sexta-feira, 24 de maio de 2019

POEMA: A TRANSAÇÃO - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: A transação
        
     Oswald de Andrade

O fazendeiro criara filhos
Escravos escravas
Nos terreiros de pitangas e jabuticabas
Mas um dia trocou
O ouro da carne preta e musculosa
As gabirobas e os coqueiros
Os monjolos e os bois
Por terras imaginárias
Onde nasceria a lavoura verde do café.

                 Pau-Brasil. 2. ed. São Paulo: Globo, 2003.  p. 123.

Entendendo o poema:
01 – Em relação ao texto identifique elementos da paisagem nacional.
      Lavoura verde do café, gabirobas e coqueiros, monjolos e bois.

02 – O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no século XX explicite esse momento.
      A Escravidão e o cultivo do café, pois era a base da economia na época.

03 – Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira. 
      O poema é associado aos escravos e ao café, pois os escravos plantavam o café que também os sustentava.

04 – Qual é o tema do poema “A transação”?
      Os negócios.

05 – Um dos traços da poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, são os temas nacionais, vistos por uma perspectiva crítica. Em relação ao poema “A transação”:
a)   Identifique no texto elementos da paisagem nacional.
Terreiros de pitangas e jabuticabas, as gabirobas e os coqueiros e a lavoura verde do café.

b)   O poema expressa um momento de profunda transformação vivida pela economia brasileira no início do século XX. Explicite esse momento.
“Tudo revertendo em riqueza.”.

c)   Associe o poema aos principais ciclos da economia brasileira.
Expressa o movimento republicano e início do processo da Proclamação da República.


TEXTO: AS TRÊS LEIS DA ROBÓTICA - ISAAC ASIMOV - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: AS TRÊS LEIS DA ROBÓTICA 
                 
                        Isaac Asimov

   1. Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, por omissão, permitir que o ser humano sofra dano.
    2. Um robô tem de obedecer às ordens recebidas dos seres humanos, a menos que contradigam a Primeira Lei.
   3. Um robô tem de proteger sua própria existência, desde que essa proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis.

        Andrew Martin disse "obrigado" e ocupou a cadeira que lhe foi indicada. Não parecia estar lançando mão do último recurso, mas estava.
        Não, parecia, aliás, coisa alguma, pois não havia nenhuma expressão em sua fisionomia, a não ser a tristeza que se imaginava vislumbrar no olhar. O cabelo era liso, castanho-claro, meio ralo; não usava barba. Dava impressão de que acabara de fazê-la, irradiando limpeza. Trajava-se de maneira conservadora, com roupas bem feitas, onde predominavam cores roxas em tecido de veludo.
        Diante dele, do outro lado da escrivaninha, via-se o cirurgião. A placa em cima da mesa incluía uma série de letras e números de identificação completa que Andrew nem se preocupou em examinar. Bastava chamá-lo de "doutor" e pronto.
        ─ Quando poderá ser feita a operação, doutor? ─ perguntou.
        Em voz baixa, no imperturbável tom de respeito que os robôs sempre usavam com as criaturas humanas, o médico respondeu:
        ─ Creio que não estou entendendo. A que operação o senhor se refere e quem seria submetido a ela?
        Poderia ter demonstrado certo ar de intransigência respeitosa, se um robô dessa espécie, de aço inoxidável meio bronzeado, fosse capaz de demonstrar qualquer tipo de expressão.
        Andrew Martin observou atentamente a mão direita do médico, acostumada a empunhar o bisturi, pousada sobre a escrivaninha. Os dedos longos eram modelados com articulações metálicas em curvas artísticas tão elegantes e apropriadas que se tomava fácil visualizar os instrumentos cirúrgicos com que deviam, temporariamente, se confundir. O seu trabalho não admitia hesitações, nem tropeços, tremores ou erros. Essa confiança em si mesmo, naturalmente, provinha da especialização, uma aspiração tão ardentemente desejada pela humanidade que raros robôs continuavam dotados de cérebros autônomos. Como esse cirurgião, por exemplo. Só que possuía uma capacidade de inteligência tão limitada que nem reconheceu Andrew e, provavelmente, jamais ouvira falar nele.
        ─ Nunca pensou que gostaria de ser homem? ─ perguntou Andrew.
        O médico vacilou um pouco, como se a pergunta não se enquadrasse em nenhuma das trilhas positrônicas que lhe tinham sido predeterminadas.
        ─ Mas, meu senhor, eu sou robô.
        ─ Não preferiria ser homem?
        ─ Gostaria era de ser melhor cirurgião. O que não seria possível, se fosse homem, mas apenas se pudesse ser um robô mais aperfeiçoado. Gostaria de ser um robô mais aperfeiçoado.
        ─ Não se ofende com o fato de que posso lhe dar ordens? Obrigá-lo a levantar-se, sentar, andar para cá e para lá, apenas pedindo para que faça isso?
        ─ Tenho o maior prazer em agradar ao senhor. Se as suas ordens interferissem no meu comportamento em relação ao senhor ou a qualquer outro ser humano, eu não lhe obedeceria. A Primeira Lei, relativa aos meus deveres com a segurança humana, teria prioridade sobre a Segunda, que se refere à obediência. Quanto ao mais, tenho o maior prazer em ser obediente. Agora, em quem devo efetuar a operação?
        ─ Em mim mesmo ─ respondeu Andrew.
        ─ Mas isso é impossível. Trata-se, evidentemente, de uma operação prejudicial.
        ─ Não interessa ─ afirmou Andrew calmamente
        ─ Eu não posso causar danos ─ retrucou o cirurgião.
        ─ Para uma criatura humana, claro que não pode ─ disse Andrew ─, mas eu também sou um robô.
                    Isaac Asimov. O homem Bicentenário. Trad. Milton Persson.
Porto Alegre: L&PM, 1997. (L&PM Pocket).
Entendendo o texto:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Vislumbrar: perceber ou compreender.
·        Intransigência: intolerância.
·        Positrônico: que se refere ao pósitron, antipartícula do elétron, cuja carga elétrica é igual à do elétron.

