terça-feira, 9 de janeiro de 2018

TEXTO: PROJETO SONHO BRASILEIRO ANALISA PERFIL DO JOVEM - MARCOS BONFIM - COM GABARITO

Texto: PROJETO SONHO BRASILEIRO ANALISA PERFIL DO JOVEM


  Estudo da Box1824 mostra que nova geração tem comportamento mais coletivo e atuante.
  Os jovens de 18 a 24 anos apresentam orgulho em ser brasileiros e otimismo quanto ao futuro do país, de acordo com Projeto Sonho Brasileiro, divulgado nesta segunda-feira (13), pela Box1824, empresa com atuação no mapeamento de tendências de comportamento. A nova geração demonstra também um comportamento mais coletivo e atuante na sociedade.
        89% dos jovens disseram ter orgulho do país, enquanto 11% afirmaram ter vergonha. E 75% pensam que o Brasil está mudando para melhor. De acordo com Gabriel Milanez, sociólogo, o resultado reflete dois aspectos: “Pelo viés interno, o Brasil está melhor do que no passado, é um lugar onde as coisas são possíveis; e pelo lado externo, o mundo está reconhecendo o país”, diz.
        Entre os quesitos de projeção, somente o confronto entre ética e corrupção é pessimista. 43% dos participantes analisam que a nação estará mais próxima da corrupção nos próximos anos do que da ética, que ficou com 38%.
        De acordo com o projeto, a nova juventude [...] foge de conceitos como bipolarização e acredita, 92%, em ações pequenas que aos poucos vão transformando a realidade das pessoas.
        A “Brasília política”, como denominam a “política velha”, já não diz muito para eles, em um cenário em que 59% afirmam não ter partidos políticos e 83% analisam que os políticos se afastaram da essência da atividade da política.
        Essa postura também reflete no universo do consumo, em um quadro que os jovens consideram de demanda elevada, como explica Milanez. “O consumo para eles é uma atitude política. Têm uma visão mais crítica das empresas e cobram um papel social delas. Eles não esperam marcas que se posicionem pelo discurso, mas que ajam. E transparência é uma palavra muito forte, no âmbito do governo ou das empresas”.
        A pesquisa chegou também ao que se denominou de “transformadores” ou “jovens-pontes”, pessoas que se caracterizam por agir nas mais diversas áreas, seja em projetos socioeducativos, de cultura ou economia comunitária.
        “Todos eles acreditam que estão transformando a sociedade. Se pegarmos essas micro revoluções teremos um impacto muito grande”, defere Carla Mayumi, sócia da Box1824. 8% dos entrevistados se encaixam nesse perfil, o que significa dois milhões de jovens; se aplicado o percentual ao total de brasileiros com faixa etária de 18 a 24, cerca de 26 milhões, segundo dados do IBGE.
        A pesquisa, na fase quantitativa realizada pelo Datafolha, entrevistou 1784 pessoas de 173 cidades em 23 estados do Brasil, com perfis sociais distintos, das classes A a E.
        Na fase qualitativa, foram entrevistados jovens das classes A, B e C que residem nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre. [...]

                                      BONFIM, Marcos Exame.com, 14 jun. 2011.
                                          Disponível em: http://exame.abril.com.br/
                                        Marketing/notícias/projeto-sonho-brasileiro-
                             Analisa-perfil-do-jovem. Acesso em: 15 jan. 2015.


01 – Releia o primeiro parágrafo para responder às questões a seguir:
           a) De acordo com o texto, o que é a Box1824?
      É uma empresa com atuação no mapeamento de tendências de comportamento.

           b) A que conclusão a Box1824 chegou?
      Que os jovens de 18 a 24 anos apresentam orgulho em ser brasileiros e otimismo quanto ao futuro do país.

02 – No decorrer dos parágrafos seguintes, há uma confirmação do que foi apontado no primeiro parágrafo? Justifique sua resposta.
     Sim, pois no decorrer da reportagem são apresentados dados estatísticos que comprovam que a maioria dos jovens pensa dessa forma.

