domingo, 20 de maio de 2018

CONTO: MEDO - ODENILDE NOGUEIRA MARTINS - COM GABARITO

CONTO: Medo 

      Tudo calmo. Archimedes estava só, em casa. Quando chegou, avistara um bilhete sobre a mesa, próximo à cesta de frutas. 
        “Filho, seu pai e eu precisamos viajar. Sua avó não está passando bem. Há comida pronta no freezer, aqueça no micro-ondas. Na geladeira tem leite e iogurte. Ah! Verduras também! Não te esqueças de colocar o relógio para despertar. Nada de “perder” a hora. Voltamos logo. Beijo de seu pai e sua mãe. Te amamos” 
        A casa era toda sua! Ninguém para mandá-lo tomar banho, escovar os dentes, dormir cedo, bom demais! Os pais se esqueciam de que ele já não era um menino, que tinha vinte anos. Grande foi a tentação de convidar os amigos e fazer uma festança! Havia comida, os amigos podiam trazer a bebida. Nem entrariam na casa, a bagunça seria do lado de fora à beira da piscina. Chegou a pegar o celular para convidar os amigos, mas a razão aconselhou que era uma péssima ideia. Como iria fazer uma festa sem deixar vestígios e sem que a empregada desse com a língua nos dentes? 
        – Sem chance! – concluiu. – Melhor aquietar o facho. 
        Andou pela casa, preparou um lanche e o silêncio despertou-lhe a vontade de ler. Por que não terminar a leitura daquele livro de Edgar Allan Poe, cheio de mistérios? Procurou por entre a bagunça que era seu quarto. De posse, daquele que seria seu companheiro por algumas horas, rumou para a sala disposto a escachar-se no sofá, onde só era permitido sentar-se. Pés sobre ele, nem pensar! Sua mãe quase tinha um ataque de nervos toda vez que o via, ou ao pai, tirando um cochilo sobre o mesmo. Era caro demais, dizia ela, para que o fizessem de cama. 
        Iniciou a leitura por “Berenice”. A história era por demais envolvente, a sensação de medo traduzia-se em aumento de adrenalina, o que só ratificava sua preferência pelo autor. 
        Um forte ribombo acompanhado de um risco luminoso cortando o céu, anunciava mudança no tempo. Uma chuva forte estava a caminho, bem próxima. “Atmosfera perfeita”, pensou. Levantou-se para fechar a janela que havia deixado aberta e constatou que o céu estava estrelado. Intrigado, voltou ao sofá para iniciar a leitura de outra história. 
        Tão logo se acomodou, despertou-lhe a atenção uma pequena caixa vermelha sobre o aparador que ficava próximo à janela. 
        – São os dentes de Berenice – murmurou, em tom irônico. 
        Nem bem abriu o Edgar Allan Poe, a porta da sala fechou-se com um estrondo, e uma lufada de vento invadiu o cômodo, revirando a toalha da mesa e o jornal que o pai havia deixado sobre o aparador. 
        – Archimedes, por quê? Eu te amo tanto! Por que, meu amor? 
        – O que está acontecendo? – balbucia, pálido de terror. 
        Diante de si, no umbral da porta, está Carla, sangue escorrendo da boca desdentada. O terror intenso põe o rapaz em pé, que, em um movimento violento, quebra o vaso de porcelana da dinastia Ming, adquirido pela mãe em um leilão. Paralisado pelo pavor, vê Carla afastar-se em meio a soluços de dor. 
        – Carla, espera! O que aconteceu? – grita desesperado, tentando segui-la, mas é impedido pela mesa de centro. A dor no joelho é tão forte que ele cai. 
        Quando finalmente consegue levantar-se, o que viu aterrorizou-o ainda mais, lá estava, no sofá revestido de fino veludo italiano, uma pasta de folhas de alface, pepino, catchup e mostarda; no chão, os cacos do pequeno tesouro garimpado pela mãe em uma viagem a Hong Kong. Da caixinha vermelha sobre o aparador, nem sinal. 
        Foi o som do telefone tocando que o tirou do estado catatônico em que se encontrava. 
        – Alô. 
        – Archimedes! Espero que tenhas uma desculpa muito boa para o fato de ter me deixado plantada na frente do cinema, ou eu arranco o teu couro! – berrava Carla. 
        Desligou o telefone sem dizer uma palavra. Estava em uma enrascada tremenda, destruiu o sofá e a obra de arte da qual a mãe tanto se gabava. Maldito Edgar Allan Poe e suas histórias! Por culpa dele, quem ficaria sem os dentes, assim que a mãe chegasse, era ele! E ainda perderia a namorada que não ia acreditar que ele estava em casa lendo, adormeceu e, por isso, não fora ao encontro marcado.

