quarta-feira, 23 de maio de 2018

LENDA: JURUVA SALVOU O FOGO - ANTONIETA DIAS DE MORAIS - COM GABARITO


Lenda: JURUVA SALVOU O FOGO

      De repente, o fogo se apagou nos quatro cantos da Terra. Não se sabia por que, mas apagou. Antes disso acontecer, havia fogueiras espalhadas pelo mundo: fogueiras grandes que serviam às tribos para se comunicarem umas com as outras; fogueiras menores, para os índios se aquecerem nas noites de friagem; fogueiras pequenas, para cozinhar os alimentos; e até fogueirinhas, acesas de brincadeira, pelas crianças.
        De repente, sem nenhuma razão, as fogueiras se apagaram.
        Nunca os índios souberam por quê. Nunca se soube por que as fogueiras se apagaram ao mesmo tempo. As fogueiras e os braseiros apagaram-se!
        Somente num lugar distante, longe, muito longe, havia uma última brasinha acessa, prestes a extinguir-se. Quem poderia ir buscá-la tão depressa como era necessário?
        Alguém deveria chegar a tempo de salvar aquela última centelha, antes do fogo apagar-se para sempre.
        Os índios Parecis reuniram-se e chamaram os animais da floresta, para ajudarem a trazer a última brasa. Todos se recusaram. Uns diziam que não dava tempo; outros alegavam que se queimariam; outros nem responderam, partiram sem dar explicações.
        Os índios Parecis, então, chamaram os pássaros da floresta para ajudá-los. Perguntaram qual dentre eles iria buscar a última brasa que se apagava num lugar distante.
        Juruva não se fez rogar. Ofereceu-se logo para trazer a última brasa que restava acesa na terra. Não havia tempo a perder, e o pássaro partiu ligeiro como seta de zarabatana.
         Voou. Voou. Voou... Por fim, chegou àquele lugar, longe, muito longe, que ninguém sabia onde ficava.
          Revolveu o borralho, e tirou das cinzas aquela última brasinha. E, agora, como a levaria?  Não tinha mãos.
          Tomou-a no bico, mas logo sentiu o ardor de queimadura. Virou daqui, virou dali, saltitando, mas nada de achar um jeito de segurar a brasa. De repente, teve uma ideia. Apanhou a brasinha entre as duas penas compridas da cauda, e voltou, voando depressa ao encontro dos Pareci.
          Ao chegar, entregou a preciosa brasa quase apagada. Os índios receberam-na com muito cuidado. Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas, uma espécie de ninho preparado para receber aquele tesouro.
          A tribo reuniu-se ao redor, e todos começaram a soprar a brasinha, que aos poucos parecia reanimar-se. De repente, apareceu uma chama minúscula, um quase nada, uma esperançazinha...
          Foi o bastante para os índios se alegrarem. Todos sopraram com mais força. Entregou-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra ... o fogo estava salvo!
          Os Parecis atiraram flechas secas e gravetos, até subirem altas labaredas vermelhas, com fulgores azulados. Agora, era preciso alimentar o fogo. Primeiro, trouxeram galhos pequenos; depois, maiores e, por fim, grandes toros de madeira seca. A fogueira ardia. Pipocavam faíscas de ouro como se o próprio ar se incendiasse.
         Era quase noite quando a dança começou.
         Primeiro, o bastão de ritmo golpeou o chão. Depois, os pés golpearam o chão num baticum formidável.
         O fogo roncava, bravo como um jaguar. Lampejos de ouro dançavam na folhagem. A floresta estremecia ao som dos cantos e das danças rituais.
        Encarapitado numa árvore, Juruva via o fogo subir em labaredas, que punham clarões no céu, e reflexos metálicos em sua plumagem colorida. Olhou para a própria cauda. Antes, era tão bonita, e agora apresentava duas falhas bem no lugarzinho em que a brasa queimara! Ficaria com aquela falha para sempre!
        “Não logo” – disse consigo mesmo. “Todos vão saber que salvei o fogo, para entregá-lo aos índios Parecis.”

Antonieta Dias de Morais (org.).  Contos e lendas de índios no
  Brasil: para crianças. São Paulo, Nacional.       
Entendendo a lenda:      
                  
01 – Qual é o problema que a história apresenta e que tenta resolver?
      A falta do fogo nas aldeias.

