terça-feira, 23 de agosto de 2022

NOTÍCIA: A MULHER NA PUBLICIDADE - PEDRO STRAZZA - COM GABARITO

 Notícia: A mulher na publicidade

             Campanha de Stabilo chama atenção para as mulheres invisíveis da História

             Campanha “Highlight the Remarkable” chamou a atenção das redes sociais por “grifar” mulheres que foram decisivas para os caminhos do mundo

Por Pedro Strazza



        A fabricante alemã de canetas Stabilo resolveu usar de seus famosos marcadores para relembrar as importantes mulheres da História do mundo. Uma série de propagandas lançadas pela marca chamou a atenção da internet nos últimos dias por conta da maneira eficiente com a qual evidencia aquelas que foram esquecidas pelo tempo.

        Criada pela DDB Group Germany e intitulada “Highlight the Remarkable” (algo como “Grife o Inesquecível” em português), a campanha é composta por três peças que aproveitam dos grifa-textos da empresa para denotar a participação discreta das mulheres em momentos históricos distintos. As pessoas e cenas escolhidas pela equipe são respectivamente Edith Wilson, ex-primeira-dama dos Estados Unidos que assumiu o comando quando o marido Woodrow Wilson sofreu um derrame; Katherine Johnson, matemática que foi fundamental na realização das missões espaciais americanas à Lua; e Lise Meitner, cientista que descobriu a fissão nuclear mas viu seu Nobel ser recebido pelo marido. Confira as artes abaixo.





        O que é curioso sobre “Highlight the Remarkable” é que a Stabilo lançou a campanha em abril na Alemanha, mas só agora ela parece ter chegado na internet. Foi um delay, porém, que não diminuiu o impacto da ideia proposta pela marca, com muitos usuários elogiando o caráter progressista da propaganda e o posicionamento da Stabilo.

STRAZZA, Pedro. Campanha de Stabilo chama atenção para as mulheres invisíveis da História. B9, 6 jul. 2018. Disponível em: https://www.b9.com.br/93552/stabilo-chama-a-atencao-da-internet-com-propaganda-que-marca-as-mulheres-invisiveis-da-historia/. Acesso em: 17 ago. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 221-3.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o objetivo da campanha “Highlight the Remarkable”?

      Dar visibilidade a mulheres que foram importantes para a história mundial, mas esquecidas pelo tempo e pela história.

02 – Qual é a relação entre o objetivo da campanha e o produto anunciado?

      A campanha busca das destaque às mulheres que foram esquecidas, e o produto é uma caneta que serve para destacar informações importantes em textos ou imagens para que não sejam esquecidas.

03 – Busque mais informações sobre as mulheres destacadas pela campanha – Edith Wilson (1872-1961), Katherine Johnson (1918-2020) e Lise Meitner (1878-1968) – em fontes confiáveis e procure descobrir em que décadas do século XX os feitos dessas mulheres fizeram história e qual é a nacionalidade delas.

      Os feitos de Edith Wilson (estadunidense) fizeram história nas décadas de 1910 e 1920; os de Kathrrine Johnson (estadunidense), nas décadas de 1950 e 1960; os de Lise Meitner (austríaca), na década de 1940.

04 – Segundo o autor do texto, essas mulheres foram esquecidas pelo tempo. Na sua opinião, o tempo foi o único fator que colaborou para o esquecimento dessas mulheres? O que mais pode ter causado o apagamento dessas mulheres da história?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Mesmo na Europa e nos Estados Unidos, locais onde elas já tinham alcançado direitos que, no Brasil, estavam distantes, as mulheres não contavam com o mesmo reconhecimento e a mesma valorização que os homens.

05 – Se você fosse o responsável por lançar essa mesma campanha publicitária no Brasil, que mulher ou mulheres brasileiras usaria nas peças da campanha?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Na campanha “Highlight the Remarkable”, as mulheres são representadas de forma positiva ou negativa? Justifique.

      De forma positiva, já que o objetivo é “consertar” um erro cometido, dando destaque a mulheres que foram de alguma maneira injustiçadas pela sociedade no passado.

a)   A campanha expressa um posicionamento e uma perspectiva de mundo por parte da empresa anunciante? Explique.

Sim, a campanha expressa um posicionamento relacionado à valorização da mulher e ao combate à desigualdade de gênero.

b)   Com que outros interesses, visões de mundo e ideologias o discurso dessa campanha dialoga?

A campanha estabelece uma relação interdiscursiva com outros interesses, visões de mundo e ideologias, como o machismo e o feminismo, e com outros discursos, como os discursos da história, das ciências e da política.