                    Odenilde Nogueira Martins - Medo: In: Caso encerrado.


Entendendo o texto:
01 – Certamente você já escreveu um bilhete. Quais elementos esse gênero textual precisa apresentar?
      Deve conter os seguintes elementos: destinatário (a pessoa que receberá o bilhete), mensagem, nome legível do emissor e data. 

02 – Identifique o destinatário e o emissor do bilhete.
      Destinatário: filho; emissor: mãe.

03 – Há, no bilhete escrito pela mãe, um vocativo. Identifique-o.
      Filho – Archimedes.

04 – Explique o uso de aspas na palavra "perder", segundo parágrafo.
      A palavra "perder" foi usada no sentido figurado e denota ironia.

05 – O que significa "aquietar o facho"?
      Significa: sossegar, ficar quieto.

06 – No trecho: "...o que só ratificava sua preferência pelo autor.", "ratificava" significa:
(a) - Corrigir, emendar, alinhar, endireitar, 
(b) - Confirmar, autenticar um ato ou compromisso.

07 – Quem é Edgar Allan Poe?
      Edgar Allan Poe é um escritor. 

08– Identifique no conto "Medo":
      a - Foco narrativo, tipo de narrador;
Terceira pessoa, narrador observador;

 b - Espaço físico da narrativa (onde);
Casa da personagem Archimedes, mais precisamente, a sala de estar;

         c - espaço temporal ( quando), comprove;
         Tempo indefinido: os fatos aconteceram à noite: "Levantou-se para fechar     a janela que havia deixado aberta e constatou que o céu estava estrelado."

09 – Quem é Berenice?
      Berenice é personagem de uma das histórias do livro de Edgar Allan Poe.

10 – Que fato despertou a atenção do rapaz?
      Uma pequena caixa vermelha sobre o aparador que ficava próximo à janela.

11 – O que aterrorizou mais Archimedes?
      Ver, no sofá revestido de fino veludo italiano, uma pasta de folhas de alface, pepino, catchup e mostarda; no chão, os cacos do pequeno tesouro garimpado pela mãe em uma viagem a Hong Kong.

12 – Que fato traz o rapaz à realidade?
      O som do telefone tocando.

13 – Quem estava telefonando? O que dizia?
      Carla. Dizia que arrancaria o couro dele se ele não tivesse uma boa desculpa para o fato de tê-la deixado esperando na frente do cinema.

14 – Podemos concluir que tudo não passara de...
      ... um sonho.

15 – A que conclusão Archimedes chegou após o telefonema?
      Concluiu que estava em uma enrascada tremenda, destruiu o sofá e a obra de arte da qual a mãe tanto se gabava. E ainda perderia a namorada que não ia acreditar que ele estava em casa lendo, adormeceu e, por isso, não fora ao encontro marcado.


sábado, 19 de maio de 2018

FILME(ATIVIDADES): ARTHUR E OS MINIMOYS - LUC BESSON - COM GABARITO

Filme(ATIVIDADES): ARTHUR E OS MINIMOYS

 Data de lançamento: 23 de março de 2007 (1h 34min)
Direção: Luc Besson
Nacionalidade: França

SINOPSE E DETALHES
        Arthur (Freddie Highmore) é um garoto de 10 anos que tem por missão evitar que a casa de sua avó (Mia Farrow) seja destruída. Fascinado pelas histórias de seu avô sobre a terra dos Minimoys, o pequenino povo que habita seu jardim, Arthur decide procurar seus tesouros escondidos. Porém, a terra dos Mimimoys também está ameaçada, o que faz com que Arthur tenha que ajudar a princesa Selenia a enfrentar o vilão Maltazard.

