sábado, 22 de junho de 2019

CONTO: UM PEIXE - LUIZ VILELA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Um Peixe
         Luiz Vilela

        Virou a capanga de cabeça para baixo, e os peixes espalharam-se pela pia. Ele ficou olhando, e foi então que notou que a traíra ainda estava viva. Era o maior peixe de todos ali, mas não chegava a ser grande: pouco mais de um palmo. Ela estava mexendo, suas guelras mexiam-se devagar, quando todos os outros peixes já estavam mortos. Como que ela podia durar tanto tempo assim fora d'água? ...
        Teve então uma ideia: abrir a torneira, para ver o que acontecia. Tirou para fora os outros peixes: lambaris, chorões, piaus; dentro do tanque deixou só a traíra. E então abriu a torneira: a água espalhou-se e, quando cobriu a traíra, ela deu uma rabanada e disparou, ele levou um susto – ela estava muito mais viva do que ele pensara, muito mais viva. Ele riu, ficou alegre e divertido, olhando a traíra, que agora tinha parado num canto, o rabo oscilando de leve, a água continuando a jorrar da torneira. Quando o tanque se encheu, ele fechou-a.
        – E agora? – disse para o peixe. – Quê que eu faço com você? ...
        Enfiou o dedo na água: a traíra deu uma corrida, assustada, e ele tirou o dedo depressa.
        – Você tá com fome? ... E as minhocas que você me roubou no rio? Eu sei que era você; devagarzinho, sem a gente sentir... Agora está aí, né? ... Tá vendo o resultado? ... 
        O peixe, quieto num canto, parecia escutar. Podia dar alguma coisa para ele comer. Talvez pão. Foi olhar na lata: havia acabado. Que mais? Se a mãe estivesse em casa, ela teria dado uma ideia – a mãe era boa para dar ideias. Mas ele estava sozinho. Não conseguia lembrar de outra coisa. O jeito era ir comprar um pão na padaria. Mas sujo assim de barro, a roupa molhada, imunda.
        – Dane-se – disse, e foi.
        Era domingo à noite, o quarteirão movimentado, rapazes no footing, bares cheios. Enquanto ele andava, foi pensando no que acontecera. No começo fora só curiosidade; mas depois foi bacana, ficou alegre quando viu a traíra bem viva de novo, correndo pela água, esperta. Mas o que faria com ela agora? Matá-la, não ia; não, não faria isso. Se ela já estivesse morta, seria diferente; mas ela estava viva, e ele não queria matá-la. Mas o que faria com ela? Poderia criá-la; por que não? Havia o tanquinho do quintal, tanquinho que a mãe uma vez mandara fazer para criar patos. Estava entupido de terra, mas ele poderia desentupi-lo, arranjar tudo; ficaria cem por cento. É, é isso o que faria. Deixaria a traíra numa lata d'água até o dia seguinte e, de manhã, logo que se levantasse, iria mexer com isso.
        Enquanto era atendido na padaria, ficou olhando para o movimento, os ruídos, o vozerio do bar em frente. E então pensou na traíra, sua trairinha, deslizando silenciosamente no tanque da pia, na casa escura. Era até meio besta como ele estava alegre com aquilo. E logo um peixe feio como traíra, isso é que era o mais engraçado.
        Toda manhã – ia pensando, de volta para casa – ele desceria ao quintal, levando pedacinhos de pão para ela. Além disso, arrancaria minhocas, e de vez em quando pegaria alguns insetos. Uma coisa que podia fazer também era pescar depois outra traíra e trazer para fazer companhia a ela; um peixe sozinho num tanque era algo muito solitário.
        A empregada já havia chegado e estava no portão, olhando o movimento.
        – Que peixada bonita você pegou...
        – Você viu?
        – Uma beleza... Tem até uma trairinha.
        – Ela foi difícil de pegar, quase que ela escapole; ela não estava bem fisgada.
        – Traíra é duro de morrer, hem?
        – Duro de morrer? ...
        Ele parou.
         – Uai, essa que você pegou estava vivinha na hora que eu cheguei, e você ainda esqueceu o tanque cheio d'água... Quando eu cheguei, ela estava toda folgada, nadando. Você não está acreditando? Juro. Ela estava toda folgada, nadando.
        – E aí?
        – Aí? Uai, aí eu escorri a água para ela morrer; mas você pensa que ela morreu? Morreu nada! Traíra é duro de morrer, nunca vi um peixe assim. Eu soquei a ponta da faca naquelas coisas que faz o peixe nadar, sabe? Pois acredita que ela ainda ficou mexendo? Aí eu peguei o cabo da faca e esmaguei a cabeça dele, e foi aí que ele morreu. Mas custou, ô peixinho duro de morrer! Quê que você está me olhando?
        – Por nada.
        – Você não está acreditando? Juro; pode ir lá na cozinha ver: ela está lá do jeitinho que eu deixei.
        Ele foi caminhando para dentro.
        – Vou ficar aqui mais um pouco – disse a empregada. – depois vou arrumar os peixes, viu?
        – Sei.
        Acendeu a luz da sala. Deixou o pão em cima da mesa e sentou-se. Só então notou como estava cansado.