07 – Quais vantagens uma empresa pode obter ao fazer uma campanha publicitária que, além de ter como objetivo vender um produto, propague uma ideia como a valorização das mulheres? Reflita com os colegas e o professor sobre o assunto.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A intencionalidade de empresas que utilizam pautas de minorias, de valores sociais e de defesa de animais ou do meio ambiente em suas publicidades. Ajudam na vendas dos produtos anunciados.

08 – Com base em sua experiência como consumidor e leitor ou espectador de campanhas publicitárias, você acha que a representação da mulher, em geral, é feita de forma positiva ou negativa na publicidade brasileira? Cite exemplos de campanhas que, na sua opinião, colaboram para a valorização da mulher e de campanhas que, por outro lado, ajudam a propagar preconceitos e estereótipos.

      Resposta pessoal do aluno. O objetivo desta questão é mobilizar os conhecimentos e as impressões prévias dos estudantes sobre o tema para depois aprofundar de modo mais criterioso essa análise com a atividade de pesquisa proposta a seguir.

 

 

 

 

 

POEMA: A ALMA - VERA DUARTE - COM GABARITO

 Poema: A alma

             Vera Duarte

Fiquei por aí plantada

À beira de um sábado prodigioso

Olhando a linha do horizonte

E um barco carregado de estrelas

Que não sei se partia

Não sei se chegava.

 

Ao meu lado

Em calor recente

Tu foste o centro e o tudo

E senti crescer em mim

O desejo d’eternidade.

Não quis mais partir!

 

Desvendando o segredo do amor

Quero permanecer na ilha

E navegar apenas em sonhos

Por caminhos redondos e concêntricos

Ao sabor de ti e do vento.

 

Não quero mais partir!

 

De malas desfeitas

Quebrarei na ilha

A prisão das ilhas

Com os pés fincados na areia

Que abrigou nossos corpos em tempos de festa.

                  DUARTE, Vera. Amanhã amadrugada. Lisboa: Veja; Praia: ICLD, 1993. p. 78-9. (Palavra Africana).

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 165-6.

Entendendo o poema:

01 – Você sabe quais são os países africanos em que o português é a língua oficial?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Em Cabo Verde, o clima difícil, com muitos períodos de seca, a terra árida e pouco produtiva, entre outros problemas, fazem com que muitos habitantes do país optem pela emigração. Esse é contexto do poema.

a)   Com base nessas informações e na leitura do poema, o que é possível saber a respeito do eu lírico? Onde ele está e o que está fazendo?

É possível saber que o eu lírico é feminino e está parado (“plantada”) numa praia, em um sábado, observando um barco no mar, que pode estar chegando ou partindo.

b)   Pelo último verso da segunda estrofe, é possível inferir que o eu lírico tinha uma intenção, mas muda de ideia. Que intenção era essa? E o que o eu lírico decide fazer? Por que mudou de ideia?

Ele tinha a intenção de partir da ilha, mas decide ficar. Ele mudou de ideia porque resolveu viver o amor que sente pela pessoa a quem se dirige no poema (“tu”) ficando junto dela.

c)   Comente a diferença entre o verso “Não quis mais partir!”, da segunda estrofe, e o verso “Não quero mais partir!”, na quarta estrofe. O que essa diferença expressa?

No verso da segunda estrofe, o eu lírico expressa seu desejo naquele momento, quando sentiu crescer o desejo de eternidade por estar ao lado de quem ama; por isso o uso do tempo pretérito perfeito (“não quis”). Já no verso da quarta estrofe, o eu lírico reafirma o que já tinha sentido, mas com veemência, como uma decisão final e categórica, por isso o uso do tempo presente (“não quero”).

 

 

CRÔNICA: VOLTANDO PARA CASA - DANIEL MUNDURUKU - COM GABARITO

Crônica: Voltando para casa

               Daniel Munduruku

   Nunca esqueci quem sou. Na infância e na juventude, tive vontade de negar a origem de minha família. Algumas vezes, esforcei-me para esquecer. Em outras ocasiões, simplesmente não lembrei. A vida foi me colocando por caminhos diversos. Eu segui esses conselhos sem questionar. Viver o presente faz a gente colher tempestade também. Algumas tantas vezes, as várias tarefas que a gente se impõe acabam nos levando para caminhos de esquecimento e isso empobrece o nosso espírito. 

        Vejam isso como um balanço que faço. Sou um indígena. Trago no meu corpo os traços de minhas origens e, apesar do esforço que fiz em negar, foi por causa deles que não pude esquecer quem sou e de onde vim. Mas terei eu me esquecido de buscar no coração do meu povo uma atualização da minha origem? Não teria apagado de mim tudo o que sou ou esquecido propositadamente meu povo? Não teria usado minha origem para ganhar as benesses da sociedade? Estarei fazendo algo realmente por meu povo?

