domingo, 2 de março de 2025

POESIA: NAÇÃO DE PÁRIA - NELSON ASCHER - COM GABARITO

 Poesia: Nação de pária

             Nelson Ascher

Não que me agrade
gaiola ou grade --
pelo contrário.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPZlsumMbEOJp-EpwKm9HSbNa4i7MghrhxtuREJ-56JHZYk40LwhyKfR-MPN27a4eLL5WlS6Y914DnuivO61w8yr2-M5OLnwGNv-Q16EaEfkl0KmNToOmEbcA7TwgC1sChylc4EgUB1HVT1KisjE2vSaSksVG761oPNkOR2lFemiloz_fCXKMS7jwU47Q/s320/GRADE.jpg



Não que me aguarde
lá dentro um mar de
rosas: meu páreo

não é bem este e,
como da peste,
corro por fora,

enquanto a esfinge
feroz nem finge
que me devora.

Porém sucede
que, sem parede,
nada me ecoa,

nem a arbitrária
pátria que, pária,
procuro à toa.

26 poetas hoje – Esses poetas, uma antologia nos anos 90. Organização de Heloísa Buarque de Holanda. 2. ed. Rio de Janeiro, Aeroplano, 2001.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 322.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a sensação de deslocamento e a busca por identidade em um mundo que parece não oferecer um lugar para o indivíduo. O "pária" do título sugere alguém marginalizado, que não se encaixa nas estruturas sociais estabelecidas.

02 – O que o poeta quer dizer com "gaiola ou grade"?

      "Gaiola ou grade" simbolizam as restrições e limitações impostas pela sociedade, sejam elas físicas ou psicológicas. O poeta expressa sua rejeição a essas limitações, indicando um desejo de liberdade.

03 – Qual o significado de "pária"?

      "Pária" é uma palavra de origem indiana que se refere a uma pessoa excluída ou marginalizada pela sociedade. No contexto do poema, representa a condição do indivíduo que se sente deslocado e sem um lugar definido.

04 – Como a figura da "esfinge" contribui para o sentido do poema?

      A "esfinge" representa um desafio ou enigma que o poeta precisa enfrentar. A imagem da esfinge que "devora" sugere a sensação de ameaça e opressão que o poeta sente em relação ao mundo exterior.

05 – O que o poeta busca ao mencionar "a arbitrária pátria"?

      Ao mencionar "a arbitrária pátria", o poeta expressa a busca por um lugar de pertencimento e identidade. A palavra "arbitrária" sugere que a ideia de pátria é construída socialmente e pode não corresponder às necessidades individuais.

 

POESIA: ANGÚSTIA E REAÇÃO - MURILO MENDES - COM GABARITO

 Poesia: Angústia e Reação

             Murilo Mendes

Há noites intransponíveis,
Há dias em que para nosso movimento em Deus,
Há tardes em que qualquer vagabunda
Parece mais alta do que a própria musa.
Há instantes em que um avião
Nos parece mais belo que um mistério de fé,
Em que uma teoria política
Tem mais realidade que o Evangelho.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiSwUjcDZCgJxDpCgcy6b9Hx5xuepot4ww605geVFsB84qmxjTxICFnjc_7Pq2rYJ-Ot_9GwgoPXWaJVoG0f53S0YDe5Kpo8a4HFNrF1HMTjxnVo61TLkvfoEwodCEOjqhXUXkhhRbH3aPJ16ffP_GGPRUsujW0_oAcaRRX8nToIh9S-YI952_ENWtq74/s1600/NOITE.jpg

Em que Jesus foge de nós, foi para o Egito;
O tempo sobrepõe-se à ideia do eterno.
É necessário morrer de tristeza e de nojo
Por viver num mundo aparentemente abandonado por Deus,
E ressuscitar pela força da prece, da poesia e do amor.
É necessário multiplicar-se em dez, em cinco mil.
É necessário chicotear os que profanam as igrejas
É necessário caminhar sobre as ondas.