02 – Você já conhecia essa história? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Que tipo de cirurgia você acha que Andrew queria fazer?
      Para ser transformado em ser humano.

04 – A partir da descrição de Andrew Martin, foi possível perceber que ele tinha uma grande semelhança com os seres humanos. Você acha que um dia será possível que os robôs tenham características humanas? Comente.
      Resposta pessoal do aluno.

05 – O texto de Isaac Asimov mostra uma situação possível de ocorrer no dia-a-dia. No entanto, há um elemento que permite classificar essa obra como ficção científica. Que elemento é esse?
      A presença de robôs humanizados.

06 – O texto lido é iniciado com a descrição das três leis que caracterizam a robótica.
a)   A partir da leitura dessas leis, copie qual das afirmativas é correta.
·        O ser humano deve estar em 1° lugar sempre.
·        Um robô nunca pode ser ferido.
·        Tanto o robô quanto o ser humano devem ser protegidos de maneira igual.

b)   Com que finalidade essas leis foram apresentadas no texto?
A fim de mostrar os princípios e as atitudes que os robôs devem ter em relação ao ser humano, sempre protegendo-o, de modo que a criatura não se sobressaia ao seu criador.

c)   Isaac Asimov, em seu conto chamado Eu, robô, apresenta a sociedade sob a ameaça dos robôs, que estão tomando conta dela e se rebelando contra os seres humanos. Dessa forma, o que é demonstrado nesse conto em relação às leis da robótica apresentada no início de O Homem Bicentenário?
Que quando as regras são quebradas, fogem do controle do ser humano.

07 – O médico era considerado muito capaz devido a sua especialidade, que não permite tropeços, tremores ou erros. No entanto, isso fazia com que ele não tivesse habilidade para outras coisas, limitando-o. Cite um exemplo de falta de habilidade dele.
      Ele não reconhecia as pessoas.

08 – Em um momento do texto, Andrew questiona se o Robô não gostaria de ser humano.
a)   O que o robô respondeu?
Que ele gostaria de ser melhor cirurgião.

b)   Por que ele aceitava sua condição?
Porque fora criado e programado para ter uma habilidade específica, não sendo capaz de realizar atividades diversas.

09 – Andrew e o médico conversaram e discutiram sobre uma cirurgia que deveria ser realizada. Por que o médico não quis operar o paciente?
      Porque ele acreditou que Andrew era um ser humano.

10 – Ao longo do texto há descrições sobre as características de Andrew.
a)   Antes de ser revelado que Andrew era um robô, a descrição feita dele indicava isso? Por quê?
Não. Indicava que era um ser humano, pois a forma como ele aparece caracterizado é semelhante à de uma pessoa.

b)   Transcreva do texto trechos que comprovem sua resposta.
Isso pode ser observado no seguinte trecho: “O cabelo era liso, castanho-claro, meio ralo; não usava barba. Dava a impressão de que acabara de fazê-la, irradiando limpeza. Trajava-se de maneira conservadora, com roupas bem-feitas, onde predominavam cores roxas em tecido de veludo”.

c)   O que essas características de Andrew revelam em relação a ele e aos demais robôs?
Que Andrew era diferente deles, pois apresentava características que o aproximavam dos seres humanos.

