texto, o
Cirque du Soleil é “a maior e mais espetacular companhia de arte performática
do mundo”. Que aspectos contribuíram para que Tania Menai afirmasse isso?
A quantidade de
pessoas envolvidas, a quantidade dos profissionais, a dedicação e a disciplina
dos artistas, as diversas artes e espetáculos que são apresentados em
diferentes países, entre outros.
09 – Em um trecho do texto,
é dito que “Nenhum outro grupo circense jamais ousou fazer algo parecido com o
que se vê nas apresentações dessa trupe internacional [...]”. Qual é o
diferencial do Cirque du Soleil que encanta tanto o público?
A grandiosidade,
os recursos tecnológicos, a proposta conceitual, a produção cênica, a não
utilização de animais em seus espetáculos e, principalmente, o fato de ter os
mais qualificados profissionais das diversas artes.
10 – O texto revela que o
Cirque du Soleil “Trata-se de uma Torre de Babel, com 40 nacionalidades e 25
idiomas.” Você acha que isso funcionaria em uma companhia que praticasse outras
artes, como o teatro? Por quê?
Resposta pessoal do aluno.
11 – No início da
reportagem, a autora apresenta como o show do Cirque du Soleil é posto, por
meio de uma linguagem característica de uma receita, gênero instrucional. Qual
é o efeito de sentido que o emprego dessa linguagem confere ao texto?
Que para obter o
espetáculo que o circo oferece, é necessário juntar a miscelânea de
ingredientes elencados no início da reportagem.
12 – Observe o trecho:
“O
time, para lá de eclético, inclui parte técnica, designers, empresários,
tradutores, maquiadores, costureiros, figurinistas, coreógrafos, músicos,
fisioterapeutas, médicos, massagistas, professores, diretores e o que mais se
possa imaginar.”
a)
Com que sentido a palavra eclético foi empregada nesse
contexto?
Com sentido de ser composto por profissionais de diversas áreas.
b)
Por qual outra palavra eclético poderia ser substituída sem alterar o sentido do
texto?
Por variado.
13 – Observe o trecho a
seguir.
“Não, você nunca viu nada igual.”
a)
A quem a autora do texto se dirige?
Ao leitor.
b)
Com que intenção isso é feito?
Para chamar a atenção para o que está sendo dito, destacando que o
show do Cirque du Soleil refere-se a algo inédito. Além disso, tem caráter de
propaganda, pois busca veicular a ideia de que o Cirque é sublime, maravilhoso.
14 – O que Callie de
Quevedo, uma das porta-vozes da companhia, quis dizer com a expressão em
destaque na frase a seguir? Copie no caderno a afirmativa correta.
“Quem
está no show é, de fato, o crème de la crème no que faz.”
a)
Ela quis destacar que quem
participa do show são os melhores profissionais de diversas áreas.
b)
Ela quis destacar que quem participa do show
são os profissionais mais antigos do circo.
c)
Ela quis destacar que quem participa do show
são os profissionais amadores e com pouca experiência.
15 – Releia os trechos a
seguir:
“Eles vêm de fora deste planeta”
[...].
[...] “é considerado, por sua
grandiosidade, recursos tecnológicos, proposta conceitual e produção cênica, um
espetáculo de outro mundo.” [...].
Com que sentido as
expressões destacadas foram empregadas nesses trechos?
Para dizer que a
atuação dos artistas e os espetáculos são tão incríveis que parecem não ser
realizados por seres humanos comuns.
16 – Os pré-requisitos
básicos para fazer parte do grupo de artistas que integra o Cirque du Soleil é
ter talento, pontualidade e disciplina.
a)
Em sua opinião, por que essas características
são importantes?
Porque além do talento, que é muito importante, se a pessoa não for
responsável e não souber seguir regras, Ela colocará em risco o trabalho de
todos, pois o sucesso do Cirque du Soleil depende da harmonia do trabalho em
equipe.
b)
E no dia-a-dia, essas características também
devem ser valorizadas? Por quê?
Sim. Pois em qualquer grupo social de que a pessoa faça parte, como
a família ou trabalho, ela precisa agir, principalmente, com disciplina e
pontualidade para não prejudicar a si e aos outros com quem convive.
17 – Em um trecho é dito que
“O Cirque jamais usou animais em seus espetáculos”. Em sua opinião, por que
isso é importante?
É importante
porque muitas vezes, os animais são maltratados e colocados em risco, além de
estarem fora de seu habitat natural.