02 – O que os índios deixaram de fazer sem o fogo?
      Deixaram de comunicar com outras tribos, aquecer nas noites frias, cozinhar os alimentos, etc.

03 – Quem era Juruva?
      Era um pássaro.

04 – A quem os índios Parecis chamou primeiro para poder buscar a última brasa?
      Chamou os animais, e nenhum aceitou ir buscar a brasa.

05 – Quando eles chamaram os pássaros, quem aceitou ir buscar?
      Foi o Juruva.

06 – Observe o trecho: “Voou. Voou. Voou ...”
        Por que você acha que o autor repetiu a palavra voou?
      Porque era longe a distância. E foi um meio de mostrar o tamanho da distância.

07 – Observe mais esse trecho:
            “Ergueu-se uma língua de fogo; a seguir outra, e mais outra... O fogo estava salvo!”
a)   Qual o significado das reticências no trecho acima?
Significa que tem mais algumas palavras (frase) escrita.

b)   Agora explique por que foi utilizado o ponto de exclamação.
Foi utilizado como uma afirmativa.

     c) Se você tivesse que reescrever essa frase: “O fogo estava salvo!”, que palavras do quadro abaixo acrescentaria para dar mais emoção ainda ao trecho?
        Ufa! – Ih! – Credo! – Oh! – Ai! – Tomara!
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Como o Juruva conseguiu trazer a brasinha para os Índios Parecis?
      Trouxe entre as duas penas compridas da sua calda.

09 – Em que lugar foi colocado a brasinha pelos índios?
      Colocaram-na entre ervas delicadas, musgos e palhinhas secas.

10 – De que maneira eles conseguiram fazer da brasinha, uma enorme fogueira?
      Todos começaram a assoprar a brasinha, logo pareceu reanimar-se. Então eles sopraram cada vez mais.

11 – Após acender a brasinha, eles precisavam alimentar o fogo, o que eles fizeram? 
      Primeiro trouxeram galhos pequenos, depois maiores e por fim grandes toras de madeira seca.

12 – De acordo com o texto, qual foi o pensamento do Juruva?
      “Todos vão saber que salvei o fogo, para entrega-lo aos Índios Parecis.”

13 – Quem é o autor do texto “Juruva salvou o fogo”?
      Antonieta Dias de Morais.


ARTIGO DE OPINIÃO: NÃO CORRA ATRÁS DAS BORBOLETAS, CUIDE DO SEU JARDIM - DENYSE LAGE FONSECA- COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: Não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim
Denyse Lage Fonseca


       … Muitas vezes, passamos um longo tempo de nossas vidas correndo desesperadamente atrás de algo que desejamos, seja um amor, um emprego, uma amizade, uma casa, etc.
      Muitas vezes, a vida usa símbolos, acontecimentos que são sinais para que possamos entender que, antes de merecermos aquilo que desejamos, precisamos aprender algo importante, precisamos estar prontos e maduros para viver determinadas situações.
      Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase: “Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você!”. Devemos compreender que a vida segue seu fluxo e que esse fluxo é perfeito.
       Tudo acontece no seu devido tempo.
      Nós, seres humanos, é que nos tornamos ansiosos e estamos constantemente querendo “empurrar o rio”. O rio vai sozinho, obedecendo ao ritmo da natureza. Se passarmos todo o tempo desejando as borboletas e reclamando porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.
      Mas, se nos dedicarmos a cuidar de nosso jardim, a transformar o nosso espaço [a nossa vida] num ambiente agradável, perfumado e bonito, será inevitável… as borboletas virão até nós!
      Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá…!

https://acessaber.com.br/atividades/interpretacao-de-texto-nao-corra-atras-das-borboletas-1o-ano-do-ensino-medio/

Entendendo o texto:

01 – A finalidade e do texto é:
a) fazer refletir
b) informar
c) divulgar
d) entreter

02 – O texto é construído por meio da seguinte metáfora:
a) “Muitas vezes, passamos um longo tempo de nossas vidas correndo desesperadamente [...]”
b) “Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você!”.
c) “Tudo acontece no seu devido tempo.”
d) “Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá...!”

03 – Em “[...] é que nos tornamos ansiosos e estamos constantemente querendo “empurrar o rio”, o termo destacado poderia ser substituído por:
a) aleatoriamente
b) consequentemente
c) indubitavelmente
d) incessantemente.