11 – No final do texto há uma surpresa, uma quebra de expectativa. Explique do que se trata e por que ela foi inesperada.
      Trata-se da revelação feita por Andrew Martin, em que ele revela que é um robô, assim como o médico.

12 – As empresas estão adotando cada vez mais a robótica, uma vez que isso aumenta a produtividade e, consequentemente, o lucro delas. Apesar desse aspecto positivo, quais são os pontos negativos dessa incorporação da robótica nas grandes empresas?
      O principal problema é a substituição da mão de obra humana, que estimula o aumento do desemprego.

13 – No início do texto são expostas as três leis da robótica. Em cada uma delas aparece o termo um. Qual é a classe de palavras desse termo e que função ele desempenha nesse trecho?
      O termo é classificado como artigo indefinido e tem a função de generalizar a ideia, no caso, ele generaliza o termo robô.

14 – Releia o seguinte trecho do texto: “Andrew Martin disse ‘obrigado’ e ocupou a cadeira que lhe foi indicada. Não parecia estar lançando mão do último recurso, mas estava”. Que sentido a expressão em destaque apresenta nesse contexto?
      Lançando mão: utilizando.

15 – Observe os verbos empregados no trecho em que o autor expõe as três leis da robótica, no início do texto.
a)   Qual é o tempo verbal predominante?
Presente do indicativo.

b)   De que forma esse tempo verbal contribui para o objetivo a que esse trecho se propõe?
O trecho tem por objetivo orientar o leitor a seguir algumas leis e, para isso, emprega frases no presente.


quinta-feira, 23 de maio de 2019

POEMA: LISBON REVISITED - ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

Poema: Lisbon Revisited
       
       Álvaro de Campos

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral! 


Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho! 

                   In Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro. Nova Aguilar, 1986.

Entendendo o poema:

01 – Do ponto de vista formal, aponte três características modernistas do poema.
      A presença de versos livres de estrofes heterogêneas e de uma linguagem coloquial, próxima da fala.

02 – Desde a primeira estrofe, o sujeito poético imprime um tom exasperado, irritado, ao seu discurso, que se caracteriza fundamentalmente pela negação.
a)   O que está sendo negado nas cinco estrofes iniciais?
As conclusões, as estéticas, a moral, a metafísica, os sistemas completos das ciências, das artes e da civilização moderna, a verdade.

b)   Transcreva o verso dessas cinco estrofes que mostra com maior clareza a postura irônica do sujeito poético perante os valores por ele negados:
O verso é: “Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) –“.

03 – Na sua opinião:
a)   A quem o sujeito poético está se dirigindo, em suas negações?
O sujeito poético está se dirigindo a todos aqueles que defendem e representam os valores por ele negados.

b)   O que é negado como um todo, ao longo do poema?
Ao longo do poema, o sujeito poético está negando todos os valores da civilização moderna.

04 – A Modernidade caracteriza-se pela fragmentação do ser humano – a perda do sentimento de “ser inteiro”, advinda da relativização das certezas, da multiplicidade de opções, da falta de parâmetros para a escolha do que fazer, do melhor caminho a seguir. Considerando essa característica da Modernidade, releia a sexta estrofe e responda:
a)   Como o sujeito poético se auto define?
O sujeito poético se auto define como um técnico e, ao mesmo tempo, como um “doido”.

b)   Em que sentido o sujeito poético pode ser considerado representativo da Modernidade?
O sujeito poético pode ser considerado representativo da Modernidade porque nele percebemos a cisão entre racionalidade, técnica e irracionalidade, loucura. Nesse sentido, ele exemplifica a fragmentação do homem moderno.

05 – No contexto de negação de valores, há um verso no poema que ironiza o modo de vida burguês, com suas instituições e suas rotinas.
a)   Transcreva esse verso.
“Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?”

b)   Cite as instituições e os comportamentos burgueses ironizados por esse verso.
O casamento, a futilidade, o apego aos costumes rotineiros, como pagar impostos.

06 – O sujeito poético se apoia na morte e na solidão para renegar os valores do mundo em que vive. O que essa postura revela a seu respeito?
      Essa postura revela sua marginalidade, seu desajustamento em relação ao mundo em que vive.