  Luiz Vilela. O violino e outros contos. 7. ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 36-38.
Entendendo o conto:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·    Capanga: bolsa pequena, de tecido, couro ou plástico, usada a tiracolo.
·        Footing: passeio a pé, com o objetivo de arrumar namorado(a).
·  Guelra: estrutura do órgão respiratório da maioria dos animais aquáticos.
·        Rabanada: movimento brusco com o rabo.
·        Vozerio: som de muitas vozes juntas.

02 – Qual é o foco narrativo do conto? Justifique com elementos do texto.
      O texto é narrado em terceira pessoa. Os verbos e pronomes na terceira pessoa justificam essa resposta.

03 – Quais são as características do narrador dessa história?
      É um narrador em terceira pessoa, que não participa da história, mas sabe de tudo sobre as personagens, incluindo o que estão pensando.

04 – Releia o trecho a seguir: “[...] Como que ela podia durar tanto tempo assim fora d’água? ...”. De quem é essa voz?
      É a voz do narrador onisciente, que conhece até mesmo os pensamentos das personagens.

05 – O conto é um gênero de narrativa no qual se desenvolve um único conflito envolvendo o(s) protagonista(s). Nesse conto, assistimos a um conflito interior, que se passa no íntimo do protagonista.
a)   Qual é esse conflito?
O conflito é o que fazer com o peixe que não havia morrido.

b)   Que fato provoca tal conflito?
O fato de a traíra ainda estar viva quando a personagem principal despeja os peixes na pia.

06 – O conflito interior do protagonista se inicia e vai se desenvolvendo até a decisão final.
a)   Qual é a decisão do protagonista a respeito do peixe?
A decisão é criar a traíra no tanquinho do quintal.

b)   Quais são as etapas desde o conflito até a tomada de decisão?
No começo, a personagem principal fica apenas curiosa, mas depois se anima com a ideia de o peixe estar vivo. Resolve sair para comprar comida para o peixe e decide limpar o tanquinho para ele cria-lo.

07 – Reproduza o trecho que corresponde ao clímax desse conto e explique por que você considera esse o momento de maior tensão da história.
      O clímax se dá no momento em que a empregada diz “—Traíra é duro de morrer, hem?”; porque, então, a personagem principal vê desmoronar seu sonho de criar a traíra como um peixe de estimação.

08 – A escolha do foco narrativo em terceira pessoa permite que exista um diálogo, como o que se dá entre a personagem principal e a empregada, carregado de tensão. Se esse conto fosse narrado em primeira pessoa, isso seria possível? Por quê?
      Não. Se o narrador fosse o menino, ele diria o que pensou ao ouvir a empregada, e todo o clima de tensão desapareceria.

09 – Considerando o que foi estudado neste capítulo sobre os determinantes do substantivo, podemos dizer que, no início da narrativa, a traíra era realmente “um peixe” para a personagem principal, mas, no final, o menino já poderia se referir a ela como “o peixe”. Por quê?
      No início da narrativa, o uso do artigo um mostra que o peixe é desconhecido, um peixe qualquer, igual a outros que o menino já viu. No fim, o artigo o individualiza esse peixe: não se trata mais de qualquer peixe, mas daquele ao qual a personagem se afeiçoou.