03 – De acordo com o texto, o que justifica o fato de 89% dos jovens terem orgulho do país e 75% acreditarem que o país está mudando para melhor?
     De acordo com Gabriel Milanez, sociólogo, o resultado reflete dois aspectos: um interno – o Brasil está melhor do que no passado – e um externo – o mundo está reconhecendo o país.

04 – Em que quesito o jovens ainda apresentam, em sua maioria, uma visão pessimista? Por que você acha que isso acontece?
     Somente no confronto entre ética e corrupção a visão é pessimista. Pelo panorama político do Brasil e às notícias veiculadas pela mídia.

05 – Segundo o texto, o que significa dizer que o consumo é uma atitude política para os jovens?
     Os jovens têm uma visão mais crítica das empresas e cobram um papel social delas, esperando que, em vez de se posicionarem pelo discurso, tomem atitudes.

06 – De acordo com o texto, o que seriam os “jovens-pontes”?
     Eles se caracterizam por agir nas mais diversas áreas, como em projetos socioeducativos, de cultura ou economia comunitária.

07 – Podemos afirmar que todas as classes sociais foram privilegiadas na pesquisa? Justifique sua resposta.
     Sim, pois a pesquisa, na fase quantitativa realizada pelo Datafolha, entrevistou 1784 pessoas de 173 cidades em 23 estados do Brasil, com perfis sociais distintos, das classes A a E.





TEXTO: PALAVRAS - ADRIANA FALCÃO - COM GABARITO

TEXTO: PALAVRAS

  As gramáticas classificam as palavras em substantivo, adjetivo, verbo, advérbio, conjunção, pronome, numeral, artigo e preposição. Os poetas classificam as palavras pela alma porque gostam de brincar com elas e para brincar com elas é preciso ter intimidade primeiro É a alma da palavra que define, explica, ofende ou elogia, se coloca entre o significante e o significado para dizer o que quer, dar sentimento às coisas, fazer sentido. [...] A palavra nuvem chove. A palavra triste chora. A palavra sono dorme. A palavra tempo passa. A palavra fogo queima. A palavra faca corta. A palavra carro corre. A palavra palavra diz. O que quer. E nunca desdiz depois. As palavras têm corpo e alma mas são diferentes das pessoas em vários pontos. As palavras dizem o que querem, está dito e pronto. As palavras são sinceras, as segundas intenções são sempre das pessoas. [...] As palavras também têm raízes mas não se parecem com plantas, a não ser algumas delas, verde, caule, folha, gota. As células das palavras são as letras. Algumas são mais importantes do que as outras. As consoantes são um tanto insolentes. Roubam as vogais para construírem sílabas e obrigam a língua a dançar dentro da boca. A boca abre ou fecha quando a vogal manda. As palavras fechadas nem sempre são mais tímidas. A palavra sem-vergonha está aí de prova. Prova é uma palavra difícil. Porta é uma palavra que fecha. Janela é uma palavra que abre. Entreaberto é uma palavra que vaza. Vigésimo é uma palavra bem alta. Carinho é uma palavra falta. Miséria é uma palavra que sobra. A palavra óculos é séria. Cambalhota é uma palavra engraçada. A palavra lágrima é triste. A palavra catástrofe é trágica. A palavra súbito é rápida. Demoradamente é uma palavra lenta. Espelho é uma palavra prata. Ótimo é uma palavra ótima. Queijo é uma palavra rato. Rato é uma palavra rua. Existem palavras frias como mármore. Existem palavras quentes como sangue. Existem palavras mangue, caranguejo. Existem palavras lusas, Alentejo. Existem palavras itálicas, ciao. Existem palavras grandes, anticonstitucional. Existem palavras pequenas, microscópio, minúscula, molécula, partícula, quinhão, grão, covardia. Existem palavras dia, feijoada, praia, boné, guarda-sol. Existem palavras bonitas, madrugada. Existem palavras complicadas, enigma, trigonometria, adolescente, casal. Existem palavras mágicas, shazam, abracadabra, pirlimpimpim, sim e não. Existem palavras que dispensam imagens, nunca, vazio, nada escuridão. Existem palavras sozinhas, eu, um, apenas, sertão. Existem palavras plurais, mais, muito, coletivo, milhão. Existem palavras que são um palavrão. Existem palavras pesadas, chumbo, elefante, tonelada. Existem palavras doces, goiabada, marshmallow, quindim, bombom. Existem palavras que andam, automóvel. Existem palavras imóveis, montanha. Existem palavras cariocas, Corcovado. Existem palavras completas, elas todas. Toda palavra tem a cara do seu significado. A palavra pela palavra tirando o seu significado fica estranha. Palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra, palavra não diz nada, é só letra e som.