        Essas perguntas começaram a pipocar em minha cabeça no início da década de 1990. Eu já me firmava como educador e logo como escritor, mas essas indagações passaram a me acompanhar, lembrando que eu precisava voltar para casa, para os meus. Talvez precisasse mergulhar novamente na minha cultura ancestral para não perder de vista quem eu era e para quem vivia.

        Num desses dias de inquietação, passei pela Universidade de São Paulo (USP). Fui ao Departamento de Antropologia e me demorei lendo tudo o que estava exposto sobre as pesquisas acerca dos povos indígenas. Aquela andança me revelou que havia um certo Núcleo de Cultura Indígena coordenado por Ailton Krenak. Quis conhecê-lo. A sede estava lotada próximo à Pontifícia Universidade Católica (PUC). Não passava de uma sala que media três por três metros. Havia umas prateleiras repletas de livros. Nas paredes, cartazes e arte material de alguns povos. Atrás da única mesa, estava um jovem de cabelo desgrenhado, tez morena, olhos profundos, um pouco desfocados e com um sorriso torto. Observei tudo e me deu vontade de ir embora. O jovem, no entanto, percebeu meu embaraço e foi logo se erguendo. Apresentou-se como diretor da Instituição. Era Krenak. Eu cumprimentei sem jeito. Depois vi que era ele mesmo, porque havia pôsteres seus espalhados pela sala. Falei quem eu era e o que eu queria. Ele disse que entendia, mas que naquele lugar não havia espaço para mais ninguém. Se eu quisesse, poderia frequentar, mas ele não poderia se comprometer em me arranjar serviço. Disse a ele que não queria trabalho, mas fazer pesquisa, estudar, talvez uma pós-graduação. Ele mirou meus olhos. Depois escreveu um nome num papel e me entregou. Disse para procurar aquela pessoa no Departamento de Antropologia da USP, pois ela poderia me orientar. Peguei o papel e agradeci pela atenção. Ele sorriu para mim e voltou para sua cadeira atrás da mesa.

        Na semana seguinte, estava de volta à USP. Procurei a pessoa sugerida por Ailton. Mandaram-me falar com uma pessoa bem jovem, mas que tinha um sorriso imenso, como se os dentes não lhe coubessem na boca. Sorria fácil, com espontaneidade. Chamava-se Aracy Lopes da Silva. Contei a ela sobre minha visita ao NCI e sobre a rápida conversa com Ailton. Disse que eu era Munduruku, professor da rede de ensino e que queria voltar para casa. Ela riu de minha ingenuidade, mas parou por um longo minuto. Olhou-me com seriedade, perguntou se eu queria ser seu orientando no mestrado de Antropologia. Essa seria, segundo ela, a melhor maneira de voltar para casa. 

        Confessei à professora minha dificuldade na lida acadêmica. O curso de Filosofia não me deu o senso da pesquisa acadêmica e isso poderia dificultar os estudos. Disse o que pensava sobre antropologia e seus pesquisadores e que tinha receio de tornar-me um teórico. Foi ela quem me disse que antropologia era somente uma filosofia colocada na prática e que quem estuda Filosofia podia estudar qualquer coisa. Ela entendeu minha dificuldade, mas garantiu que poderia me ajudar a me ajudar. Lembrou-me bem de que tudo dependeria de mim e menos dela. Ela seria orientadora dos estudos, mas a realização destes seria minha. Perguntou se eu topava o desafio. Disse que sim. Ela me abraçou carinhosamente e me disse: "Vamos". 

        Foi assim que comecei a namorar o meu mestrado em Antropologia. Aracy me orientou com bravura até minha entrada oficial no curso, pois tive que passar pelo ritual dos exames de admissão. Foi ela que me deu a notícia de que estava aprovado e que poderia ser minha orientadora. Eu fiquei felicíssimo, claro, mas também apreensivo. Isso representava uma nova guinada na minha trajetória de vida. Um novo rito de passagem. Representava, também, a volta para a minha casa ancestral.

             Daniel Munduruku. Memórias de índio: uma quase autobiografia. Porto Alegre: Edelbra, 2016. p. 151-154.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 160-1.

Entendendo a crônica:

01 – Você conhece o escritor da crônica? Qual é a sua origem?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Você já se fez questionamentos parecidos com os que inquietaram o escritor? Já se preocupou em conhecer suas origens ou se perguntar sobre elas? Converse com os colegas sobre isso.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Trata-se de um autoquestionamento sobre a identidade indígena do autor. Depois de algum tempo trabalhando como educador e escritor, ele sentiu a necessidade de retomar o contato com suas raízes e concluiu que deveria “voltar para casa”, ou seja, conhecer melhor e valorizar sua ancestralidade.