10 – Nos primeiros parágrafos, o narrador descreve a cena em que a personagem principal volta de uma pescaria. Logo em seguida, esse mesmo narrador oferece ao leitor uma informação que vai alterar a situação inicial da história.
a)   Que informação é essa?
Trata-se da informação de que a traíra estava viva.

b)   Por que essa informação vai alterar o rumo da trama?
Porque, a partir deste momento, a traíra mostra-se realmente viva. E o que fazer com ela é a questão que se segue.

11 – A personagem começa a gostar do peixe. Como isso aparece no texto?
      A personagem começa a conversar com o peixe.

12 – Releia: “[...] E então pensou na traíra, sua trairinha, deslizando silenciosamente no tanque da pia, na casa escura.”
a)   O que o diminutivo trairinha revela sobre os sentimentos da personagem?
O diminutivo mostra que a personagem já estava se afeiçoando à traíra.

b)   Como a personagem encara essa relação com a traíra?
O menino acha curioso se interessar pela traíra, afeiçoar-se a um peixe que nem bonito era.

13 – Releia:
        “– Traíra é duro de morrer, hem?
        – Duro de morrer? ...
        Ele parou.
         – Uai, essa que você pegou estava vivinha na hora que eu cheguei, e você ainda esqueceu o tanque cheio d'água... Quando eu cheguei, ela estava toda folgada, nadando. Você não está acreditando? Juro. Ela estava toda folgada, nadando.”

a)   Em vez de dizer tudo o que a personagem sentiu ao ouvir a empregada, o narrador limitou-se a uma frase curta e seca: “Ele parou”. Que efeito esse recurso provoca no leitor?
Frases curtas e secas são mais diretas. Neste caso, a frase cria um suspense, deixando o leitor na expectativa do que poderia ter de fato acontecido ao peixe.

b)   O que a personagem pode ter pensado naquele momento?
Resposta pessoal do aluno.

c)   Explique o uso do diminutivo vivinha nesse trecho.
O diminutivo, nesse trecho, intensifica a ideia de vivacidade e vitalidade; vivinha quer dizer “muito viva, bem viva”.

14 – Há no texto perguntas não indicadas por travessão. Observe:
        “[...]No começo fora só curiosidade; mas depois foi bacana, ficou alegre quando viu a traíra bem viva de novo, correndo pela água, esperta. Mas o que faria com ela agora? Matá-la, não ia; não, não faria isso. Se ela já estivesse morta, seria diferente; mas ela estava viva, e ele não queria matá-la. Mas o que faria com ela? Poderia criá-la; por que não?”

a)   Essas perguntas estão relacionadas à voz de qual personagem?
À voz da personagem principal, o menino.

b)   Que informações essas perguntas revelam ao leitor?
Essas perguntas permitem que o leitor conheça as dúvidas, os sentimentos e pensamentos da personagem principal.