                 FALCÃO, Adriana. Pequeno dicionário de palavras ao vento. São Paulo: Planeta, 2003.
Entendendo o texto:

01 – Você achou o texto interessante? Por que?
      Resposta pessoal.

02 – De acordo com o texto, gramáticos definem a palavra de um modo e poetas, de outro. Qual é essa diferença?
      Os gramáticos entendem que a palavra pode ser classificada de acordo com sua forma e função. Já os poetas classificam as palavras pela alma, pois, para brincar com elas, precisam conhecer sua intimidade.

03 – Releia a classificação apresentada no início do texto e responda: O que você já sabe sobre esse assunto?
     A classificação se refere às classes gramaticais, já estudadas nesta coleção.

04 – As definições apresentadas no texto correspondem às utilizadas em um dicionário? Que tipo de significado é atribuído às palavras no texto?
     Não. O texto explica o significado das palavras de maneira lúdica, alterando o sentido original e estabelecendo alguma relação entre a palavra e outros significados: a linguagem figurada, a sonoridade, o conteúdo, etc.

05 – Responda em seu caderno:
            a) Por que o texto considera pequenas as palavras “microscópio”, “minúsculo”, “molécula”, “partícula”, “quinhão”, “grão” e “covardia”?
       A maioria delas se refere ao tamanho do que representam, exceto pela palavra “covardia”, que está empregada em sentido figurado, pois se refere a algo pequeno do ponto de vista comportamental.

a)   Por que o texto afirma que “shazam”, “abracadabra”, “pirlimpimpim”, “sim”, e “não” são palavras mágicas?
       As três primeiras palavras são encontradas no universo das narrativas de ficção dos contos maravilhosos e são responsáveis por mágicas, encantamentos e transformações. As outras duas, “sim” e “não”, dizem respeito às decisões de ação ou omissão do ser humano, que podem transformar ou não determinada realidade.

b)   Por que o texto associa “enigma”, “trigonometria”, “adolescente” e “casal” a palavras complicadas?
       As palavras “enigma” e “trigonometria” estão relacionadas ao ato de desvendar situações – problema difíceis; enquanto as palavras “adolescente” e “casal” se referem às complicações de uma faixa etária e dos relacionamentos humanos, respectivamente.

c)   Por que as palavras “eu”, “um”, “apenas” e “sertão” são relacionadas a palavras sozinhas?
       Porque essas palavras podem ser relacionadas a situações de solidão, distanciamento.

06 – No texto, a palavra “madrugada” é considerada bonita. Em seu caderno, escreva sua percepção sobre as palavras a seguir:
       Resposta pessoal.
           a) Abraço                     c) tristeza                       e) amanhã
           b) Casa                        d) desculpa                     f) mágica

07 – Explique a seguinte afirmação encontrada no texto:
      A grafia e o som esvaziados de sentido deixam de cumprir a função de comunicar. Assim, a palavra ganha significado apenas no uso, no contexto.