Poesia completa e prosa. @ by Maria da Saudade Cortesão Mendes. Nova Aguilar, Rio de Janeiro.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 285.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema explora a luta interna entre a fé e a descrença, a angústia diante de um mundo que parece abandonar os valores espirituais e a necessidade de reação para resgatar essa fé.

02 – Que sentimentos o poeta expressa ao longo do poema?

      O poeta expressa sentimentos de angústia, tristeza, nojo e desespero diante da aparente ausência de Deus no mundo. Ele também expressa a necessidade de reação, força e esperança através da prece, da poesia e do amor.

03 – Quais são as imagens utilizadas pelo poeta para representar a angústia?

      O poeta utiliza imagens como "noites intransponíveis", "dias em que para nosso movimento em Deus", "tardes em que qualquer vagabunda parece mais alta do que a própria musa" e "instantes em que um avião nos parece mais belo que um mistério de fé" para representar a angústia e a sensação de afastamento de Deus.

04 – O que o poeta propõe como forma de superar a angústia?

      O poeta propõe a "força da prece, da poesia e do amor" como forma de superar a angústia e resgatar a fé. Ele também propõe a necessidade de "multiplicar-se em dez, em cinco mil", "chicotear os que profanam as igrejas" e "caminhar sobre as ondas", simbolizando a necessidade de ação e transformação.

05 – Qual a relevância do título "Angústia e Reação" para a compreensão do poema?

      O título "Angústia e Reação" resume a essência do poema, que explora o sentimento de angústia diante da descrença e a necessidade de reação para resgatar a fé e os valores espirituais. O título indica a dualidade presente no poema, entre o sofrimento e a esperança, a passividade e a ação.

 

 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

SONETO: PASTORES, QUE LEVAIS AO MONTE O GADO - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Pastores, que levais ao monte o gado

             Cláudio Manuel da Costa

Pastores, que levais ao monte o gado,
Vêde la como andais por essa serra;
Que para dar contagio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRmzidddgOFVY549tHEABH-70sFrXQd-GBMJM54Qu0C23EN6mfIVuFU1Df-QSQ_-hyXZYiJHu8ejcVYxQ2ezqGuT8ITbmXnDIBZEDGSamVWzdGVGfElGH_kQBXvugOX6bTWrn81MfI1sunWuB4Cx0mXZyMhblJPnmds-XxwUTRCUZXEG9ZAaH4NBt2CbA/s320/Rumunia_5806.jpg



Eu ando (vós me vedes) tão pezado;
É a Pastora infiel, que me faz guerra,
E’ a mesma, que em seu semblante encerra
A causa de um martirio tão cansado.

Se a quereis conhecer, vinde commigo,
Vereis a formozura, que eu adoro;
Mas não; tanto não sou vosso inimigo:

Deixai, não a vejais; eu volo imploro;
Que se seguir quizerdes o que eu sigo,
Chorareis, ó Pastores, o que eu choro.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 116.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto?

      O tema central do soneto é o sofrimento do eu lírico (o poeta) causado por um amor não correspondido. Ele expressa sua dor e desilusão amorosa, comparando-a a um contágio que pode se espalhar.

02 – Quem são os "pastores" mencionados no soneto e qual é o seu papel?

      Os "pastores" são figuras que representam a tranquilidade e a despreocupação. O poeta os adverte sobre os perigos da serra, tanto os perigos físicos quanto o perigo de se depararem com a sua dor, que é tão intensa que pode "contagiar" a todos.

03 – Como o poeta descreve a causa de seu sofrimento?

      O poeta descreve a causa de seu sofrimento como sendo a "Pastora infiel", que lhe faz guerra e é a fonte de seu "martírio cansado". Ele a idealiza como possuidora de uma beleza que ele adora, mas que ao mesmo tempo é a causa de sua dor.

04 – Por que o poeta adverte os pastores para não verem a Pastora?

      O poeta adverte os pastores para não verem a Pastora porque ele não quer que eles sintam a mesma dor que ele sente. Ele expressa um misto de amor e ódio, pois ao mesmo tempo em que a adora, reconhece que ela é a causa de seu sofrimento.