03 – De acordo com o texto, a professora Aracy Lopes da Silva diz a Munduruku que um mestrado em Antropologia seria a melhor maneira de ele voltar para casa. Procure informações sobre essa ciência e seu campo de estudo. Em seguida, explique o que a professora quis dizer.

      Sugestão: Oriente os estudantes a conversa com os professores da área de Ciências Humanas e Sociais ou pesquisar em fontes confiáveis, como sites de universidades ou periódicos científicos, para informar-se sobre a Antropologia e seu campo de estudo.

04 – Explique o título da crônica: “Voltando para casa”. Ele tem sentido literal ou metafórico? Que caminhos o autor precisava percorrer de volta e por quê?

      O título tem sentido metafórico. De acordo com o primeiro parágrafo, ele precisava percorrer de volta os caminhos do esquecimento sobre suas origens, sobre quem ele era, porque esse esquecimento, segundo o autor, empobrece nosso espírito.

PREFÁCIO: POEMA-PIADA - (FRAGMENTO) - GREGÓRIO DUVIVIER - COM GABARITO

 Prefácio: Poema-piada – Fragmento      

            Gregório Duvivier

     Em 2017, a Ubu lançou Poema-piada: breve antologia de poesia engraçada, organizada por Gregório Duvivier. Este é o prefácio do livro, escrito pelo organizador, que fala sobre a relação entre humor e poesia.

 

        À primeira vista, o poeta e o humorista pertencem a mundos diversos. O poeta-albatroz vê o mundo como o Google Earth: do alto do satélite ou da torre de marfim. O céu é do poeta — como o chão é do humor.

        O humorista, ao contrário, vive na lama — ou na sarjeta. Mendigo, bêbado ou caipira, o humorista tradicional é aquele que enxerga o mundo sem qualquer transcendência ou metafísica. Tudo merece, pra ele, a mesma quantidade de falta de respeito. Entre transcendência e imanência, nuvens e sarjeta, céu e chão, a poesia e a piada não se encontrariam nunca, como duas retas paralelas.

        Mas pra isso é preciso entender poesia de uma forma muito estrita – pra não dizer chata. A ideia de que a poesia fala de temas mais nobres que a prosa, ou de que o poeta é um ser iluminado (ou, pra usar um termo atual: diferenciado), acabou junto com a tuberculose. A torre de marfim deu lugar a uma quitinete na praça Roosevelt.

        A graça, por sua vez, deixou de ser sinônimo de distração e passou a ser pensada, cada vez mais, como “cosa mentale”, um exercício de inteligência — como as outras artes. Ainda há, claro, quem ache que a poesia humorística é um gênero menor — “sorte a nossa”, dizia o Antônio Candido sobre a crônica, “assim ela fica mais perto da gente”.

        [...]

DUVIVIER, Gregório (Org.). Prefácio. In: Poema-piada: breve antologia da poesia engraçada. São Paulo: Ubu Editora, 2017.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 103-4.

Entendendo o prefácio:

01 – Você gosta de poesia? E de piada? Acha possível aproximar piada e poesia?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Por que Duvivier afirma que os poetas veem o mundo do alto do satélite ou da torre de marfim? A que tipo de estereótipo essa afirmação faz referência?

      A ideia de que os poetas veem o mundo de cima está relacionada a uma concepção de que a pessoa trata de dilemas existenciais e de temas sublimes e profundos, como o amor e a morte. Essa afirmação faz referência ao estereótipo do poeta como um ser iluminado, superior às outras pessoas, guiado por uma inspiração divina.

03 – Segundo o autor, o humorista vive na lama, na sarjeta. O que isso significa?

      Duvivier diz que o humorista vive na lama, na sarjeta, porque, ao contrário do poeta, fala de temas ordinários e, por vezes, condenados pela sociedade, o que o desqualificaria.

04 – De acordo com Divivier, por suas características, a poesia e a piada não se encontrariam nunca. Por que, no entanto, elas se aproximam?

      Porque, de um lado, houve uma mudança na concepção de poesia, que passou a tematizar assuntos do cotidiano. De outro lado, a piada, como humor, passou a ser um exercício de inteligência e não apenas de distração, ou seja, o humor no poema faz o leitor refletir sobre determinada situação e não apenas rir de forma despretensiosa, como se poderia pensar.

05 – Converse com o professor e os colegas: Por que há quem diga que a poesia humorística e a crônica são gêneros menores? Como Duvivier contrapõe essa ideia?