TEXTO: MOLÉCULAS QUE PODEM SER PRECURSORAS DE VIDA SÃO ENCONTRADAS NO ESPAÇO - COM GABARITO

Texto: MOLÉCULAS QUE PODEM SER PRECURSORAS
           DE VIDA SÃO ENCONTRADAS NO ESPAÇO


    No jato emitido por uma estrela jovem, uma equipe internacional de astrônomos detectou moléculas simples, mas aparentemente especiais. Os átomos de carbono, nitrogênio estão ligados da mesma maneira encontrada nas proteínas – moléculas mais complexas, essenciais à vida. “Isso mostra que moléculas que estão nos seres vivos podem ser produzidas a partir de compostos mais simples presentes no meio interestelar, cujas condições físicas e químicas são drasticamente diferentes daquelas na Terra”, explica Edgar Mendoza, do Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), primeiro autor do estudo aceito mês passado para publicação na revista MNRAS.
        Mendoza e sua orientadora de doutorado, Heloisa Boechat-Roberty, colaboraram com mais quatro astrônomos para realizar um estudo observacional que revelou a presença de moléculas que podem ser precursoras de vida, ou prebióticas, dentro de um jato de gás e poeira impulsionado por uma protoestrela denominada L1157 – mm, a aproximadamente 800 anos-luz de distância da Terra.
        Usando dados do telescópio internacional IRAM 30m, localizado na Espanha, a equipe identificou uma abundância relativamente alta de moléculas prebióticas, especialmente a formamida, numa região quimicamente complexa onde um jato de gás e poeira interage com o gás nativo, frio e denso que alberga o objeto protoestelar.
        Mendoza explica que ainda não se sabe exatamente como essas moléculas são produzidas de forma tão eficiente nessas zonas de choque. O grupo suspeita, entretanto, que resultam de reações químicas na superfície congelada de grãos de poeira, uma hipótese que esperam testar no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, no próximo ano.

        Fonte: Moléculas no espaço. Pesquisa Fapesp. Disponível em:
                                                                                                               Acesso em: 25 mar. 2015.
Entendendo o texto:

01 – Qual é o assunto tratado no texto?
     A descoberta de moléculas no espaço que podem ser precursoras de vida.

02 – Com qual objetivo esse texto pode ter sido publicado?
     Divulgar uma descoberta cientifica, informando detalhes sobre um estudo que foi realizado.

03 – O texto utiliza várias palavras e expressões próprias da área científica. Em seu caderno, copie pelo menos três exemplos desses termos.
    Resposta pessoal. Sugestão: “protoestrelas”, “átomos de carbono”, “nitrogênio”, “oxigênio”.

04 – Explique por que, no primeiro parágrafo, as moléculas descobertas pelos cientistas foram caracterizadas como “simples”, mas “aparentemente especiais”.
     Porque, apesar de serem simples em sua constituição, as moléculas descobertas no espaço se assemelham às encontradas nos seres vivos.

05 – O que significa dizer que as moléculas encontradas no espaço podem ser “precursoras da vida”? Se não souber o significado do termo “precursor”, consulte um dicionário.
     Significa que as moléculas encontradas podem ter dado origem à vida.

06 – Em que as moléculas encontradas pelos astrônomos no espaço se assemelham às moléculas mais complexas encontradas no seres vivos?
     Nas moléculas simples encontradas pelos astrônomos, os átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio estão ligados da mesma maneira encontrada nas proteínas, moléculas mais complexas encontradas nos seres vivos.

07 – Observe a imagem que acompanha o texto e responda:
a)   Qual é a principal função dessa imagem?
      Ilustrar a região do espaço onde os cientistas encontraram as moléculas.

           b) A legenda que acompanha a imagem facilita sua compreensão?
      Sim, a legenda informa aquilo que está sendo representado.

           c) Em sua opinião, o texto seria plenamente entendido sem a imagem?
      Sim, mas que percebam que a imagem amplia e facilita o entendimento do texto.

08 – Releia o trecho a seguir:
        [...] “Isso mostra que moléculas que estão nos seres vivos podem ser produzidas a partir de compostos mais simples presentes no meio interestelar, cujas condições físicas e químicas são drasticamente diferentes daquelas na Terra”, explica Edgar Mendoza, do Observatório de Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), primeiro autor do estudo aceito mês passado para publicação na revista MNRAS.
            a) Qual é a função das aspas nesse trecho?
Marcar o discurso direto, ou seja, a fala de Edgar Mendoza.

            b) Considerando a forma como Edgar Mendoza é caracterizado, que importância tem a reprodução da fala dele para o texto?
      EDGAR é caracterizado como autor do primeiro estudo relacionado a descoberta divulgada no texto, de forma que reproduzir sua fala dá mais veracidade às informações divulgadas.

09 – Quando o texto foi publicado, o estudo que deu origem à descoberta já havia sido finalizado? Como você concluiu isso?
     Não. O estudo ainda estava em curso. 