MENSAGEM ESPÍRITA: PRECIPITAÇÃO - PARA REFLEXÃO

Precipitação

    A precipitação responde por muitos males que afligem o homem. Um comportamento ansioso leva a estados de perturbação, geradores de sofrimentos perfeitamente evitáveis. Sob o estigma da ansiedade as atitudes são incorretas, fomentando resultados inadequados à edificação interior.
          O exercício da calma, por isso mesmo, faz-se imprescindível para uma jornada harmônica face às perplexidades que a vida moderna impõe. A calma ensina a esperar pelos resultados de qualquer realização, que não podem ser antecipados.
         O ritmo do tempo é inalterável, razão por que os acontecimentos sucedem naturalmente dentro de espaços que não podem ser modificados. À instância da precipitação o homem ouve e vê mediante óptica deformada, que mais o perturba, desde que obnubilandolhe o discernimento, precipita-o em despenhadeiros de infortúnio.
          Há tempo de semear, sendo, portanto, compreensível que chegará o tempo de segar. Inutilmente se pretenderá com êxito precipitar os fenômenos da vida, entre a germinação e a frutescência do grão. No campo moral, o mecanismo é equivalente. Cada fase tem um período próprio; cada ocorrência seu instante azado.
          Reúne as tuas forças morais na disciplina do equilíbrio, não precipitando sucessos que devem seguir o seu curso normal. Consciente de que somente te ocorrerá o que esteja na tua programação cármica, não sofras por antecipação, propiciando estados de ansiedade e amargura, que poderiam ser evitados. Quando suceder que o sofrimento desabe sobre ti, enfrenta-o com nobreza, sabendo que o mesmo se te faz necessário, como forma de crescimento para a vida e de recuperação pessoal, na contabilidade dos valores espirituais...
          Fixa-te nos ideais da beleza e do amor, sem te preocupares com as excentricidades em voga e acende a esperança nas almas, conduzindo as tuas aspirações superiores ao encontro da tua ressurreição ditosa. Nas ciladas que se te apresentem na senda, assume a atitude de fé e ora, prosseguindo com destemor, na certeza da vitória inquestionável que conseguirás.
            Disse Jesus: Somente caem as folhas das árvores pela vontade de Deus, demonstrando que toda ocorrência está subordinada a leis que comandam todos os fenômenos do Cosmo. Da mesma forma, sucedem no teu universo pessoal, acontecimentos a que fazes jus e de que necessitas.
            Tem, portanto, paciência e não te precipites nunca. Arrepender-te-ás pela decisão arroubada, ansiosa, e nunca por aquela que nasce da reflexão e da calma. Se parecer-te impossível suportar em paz os problemas que te angustiam, recorre à oração e deixa-te acalmar pela blandícia do intercâmbio entre ti, que rogas, e a Divindade que te responde, asserenando-te e poupando-te à precipitação.

TEXTO: GAROTOS LUTAM CONTRA DESTRUIÇÃO DE ORELHÕES - O ESTADO DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Texto: Garotos lutam contra destruição de orelhões
         
      "Denivan tem apenas doze anos, mas já luta para preservar o bem comum"


        "No início de novembro, uma carta manuscrita pelo garoto Denivan Vargas Araújo, de 12 anos, chega à Telesp comunicando a fundação do grupo Defensores de Orelhões. Irritado com a depredação de diversos aparelhos instalados no Jardim Tremembé, bairro onde mora, na Zona Norte, Denivan convidou alguns amigos para lutar contra o vandalismo. Quando meu pai vendeu o telefone eu parti para a realidade dos orelhões`, conta o garoto. Ontem, Denivan foi apresentado à diretoria da Telesp e à imprensa.
        Apaixonado desde os seis anos pelos aparelhos telefônicos, Denivan quer ser engenheiro eletrônico. Eu fiz alguns projetos com parafusos e correntes bem grossas para defender os aparelhos`, explica. No início, o grupo tinha quatro integrantes, mas dois garotos foram convidados a se retirar. Eles não queriam nada com nada`, afirma. Agora, o presidente Denivan e o vice-presidente Dênis Caniello, de 11 anos, se reúnem algumas vezes por semana para fazer cartazes explicando à população como agir perante a destruição dos aparelhos.
        Dizemos para procurar a Telesp sempre que virem algum pedaço de orelhão em poder de vândalos`, acrescenta. Temendo algum tipo de represália, o fundador dos Defensores de Orelhão nunca falou das atividades do grupo aos colegas da 6ª série da Escola Judith Guimarães dos Santos. Tenho medo das gangues que destroem os telefones para vender as peças`, afirma Denivan.
        Nos planos para o futuro, o garoto inclui a ajuda pedida à Telesp, que faria adesivos para a campanha. Segundo a empresa, cerca de Cr$ 780 milhões são gastos mensalmente na recuperação de quase 8 mil aparelhos depredados. Na Capital, os bairros onde há mais depredações são a Casa Verde, a Freguesia do Ó, e a Cachoeirinha, na Zona Norte. Os crimes contra o patrimônio público têm penas que variam entre seis meses e três anos."

                                                                 (In.: Mesquita e Martos, 1995: 58) Extraído do jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO", edição de 11 de dezembro.
Entendendo o texto:
01 – Dê as seguintes informações sobre a principal personagem do texto:
·        Nome: Denivan Vargas Araújo.
·        Idade: doze anos.
·        Local de residência: Jardim Tremembé, Zona Norte, S. Paulo.
·        Escola onde estuda: Escola Judith Guimarães dos Santos.
·        O que deseja ser: Engenheiro Eletrônico.