05 – Quais são as características estilísticas marcantes do soneto?

      O soneto apresenta características típicas do Arcadismo, como a idealização da natureza e a presença de elementos pastoris. A linguagem é contida e elegante, buscando a beleza formal e a expressão equilibrada dos sentimentos. O soneto também explora a oposição entre a tranquilidade dos pastores e a dor do poeta.

 

 

POESIA: PASSAGEM DAS HORAS - (FRAGMENTO) - ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Poesia: Passagem das horas – Fragmento

             Álvaro de Campos

[...]

Multipliquei-me, para me sentir,  

Para me sentir, precisei sentir tudo,  

Transbordei, não fiz senão extravasar-me,  

Despi-me, entreguei-me,  

E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente. 

[...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjltLGClfYsRgJlmJgZYjaNbft8RgmR_pJIUqHjl2tFUb8yFObokRrR1JFxvl9Kh0gvfz9bt28aFugHz57dDmO08kr1Mnfn291RPHA1obBhqznwzbBbLyd9LSvenxUpxo4JDSiyr7EtDdZJ2AVf4s0q1YyaSxrimmWAtKk9hopvRovypzlADJppSkSFoME/s320/arte13cul-501-escritos-d34.jpg


Cavalgada explosiva, explodida, como uma bomba que rebenta,

Cavalgada rebentando para todos os lados ao mesmo tempo,

Cavalgada por cima do espaço, salto por cima do tempo,  

Galga, cavalo eléctron-íon, sistema solar resumido  

Por dentro da ação dos êmbolos, por fora do giro dos volantes. 

Dentro dos êmbolos, tornado velocidade abstrata e louca,  

Ajo a ferro e velocidade, vaivém, loucura, raiva contida,  

Atado ao rasto de todos os volantes giro assombrosas horas,  

E todo o universo range, estraleja e estropia-se em mim. 

[...]

In: Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 271.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é a principal característica do eu lírico expressa no poema?

      O eu lírico se apresenta como uma figura que busca a totalidade da experiência, multiplicando-se para sentir tudo. Ele transborda, se entrega e se torna um receptáculo para diversas experiências, como expresso na metáfora dos altares para diferentes deuses em sua alma.

02 – Como o poema descreve a passagem do tempo e a sensação de velocidade?

      A passagem do tempo é descrita como uma "cavalgada explosiva, explodida", uma imagem de movimento intenso e fragmentado. A velocidade é comparada a um "cavalo eléctron-íon", uma metáfora que une elementos da modernidade (eletricidade, íons) com a ideia de um sistema solar resumido, sugerindo uma velocidade cósmica e incontrolável.

03 – Qual é a relação entre o eu lírico e a máquina no poema?

      O eu lírico se funde com a máquina, incorporando seu ritmo e sua energia. Ele se vê "dentro da ação dos êmbolos, por fora do giro dos volantes", participando ativamente do movimento da máquina e transformando-se em "velocidade abstrata e louca".

04 – Qual é a sensação final do eu lírico em relação ao universo?

      O eu lírico sente que o universo inteiro "range, estraleja e estropia-se" dentro dele. Essa imagem sugere uma experiência intensa e caótica, na qual o eu lírico se torna o centro de um universo em constante transformação e destruição.

05 – Quais são as características estilísticas marcantes do poema?

      O poema apresenta características típicas do Modernismo, como a valorização da velocidade, da máquina e da fragmentação da experiência. A linguagem é rica em metáforas e imagens fortes, que expressam a intensidade das sensações do eu lírico. O poema também apresenta versos livres e uma estrutura fragmentada, que contribuem para a sensação de caos e movimento constante.

 

POESIA: LIRA LXXXI - MARÍLIA DE DIRCEU - GONZAGA - COM GABARITO

 Poesia: Lira LXXXI – Marília de Dirceu

             Gonzaga

Nesta triste masmorra,

De um semivivo corpo sepultura,

Ainda, Marília, adoro a tua formosura.