07 – Pelo nervosismo e perturbação podemos considerar “neurótica” sua postura perante o mundo e as pessoas. Partindo dessa afirmação, escolha uma estrofe reveladora dessa neurose e justifique sua escolha.
      A oitava estrofe pode ser escolhida, pois nela o sujeito poético revela o máximo de exasperação diante das pressões para se ajustar aos valores do mundo moderno e compactuar com eles.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO ADJETIVA - COM GABARITO


       TIRA: PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO ADJETIVA     

Fernando Gonsales. Folha de São Paulo, 18/12/2003.

Entendendo a tira:
01 – Nos quadrinhos, há três períodos compostos por subordinação adjetiva.
        “É daqueles (sonhos) chatos em que você não é você?
         Você está num lugar que de repente vira outro?
         E tem um cara que parece outro.”

a)   As orações ligam-se à oração anterior por meio de conectivos. Que palavras, expressões anteriormente, esses conectivos substituem?
Aqueles (sonhos) chatos; um lugar; um cara, respectivamente.

b)   Qual é a função de cada um dos pronomes relativos?
Adjunto adverbial de lugar, sujeito e sujeito, respectivamente.

02 – Por que a personagem perdeu a vontade de contar o sonho?
      Porque o sonho era exatamente como o outro descrevera e porque não tinha nenhuma novidade.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS - NÍQUEL NÁUSEA - ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA - COM GABARITO


Tira: com interpretação e gabarito.
                 Fernando Gonsales


Níquel Náusea – Nem tudo que balança cai. São Paulo: Devir, 2003. p. 12.

Entendendo a tira:
01 – No 1° quadrinho da tira, na fala do beija-flor, há uma oração subordinada substantiva. Identifique-a e classifique-a.
      Que o beija-flor bate a asa setenta vezes por segundo – OSSOD.

02 – O humor da tira é construído a partir da quebra de expectativa provocada pela resposta negativa do ratinho.
a)   Qual era a expectativa do beija-flor ao fazer a pergunta ao ratinho?
Era impressionar o ratinho ao lhe dizer quantas vezes por segundo um beija-flor bate a asa.

b)   Por que o beija-flor é quem sai surpreendido nessa conversa?
Porque o ratinho elogia uma terceira personagem, que, na sua visão, é muito mais incrível, pois teve a capacidade de contar rapidamente todas as batidas de asa do beija-flor.

MENSAGEM ESPÍRITA - ELES VIVEM ANTE OS QUE PARTIRAM... FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER - DITADO POR EMMANUEL - PARA REFLEXÃO

Eles Vivem Ante os que partiram...


         Eles Vivem 
        Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração.
        Eles não morreram. Estão vivos.
        Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo.
    Inquietam-se com sua rendição aos desafios da angústia quando te afastas da confiança em Deus.
        Eles sabem igualmente quanto dói a separação.
        Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiram responder as interpelações que articulaste no auge da amargura.
        Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor.
      Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa ou lhes enfeitas a memória perguntando porque.
        Pensa neles com a saudade convertida em oração.
    As tua preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando- os para visões mais altas na vida.
    Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo por infatigáveis zeladores de teus dias.
        Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária.
        Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material ...
        Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro de Novo Despertar.

                             Francisco Cândido Xavier – ditado por Emmanuel

TEXTO: A CULTURA DA AMIZADE - GUIA DO ESTUDANTE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Texto: A cultura da amizade

        A amizade tem sido eleita por pensadores e artistas de diversos tempos como uma das coisas mais importantes da vida. Há quem lhe atribua importância maior que a do amor.
      Em nosso mundo contemporâneo não faltam produções escritas ou audiovisuais que coloquem a amizade no mais alto patamar. Porém, tanto nas produções de tempos passados como nas de tempos atuais, a amizade é tratada como um ideal, no sentido de que é algo difícil de ser obtido.
        Na Antiguidade Clássica, Cícero já apontava a existência daqueles que suprimem a amizade de suas vidas ao comentar que os que assim o faziam pareciam-no privar o mundo do sol. Se há um amplo reconhecimento de sua importância, por que a amizade é vista e apresentada como algo difícil e raro?
        Montaigne, em suas reflexões, oferece alguns elementos que nos permitem abordar melhor a questão. Ao apresentar a amizade como um tipo de relacionamento no qual se busca uma intimidade sem reservas, Montaigne põe foco em um aspecto das relações pessoais que, se foi complexo em seu tempo, seguramente é problemático na sociedade ocidental contemporânea.
        É uma característica de seus dias atuais o crescente individualismo, que alguns pensadores preferem qualificar como narcisista. Vive-se em um ambiente no qual, mais do que ser, é preciso parecer. A criação da atividade de consultor de imagem nós dá uma dimensão da separação cada vez maior entre o que efetivamente somos e a imagem que buscamos (ou precisamos) transmitir.
        A nossa aparência não busca refletir o que somos mas, em uma inversão de significado de “imagem”, é ela quem nos define para outros. Em tal contexto, como construir intimidade? E, em consequência, como cultivar amizades?
        Se tem sido benéfico para o sistema econômico, o individualismo narcisista tem transformado, no plano das relações pessoais, campos aráveis em terras arenosas.
        Milhares de anos atrás, a humanidade foi desafiada e deu uma resposta e um salto qualitativo ao aprender a cultivar a terra. Hoje o novo desafio é colocado e, novamente, a alternativa pode estar no desenvolvimento do cultivo, da cultura da amizade.