02 – Copie somente as alternativas corretas:
a)   Denivan, desde os seis anos, se interessa por aparelhos telefônicos.
b)   Denivan nunca teve telefone em casa.
c)   Denivan teve telefone em casa, mas o pai precisou vendê-lo.
d)   Denivan pediu ajuda ao pai para lutar contra o vandalismo.

03 –O que é vandalismo em relação aos orelhões?
      É a destruição dos aparelhos nas ruas e praças, onde estão desprotegidos.

04 – Que atitude o menino Denivan tomou a fim de defender os orelhões?
      Convidou alguns amigos para fazer cartazes e esclarecer a população.

05 – Por que o menino Denivan não falou nada a respeito de suas atividades aos colegas de escola?
      Porque Denivan tinha medo de represália por parte das gangues que destroem os telefones para vender as peças que os compõem.

06 – De acordo com o texto, quantos aparelhos são destruídos mensalmente?
      São destruídos oito mil aparelhos.

07 – Na realidade, quem paga o custo da depredação dos orelhões são: os depredadores, a Telesp ou o usuários?
      O custo é pago por todos aqueles que usam telefone e pelos contribuintes.

08 – Qual é a pena para quem depreda um orelhão?
      A pena varia entre seis meses a três anos.

09 – Os telefones públicos, chamados orelhões, são aparelhos de grande utilidade para a população. Por que eles são atacados, destruídos?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Qual a sua opinião sobre a atitude de Denivan? Você já fez algo parecido?
      Resposta pessoal do aluno.

11 – Escreva o sentido da palavra em destaque:
a)   Antes de fazer piada com o orelhão dele, veja o seu nariz.
Órgão do corpo humano.

b)   Não destrua o orelhão. Ele é útil para todos.
Aparelho telefônico de uso público.



quarta-feira, 19 de junho de 2019

MÚSICA(ATIVIDADES): DIARIAMENTE - NANDO REIS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Música(Atividades): Diariamente

              Nando Reis

Para calar a boca: Rícino
Para lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora
Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: apontador
Para o Pará e o Amazonas: Látex
Para parar na Pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem-rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: Marzipã
Para adidas o conga: Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda-sol
Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois
Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: 220 volts
Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã
Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser model: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada
Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia
Para estourar pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorado
Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso
Para saber a resposta: Vide-o-verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta: diariamente.

                        Composição: Nando Reis

Entendendo a canção:

01 – Sobre o título da canção. Na sua opinião, que relação há entre tudo o que foi nomeado e a palavra diariamente?
      O eu lírico no último verso “Para você o que você gosta: diariamente”, deixa claro que dedica a alguém, tudo o que lhe caiba, tudo o que lhe convenha, a fim de que a vida lhe seja feliz.

02 – Observe como foi estruturada a letra dessa canção, destacando à palavra para, ao coloca-la no início de todos os versos. Que nome se dá a esta figura de linguagem?
      A figura de linguagem é Anáfora.

03 – As relações entre a necessidade e o “produto” citado para satisfaze-la às vezes são comuns, outras vezes são estranhas, inusitadas. Copie um verso que, para você, seja um bom exemplo de:
a)   Uma relação comum entre necessidade e “produto” citado para satisfazê-la.
Para lavar a roupa: Omo (sabão em pó).

b)    Uma relação estranha, inusitada, entre necessidade e “produto” citado para satisfazê-la.
Para calar a boca: (óleo de) rícino – seu gosto insuportável, deveras amargo.

04 – O eu lírico é feminino ou masculino? Explique extraindo um verso ou uma palavra da canção que comprove sua resposta.
      O eu lírico é feminino, conforme este verso: “Para parecer mais nova: Avon”.

05 – O eu lírico conta algo que:
a)   Está acontecendo no presente.
b)   Aconteceu em um passado bem próximo.
c)   Aconteceu num passado distante.
d)   Acontecerá num futuro bem próximo.

06 – Na canção existe várias metonímias (figura de linguagem que possibilita troca de um termo por outro de mesma similaridade). Cite alguns versos.
      “Para lavar a roupa: Omo” (sabão em pó).
      “Para dormir a fronha: Madrigal” (marca de roupa de cama).
      “Para que serve a calota: Volkswagen” (marca de veículo).
      “Para parecer mais nova: Avon” (creme de beleza).
      “Para a menina que engorda: Hipofagi” (remédio para emagrecer).