CRÔNICA: O CARIOCA E A ROUPA - PAULO MENDES CAMPOS - COM GABARITO


CRÔNICA: O CARIOCA E A ROUPA
                       Paulo Mendes Campos

     [...] Deu-se comigo outro dia uma experiência engraçada: fui ao centro da cidade de blusa, coisa que me aconteceu várias vezes, mas só então acrescida de um pormenor que introduziu um caráter inédito à situação: levava debaixo do braço uma pasta de papéis, feita de nylon.
     Sim, pela primeira vez fui à cidade de blusa e pasta. Qualquer um desses fatores quase nada significa isoladamente; reunidos, alteraram radicalmente o tratamento que me deram todas as pessoas desconhecidas.
     Quando tomei um táxi, vi que o motorista torceu a cara, mas não percebi o que se passava, pois experimentei semelhante má vontade em outras circunstâncias. Reparei também certa estranheza do motorista quando lhe dei de gorjeta o troco, mas permaneci opaco ao fenômeno social que se realizava. Em um restaurante comum, sentei-me para almoçar. O garçom, que até então eu não vira mais gordo, tratou-me com uma intimidade surpreendente e, em vez de elogiar os pratos pelos quais eu indagava, entrou a diminuí-los: “aqui a gororoba é uma coisa só; serve para encher o bandulho”. Não sou de raciocínio rápido mas, em súbita iluminação, percebi, com todo o prazer da novidade, que eu estava vestido de mensageiro: pasta e blusa. Ao longo da tarde, fui compreendendo que, até hoje, não tinha a menor ideia do que é ser um mensageiro. Pois eu lhes conto. Um mensageiro é, antes de tudo, um triste. Tratado com familiaridade agressiva pelos epítetos de “amigo”, “chapa” e “garotão”, o que há de afetivo nestes nomes é apenas um disfarce, pois atrás deles o tom de voz é de comando. “Quer deixar o papai trabalhar, garotão”, disse-me o faxineiro de um banco, cutucando-me os pés com a ponta da vassoura.
     Entendi muitas outras coisas humildes: o mensageiro não tem direito a réplica; é barrado em elevadores de lotação ainda não atingida; posto a esperar sem oferecimento de cadeira; atendido com um máximo de lentidão; olhado de cima para baixo; batem-lhe com vigor no ombro para pedir passagem; ninguém lhe diz “obrigado” ou “por favor”; prestam-lhe informações em relutância; as mulheres bonitas sentem-se ofendidas com o olhar de homenagem do mensageiro; os vendedores lhe dizem “não tem” com um deleite sádico.
     Foi uma incursão involuntária à natureza de uma sociedade dividida em castas. Preso à minha classe e a algumas roupas, dizia o poeta, vou de branco pela rua cinzenta. No fim da tarde, eu já procedia como um mensageiro, só me aproximando dos outros com precauções e humildade, recolhendo de meu rosto qualquer veleidade de um sorriso inútil, jamais correspondido. Dentro de mim uma vontade de sofrer. Por todos os mensageiros do mundo, meus irmãos. Por todos os meus irmãos para os quais a humilhação de cada dia é certa como a própria morte. Porque o pior de tudo é que as pessoas não sorriam. O pior é que ninguém sorri para os mensageiros.
               CAMPOS, Paulo Mendes. Crônicas. São Paulo: Ática,1982. (Para gostar de ler,5).

Entendendo o texto:

01 – Esse texto foi escrito há algum tempo. Estar “vestido de mensageiro” corresponde a que profissão hoje em dia?
       Essa profissão corresponde à profissão de office boy, boy (há também a forma aportuguesada “bói”) ou contínuo. Hoje. Normalmente, quem realiza as funções do mensageiro é a motoboy.

02 – Segundo o texto, o motorista do táxi “torceu a cara” ao narrador da história. Em sua opinião, que razões ele teria para fazê-lo?
     Ele, talvez, estivesse imaginando que o “mensageiro” não teria dinheiro para pagar a corrida; ou que ele não iria ganhar gorjeta, pois “mensageiros” não devem ter dinheiro de sobra.