Entendendo o filme:
01 – Quem são os Minimoys?
      São um povo minúsculo que habitavam no jardim da casa de seu avó.

02 – Por que o Arthur estava procurando o tesouro que seu avó tinha escondido no jardim?
      Porque a hipoteca da casa estava atrasada, e o empresário inescrupuloso queria ficar com a propriedade do avó.

03 – Qual o nome do personagem principal? E qual a sua idade?
      Chama-se Arthur. E tinha 10 anos de idade.

04 – Quais os momentos que geraram mais ações? Cite-os.
·        A batalha contra os insetos.
·        A fuga dentro de um carrinho de brinquedo.
·        A luta aérea no lombo de marimbondos.

05 – Onde o Arthur encontrou teu avó? E quem era seus companheiros?
      Encontrou na prisão de Maltazard. Seus companheiros eram a princesa Selenia e o seu irmão Betameche.

06 – De que maneira o Arthur ia para o mundo dos Minimoys?
      Através de um telescópio, com a ajuda dos protetores da floresta, na passagem do 10° ciclo lunar.

07 – O telescópio possuía três anéis que tinham uma senha para conseguir ser transportado. Qual era a senha?
·        O 1° anel era ¼ de volta para a direita para o corpo.
·        O 2° anel era ¾ de volta para a esquerda para a mente.
·        O 3° anel era 1 volta completa para a alma.

08 – Qual era a cor do carro de brinquedo, que eles fugiram?
      Era vermelho com uma listra branca.


FÁBULA: O LEÃO E O JAVALI - ESOPO - COM GABARITO

Fábula: O Leão e o Javali
              Esopo


        Num dia muito quente, um leão e um javali chegaram juntos a um poço. Estavam com muita sede e começaram a discutir para ver quem beberia primeiro. Nenhum cedia a vez ao outro. Já iam atracar-se para brigar, quando o leão olhou para cima e viu vários urubus voando.
     - Olhe lá! – disse o leão. – Aqueles urubus estão com fome e esperam para ver qual de nós dois será derrotado...
   - Então é melhor fazermos as pazes  – respondeu o javali. – Prefiro ser seu amigo a ser comida de urubus.

        Moral: Diante de um perigo maior, é melhor esquecermos as pequenas rivalidades.
                                                              (Esopo. Fábulas de Esopo.)
Entendendo a fábula:

01 – O que aconteceu ao leão e ao javali num dia muito quente?
      Chegaram juntos a um poço d’água.

02 – Por que os dois começaram a discutir?
      Para saber quem beberia primeiro.

03 – O que o leão viu ao olhar para cima?
      Viu vários urubus voando.

04 – O que o leão achou que os urubus iam fazer?
      Que estavam só esperando qual dos dois seria derrotado.

05 – O que eles resolveram fazer?
      Resolveram fazer as pazes.

06 – Qual a moral da história?
      Diante de um perigo maior, é melhor esquecermos as pequenas rivalidades.

07 – Você já passou por uma situação semelhante?
      Resposta pessoal do aluno.

08 – Alguma vez você foi ao zoológico? Viu algum leão ou javali de perto? O que achou?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – A atitude do javali no desfecho da história demonstra
(A) Coragem.
(B) Inteligência.
(C) Ousadia. 
(D) Sabedoria.

10 – Em qual das alternativas abaixo a palavra expressão em negrito serve para indicar a passagem de tempo?
(A) "... é melhor fazermos as pazes."
(B) "Nenhum cedia a vez..."
(C) "Prefiro ser seu amigo..."
(D)"...quando o leão olhou para cima..."