07 - Em quase todos os versos da canção, temos a presença de um sinal de pontuação: o dois-pontos. Observe estes três versos do texto:
   "Para lavar a roupa: omo
    Para viagem longa: jato
    Para difíceis contas: calculadora"
Empregando dois-pontos, o autor tornou a frase mais econômica, menor, pois deixou de empregar uma ou mais palavras para ligar as duas partes do verso.
    a) Sem empregar esse sinal de pontuação, reescreva os três versos  acima, acrescentando uma ou mais palavras para ligar as duas partes de cada frase.
Para lavar a roupa, use omo. Para viagem longa, vá de jato. Para difíceis contas, use calculadora.

      b) A que classe gramatical pertencem as palavras suprimidas pelo autor: substantivo, adjetivo, verbo ou advérbio?
Verbo.

      c) A estrutura desses versos e dessas frases lembra um tipo de linguagem que procura vender determinado produto. Que linguagem é essa?
A linguagem publicitária.

08 - Logo à primeira leitura, notamos que a letra da canção apresenta uma construção especial, graças à repetição de palavras e estruturas de frases.
       a) Que palavra se repete em todos os versos?
            A palavra para.

       b) Qual a sua classe gramatical?
           Preposição.

     c) Essa palavra geralmente transmite a ideia de tempo, lugar ou finalidade. Na canção, qual desses sentidos aparece com maior frequência?
           O sentido de finalidade.

09 - Observe estes versos do final da canção:
        "Para o telefone que toca
         Para a água lá na poça
         Para a mesa que vai ser posta"

Neles, o autor quebrou a estrutura que vinha utilizando e não empregou dois-pontos nem um termo posterior para fechar o verso. Então, faça você o que ele não fez: a exemplo do restante do texto, empregue dois-pontos e invente um substantivo que sirva de fachamento para cada verso.
Resposta pessoal. 

10 - O nome da canção é "Diariamente", palavra que também aparece no último verso. Que relação você acha que há entre o título e as repetições existentes na canção?
As repetições dão a ideia de que todos os dias tudo é igual; daí a relação com diariamente.





POEMA: ESTRANHEZA DO MUNDO - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Estranheza do Mundo                   

         Ferreira Gullar

Olho a árvore e indago:
está aí para quê?
O mundo é sem sentido
quanto mais vasto é.
Esta pedra esta folha
este mar sem tamanho
fecham-se em si, me
repelem.
Pervago em um mundo estranho.
Mas em meio à estranheza
do mundo, descubro
uma nova beleza
com que me deslumbro:
é teu doce sorriso
é tua pele macia
são teus olhos brilhando
é essa tua alegria.
Olho a árvore e já
não pergunto “para quê”?
A estranheza do mundo
se dissipa em você.

                           Ferreira Gullar – Conto Brasileiro.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o aposto que aparece nesses versos “Olho a árvore e indago: / está aí para quê? Classifique-o.
      Aposto é: está aí para quê. Aqui o aposto veio separado por dois pontos. Classifica em explicativo.

02 – Reescreva o trecho usando o aposto no lugar do termo a que ele se refere.
      “Olho a árvore e indago: está a árvore aí para quê?

03 – Qual é a importância do aposto nesse trecho? 
      É importante porque explicou a qual árvore se referia.

04 – Em que pessoa verbal o eu lírico se apresenta no poema? Cite um verso que comprove.
      Se apresenta na 1ª pessoa do singular. “Olho a árvore e indago”.

05 – No poema predomina a ação ou a reflexão? Comente.
      Predomina reflexão, pois o eu lírico diz que o mundo é sem sentido quanto mais vasto é.

06 – O eu lírico diz que em meio a estranheza do mundo, descobre uma nova beleza. De quem ele fala?
      De sua amada, parece estar apaixonado como vemos nos seguintes versos: “com que me deslumbro: / é teu doce sorriso / é tua pele macia / são teus olhos brilhando / é essa tua alegria.”