04 – No trecho “[...] mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.”, o termo sublinhado estabelece uma relação de:
a) adversidade
b) reciprocidade
c) continuidade
d) conclusão.

05 – Em todos os segmentos, registra-se o emprego do modo imperativo, exceto em:
a) “Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase [...]”
b) “Não corra atrás das borboletas.”
c) “Mas, se nos dedicarmos a cuidar de nosso jardim [...]”
d) “Dê o que você tem de melhor e a vida lhe retribuirá...!”

06 – Em “[...] a transformar o nosso espaço [a nossa vida] num ambiente agradável [...]”, a parte nos colchetes consiste em uma:
a) especificação
b) exemplificação
c) citação
d) opinião.

07 – No trecho “[...] e reclamando porque elas não se aproximam da gente, mas vivem no jardim do nosso vizinho, elas realmente não virão.”, os pronomes grifados substituem:
      “As borboletas”.

08 – Na passagem “Se isso está acontecendo na sua vida, pare e reflita sobre a seguinte frase [...]”, a vírgula indica uma:
a) inserção de um comentário avaliativo.
b) inversão na ordem dos constituintes da frase.
c) omissão de termo da oração.
d) enumeração de conselhos.



domingo, 20 de maio de 2018

FÁBULA: O COELHO E A CABRA - ANA CÍNTIA DA SILVA ROCHA - COM GABARITO

Fábula: O coelho e a cabra
              Ana Cíntia da Silva Rocha

     Um belo dia, o coelhinho saiu para colher cenouras, e acabou deixando a porta de sua casa aberta. Ao voltar, ele percebeu que a casa estava fechada, então pensou:
      -- Quem está aí dentro?
    O coelho bateu à porta e, apareceu uma cabra dizendo:
   -- Saia da minha casa! Eu sou a cabra Cabrez, te dou um salto e te parto em três.


        O coelhinho saiu correndo, viu um boi, pediu:
         -- Seu boi uma cabra invadiu minha casa, ainda disse que me dá um salto e me parte em três. Ajude-me, seu boi.
         O boi teve medo, e disse para o coelho que estava muito ocupado.
         O coelho viu o cachorro dormindo, e disse:
         -- Acorda pra latir.
         Respondeu o cachorro:
         -- Au, au!!!
         O coelho pediu:
         -- Seu cachorro, pode me ajudar? A cabra Cabrez invadiu minha casa e ela disse que me dava um salto e me partia em três.
         O cachorro estava com muito sono e preferiu voltar a dormir.
         Assim, o animalzinho se desesperou e começou a chorar, quando veio uma abelhinha bem pequena e disse:
         -- Por que está chorando, coelhinho?
         Ele respondeu:
         -- Por que a cabra Cabrez invadiu minha casa, e ela disse que me dá um salto e me parte em três.
         A abelhinha foi até a casa do coelho e bateu à porta. A cabra já queria saltar em cima da abelha, mas a abelha deu uma ferroada tão forte na cabra, que ela correu e nunca mais se ouviu falar na cabra Cabrez.

         MORAL: Tamanho não é documento.  
                                                                  Ana Cíntia da Silva Rocha.
Entendendo a fábula:

01 – Pra você está fábula lhe pareceu interessante?
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Qual o título da fábula?
      O coelho e a cabra.

03 – A quem o coelho pediu ajuda?
      Pediu ajuda para o boi, pro cachorro e para a abelhinha.

04 – Quem foi que ajudou o coelho? De que maneira?
      Quem ajudou o coelho foi a abelhinha. Dando uma ferroada tão forte, que a cabra sumiu.

05 – Você discorda de “Moral” dessas histórias? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Produza uma fábula escolhendo uma das 05 moral abaixo:
         “A inveja é a arma dos incompetentes.”
         “Filho de peixe, peixinho é.”
         “Quem ri por último, ri melhor.”
         “Quem vê cara não vê coração.”
         “Faz bem quem presta atenção aos conselhos dos mais velhos.”

Observação: A história deve ser coerente com a moral escolhida.
      Resposta pessoal do aluno.