CONTO: UM PASSEIO NO CÉU - (DO LIVRO CIÊNCIAS, GEOGRAFIA E MAGIA) - COM GABARITO

Conto: Um passeio no céu

      No céu azul de todas as estações, viviam dois amigos; o sol e a nuvenzinha cor-de-rosa. Eles adoravam brincar de esconde-esconde e assim passavam os seus dias. Viviam felizes e à noite dividiam seu espaço com a lua e as estrelas que quando o sol se retirava para dormir, tomavam conta do céu iluminando o caminho para os anjos.
     Ao amanhecer, o sol voltava e a lua e as estrelas iam descansar. Logo cedinho, a nuvenzinha aparecia para fazer companhia ao amigo sol e assim ficavam horas na mais perfeita harmonia.
     Certo dia, uma gotinha de água e suas irmãs resolveram sair do mar para passear e voaram para o céu. No meio do caminho, sentindo-se pesadas pediram ao sol que lhes mandasse calor. Ele as atendeu prontamente e aquecendo-as o mais que pode, transformou-as em vapor fazendo com que ficassem mais leves que o ar.
     Assim, lá foram as irmãs água passear no céu. A nuvenzinha cor-de-rosa, entusiasmada com a visita, rapidinho se espalhou para receber as novas amigas e nem percebeu que se afastou tanto do sol que acabou ficando geladinha.
    Logo que o vapor chegou, ao entrar em contato com a nuvenzinha gelada, tornou-se novamente mais pesado que o ar, voltando a se transformar em gotinhas. Mal deu tempo para uma boa conversa, pois o frio era tanto que acabaram formando uma linda cascata e choveram sobre a Terra.

(Do livro Ciências, Geografia e Magia).
 Entendendo o conto:
01 – Qual é o título da história?
      O título do texto é “Um passeio no céu”.

02 – Qual é o tema principal do texto?
      O texto fala sobre o ciclo da água.

03 – Quais são os personagens principais da história?
      Os personagens principais da história são o sol, a nuvenzinha rosa e as gotinhas de água.

04 – Quem é o amigo da nuvenzinha cor-de-rosa?
      O amigo da nuvenzinha é o sol.

05 – Quando o sol voltava bem cedinho, quem ia descansar?
      A lua e as estrelas.

06 – Quem foi passear no céu?
      As irmãs gotinhas de água.

07 – Quem ficou entusiasmada ao ver as irmãs água passeando no céu?
      A nuvem cor-de-rosa.

08 – O que o sol fez para as irmãs água?
      Ele as aqueceu mais que pode, até transforma-las em vapor, mais leve que o ar.

09 – O que aconteceu quando o vapor entrou em contato com a nuvem gelada?
      Ele tornou- se novamente mais pesado que o ar, voltando a se transformar em gotinhas.

10 – Por que as gotinhas e a nuvem não tiveram tempo para uma conversa?
      Elas não tiveram tempo de conversar pois, o frio era tanto que acabaram formando uma linda cascata e choveram sobre a terra.


TEXTO: O ASTRONAUTA JEAN - ANDRÉ MARTINS - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO

Texto: O Astronauta Jean


        Em um futuro não muito distante, no ano de 2030, cientistas brasileiros descobrem um novo planeta. Isso até que não é surpreendente, porque há anos pesquisadores já desconfiavam da possibilidade de outros lugares habitáveis no universo. Mais perto da Lua do que da Terra, surgiu um novo lugar: o planeta chamado “Mundo Digital”. Lá tudo funciona com o uso de celulares! Sim, se quiser ligar a televisão, abrir a geladeira ou fechar a porta de casa, tudo está ao alcance de um clique (ou dois) na palma da mão.
        Entretanto, o problema maior foi saber chegar lá. Para que cientistas conhecessem esse maravilhoso lugar, foi necessário que o governo contratasse Jean, um astronauta experiente e corajoso. Ao pisar em solo firme, nem precisou pegar o rádio da nave, um dos habitantes emprestou o celular, e ele prontamente ligou para a Terra:
        ─ Nossa! Quanta tecnologia, eu estou muito impressionado!
        ─ Jean? Você está ligando de um celular? Falou seu chefe intrigado.
       ─ Sim! Até o Whatsapp está pegando! Vou conhecer melhor tudo aqui, vou filmar para mostrar na minha volta! Um abraço, chefe!
        Os habitantes do novo planeta estranharam tanta empolgação com o uso de celular, já que estavam acostumados a fazer ligações para várias partes do seu mundo. Jean explicou que na Terra usam celulares há muito tempo, todavia nunca de uma distância tão grande.
        A volta de Jean foi incrível. Jornalistas de toda parte queriam entrevistá-lo e estavam realmente ansiosos para ver as filmagens de um mundo tão distante conhecido como o Mundo Digital. A repórter de uma rádio perguntou agitada:
        ─ Será que a Terra também terá um dia tanta tecnologia como lá?
    Jean sorriu, não soube responder. Virou-se de costas e foi embora deixando outros repórteres aos gritos e suplicando para fazer perguntas.