03 – O garçom não destratou o “mensageiro”. Entretanto, o narrador sentiu que o tratamento a ele oferecido era inadequado. O que teria sido desagradável no episódio com o garçom?
     O narrador não gostou da inesperada intimidade do garçom, bem como das palavras desagradáveis que ele utilizou para se referir à comida, como “gororoba” e “bandulho”.

04 – Você acha que o “mensageiro” sofreu discriminação? Justifique sua resposta.
     A discriminação fica explícita no tratamento que o narrador recebe do motorista, do garçom e do faxineiro. No 4º parágrafo, o narrador enumera outras várias situações em que ele viveu o preconceito sofrido pelos mensageiros.

05 – “Entendi muitas outras coisas humildes”, afirma o narrador. De acordo com o texto, quais são elas?
     Foram as situações descritas pelo narrador no 4º parágrafo, como não ter direito a réplica;
      Ser barrado em elevadores; esperar sem que uma cadeira seja oferecida; ser atendido com lentidão; ser olhado de cima para baixo, etc.

06 – Você acha que, nos dias de hoje, os mensageiros sofrem essas mesmas discriminações? Justifique sua resposta.
     Resposta pessoal.

07 – Ao escrever a frase “Pois eu lhes conto”, o autor se refere a quem? Com que intenção ele fez esse tipo de referência?
     Refere-se ao leitor. A intenção é aproximar-se mais do leitor.






ARTIGO DE OPINIÃO: PAZ SOCIAL - GILBERTO DIMENSTEIN - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: PAZ SOCIAL
                                         Gilberto Dimenstein

  Está provado que a violência só gera mais violência. A rua serve para a criança como uma escola preparatória. Do menino marginal esculpe-se o adulto marginal, talhado diariamente por uma sociedade violenta que lhe nega condições básicas de vida.
     Por trás de um garoto abandonado existe um adulto abandonado. E o garoto abandonado de hoje é o adulto abandonado de amanhã. É um círculo vicioso, em que todos são, em menor ou maior escala, vítimas. São vítimas de uma sociedade que não consegue garantir um mínimo de paz social.
     Paz social significa poder andar na rua sem ser incomodado por pivetes. Isso porque num país civilizado não existe pivete. Existem crianças desenvolvendo suas potencialidades. Paz é não ter medo de sequestradores. É nunca desejar comprar uma arma para se defender ou querer se refugiar em Miami. É não considerar normal a ideia de que o extermínio de crianças ou adultos garanta a segurança.
     Entender a infância marginal significa entender por que um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em essência, a diferença entre garoto que está dentro do carro, de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
     É também entender a História do Brasil, marcada por um descaso das elites em relação aos menos privilegiados. Esse descanso é simbolizado por uma frase que fez muito sucesso na política brasileira: caso social é caso de polícia.
     A frase surgiu como uma justificativa para o tratamento dado ao trabalhador no começo do século. Em outras palavras, é a mesma postura que as pessoas assumem hoje em relação à infância carente e aos meninos de rua.
                      DIMENSTEIN, Gilberto. O cidadão de papel: a infância, a adolescência e os direitos humanos no Brasil. 16. Ed. São Paulo: Ática, 1993.

Entendendo o texto:

01 – Segundo Gilberto Dimenstein, “a violência só gera mais violência”. Qual é o primeiro argumento do texto que apoia essa afirmação? Em seu caderno, reproduza-o com redação própria.
     A rua serve para o menino abandonado como preparação para se transformar em um adulto marginal. Assim o descaso, a violência da sociedade em relação aos meninos de rua é responsável por gerar adultos violentos.
02 – Por que tanto adulto quanto menores abandonados são vítimas da sociedade?
     Porque a sociedade não consegue garantir o mínimo de paz social, para que todos tenham oportunidade de viver de maneira digna.
03 – Segundo o articulista, o que significa “paz social”? Explique sem copiar as palavras do texto.
     Paz social é viver sem sentir pavor de tudo e de todos, tanto de crianças que roubam ou agridem, quanto de sequestradores. Entender que não é saindo do país ou exterminando essas pessoas que se alcançará a segurança.
04 – Procure no dicionário o significado da palavra “pivete” e copie-o em seu caderno. Em seguida, explique a diferença entre “pivete” e “crianças desenvolvendo suas potencialidades”.
     “Pivete”: menino crescido; menino esperto; menino que rouba e geralmente vive nas ruas, ou que trabalha para ladrões. “Pivete” é um menino bandido; crianças “desenvolvendo suas potencialidades” são as que estudam e têm acesso ao mundo da cultura, no sentido mais amplo da palavra, àquilo que desperta sua curiosidade e auxilia sua formação.
05 – Relacione “infância marginal” com “países desenvolvidos” e “países subdesenvolvidos”.
     Em países desenvolvidos, as crianças estudam e brincam; a infância marginal é mais comum em países subdesenvolvidos, onde as crianças, em vez de estudarem e brincarem, são obrigadas a trabalhar, em subempregos ou semiescravidão, ou a praticar crimes para sobreviverem.
06 – Segundo o texto, o Brasil se insere em que tipo de país? Por quê? Justifique sua resposta.
     O Brasil é um país em desenvolvimento, mas como não há igualdade de oportunidades, muitas crianças trabalham para ajudar suas famílias; outras para garantir o próprio sustento, já que, muitas vezes, não têm família; dessa forma, não usufruem dos direitos da infância que as leis garantem, como brincar e ter acesso à educação, sem poder se preparar para o futuro.
07 – O texto é composto de seis parágrafos. Resuma cada um deles em uma única frase.
     1º parágrafo: A violência contra a criança marginalizada gera mais violência, pois ela é a responsável pelo futuro adulto violento e marginal.
     2º parágrafo: A sociedade é responsável pela criança e pelo adulto abandonado.
     3º parágrafo: Paz social é achar anormal o extermínio de adultos e crianças, desejar mudar de país e viver sem tranquilidade.
     4º parágrafo: Infância marginal é comum em países pobres e subdesenvolvidos, onde só algumas crianças vão à escola, as excluídas ficam nas ruas e têm de mendigar para sobreviver.
     5º parágrafo: Esse descaso em relação aos menos favorecidos é próprio da História do Brasil.
     6º parágrafo: A sociedade enxerga a situação da criança no Brasil como responsabilidade da polícia, e se esquece de que o abandono da infância é um problema social.
08 – No primeiro parágrafo, o artigo se refere à rua; no último, também. Explique qual é a ligação entre o que se diz no começo e o que se diz no fim do texto.
     A rua é o lugar em que as crianças abandonadas se tornam delinquentes, isto é, é a “escola” da marginalidade, estabelece-se aí o círculo vicioso: a sociedade abandona os menores carentes e essas, mais tarde, devolvem a ela a “lição” aprendida: a violência.



segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): ERA UM GAROTO QUE COMO EU AMAVA OS BEATLES E OS ROLLING STONES - COM GABARITO

Música(Atividades): Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones

                                                              Engenheiros do Hawaii
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América

Não era belo, mas mesmo assim
Havia mil garotas afim
Cantava help and ticket to ride
Oh! Lady Jane e yesterday

Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na américa

Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com vietcongs

Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá

Ra-tá-tá tá-tá, ra-tá-tá tá-tá

Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã

Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota, ra-tá-tá-tá.

Entendendo a canção:
01 – Como nos apresenta a letra dessa canção?
      Nos apresenta um momento histórico marcante para a história do Estados Unidos.

02 – Durante o período da guerra muitas “tribos” nasceram nos EUA, podemos perceber isto através do verso: “Cantava viva à liberdade”, quem eram esses jovens?
      Os jovens dessa época se apegavam muito no pensamento de amor livre tendo como slogan do movimento Hippie a frase “Paz e Amor”.

03 – Na quarta estrofe, devido as baixas no exército norte americano muitos jovens foram convocados para lutarem no Vietnã, através de cartas. O que aconteceu na vida destes jovens?
      A mudança de vida foi radical para estes jovens, saíram do conforto de suas casas e da segurança do EUA, para lutarem na selva.

04 – Quais foram as consequências do conflito citadas na música?
      A Guerra do Vietnã trouxe grandes consequências para a vida desses jovens muitos morreram na guerra e os que regressavam para os EUA estavam mutilados ou psicologicamente afetados pelos horrores da guerra.