      Alguns críticos consideram a poesia humorística e a crônica gêneros menores justamente por causa do humor, já que o riso acabaria ressaltando o lado frágil e/ou ruim da sociedade e do ser humano. Duvivier contrapõe essa ideia com a afirmação de Antônio Candido de que, justamente por serem “menores”, esses gêneros se aproximam das pessoas e da realidade.

 

 

CORDEL: O DINHEIRO OU O TESTAMENTO DO CACHORRO - (FRAGMENTO) - LEANDRO GOMES DE BARROS - COM GABARITO

 Cordel: O dinheiro ou O testamento do cachorro – Fragmento

             Leandro Gomes de Barros

[...]

Um inglês tinha um cachorro

De uma grande estimação

Morreu o dito cachorro

E o inglês disse então:

-- Mim enterra essa cachorra

Inda que gaste um milhão!

 

Foi ao vigário e disse:

-- Morreu cachorra de mim

E urubu do Brasil

Não poderá dar-lhe fim

-- Cachorro deixou dinheiro?

Perguntou vigário assim.

 

-- Mim quer enterrar cachorra!

Disse o vigário: – Ó inglês

Você pensa que isto aqui

É o país de vocês?

Disse o inglês: – O cachorra

Gasta tudo desta vez.

 

-- Ele antes de morrer

Um testamento aprontou

Só quatro contos de réis

Para o vigário deixou!

Antes do inglês findar

O vigário suspirou:

 

-- Coitado!, disse o vigário

De que morreu este pobre?

Que animal inteligente

Que sentimento tão nobre

Antes de partir do mundo

Fez-me presente do cobre!

 

-- Leve-o para o cemitério

Que o vou encomendar

Isto é, traga o dinheiro

Antes dele se enterrar!

Estes sufrágios fiados

É factível não salvar.

 

E lá chegou o cachorro

O dinheiro foi na frente

Teve momento o enterro

Missa de corpo presente

Ladainha e seu rancho

Melhor do que certa gente.

 

Mandaram dar parte ao bispo

Que o vigário tinha feito

O enterro do cachorro

Que não era de direito

O bispo aí falou muito

Mostrou-se mal satisfeito.

 

Mandou chamar o vigário

Pronto, o vigário chegou:

-- Às ordens, sua excelência!

O bispo lhe perguntou:

-- Então que cachorro foi

Que Seu vigário enterrou?

 

-- Foi um cachorro importante

Animal de inteligência

Ele antes de morrer

Deixou a Vossa Excelência

Dois contos de réis em ouro

Se errei, tenha paciência!

 

-- Não foi erro, Seu vigário

Você é um bom pastor

Desculpe eu incomodá-lo

A culpa é do portador

Um cachorro como este

Já vê que é merecedor!

[...]

BARROS, Leandro Gomes de. O dinheiro. Recife: [s. n.], 1909. Folheto de Cordel. Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=RuiCordel&pasta=&pesq=LC6074&pagfis=348. Acesso em: 1° jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 100-1. Fragmento.

Entendendo o cordel:

01 – Qual é a situação apresentada nesse trecho do cordel?

      No trecho do cordel, participam da cena o inglês, dono do cachorro falecido, o vigário e o bispo. Na cena, o inglês vai ao vigário pedir que seu cachorro seja enterrado como se fosse gente. O vigário rechaça o pedido, até que o inglês lhe oferece dinheiro. O Vigário é denunciado ao bispo, que vai tomar satisfação com ele, mas a reprimenda só dura até o momento em que o padre oferece dinheiro ao superior.

02 – Como se pode interpretar o “suspiro” do vigário na quarta estrofe?

      O suspiro indica uma falsa expressão de resignação do padre, que, na verdade, estava aliviado em saber que receberia dinheiro do inglês para realizar o enterro do cachorro.

03 – O bispo muda de opinião sobre o enterro do cachorro no decorrer do texto. No que consiste essa mudança?

      O bispo começa achando um absurdo realizar o enterro do cachorro, pois não estaria de acordo com os dogmas da Igreja, mas, quando entende que haverá um bom pagamento pelo “serviço”, ele muda de tom e enaltece o cachorro, deixando claro que o animal merece esse tipo de tratamento.

04 – O que há de ridículo e engraçado nessa situação descrita no cordel?

      O ridículo está no fato de o cachorro ser enterrado “melhor do que certa gente”, isto é, melhor do que os mais pobres, que não têm como pagar os serviços da Igreja. Outro fato é o padre aceitar fazer o enterro por dinheiro e o bispo concordar. O humor aparece exatamente ao mostrar essas personagens nessas situações ridículas.