CONTO: O MEU AMIGO PINTOR - (FRAGMENTO) - LYGIA BOJUNGA - COM GABARITO

Conto: O meu amigo pintor – Fragmento
                 
                   Lygia Bojunga
        [...] 

        O meu amigo mora, quer dizer morava no apartamento aqui em cima. Eu ia lá jogar gamão com ele, a gente conversava, e ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também. O meu pai e a minha mãe reclamavam "ô, mas que coisa enjoada essa bateção!" E a minha irmã me perguntava " será que o teu amigo nunca vai se esquecer de dar corda no relógio não?"
        Mas cada um é de um jeito, não é? E eu gostava demais de ouvir o relógio batendo. De noite ainda mais. [...]
        Pra mim, ouvir o relógio batendo era que nem ouvir o meu amigo andando. [...]

    Lygia Bojunga. O meu amigo pintor. 22. ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2004.

Entendendo o conto:

01 – Retire trechos do fragmento que exemplifiquem a língua informal. 
      "Ô, mas que coisa enjoada essa bateção!"; a expressão “a gente”; “se esquecer de dar corda no relógio não?”; “ouvir o relógio batendo era que nem ouvir o meu amigo andando.”

02 – Identifique o verbo do primeiro período do trecho é classifique-os. 
      Mora/morava: verbo intransitivo.

03 – Quais são os complementos verbais do verbo jogar? Classifique-os. 
      “Gamão”: objeto direto; “com ele”: objeto indireto.

04 – Como é classificado o verbo conversar nesse fragmento?
      Verbo intransitivo.

05 – Retire do trecho uma oração que contenha um verbo transitivo direto e outro com um verbo transito indireto. 
      “Ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também.” / “E eu gostava demais de ouvir o relógio batendo.”
     