05 – Na quinta estrofe há uma representação dos barulhos das armas utilizadas na guerra. Que figura fonética é esta?
      Onomatopeia repetitivas para representar os sons de uma guerra.

06 – Qual o número de soldados norte-americanos mortos no Vietnã?
      Gira em torno de 58.203 mortos.

07 – Nos versos: “Cabelos longos / não usa mais / Nem toca a sua / Guitarra e sim / Um instrumento.” Do que se trata estes versos?
      Ao ingressarem no exército os jovens tinha seus cabelos raspados e aprendiam a utilizar armamentos como fuzis, metralhadoras, submetralhadoras, etc.

08 – Em que período ocorreu a Guerra do Vietnã? Quais eram as bandas que estavam no auge do sucesso?
      Ocorreu entre os anos de 1955 e 1975; as bandas Beatles e Rolling Stones estavam fazendo muito sucesso, principalmente nos EUA.

09 – Qual a crítica da música ao conflito?
      É um repúdio à presença norte-americana na Guerra do Vietnã, descrita pela insensatez desta guerra que sufocava o sonho de liberdade da revolução cultural dos anos 60 e destruía uma nação de camponeses pobres – o Vietnã.

10 – A música tem diversas manifestações na sociedade, e os artistas compõem canções, muitas vezes, com objetivos políticos ou simplesmente como forma de protesto. A canção apresentada contém referências à Guerra do Vietnã e protesta contra a:
a)   Violência das guerras, que provocam sequelas na produção cultural da sociedade.
b)   Opressão das grandes potências militares mundiais a países pequenos, como o Vietnã.
c)   Fugacidade do tempo, que acaba tornando violentas até mesmo as pessoas mais sensíveis.
d)   Banalidade dos conflitos armados, que afastam as pessoas de seus sonhos.
e)   Liberdade artística de que se aproveitam as pessoas sem talento para a música.




POEMA: O GOL - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO


POEMA: O GOL
                                  Ferreira Gullar
"A esfera desce
do espaço
veloz
ele a apara
no peito
e a pára
no ar
depois
com o joelho
a dispõe a meia altura
onde
iluminada
a esfera
espera
o chute que
num relâmpago
a dispara
na direção
do nosso
coração".
 Entendendo o Poema:
01 – O poema “O Gol” do escritor Ferreira Gullar, vai narrar de uma forma poética a trajetória que um jogador faz até poder realizar o seu objetivo: o gol. Quando o autor diz “A esfera desce do espaço veloz.” Qual o significado de espaço neste texto?
      O espaço significa que a bola está flutuando no ar, até chegar no jogador.

02 – Como o eu poético denomina a bola de futebol? Por quê?
      O eu poético denomina como sendo uma esfera. Porque ela é redonda igual a esfera.

03 – Quando lemos o poema podemos visualizar a ação descrita pelo eu jogada descrita neste poema?
      No poema, podemos perceber que o jogador vai receber a bola e chutá-la até atingir o objetivo, que é fazer o gol.

04 – “Depois com o joelho a dispõe a meia altura onde iluminada a esfera espera”. Por que a esfera está iluminada?
      Porque ela está na posição perfeita para o chute a gol.

05 – A poesia utiliza a linguagem figurada. Neste poema o eu poético diz: “O chute que num relâmpago a dispara na direção do nosso coração.” O que o chute esta disparando nessa frase? Volte ao texto para responder essa questão, se necessário.
      O chute esta disparando a bola.

06 – Como o disparo está sendo feito? Explique com suas palavras.
      Resposta pessoal do aluno.

07 – A bola no jogo de futebol é sempre jogada em direção ao gol. Neste texto a bola é disparada em direção do coração. Qual a finalidade do uso da palavra coração? Quem ele está representando?
      A finalidade é demonstrar o espaço, o tamanho. E está representando o gol.

08 – No trecho: “Ele a apara no peito”, o pronome ele está se referindo a quem?
      Refere-se ao eu poético.

09 – Quando seu time faz um gol, ou vários gols como o seu coração fica? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.