Amor na minha ideia te retrata;

Busca, extremoso, que eu assim resista

À dor imensa, que me cerca e mata.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEing9UAsefvQBQauQXvNf2ckCSEZsLuQsGBJVRhUgtnn3FwY1btXipfWxDY-_UfuqGf3OYSPV15OdFop5_aEv87_w-RKf66ivXO1u1aLAc753ZCq38KXtRT8AM8Z04lio26xS0QMEfGu-DKJio_dihT3mQz-Zkqq8Nss3uyiwk-i41Nip6asnLwmsM_swA/s320/220px-Mar%C3%ADlia_de_Dirceo.jpg

Quando em meu mal pondero,

Então mais vivamente te diviso:

Vejo o teu rosto e escuto a tua voz e riso.

Movo ligeiro para o vulto os passos:

Eu beijo a tíbia luz em vez de face,

E aperto sobre o peito em vão os braços.

 

Conheço a ilusão minha;

A violência da mágoa não suporto;

Foge-me a vista e caio,

não sei se vivo ou morto.

Enternece-se Amor de estrago tanto;

Reclina-me no peito, e com mão terna

me limpa os olhos de salgado pranto.

 

Depois que represento

Por largo espaço a imagem de um defunto,

Movo os membros, suspiro,

E onde estou pergunto.

Conheço então que Amor me tem consigo;

Ergo a cabeça que ainda mal sustento,

E com doente voz assim lhe digo:

 

-- Se queres ser piedoso,

procura o sitio em que Marília mora,

Pinta-lhe o meu estrago,

e vê, Amor, se chora.

Se a lágrima verter a dor a arrasta,

Uma delas me traze sobre as penas,

E para alívio meu só isto basta.

Tomás Antônio Gonzaga. In: José Lino Grunewald. Os poetas da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 111.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da Lira LXXXI?

      A Lira LXXXI de Marília de Dirceu é um poema que expressa o sofrimento do poeta Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga) na prisão, e a saudade que sente de sua amada Marília. O tema central é a dor da ausência e a força do amor, mesmo em condições adversas.

02 – Qual é o contexto histórico da Lira?

      A Lira foi escrita durante o período em que Tomás Antônio Gonzaga estava preso, acusado de participar da Inconfidência Mineira. A prisão é retratada como uma "masmorra" que o separa de sua amada Marília.

03 – Como o poeta descreve a sua condição na prisão?

      O poeta se descreve como um "semivivo", um corpo sepultado em vida. A prisão é vista como um lugar de sofrimento físico e emocional, onde ele se sente isolado e desesperançoso.

04 – Qual é o papel de Marília no poema?

      Marília é a figura central do poema, representando o amor e a esperança para o poeta. Sua imagem é idealizada e lembrada com carinho, sendo uma fonte de consolo em meio à dor.

05 – Como o poeta lida com a dor da ausência de Marília?

      O poeta busca em sua memória as lembranças de Marília, como seu rosto, voz e riso. Essa idealização o ajuda a suportar a dor, mas também o leva a momentos de ilusão, nos quais ele tenta abraçar a imagem de sua amada.

06 – Qual é o significado do pedido final ao Amor?

      No final do poema, o poeta pede ao Amor que interceda por ele, mostrando a Marília o seu sofrimento. Ele espera que a compaixão de Marília possa trazer algum alívio para sua dor.

07 – Quais são as características estilísticas marcantes da Lira LXXXI?

      A Lira LXXXI é um exemplo típico da poesia árcade, com linguagem simples e direta, e temas como a natureza e o amor idealizado. O poema também apresenta elementos neoclássicos, como a busca pela razão e o equilíbrio formal.