FILME(ATIVIDADES): ARTHUR E A VINGANÇA DE MALTAZARD - LUC BESSON - COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): ARTHUR E A VINGANÇA DE MALTAZARD

Data de lançamento: 8 de janeiro de 2010 (1h 34min)
Direção: Luc Besson
Gêneros: AnimaçãoAventura
Nacionalidade: França

SINOPSE E DETALHES
        O menino Arthur (Freddie Highmore) recebe um pedido de socorro dos Minimoys, os pequenos seres invisíveis que moram no seu quintal. Para ajudá-los, ele deve mais uma vez passar pelo ritual que o transforma em miniatura, embarcar em uma perigosa aventura, enfrentar o vilão Maltazard e salvar a princesa Selenia. Só que o seria uma missão de resgate, acaba se mostrando uma armadilha de Maltazard, que quer reverter a magia de transformação, para virar um gigante e conquistar o mundo dos humanos.

Entendendo o filme:

01 – Por que o Arthur estava triste?
      Porque suas férias escolar estava terminando, e ele tinha que ir embora.

02 – O que tinha de especial nesta data, para deixar o Arthur ainda mais triste?
      Os Minimoys estavam preparando uma grande festa para recebê-lo.

03 – Qual foi a mensagem recebida por Arthur, na hora em que estava indo embora?
      Ele recebeu um pedido de socorro escrito num grão de arroz.

04 – Ao tentar ser transportado através das cordas, onde o Arthur foi parar?
      Ele foi parar dentro do bar que existe no mundo dos Minimoys.

05 – Chegando no palácio dos Minimoys, o que o Arthur descobre dobre o pedido de socorro?
      Que não era verdade e tinha sido enganado pelo maldoso Maltazard.

06 – Ele não encontra a princesa, o que tinha acontecido com ela?
      Ela tinha sido aprisionada pelo Maltazard.

07 – Qual era a intenção de Maltazard, com este gesto?
      Era de conseguir a transferência dele para o mundo do Arthur.

08 – Quando os pais de Arthur descobre que ele não estava dentro do carro, eles voltam para a casa. O que aconteceu no caminho?
      Eles bateram o carro contra um carneiro.

09 – O Arthur participa de um ritual, ele tem que passar por três provas. Quais são elas?
·        O teste da árvore. Ficou abraçado por 7 horas.
·        O teste do mineral. Ficou encostado na pedra de granito.
·        O teste dos animais. Dormiu na toca do urso.

10 – Quais foram as cores que foi pintado no rosto de Arthur?
      Foram: verde, azul e amarelo.

11 – Qual a recompensa que ele ganhou por ter vencido todas as provas?
      Um medalhão como símbolo da união homem x natureza.


POEMA: O HERÓI - JUDAS ISGOROGOTA - COM GABARITO

Poema: O herói
                         
                  Judas Isgorogota

“_ Papai, o que é um herói?
Eu pergunto porque tenho grande vontade de ser herói também ...

Será que posso ser herói sem entrar numa guerra?
Será que posso ser herói sem odiar os homens
E sem matar alguém?”

O homem que já sofrera as mais fundas angústias
E as mais feias misérias
Trabalhando a aridez de uma terra infecunda
Para que não faltasse o pão no pequenino lar;

O homem que as mais humildes ilusões perdera
No seu cotidiano e ingrato labutar;
Aquele homem, ao ouvir a pergunta do filho:
_ “Papai, o que é um herói?”
Nada soube dizer, nada pôde explicar...

Tomou de uma peneira
E cantando saiu, outra vez a semear!

Acesso em: 05 de março de 2016.
Entendendo a poema:

01 – Preencha o quadro abaixo com informações relativas à estrutura do poema.
Título e Autor:
O herói, de Judas Isgorogota
Número de estrofes:
5
Número de versos:
16

02 – Qual dúvida inquietava o garoto, personagem do poema?
      O garoto desejava ser herói. Por isso, questionava como sê-lo sem a necessidade de participar de uma guerra, isto é, sem cometer a atrocidade de matar o outro.

03 – Na visão do autor, o que é ser herói?
      Na visão do autor, o pai do garoto é apresentado como um exemplo de herói, porque mesmo trabalhando em uma terra infecunda, não permite que falte o pão de cada dia em seu lar.