                                              Autor do texto: Prof. André Martins 
                                               
Entendendo o texto:
01 – No início do texto, a expressão “Em um futuro não muito distante”, traz uma circunstância com o sentido de:
a) Causa
b) Condição
c) Tempo
d) Companhia
e) Finalidade

02 – Em relação à estrutura do texto, podemos dizer que possui:
a) 6 parágrafos
b) 7 parágrafos
c) 8 parágrafos
d) 9 parágrafos
e) 10 parágrafos.

03 – O personagem principal foi fundamental na história, pois:
a) Jean possibilitou conhecer melhor o novo planeta.
b) graças a Jean, cientistas descobriram um novo planeta.
c) cientistas brasileiros eram astronautas menos experientes.
d) jornalistas puderam visitar o novo planeta.
e) Jean era cientista e jornalista.

04 – De acordo com o texto, todas as alternativas estão certas, exceto:
a) O astronauta chama-se Jean.
b) Cientistas brasileiros visitam um novo planeta.
c) Há internet no Mundo Digital.
d) Jornalistas estavam ansiosos para entrevistar o astronauta.
e) Jean não respondeu à pergunta de nenhum repórter.

05 – DESAFIO DE CRIATIVIDADE – Imagine que você é um dos repórteres que estava lá. Que pergunta você faria a Jean a respeito de sua longa viagem?
      Resposta pessoal do aluno.

POEMA: HINO NACIONAL - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: HINO NACIONAL
              Carlos Drummond de Andrade


Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
Com a água dos rios no meio,
O Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas
Muito louras, de pele macia,
Alemãs gordas, russas nostálgicas para
Garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
Assimilaremos finas culturas,
Abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
Com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
Salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um pais sem igual.
Nas revoluções são bem maiores
Do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
Os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
No pobre coração já cheio de compromissos...
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
Por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
Ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

                                                                       Carlos Drummond de Andrade


Entendendo o poema:

01 – No texto de Drummond, o tratamento dado ao nacionalismo ufanista é:
     a) Apoiá-lo socialmente.
     b) Criticá-lo ironicamente.
     c) Adotá-lo no título do poema.
     d) Assimilá-lo em finas culturas.

02 – “Precisamos descobrir o Brasil”
      Este verso inicial é repetido no poema de Drummond cinco outras vezes, trocando-se o verbo descobrir, respectivamente, por colonizar, educar, louvar, adorar e esquecer. Há ainda, na última delas, a repetição da forma verbal precisamos, buscando enfatizar o apelo do poema.
     Tal estrutura poética, que consiste em repetir versos inteiros com pequenas alterações vocabulares, é caracterizada como:
     a) Recurso formal de valor expressivo.
     b) Intenção crítica de finalidade social.
     c) Paralelismo tipicamente modernista.
     d) Estribilho reiterativo das mesmas afirmativas.

03 – Analisando o texto, é correto afirmar que uma de suas características estruturais é:
     a) A simetria das estrofes.
     b) O ritmo de seus versos.
     c) A forma fixa de soneto.
     d) O emprego de rimas emparelhadas.
     
     04 - Que análise podemos fazer do primeiro verso da primeira estrofe?
         O primeiro verso da primeira estrofe já começa com uma exclamação (Precisamos descobrir o Brasil!). O poeta conclama pessoas (afinal quem são esses “nós”?) no sentido de descobrir o Brasil. A preocupação com a coletividade é tão maior que o poeta não se vale de um “eu” para expressar as questões sociais, mas sim de um “nós”.