 

SONETO: Ó RETRATO DA MORTE! Ó NOITE AMIGA - BOACAGE - COM GABARITO

 Soneto: Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga

             Bocage

Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga,
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha do meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4tbxpp36CvnKDbG6Y36EFT48BLHf8ZogcRnlEKD4XKJinVDoRfmKkTIoGGYH0RMtfYXXbABI_NWSoGDCvM3n0HU8fbPaXG6UT0l7dMvgb7Pv4uoF99N_kiV6SOmdzFHgi-Yos8we_mRrESEqZ-VUyJM9Y7Zef8wEA-k3VCW54RbWdeMwEGrqaBqKrE_w/s320/bOCAGE.jpg



Pois manda Amor que a ti somente os diga
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel que a delirar me obriga.

E vós, ó cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

Bocage. Op. Cit. p. 39.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 99.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga"?

      O tema central do soneto é a busca por conforto e refúgio na escuridão da noite, personificada como amiga e confidente, em contraposição à dor e ao sofrimento causados por um amor não correspondido. O poeta expressa seu desejo de morte como alívio para suas angústias.

02 – Quem é a "cruel" mencionada no poema e qual o seu papel na experiência do eu lírico?

      A "cruel" mencionada no poema é a amada do eu lírico, que o faz delirar de amor e de dor. Ela é a causa de seu sofrimento e de seu desejo de encontrar conforto na noite e na morte.

03 – Qual é o significado da expressão "cortesãos da escuridade" no contexto do poema?

      Os "cortesãos da escuridade" são os fantasmas, mochos piadores e outros seres noturnos que habitam a escuridão. Eles são vistos como aliados do eu lírico em sua busca por consolo, pois compartilham de sua aversão à luz e de seu desejo de escuridão.

04 – O que o eu lírico busca ao clamar pela "medonha sociedade" dos seres noturnos?

      O eu lírico busca na companhia dos seres noturnos uma forma de lidar com seus próprios horrores internos. Ele deseja se entregar à escuridão e aos sentimentos sombrios que o atormentam, buscando uma catarse através da imersão no horror.

05 – Qual é a importância do soneto "Ó retrato da Morte! Ó Noite amiga" na obra de Bocage?

      O soneto é importante por revelar a face mais melancólica e sombria da poesia de Bocage, que é frequentemente associado à sátira e à irreverência. Ele demonstra a profundidade de seus sentimentos e sua capacidade de expressar a dor e o sofrimento humanos com beleza e intensidade. Além disso, o poema antecipa elementos do Romantismo, como a valorização da noite, da melancolia e da morte como refúgios para a alma atormentada.

 

 

SONETO: LEIA A POSTERIDADE, Ó PÁTRIO RIO - CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - COM GABARITO

 Soneto: Leia a posteridade, ó pátrio Rio

             Cláudio Manuel da Costa

Leia a posteridade, ó patrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado,
Porque vejas uma hora despertado
O somno vil do esquecimento frio:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfefNwM4_M9UYQ58CdSzT2VWUPLJHqf9yNP0C5ChO-1HuQy1fr295854GXF2mZ24TBd8rZj-DNS0-6Vh-ZFEShAlyTG3OLRq0S7ymPRj1i2yRK5_dv5mJw5DL4s9eiDJNR-mNP62lk1xSXzNZRauhWtSW_6kvjFGMqp0Y8CahnKsbiLBP2_Xej_E_WsBQ/s1280/PATRIO.jpg

 



Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês Ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.

Turvo banhando as pallidas arêas
Nas porções do riquissimo thezouro
O vasto campo da ambição recrêas.

Que de seus raios o Planeta louro,
Enriquecendo o influxo em tuas vêas,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.

In: Sérgio Buarque de Holanda. Antologia dos poetas brasileiros coloniais. São Paulo, Perspectiva, 1979.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 108.

Entendendo o soneto:

01 – Qual é o tema central do soneto "Leia a posteridade, ó pátrio Rio"?

      O tema central do soneto é a busca pela imortalidade através da poesia. O poeta deseja que seu nome e o do rio sejam lembrados pelas futuras gerações, perpetuados nos versos que ele escreve.

02 – Que elementos da natureza são mencionados no soneto e qual o seu significado?

      O soneto menciona o rio, o álamo, a ninfa e o gado. Esses elementos representam a natureza idealizada do Arcadismo, um cenário bucólico e harmonioso que contrasta com a realidade da ambição e da exploração.