FÁBULA: DE UM QUATI CHAMADO CHICO - VALDIR PACCINI - COM GABARITO

Fábula: De um Quati chamado Chico             

            VALDIR PACCINI

    Este texto faz parte de um projeto de livro que está sendo executado em parceria com DIMER J. WEBBER, denominado provisoriamente MITOLOGIA CASCAVELENSE.
   Cortando a região sul de Cascavel, há um pequeno riacho batizado com o nome de Rio Quati. Não à toa, o nome foi dado em homenagem ao simpático e atrevido mamífero da família dos procionídeos, que até hoje habita as imediações.
        Os quatis de Cascavel são, portanto, a maior prova de que é possível conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. Além disso, mostram que é possível ao homem conviver em harmonia com a natureza. Vejamos a história real do Chico, um quati muito esperto.
        Nas proximidades do atual aeroporto de Cascavel, por onde passa o Rio Quati, há várias chácaras e sítios com reservas de florestas nativas, onde os referidos bichos fazem, até hoje, seus costumeiros passeios em busca de alimentação e também de lazer. Num desses sítios, uma lotada de uns trinta quatis aparecia com bastante frequência, intrigando o caseiro.
        Chico era um quatizinho muito simpático nascido a uns dez quilômetros ao norte da região do aeroporto, na mesma época em que também vieram à luz, naquela morada, outros quatizinhos de ambos os sexos. Tão logo iniciou suas primeiras atividades independentes, mas ainda muito jovem para se defender das emboscadas impostas pela vida e pelos caminhos por onde andava, seus pais, como o são quase todos, lhe orientavam dizendo na linguagem quatinês:
        – Cuidado com essas escapadas! Escolha bem as suas companhias! Veja bem com quem você anda! Não vá se meter em encrencas! E Chico, já se achando maduro o suficiente, respondia:
        – Não se preocupem. Sei o que estou fazendo! Posso me cuidar sozinho.
        Além de seus pais, havia também a Chica, uma quatizinha da mesma idade que gostava muito dele e tentava mantê-lo o mais próximo possível, sob sua guarda e proteção, como fazem as mães, as esposas, as namoradas, etc. Mas Chico, se sentindo diferente de todos, meio intransigente, meio contestador, meio dono do próprio nariz alongado, apesar de sentir certa paixão por Chica, teimava fazer tudo do jeito que sua adolescência prescrevia.
        Saía sem pedir permissão. Demorava voltar para casa. Vivia intensamente a sua liberdade. Nada era capaz de detê-lo, até que numa incursão feita pelo grupo ao sítio daquele caseiro incomodado, Chico acabou sendo preso em uma armadilha previamente arrumada para ele.
        No começo ele sentiu-se privado de sua tão preciosa liberdade. Imaginou que seus companheiros viessem lhe salvar, mas demorariam muito tempo a voltar. Com o curso dos dias ele foi se ambientando e passou a apreciar a comida diferente que o caseiro lhe servia. Acabou viciado, de modo que se sentia muito bem quando vinham lhe oferecer a comida caseira. Perdeu o contato com seus companheiros de passeio, mas a sua docilidade foi se tornando tão clara que conquistou a liberdade.
        Durante alguns meses Chico ficou por ali, ao redor da casa, convivendo com o caseiro e sua família, como se fosse um cão. O jovem quati estava totalmente domesticado e parecia ter esquecido para sempre suas origens, até que um belo dia, o grupo de quatis que o havia extraviado meses antes, resolveu aparecer na propriedade.
        O caseiro pensou que, devido ao fato de Chico ter se acostumado com a nova vida, jamais ousaria voltar para o seu bando. Contudo, o quatizinho se mostrou hesitante. Volvia seus olhos brilhantes entre a lotada e o caseiro, demonstrando o cruel dilema entre ficar ou partir. E o instinto ou a natureza do bichinho sopesou no último momento. Quando o grupo já se deslocava visando partir, Chico saiu correndo visando alcançá-lo. E se foi com os seus entes como quem se vai para nunca mais voltar!
        O sentimento do caseiro e de sua família foi qual a perda de um ente próximo e querido. Ele que era acostumado a sacrificar alguns animais silvestres para servir de alimentação, prometeu que jamais imolaria qualquer outro ser vivo.
        Contudo, em torno de um mês mais tarde, Chico voltou sozinho. Quando avistado ao longe, se mostrava trôpego, triste, cansado, enfim todo estropiado. Chegou-se à conclusão de que seu reingresso no grupo fora recusado, e de que, por conta de sua insistência, tivera recebido como reprimenda uma série de violência física advinda de seus próprios pares.
        O caseiro o abrigou mais uma vez, como quem recebe o filho pródigo. Deu-lhe carinho, alimento e tratamento. Contudo, alguns dias mais tarde, o grupo de quatis fez nova incursão naquele sítio e Chico de maneira irreprimível decidiu acompanhá-lo em nova tentativa de regresso.
        Nessas alturas da história, Chico já era um quati adulto e com a experiência de perambular sozinho pelas margens do Rio Quati. Presume-se que ele tenha sido aceito de volta ao seu habitat devido a sua persistência, à sua capacidade de superar desafios, e ao conhecimento que adquirira no relacionamento com o ser humano. O que se sabe, com certeza, é que Chico retornara muitas vezes ao sítio, tal qual um parente que vem nos visitar de vez em quando, inicialmente em companhia da amada Chica, e depois, além dela, trazia consigo alguns quatizinhos que pareciam ser seus filhotes.                
        Moral da história: A desobediência do jovem é natural, assim como é natural a qualquer ser vivo aprender as lições que a vida ensina.

Entendendo a fábula:

01 – Quais são os personagens dessa fábula?
      Chico, o caseiro, Chica e o grupo de quatis.

02 – Todas as ações da fábula se passam no mesmo dia? Explique.
      Não, pois o Chico teve no sítio em vários momentos de sua vida.

03 – Que outro título você daria à fábula?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Numa fábula há sempre uma crítica a determinado tipo de comportamento que se deveria evitar. Nessa fábula a crítica refere-se a que tipo de atitude?
      Refere-se as atitudes de Chico que se sentia diferente de todos, meio intransigente, meio contestador, meio dono de seu próprio nariz.

05 – A moral desta fábula apresenta uma reflexão sobre o comportamento humano. Você acredita que existam pessoas que agem assim? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você seria capaz de lembrar de alguma situação da vida real onde o contexto da fábula se aplicaria?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Qual o desfecho (situação final) da fábula?
      O Chico foi aceito de volta ao seu habitat, devido sua persistência e a capacidade de superar desafios, mas sempre voltava ao sítio, da qual um parente que vem visitar de vez enquanto, acompanhado de Chica e seus quatizinhos.