05 – A sátira é um procedimento em que se ridicularizam os vícios ou as imperfeições de determinado indivíduo ou instituição, geralmente como forma de denúncia. Nesse cordel, a sátira é feita em relação a que instituição?

      Ao ridicularizar o padre e o bispo, o cordel acaba fazendo uma crítica à Igreja, denunciando a corrupção presente na instituição.

 

ROMANCE: O PEQUENO PRÍNCIPE - (FRAGMENTO) - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY - COM GABARITO

 Romance: O pequeno príncipe – Fragmento

       [...]

        E foi então que apareceu a raposa: [...]

        -- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. – Estou tão triste...

        -- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. – Não fui cativada ainda. [...]

        -- Que quer dizer "cativar"? [...]

        -- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. – Significa "criar laços...” [...] - Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

        -- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

        -- [...] se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... [...] Por favor... cativa-me! – disse ela. [...].

        -- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

        -- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. [...]

        No dia seguinte o principezinho voltou.

        -- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa.  Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas, se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... [...]. Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

        -- Ah! Eu vou chorar.

        -- A culpa é tua, [...] tu quiseste que eu te cativasse...

        -- Quis, disse a raposa.

        -- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.

        -- Vou, disse a raposa.

        -- Então, nãos sais lucrando nada!

        -- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo. [...] Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo. [...]

        E voltou, então, à raposa:

        -- Adeus, disse ele...

        -- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. [...] Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. [...] Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

        -- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

 SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. 41. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2015.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 96-7. (Fragmento).

Entendendo o romance:

01 – O que a presença de um animal falante pode revelar sobre o teor da narrativa?

      A presença do animal falante pode revelar que se trata de uma narrativa de fantasia, repleta de ensinamentos sobre a amizade e sobre as relações humanas de modo geral, o que a aproxima de gêneros como as fábulas e os contos de fadas, que têm função moralizante.

02 – O que significa o verbo cativar, segundo a raposa?

      Significa “criar laços...”, ou seja, estabelecer relação de afeto com alguém.

03 – A raposa afirma que cativar é uma “coisa muito esquecida”.  Que ela pode ter dito isso? Qual é sua opinião sobre essa afirmação? Acha que ela se aplica aos dias de hoje?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente, a resposta da raposa reflete a dificuldade de estabelecer laços, algo que pode ser aplicado às relações atuais.

04 – Por que a raposa diz ao príncipe que, se for cativada, terá outro olhar sobre o campo de trigo? Justifique sua resposta explicando a comparação feita pela personagem.

      Porque o trigal dourado fará a raposa se lembrar dos cabelos loiros do pequeno príncipe e passará a ter um sentido afetivo para ela. A raposa compara o dourado dos cabelos do príncipe à cor do trigo.

05 – Explique o segredo que a raposa revela ao principezinho.

      Significa que, quando cativamos alguém, somos responsáveis pela felicidade dessa pessoa, pois ela passa a fazer parte de nossa vida, de tal modo que nos cabe cuidar dela para sempre.

06 – O que quer dizer se tornar “eternamente responsável” pelo que se cativou”

      Que o essencial é invisível para os olhos, pois só se pode ver bem com o coração. Ou seja, uma das coisas mais importantes na vida é o que sentimos, são nossos afetos.

 

POEMA: DA CALMA E DO SILÊNCIO - CONCEIÇÃO EVARISTO - COM GABARITO

 Poema: Da calma e do silêncio

            Conceição Evaristo

Quando eu morder

 a palavra, 

por favor, 

não me apressem,

quero mascar,

rasgar entre os dentes,

a pele, os ossos, o tutano

do verbo,

para assim versejar

o âmago das coisas. 

 

Quando meu olhar

se perder no nada,

por favor, 

não me despertem,

quero reter,

no adentro da íris,

a menor sombra,

do ínfimo movimento.

 

Quando meus pés

abrandarem na marcha,

por favor, 

não me forcem.

Caminhar para quê?

Deixem-me quedar,

deixem-me quieta,

na aparente inércia.

Nem todo viandante 

anda estradas,

há mundos submersos,

que só o silêncio

da poesia penetra. 

Conceição Evaristo. Da calma e do silêncio. In: Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 62-3.

Entendendo o poema:

01 – Que sensações a leitura do poema despertou em você?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Releia a primeira estrofe do poema.

a)   Explique a metáfora presente nos versos “quero mascar, / rasgar entre os dentes, / a pele, os ossos, o tutano / do verbo”.

O eu lírico compara a palavra ao corpo de um animal ou de um ser humano. Pois tem pele, ossos e tutano. Compara ainda o fazer poético, o “versejar”, ao ato de morder, mascar, rasgar esse corpo entre os dentes.

b)   Qual é a função dessa metáfora no poema? Que efeito de sentido ela gera?