03 – Qual é a crítica presente no soneto em relação à ambição humana?

      O poeta critica a ambição humana, que transforma o rio e suas margens em um "vasto campo" de exploração em busca de riquezas. Essa ambição é contrastada com a beleza e a simplicidade da natureza, que é desfigurada pela ação do homem.

04 – O que significa a expressão "Quanto em chamas fecunda, brota em ouro"?

      Essa expressão refere-se à exploração do ouro, que transforma a terra em "chamas" (metáfora para a atividade de mineração) e, em seguida, produz o metal precioso. Ela representa a busca desenfreada por riquezas, que pode ser destrutiva para a natureza.

05 – Qual é a importância do soneto "Leia a posteridade, ó pátrio Rio" na obra de Cláudio Manuel da Costa?

      O soneto é importante por expressar a visão do poeta sobre a natureza, a ambição humana e a busca pela imortalidade. Ele revela a influência do Arcadismo na obra de Cláudio Manuel da Costa, com sua idealização da natureza e sua crítica à exploração desenfreada. Além disso, o soneto demonstra a habilidade do poeta em utilizar a forma do soneto para expressar seus sentimentos e reflexões de forma concisa e expressiva.

 

 

MANIFESTO: ANTROPÓFAGO - FRAGMENTO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 MANIFESTO: ANTROPÓFAGO – Fragmento

                       Oswald de Andrade

        Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente.

        Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

        Tupi, or not tupi that is the question. [...]

        Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwYxKXIwQDLuwa6LkFjXRPNRcb52fQ1zdiXGn0P-ppRgIbTnUQj6TVvlI3ys8lKZh44G1jd27bvKVeXCtmh_k-dZ7EnLHQgZpXQ9N01c3zP1SCjVGLqCdqyuV3rj74W3adsQPdXwXpd7OrqRPMulg4_iFabAd6P1Bj3GAJ7auX5-wIZSocFeJtXXDpx3Q/s320/OSWALD.jpg


        Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

        A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

        [...]

        Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

        [...]

        Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. [...]

        [...]. A alegria é a prova dos nove.

        No matriarcado de Pindorama. [...]

        [...]

        Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema. [...]

        A nossa independência ainda não foi proclamada. [...]

        Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

In: Gilberto Mendonça Teles. Op. Cit. p. 293, 294, 296, 298, 299 e 300.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 255.

Entendendo o manifesto:

01 – Qual é a ideia central do Manifesto Antropófago?

      A ideia central do manifesto é a proposta de uma cultura brasileira original e forte, que, em vez de copiar modelos estrangeiros, os "devora" e transforma, criando algo novo e genuinamente nacional. Essa "devoração" é a antropofagia, uma metáfora para a assimilação crítica e criativa de influências externas.

02 – O que significa a frase "Tupi, or not tupi: that is the question"?

      Essa frase é uma paródia da famosa fala de Hamlet ("To be or not to be: that is the question") e representa a busca por uma identidade brasileira autêntica, baseada nas raízes indígenas e na cultura local, em vez de seguir modelos europeus.

03 – Qual é a crítica do manifesto aos "importadores de consciência enlatada"?

      O manifesto critica a importação acrítica de ideias e modelos culturais estrangeiros, que sufocam a criatividade e a originalidade brasileiras. Oswald de Andrade defende a valorização da "existência palpável da vida" brasileira, com suas particularidades e riquezas.

04 – O que é a "Revolução Caraíba" defendida no manifesto?

      A "Revolução Caraíba" é uma metáfora para a transformação radical da cultura brasileira, inspirada nas revoltas indígenas e na força da cultura local. Oswald de Andrade a considera maior que a Revolução Francesa, pois busca a "unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem".

05 – Qual é a visão do manifesto sobre o passado do Brasil?

      O manifesto idealiza o passado do Brasil, especialmente o período pré-colonial, como uma época de felicidade e liberdade, antes da chegada dos portugueses e da imposição da cultura europeia. Oswald de Andrade valoriza a cultura indígena e o "matriarcado de Pindorama".