CRÔNICA DA VIDA QUE PASSA - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

Crônica da vida que passa
               Fernando Pessoa


      Às vezes, quando penso nos homens célebres, sinto por eles toda a tristeza da celebridade.
          A celebridade é um plebeísmo. Por isso deve ferir uma alma delicada. É um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado por todos inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentesco exterior com as criaturas que armam escândalo nas ruas, que gesticulam e falam alto nas praças. O homem que se torna célebre fica sem vida íntima: tornam-se de vidro as paredes de sua vida doméstica; é sempre como se fosse excessivo o seu traje; e aquelas suas mínimas ações — ridiculamente humanas às vezes — que ele quereria invisíveis, côa-as a lente da celebridade para espetaculosas pequenezes, com cuja evidência a sua alma se estraga ou se enfastia. É preciso ser muito grosseiro para se poder ser célebre à vontade.
      Depois, além dum plebeísmo, a celebridade é uma contradição. Parecendo que dá valor e força às criaturas, apenas as desvaloriza e as enfraquece. Um homem de gênio desconhecido pode gozar a volúpia suave do contraste entre a sua obscuridade e o seu gênio; e pode, pensando que seria célebre se quisesse, medir o seu valor com a sua melhor medida, que é ele próprio. Mas, uma vez conhecido, não está mais na sua mão reverter à obscuridade. A celebridade é irreparável. Dela como do tempo, ninguém torna atrás ou se desdiz.
        E é por isto que a celebridade é uma fraqueza também. Todo o homem que merece ser célebre sabe que não vale a pena sê-lo. Deixar-se ser célebre é uma fraqueza, uma concessão ao baixo-instinto, feminino ou selvagem, de querer dar nas vistas e nos ouvidos.
        Penso às vezes nisto coloridamente. E aquela frase de que “homem de gênio desconhecido” é o mais belo de todos os destinos, torna-se-me inegável; parece-me que esse é não só o mais belo, mas o maior dos destinos.

(FERNANDO PESSOA. Páginas íntimas e de auto-interpretação. Lisboa: Edições Ática, [s.d.], p. 66-67.)

01- Na crônica apresentada, Fernando Pessoa atribui três características negativas à celebridade, descrevendo-as no segundo, terceiro e quarto parágrafos. Releia esses parágrafos e aponte os três substantivos empregados pelo poeta que sintetizam essas características negativas da celebridade.
Resolução As três características negativas comentadas nos parágrafos apontados podem ser sintetizadas nos três substantivos que são os núcleos dos “tópicos frasais” ou frases introdutórias de cada um desses parágrafos: plebeísmo, contradição e fraqueza.

 02 - Considerando que os dicionários apontam diversas acepções para “obscuridade”, nem todas limitadas ao plano sensorial, verifique atentamente os empregos dessa palavra que Fernando Pessoa faz no terceiro parágrafo de sua crônica e, em seguida, identifique a acepção mobilizada pelo autor.
 Resolução Fernando Pessoa emprega o substantivo obscuridade em sentido figurado, como antônimo de celebridade, fama, designando com ele a condição de quem é desconhecido, ignorado.

03 -  Explique, com base no texto como um todo, a imagem empregada por Pessoa no segundo parágrafo: “tornam-se de vidro as paredes de sua vida doméstica”.
 Resolução A imagem das paredes de vidro sugere a ausência de privacidade a que a celebridade condena os seus “eleitos”, que devem suportar que mesmo os aspectos mais íntimos de sua vida – e especialmente estes – se tornem objeto de interesse geral e sejam esquadrinhados de forma vulgar e rebaixante

CARTA: CARTA A MANUEL BANDEIRA - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

Carta: Carta a Manuel Bandeira, São Paulo, 28-III-31.

             Manú, bom-dia.