Por meio dessa metáfora, o eu lírico intensifica o sentido de profundidade da palavra poética, atribuindo a ela um caráter visceral, orgânico, vivo. Ao mascar, morder, a palavra, quer alcançar, ou “versejar”, “o âmago das coisas”, o que é comparável à expressão “chegar ao tutano do osso”.

03 – Na segunda estrofe, o eu lírico pede que não seja despertado. Por quê?

      Porque ele está olhando para o vazio, num estado de contemplação, reflexão, necessário ao seu fazer poético. Ele busca olhar para o exterior para captá-lo e internalizá-lo.

04 – Para você, o que representa a imagem da caminhada presente na última estrofe? Explique sua interpretação com base no texto.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Como o título, “Da calma e do silêncio”, se relaciona com o caráter metalinguístico do poema?

      O título sintetiza os elementos necessários para a poeta desenvolver seu trabalho artístico. Ela precisa da calma e do silêncio.

06 – Compare agora o fazer poético de Conceição Evaristo ao de Fernando Pessoa e ao de Manoel de Barros. Eles se aproximam ou se distanciam? Explique.

      Conceição Evaristo entende o fazer poético como um processo visceral, que é possível por meio de uma viagem interior, de autoconhecimento. Assim, distancia-se do fazer poético de Fernando Pessoa, pois não explicita a racionalidade do processo criativo, e aproxima-se, em “Da calma e do silêncio”, do fazer poético de Manoel de Barros em “O apanhador de desperdícios”, que afirma usar a palavra para compor seus silêncios. O caráter introspectivo está presente em ambos. Do mesmo modo, também se aproxima desse poeta por preferir um ritmo mais lento para a composição e para a vida.

07 – Com quais poemas você se identifica mais? Compartilhe suas impressões com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

COMENTÁRIO: É POSSÍVEL VENDER PELA QUALIDADE, "SEM APELOS ANTIÉTICOS E INJUSTOS" - (FRAGMENTO) - EKATERINE KARAGEORGIADIS - COM GABARITO

 Comentário: É possível vender pela qualidade, “sem apelos antiéticos e injustos” – Fragmento

                   Ekaterine Karageorgiadis

        A publicidade infantil é a publicidade que é direcionada pra criança, independentemente do produto que é anunciado. Então, pode haver publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode haver publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente. Então, a publicidade de automóvel, uma publicidade de celular, elas também podem ser feitas pra criança. E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não? Pelos elementos que ela contém e também pelo espaço em que ela se insere. Eh... muitas vezes uma publicidade, ela é colocada dentro de uma escola, que é um espaço das crianças. Então, essa é evidentemente uma publicidade infantil, que ela busca atingir esse público. Ou dentro de um espaço público, como um parque, uma praça, durante uma atividade que é direcionada às crianças. Também em canais infantis; é uma publicidade dirigida ao público infantil, independentemente desse produto. Eh... e também há elementos como... linguagem, cores, personagens animados, eh... cenários, a presença de crianças também caracterizam essa publicidade como dirigida à criança. E essa publicidade, ela tem como finalidade convencer essa criança a adquirir um produto ou serviço. Ou então, também, fazer com que essa criança seja uma promotora de vendas. Eh... muitas vezes o produto não é pra criança, mas ela, dentro da sua casa ou... no seu entorno social, ela vocaliza esse apelo de consumo. Então, quando ela reconhece aquela mensagem que ela viu na televisão, no rádio, na internet, dentro da escola, ela reconhece essa mensagem, esse produto... no espaço, no supermercado, ela vai vocalizar esse apelo, seja reproduzindo o jingle, ou ela vai... falar: “olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele produto que eu vi na televisão ou na escola”. Isso... a criança é promotora de vendas. E aí, a finalidade dessa publicidade, ela é... se dirigir a um público que ainda não tem condições de sozinho identificar o que que é uma mensagem comercial, o que que é uma publicidade, que o objetivo dessa mensagem é pra compra de determinado produto ou serviço. Ela ainda não consegue se proteger. E o ideal, então, é que qualquer publicidade não seja dirigida à criança, ela seja dirigida ao adulto, ao responsável pela compra, ao pai, à mãe, ao avô, avó ou qualquer responsável por essa compra, e não à criança. Então, é fundamental que, sim, haja publicidade – eh... não se está de forma alguma contra o mercado publicitário –, mas que essa mensagem de uma forma ética, legal e responsável seja direcionada a quem tem o poder de compra, que são os adultos. [...]