06 – Qual é a crítica do manifesto à catequização e à cultura europeia?

      O manifesto critica a catequização e a imposição da cultura europeia, que teriam sufocado a cultura indígena e a originalidade brasileira. Oswald de Andrade critica figuras como Anchieta e a idealização da cultura portuguesa nas obras de Alencar.

07 – Qual é a proposta do manifesto para a independência do Brasil?

      O manifesto defende que a independência do Brasil ainda não foi totalmente alcançada, pois o país ainda está preso a modelos culturais estrangeiros. Oswald de Andrade propõe uma "independência antropofágica", que consiste em "devorar" e transformar as influências externas, criando uma cultura brasileira autêntica e original.

 

ROMANCE: XXI OU DAS IDEIAS - (FRAGMENTO) - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

 Romance: XXI ou das ideias – Fragmento

                 Cecília Meireles

A vastidão desses campos.

A alta muralha das serras.

As lavras inchadas de ouro.

Os diamantes entre as pedras.

Negros, índios e mulatos.

Almocrafes e gamelas.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq8eS3JolaYLyB2UIEsQV2fGi23PrHur61FvD6muofjYjFLqihGAvpXHOHOXWaESUT5VLCrBQsB52PK-HEJHJ0AHuEnrQs7GNT6NqH3inoO2Ab35Py8fre5kQLA99gUXfbRwUdtHLyOMczTTNf_znLYes3dEbAh5ZJct_aqqVl3_fFapl_G3h7KwiEis0/s1600/Meireless.jpg


 

Os rios todos virados.

Toda revirada, a terra.

Capitães, governadores,

padres intendentes, poetas.

Carros, liteiras douradas,

cavalos de crina aberta.

A água a transbordar das fontes.

Altares cheios de velas.

Cavalhadas. Luminárias.

Sinos, procissões, promessas.

Anjos e santos nascendo

em mãos de gangrena e lepra.

Finas músicas broslando

as alfaias das capelas.

Todos os sonhos barrocos

deslizando pelas pedras.

Pátios de seixos. Escadas.

Boticas. Pontes. Conversas.

Gente que chega e que passa.

E as ideias.

[...]

Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1994.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 283-284.

Entendendo o romance:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O poema retrata um panorama do Brasil colonial, com ênfase na riqueza da terra, na exploração do trabalho e na exuberância da cultura barroca.

02 – Que elementos do Brasil colonial são destacados no poema?

      O poema destaca a vastidão do território, a riqueza mineral (ouro e diamantes), a presença de diferentes grupos étnicos (negros, índios e mulatos), as atividades econômicas (lavras, almocrafes e gamelas), a presença da Igreja (padres, altares, procissões) e a arte barroca (músicas, alfaias, sonhos barrocos).

03 – Qual é o significado da expressão "as ideias" no final do poema?

      A expressão "as ideias" sugere a chegada de novas concepções e pensamentos que contrastam com o mundo colonial descrito anteriormente. Pode representar o Iluminismo, as ideias de liberdade e igualdade, ou simplesmente a mudança e a evolução do tempo.

04 – Como a autora descreve a exploração do trabalho no período colonial?

      A autora menciona a presença de "negros, índios e mulatos", "almocrafes e gamelas", sugerindo a exploração do trabalho dessas populações na extração de riquezas minerais e em outras atividades.

05 – Qual é a importância da cultura barroca no poema?

      A cultura barroca é retratada como exuberante e presente em diversos aspectos da vida colonial, como na música, na arte sacra e nas festas religiosas. Ela representa a riqueza e o esplendor da época.

06 – Que contraste é apresentado no poema?

      O poema apresenta um contraste entre a riqueza material e a exploração do trabalho, a beleza da arte e a presença de sofrimento ("mãos de gangrena e lepra"), a grandiosidade das construções e a simplicidade da vida cotidiana.

07 – O que a autora quis transmitir ao leitor com esse poema?