Guia do Estudante – Redação Vestibular 2008. São Paulo: 2008.
Entendendo o texto:
01 – O texto dissertativo apresenta três partes essenciais: uma introdução, na qual é exposta a tese ou a ideia principal que resume o ponto de vista do autor acerca do tema; o desenvolvimento, constituído pelos parágrafos que explicam e fundamentam a tese; e a conclusão. Numere os parágrafos do texto em estudo e identifique:

a)   O parágrafo em que é feita a introdução do texto;
1° parágrafo.

b)   Os parágrafos que constituem o desenvolvimento do texto;
Do 2° ao 7° parágrafo.

c)   O(s) parágrafo(s)de conclusão.
8° parágrafo.

02 – Releia o parágrafo em que é feita a introdução do texto. Qual é a tese defendida pelo autor?
      A amizade como uma das coisas mais importantes da vida das pessoas.

03 – O desenvolvimento é formado pelos parágrafos que fundamentam a tese. Normalmente em cada parágrafo é apresentado e desenvolvido um argumento. Cada argumento pode ser desenvolvido por meio de procedimentos como:
        Comparação – Exemplificação – Apresentação de dados estatísticos – Alusão histórica – oposição ou contraste – relação de causa e efeito – citação – definição.

        Reconheça no desenvolvimento do texto o parágrafo em que é feito o uso de:
·        Comparação: 2° parágrafo.
·        Alusão histórica: 3° e 4° parágrafos.
·        Citação: 3° e 4° parágrafos.
·        Oposição ou contraste: 2° e 6° parágrafos.
·        Definição: 2°, 3° e 4° parágrafos.
·        Relação de causa e efeito: 7° parágrafo.

04 – O texto dissertativo-argumentativo faz uso de dois tipos básicos de conclusão: a conclusão-resumo, que retoma as ideias do texto, e a conclusão-sugestão, em que são feitas propostas para a solução de problemas. Que tipo de conclusão o texto em estudo apresenta?
      Apresenta a conclusão-sugestiva: a candidata sugere que, assim como no passado a humanidade foi desafiada a cultivar a terra, hoje ela é desafiada a cultivar a amizade.

05 – Observe a linguagem do texto.
a)   Que tempo e modos verbais são predominantes?
O tempo presente e o modo indicativo.

b)   Qual é a variedade linguística empregada?
A variedade padrão.

c)   A linguagem é predominantemente pessoal ou impessoal? Justifique sua resposta com base na pessoa do discurso, nas formas verbais e nos pronomes empregados.
A linguagem é impessoal, como comprova o uso predominante da 3ª pessoa no tratamento do assunto.

d)   O texto revela maior preocupação com a expressividade, com a emotividade ou com a precisão das informações?
Com a precisão das informações.

06 – Quais são as principais características de um texto dissertativo-argumentativo? Responda, levando em conta os seguintes critérios: finalidade do gênero, perfil dos interlocutores, suporte/veículo, tema, estrutura e linguagem.
      Explicar ou desenvolver um tema proposto, analisando-o sob um determinado ponto de vista e fundamentando-o com argumentos convincentes. Autor: aluno, vestibulando, concursando; Destinatário: professor, examinador ou corretor de concurso. O suporte é o papel; eventualmente pode ser publicado em prospectos, revistas e sites. Sua estrutura apresenta três partes: ideia principal ou tese, desenvolvimento e conclusão. A linguagem tende à impessoalidade; são empregados verbos e pronomes na 3ª pessoa do singular; há predomínio da variedade padrão.