KARAGEORGIADIS, Ekaterine. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hoKZkLPjMdM. Acesso em: 13 jan. 2016. (Fragmento).

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 356-8.

Entendendo o comentário:

01 – O que justifica o uso de um registro formal nesse comentário?

      O comentário foi publicado no site de uma revista de circulação nacional, tem por tema um assunto grave e foi produzido por um falante em situação profissional, portanto exige formalidade.

02 – Segundo a advogada, como a criança é usada pelo mercado publicitário para alcançar os adultos?

      A criança é exposta à publicidade e passa a funcionar como uma promotora de vendas ao pedir produtos aos pais ou ao indicar a existência desses produtos durante as compras.

03 – A palavra então, repetida muitas vezes no texto, funciona como uma conjunção. Examine seu uso neste exemplo:

        “A publicidade infantil é a publicidade que é direcionada pra criança, independentemente do produto que é anunciado. Então, pode haver publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode haver publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente”.

        Que tipo de relação semântica ela estabelece?

      Relação de conclusão, equivalendo a logo, portanto.

04 – Observe os vários trechos em que então aparece e responda: em geral, em que parte do enunciado está esse termo? Considerando essa posição, que outra função tem a palavra?

      O termo aparece, em geral, no início dos enunciados, o que o torna um elemento de conexão entre diferentes períodos.

05 – A conjunção ou cria uma alternância entre duas ações ou dois objetos, podendo sugerir a coexistência alternada de ambos ou a exclusão de um dos termos. Releia um trecho do texto:

        “E essa publicidade, ela tem como finalidade convencer essa criança a adquirir um produto ou serviço. Ou então, também, fazer com que essa criança seja uma promotora de vendas”.

        Qual das duas funções a conjunção ou tem nesse trecho? Que palavra confirma sua análise?

      Ou indica coexistência, como confirma a palavra também.

06 – Observe agora o uso de ou neste outro trecho:

        “Eh... muitas vezes uma publicidade, ela é colocada dentro de uma escola, que é um espaço das crianças. Então, essa é evidentemente uma publicidade infantil, que ela busca atingir esse público. Ou dentro de um espaço público, como um parque, uma praça, durante uma atividade que é direcionada às crianças”.

        Considere as informações apresentadas no enunciado introduzido por ou. Com que outra parte do trecho elas se conectam? Qual seria, por consequência, a função de ou nesse trecho?

        As informações do enunciado estão conectadas com uma informação que aparece no primeiro período do trecho: dentro de uma escola. Ou, nesse caso, parece ter sido introduzido para retomar e complementar aquela informação, já que há uma frase intercalada entre elas.

07 – Releia mais um trecho:

        “E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não? Pelos elementos que ela contém e também pelo espaço em que ela se insere”.

        Por que a palavra também tem função de reforço nesse trecho?

      A palavra também sucede a conjunção e, que já tem função aditiva, tornando-a reforçativa.

08 – Releia este outro:

        “Então, quando ela reconhece aquela mensagem que ela viu na televisão, no rádio, na internet, dentro da escola, ela reconhece essa mensagem, esse produto... no espaço, no supermercado, ela vai vocalizar esse apelo, seja reproduzindo o jingle, ou ela vai... falar: ‘olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele produto que eu vi na televisão ou na escola’”.

        Seja é parte da locução conjuntiva seja..., seja... Reescreva no caderno o trecho destacado em negrito usando a locução e estabelecendo o paralelismo sintático entre as duas partes, isto é, a igualdade de construções.

      Seja reproduzindo o jingle, seja falando.

09 – Levante uma hipótese: o que teria levado a falante a usar seja..., ou... para indicar alternância?

      A língua falada dispõe de menor tempo de planejamento e, por isso, algumas construções deixam de ser mais bem elaboradas, por exigirem maior grau de concentração.

10 – Explique por que a pergunta retórica “E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não?” tem um papel semelhante ao de uma conjunção nesse texto.

      A pergunta retórica funciona com um conector entre duas partes do texto: aquela já apresentada, que introduz o conceito de “publicidade infantil” e aquela que dá a explicação sobre como essa publicidade é exposta às crianças.

11 – O comentário lido explicita tendências da língua falada, percebidas tanto em registros formais quanto em informais: o uso de um conjunto mais restrito de conjunções e a repetição delas. Por que você acha que isso ocorre?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Na língua falada, o tempo de planejamento é pequeno, o que reduz a possibilidade de o falante buscar variações para a formulação de seus enunciados. Sua preocupação primeira é a manutenção do turno conversacional e a clareza da comunicação, por isso se vale de recursos como a repetição, eficientes na garantia dessa compreensão.rt