      Cecília Meireles, ao descrever o Brasil colonial, possivelmente quis levar o leitor a refletir sobre a complexidade da formação do país, com suas riquezas e contradições, além de apresentar um panorama histórico e cultural rico em detalhes.

POEMA: FELIZA - BOCAGE - COM GABARITO

 Poema: Feliza

             Bocage

Chamam-te gosto, Amor, chamam-te amigo

Da Natureza, que por ti se inflama;

Dizem que és dos mortais suave abrigo;

Que enjoa, e pesa a vida a quem não ama:

Mas com dura experiência eu contradigo

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZ0eRft3IIPR8W1T2JUuy4ukkGubOifVdMoxhOFO_vGnlOmNr6ntzaR9Cb6-e1uho4K83dGpAZVljPfuVF8yGp8TnGQ27b1d2AfZyR7dzCuhwS0khphFrAQKVzR5CPGZRzkWCc4sNtZdhyCQIcbiq1Rg4fJINRhpsMwhfJgsiiJuos26cqUjB7K3Ve7IA/s320/BOCAGE.jpg


A falsa opinião, que um bem te chama:

Tu não és gosto, Amor, tu és tormento.

Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.

 

Feliza de Sileu! Quem tal pensara

Daquela, entre as pastoras mais formosa

Que a vermelha papoila entre a seara,

Que entre as boninas a corada rosa!

Feliza por Sileu me desampara!

Oh céus! Um monstro seus carinhos goza;

Ânsia cruel me esfalfa o sofrimento.

Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.

 

Ingrata, que prestígio te alucina?

Que mágica ilusão te está cegando?

Que fado inevitável te domina,

Teu luminoso espírito apagando?

O vil Sileu não põe na sanfonina

Jeitosa mão, nem pinta em verso brando

Ondadas tranças, que bafeja o vento.

Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.

BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 685-686.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 102.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema "Feliza" de Bocage?

      O tema central do poema é o sofrimento do eu lírico devido ao amor não correspondido por Feliza, que o trocou por Sileu. O poema expressa a dor, o ciúme e a frustração do poeta diante da rejeição.

02 – Quem é Feliza e qual o seu papel no poema?

      Feliza é a mulher amada pelo eu lírico, que o abandona para ficar com Sileu. Ela é idealizada como a mais bela entre as pastoras, mas sua escolha causa grande sofrimento ao poeta, que a considera ingrata e alucinada.

03 – Quem é Sileu e qual a sua importância no contexto do poema?

      Sileu é o rival do eu lírico, o homem que conquista o amor de Feliza. Ele é apresentado como alguém que não possui os mesmos atributos poéticos e artísticos do poeta, o que aumenta a frustração e o ciúme do eu lírico.

04 – Qual é o significado da expressão "Une teus sons, ó lira, ao meu lamento"?

      Essa expressão é um apelo à lira, instrumento musical associado à poesia, para que acompanhe o lamento do eu lírico. Ela representa a busca por consolo e expressão para a dor do poeta através da música e da poesia.

05 – Que tipo de linguagem Bocage utiliza no poema "Feliza"?

      Bocage utiliza uma linguagem expressiva e emotiva, com adjetivos que intensificam a dor e o sofrimento do eu lírico. Ele também emprega comparações e metáforas para descrever a beleza de Feliza e a sua decepção amorosa.

06 – Qual é a importância do poema "Feliza" na obra de Bocage?

      O poema "Feliza" é importante por revelar um lado mais pessoal e sentimental de Bocage, que é frequentemente associado à poesia satírica e erótica. Ele mostra sua habilidade em expressar emoções profundas e complexas, como a dor do amor não correspondido.

07 – Que elementos do Arcadismo estão presentes no poema "Feliza"?

      O poema "Feliza" apresenta elementos típicos do Arcadismo, como a idealização da natureza e da figura feminina, a presença de personagens pastoris (Feliza e Sileu), a referência à lira como instrumento poético e a expressão de sentimentos amorosos de forma idealizada e retórica.