04 – Foram utilizados diferentes adjetivos para caracterizar a dura vida do pai do garoto. Identifique a que cada um deles se refere:
a) fundas: angústias
b) feias: misérias
c) infecunda: terra
d) pequenino: lar



CONTO: ROSAS NA CABECEIRA - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

CONTO: Rosas na cabeceira
             Marina Colasanti

        Mulher de cadeiras largas, sem esforço pariu o primeiro filho na cama que havia sido da sua família. Oferecia-lhe o peito ainda deitada, quando a vizinha veio visitá-la. Debruçou-se elogiando o pequeno, entregou à mãe a laranja que havia trazido, e cedo despediu-se. Mas ainda na porta voltou-se, olhou a cama.
       – Leito de vida, leito de morte – disse sem alegria.
       E se foi.
     Era uma bela cama, de madeira lustrada por longo tempo e muitas mãos. Havia acolhido sua mãe, e a mãe de sua mãe. Mas a partir daquele dia a mulher não conseguiu deitar-se nela. Sem lembrar as palavras da vizinha. Pesadelos infiltravam-se em seus sonhos.
       Esperou a vinda do mascate. Na tarde em que finalmente ouviu sua cantilena ecoando entre as casas, correu à rua e ofereceu-lhe a cama.
      – Não estou interessado em móveis – respondeu o mascate, que sabia tirar vantagem do desejo alheio. – Nem tenho serventia para esse.
        E como a mulher insistisse:
      – Se é para lhe fazer um favor, levo. Mas só posso pagar quatro moedas.
     A mulher alisou mais uma vez as rosas entalhadas na cabeceira. Depois entregou a cama em troca das quatro moedas, e a viu afastar-se na carroça do mascate.
    Quatro moedas de pouco lhe serviam. Aquelas pareciam queimar na palma da mão. A mulher foi até o fundo do quintal, cavou um buraco na terra escura, e enterrou as moedas.
    Passadas algumas semanas, como saber, entre tantas plantas, que uma muda despontava no lugar da terra mexida?
    E a mulher teve outros filhos e seus filhos cresceram. E um dia sentiu uma tonteira, pensou que o sol estava escurecendo antes da hora, apoiou-se na parede. A mulher havia adoecido.
    Deitou-se naquele dia em sua cama estreita. No dia seguinte, começou a definhar.
     Definhou, definhou. Forças para levantar-se não teve mais.
     Estava tão magra e frágil que o marido, querendo dar-lhe algum conforto, decidiu fazer para ela uma cama nova. A muda era agora uma árvore copada.       O marido foi até o fundo do quintal e a abateu.
    Durante dias serrou, lixou, martelou. Durante dias entranhou na madeira o seu próprio suor. Pronta a cama, firmes os encaixes, ainda poliu a cabeceira. Depois pegou o formão e, com cuidado, entalhou quatro rosas.

COLASANTI, Marina. In.: Com certeza tenho amor.
Ed. Gaudi, p.47-49: São Paulo.

Entendendo o texto:
01 – “Leito de vida, leito de morte...” De quem é essa fala:
(X) da vizinha.
( ) da mulher de cadeiras largas.
( ) do marido da mulher de cadeiras largas.
( ) do marido da vizinha.

02 – Porque a cama era tão importante para a mulher de cadeiras largas?
( ) porque ela achava a cama bonita.
( ) porque a cama foi um presente do marido.
(X) porque a cama estava em sua família desde a época da avó.
( ) porque a cama era de madeira lustrada.

03 – A mulher queria a todo custo se livrar da cama com “Rosas na Cabeceira”, por isso, quando o mascate passou ela ofereceu para ele. Este respondeu que não estava interessado em móveis, no entanto, acabou comprando por quatro moedas. Por que ele tomou essa atitude?
( ) porque ele era um bom homem e quis ajudar a mulher a se livrar da cama.
(X) porque ele era interesseiro e tinha a intenção de lucrar com a venda da cama.
( ) porque se ele não comprasse a mulher iria jogar a cama fora.
( ) porque ele quis fazer um grande favor à mulher.

04 – O que a mulher fez com as moedas que ganhou com a venda da cama? E o que nasceu no local onde as moedas foram colocadas?
      A mulher foi até o fundo do quintal, cavou um buraco na terra escura, e enterrou as moedas. Nasceu uma árvore.

05 – Explique, como a profecia da vizinha se realizou?
      O marido da mulher de cadeiras largas derrubou a árvore que nasceu no lugar das moedas, que ela enterrou e com intenção de dar conforto a ela fez uma cama e para agradá-la entalhou quatro rosas na cabeceira.