     Amanhã é domingo pé-de-cachimbo, e levarei sua carta, (isto é vou ainda rele-la pra ver si a passo levar tal como está, ou não podendo contarei) pra Alcântara com Lolita que também ficarão satisfeitos de saber que você já está mais faqueirinho e o acidente não terá consequência nenhuma. Esse caso de você ter medo duma possível doença comprida e chupando lentamente o que tem de perceptível na gente, pro lado lá da morte, é mesmo um caso sério. Deve ser danado a gente morrer com lentidão, mas em todo caso sempre me parece inda, não mais danado, mas semvergonhamente pueril, a gente morrer e repente. Eu jamais que imagino na morte, creio que você sabe disso. Aboli a morte do mecanismo da minha vida e embora já esteja com meus trinta e oito anos, faço projetos pra daqui a dez anos, quinze, como si pra mim a morte não tivesse de “vim” ... como todos pronunciam.
            A ideia da morte desfibra danadamente a atividade, dá logo vontade da gente deitar na cama e morrer, irrita. Aboli a noção de morte pra minha vida e tenho me dado bem regularmente com esse pragmatismo inocente. Mas levado pela sua carta, não sei, mas acho que não me desagradava não me pôr em contato com a morte, ver ela de perto, ter tempo pra botar os meus trabalhos do mundo em ordem que me satisfaça e diante da infalível vencedora, regularizar pra com Deus o que em mim sobrar de inútil pro mundo.

                 (ANDRADE, Mário de. Cartas de Mário de Andrade a Manoel Bandeira.
                                            Rio de Janeiro: Organização Simões, 1958, pp. 269-270).
Entendendo o texto:
01 – Embora procure manifestar para seu amigo Manú (Manoel Bandeira) uma visão prática e uma preocupação maior com a vida, Mário de Andrade deixa escapar certa preocupação com a vida após a morte. Releia a carta e, a seguir, explique em que passagem se pode verificar essa preocupação.
      No final da carta, Mário de Andrade manifesta a preocupação de “regularizar” com Deus aquilo que tiver feito “de inútil pro mundo”. Ou seja, Mário considera como “pecados”, ou como falhas pelas quais deverá prestar contas, toda a sua ação ou produção que não apresente valor ou utilidade para a vida dos outros homens. Vemos confirmado, assim, e existencialmente ampliado, o conceito que ele tinha de seu trabalho de escritor, que encarava como um serviço ao País, à cidadania e em geral à humanidade.

02 – Envolvido, como declara mais de uma vez em suas cartas, na criação de um discurso literário próprio, culto, mas com aproveitamentos de recursos e soluções da linguagem coloquial, Mário de Andrade apresenta nos textos de suas cartas soluções de ortografia, pontuação, variações coloquial de vocábulos e de regência que podem surpreender um leitor desavisado. Escreve, por exemplo, no último período do trecho citado, ver ela de perto, tal como se usa coloquialmente. Aponte a forma que teria essa passagem em discurso formal, culto.
      Reescrita conforme as normas a linguagem escrita culta, ver ela de perto se transforma em vê-la de perto.




TEXTO: QUEM CASA QUER CASA - MARTINS PENA - INTERPRETAÇÃO E GABARITO

Texto: Quem casa quer casa


        FABIANA, arrepelando-se de raiva – Hum! Eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho que quem casa quer casa… Já não posso, não posso, não posso! (Batendo o pé). Um dia arrebento e então veremos!

PENA, M. Quem casa quer casa.www.dominiopublico.gov.br.
Acesso em 7 dez 2012.
 Entendendo o texto:
01 – As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem
a) necessidades, porque as encenações precisam ser rigorosamente fiéis ao diretor.
b) possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim como outros elementos com a entrada do diretor.
c) preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou a encenação.
d) exigência, porque elas determinam as características do texto teatral.
e) imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.

02 – O texto apresentado é uma marca evidente do gênero dramático, uma vez que:
a) foi escrito para ser encenado.
b) se apresenta aos moldes do texto poético.
c) evidencia as marcas da direção e bastidores do teatro.
d) carrega em si certa narratividade.
e) não corresponde a uma proposta de encenação.