FÁBULA: O PULO DO GATO - PAULO BANDEIRA - COM GABARITO

FÁBULA: O pulo do gato
               Paulo Bandeira


        A raposa andava maluca para pegar o gato. Mas ela sabia, como todo mundo sabe, que gato é o maior mestre pulador e nem adiantava tentar agarrá-lo. Com um salto de banda, o danado sempre se safava.
       Decidiu então a raposa usar a esperteza. Chegou-se para o gato e propôs a paz:
       – Chega de correr um atrás do outro, mestre gato. Vamos agora viver em paz!
         – Não é bem assim, comadre raposa – corrigiu o gato – Não é um que corre atrás do outro, é “uma”, que é a senhora, que corre atrás do “outro”, que sou eu…
        – Bom, de qualquer forma, vamos fazer as pazes, amigo gato. Como o senhor é mestre em pulos, proponho que, para celebrar nosso acordo de amizade, o senhor me dê um curso de pulos, para eu ficar tão puladora como o senhor. Pago-lhe cada lição com os mais saborosos filés de rato que o senhor já experimentou!
    O gato aceitou e começaram as lições no mesmo dia. A raposa era aluna dedicada e o gato, ótimo professor. Ensinou o salto de banda, o salto em espiral, o cambalhota-simples, o cambalhota-com-pirueta, o duplo-mortal, o triplo-mortal e até o saca-rolha-composta. A raposa todos eles aprendia, praticava depois das aulas e, logo, já estava tão mestre em pulos quanto o gato.
    Decidiu então que já era chegada a hora de colocar em prática seu plano sinistro. No começo de outra aula, esgueirou-se por trás do gato e deu um bote, caprichando no salto mais certeiro que o mestre lhe tinha ensinado!
    E o gato? Deu um volteio de banda, rolou no ar, e a raposa passou chispando por ele, indo esborrachar-se num toco de aroeira.
    Ainda meio tonta da queda, a raposa voltou-se para o gato e protestou:
    – Mas mestre gato, esse pulo o senhor não me ensinou!
    – Não ensinei, nem ensino! – riu-se o gato – Esse é o segredo que me salva de malandros como a senhora, comadre raposa. Esse é o pulo do gato!

Paulo Bandeira. “O pulo do gato”. In: Nova Escola, p. 48.
São Paulo, Abril, 1991.
 Entendendo o texto:

01 – Cite os personagens da história:
      O gato e a raposa.

02 – Assinale a alternativa que apresenta o objetivo da raposa:
a) pegar o gato.
b) fazer as pazes com o gato.
c) aprender a pular tão bem quanto o gato.
d) demonstrar que era esperta.

03 – Aponte o fato que impedia a raposa de atingir o seu objetivo:
      O fato de o gato saber pular de forma muito habilidosa impedia a raposa de conseguir agarrá-lo. Ele sempre se safava com maestria.

04 – Qual foi a atitude tomada pela raposa para atingir o seu objetivo?
      Para tentar pegar o gato, a raposa o convenceu a dar aulas de pulo para ela. Como pagamento, o felino receberia saborosos filés de rato.

05 – A frase que caracteriza o clímax da história é:
a) “Decidiu então a raposa usar a esperteza.”
b) “– Não é bem assim, comadre raposa – corrigiu o gato [...]”
c) “A raposa ... já estava tão mestre em pulos quanto o gato.”
d) “[...] esgueirou-se por trás do gato e deu um bote, caprichando no salto mais [...]”

06 – “Esse é o pulo do gato!”. A que pulo do gato o desfecho da história se refere?
a) o duplo-mortal.
b) o triplo-mortal
c) o saca-rolha-composta
d) um volteio de banda.

07 – Para o gato, qual a importância do pulo identificado na questão anterior?
      O pulo “volteio de banda” permitia que o gato se salvasse de malandros como a raposa.

08 – Sublinhe os termos que retomam o referente “o gato” nas frases a seguir:
a) “[...] e nem adiantava tentar agarrá-lo.”
b) “Com um salto de banda, o danado sempre se safava.”
c) “Pago-lhe cada lição com os mais saborosos filés de rato que o senhor já experimentou!”
d) “[...] caprichando no salto mais certeiro que o mestre lhe tinha ensinado!