quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

CRÔNICA: LANTERNA MÁGICA - IVAN ÂNGELO - COM GABARITO

CRÔNICA: Lanterna Mágica
                                         Ivan Ângelo


        Vi na televisão um menininho pobre de uma creche uivando de alegria ao escarafunchar um engradado com os presentes do Dia da Criança. Eram pequenas tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias. O pouquíssimo era motivo para incontida e ruidosa alegria. A privação é a medida do desejo de cada um, na vida.
        Houve um tempo em que as oportunidades de presente resumiam-se a duas: aniversário e Natal. Hoje, na classe média, o presente é um evento mensal; em algumas famílias, semanal. Cada voltinha num shopping resulta num pequeno agrado. Não se deseja mais com aquela gana, porque sabe-se que alguma coisa virá. O desejo dos meninos, da classe média para cima, é impreciso, vago, incapaz de provocar uivos de alegria quando satisfeito.
        Já vivi minhas privações. Nunca pude ter bicicleta, por exemplo, nem bola de futebol, nem espingarda de rolha. Tivemos, eu e meus irmãos mais velhos, simulacros: revolverzinho de espoleta, bola de borracha, triciclo comunitário. Bolas de borracha, sabe-se, não formam craques. Triciclos não permitem ousadias ou temeridades. Talvez por isso, sem traquejo, eu tenha sido um perna de pau e um tímido. Quem sabe.
        Espingarda de rolha pude usar, por empréstimo, a de um primo, quando passava férias na casa de meu avô. Fiquei bom de tiro. Comecei acertando caixinhas de fósforos, acabei acertando moscas. A rolha era leve demais, desviava-se, então aprendi o truque de enfiar nela um prego curto, para dar peso e rumo. Bola de couro só mais tarde, no caminho da fazenda de seu Juca, hoje Cidade Nova, em Belo Horizonte.
        Entretanto, o que se tornou para mim algo mais perto de maravilha foi uma lanterna de pilhas. Nunca tinha visto uma, a não ser no cinema e nas histórias em quadrinhos. Não sei, talvez considerasse aquele objeto coisa de ficção científica, não da realidade. Quando vi uma, manipulada por meu primo mais velho, já homem, o Zezé, na mesma casa de meu avô, foi um deslumbramento. Brilhava, niquelada, era uma daquelas de quatro pilhas. Deixar que eu a tomasse nas mãos, e acendesse, e dirigisse a luz para onde quisesse foi mágico. A partir desse momento nada superou, nos meus sete anos, a beleza daquele fecho de luz. E o poder. Mesmo quando meu primo não estava eu me apoderava da lanterna e quixotava, cavaleiro andante.
        Deitado, à noite, com a lanterna dissipava fantasmas. Nos cantos, sombras revelam-se objetos ou cavidades. Uma súbita lagartixa era imobilizada no teto de taquaras e meditava talvez sobre qual seria a seguir a sua ação mais prudente. O pernilongo era localizado na parede, motores parados de repente.
        Uma coisa era outra coisa na luz que a si mesma se desenhava em cone.
        A neblina perdia sua amplidão impalpável, aquele nada que não se podia não ver. Aquela coisa comedora de contornos. A lanterna cortava uma talhada de neblina, via-se claramente do que ela não era feita. A luz não ia além, mas até onde ia desnudava a coisa, e via-se que era móvel.
        A chuva noturna não era só, não era mais, barulho nas telhas, nas folhas. No facho de luz da lanterna as gotas de chuva eram cintilações, estrelas cadentes, vaga-lumes.
        A coruja não se atrevia a piar: emudecia e olhava de perfil.
        Bichinhos de asa – se o canudo de luz se demorava – vinham dançar, perdiam aquela chatice deles, aquela mania de pousar na gente.
        O sapo esbarrava seu passeio noturno, como se dissesse epa, que sol é esse?
        O poço, mesmo de dia, perdia o mistério. A luz furava a água cristalina e mostrava o fundo, alguma folha, paz. Uma pedrinha resvalava e a paz lá embaixo se multipartia em tremulações luminosas, vibrações.
        Partes do corpo, no escuro, atravessadas pela luz, mostravam um vermelho de abóbora. Nos dedos era possível pressentir o esqueleto. Na bochecha, frente ao espelho, viam-se veiazinhas.
        O céu negro da noite engolia a luz, era o único a vencê-la.

Ivan Ângelo. O comprador de aventuras e outras crônicas. São Paulo:
Ática, 2000.v. 8. p. 36-8. (Col. Para Gostar de Ler).
Entendendo o texto:
01 – O texto Lanterna mágica pode ser considerado um relato pessoal. Justifique essa afirmação.
      O texto pode ser considerado um relato pessoal pois nele o narrador conta, de maneira bastante expressiva, suas experiências com alguns objetos ou presentes recebidos na infância e, sobretudo, com uma lanterna que tomou emprestada de seu primo.

02 – O ponto de partida de texto é uma cena à qual o narrador assistiu na TV.
a)   Que cena foi essa?
Uma criança pobre recebendo, com intensa alegria, “tralhas de plástico e caixas de ovos coloridas, vazias.”

b)   Depois de assistir a essa cena, o narrador faz algumas reflexões a respeito da relação das crianças de diferentes classes sociais com os presentes que ganham. Resuma, em poucas palavras, o conteúdo dessas reflexões.
O narrador diz que “a privação é a medida do desejo de cada um”: que as crianças “da classe média para cima”, por ganhar muitos presentes, não dão valor a eles como as crianças mais pobres.

c)   Você concorda com o narrador? Explique.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os malefícios do consumismo.

03 – No terceiro e no quarto parágrafos, o narrador conta suas experiências com brinquedos na infância. Assinale a(s) alternativa (s) que se adéquam ao texto:
(   ) O narrador era um menino mimado, que ganhava todos os presentes que desejava.
(X) Provavelmente o narrador não menciona jogos eletrônicos porque, na época em que ele era criança, eles praticamente não existiam.
(   ) O narrador era filho único.
(   ) O narrador tornou-se um bom jogador de futebol praticando com uma bola de borracha.
(X) Na época em que o narrador era criança, revolverzinhos de espoleta ainda não eram proibidos por lei, apesar de perigosos.
(   ) Todas as lembranças do narrador se passam em sua casa.

04 – A partir do quinto parágrafo, o narrador passa a contar suas lembranças e impressões a respeito de um objeto em particular: uma lanterna.
a)   Transcreva um trecho em que o narrador revela que a lanterna foi o “brinquedo” que mais o fascinou na infância.
“[...] O que se tornou par mim algo mais perto de uma maravilha foi uma lanterna de pilhas.”
“A partir desse momento nada superou, nos meus sete anos, a beleza do meu facho de luz.”

b)   O narrador diz que, até pegar na mãos a lanterna, “talvez considerasse aquele objeto coisa de ficção cientifica, não da realidade”. O que você acha que ele quis dizer com isso? Explique nas linhas abaixo.
A lanterna devia parecer, aos olhos de um menino de 7 anos, uma “máquina” possante e misteriosa, embora fosse, na verdade, um objeto bastante simples.

05 – Em certa passagem do texto, o narrador diz que a lanterna “dissipava fantasmas”. Levando isso em conta, responda:
a)   Segundo o texto, o que acontecia com as sombras, nos cantos, à noite?
“Revelavam-se objetos ou cavidades.”

b)   E o “mistério” do poço, o que mostrava, ao ser iluminado pela lanterna?
A “água cristalina”, “o fundo, alguma folha, paz”.

c)   E quanto às partes do corpo do narrador, como elas “se transformavam” devido ao facho de luz?
Quando “atravessadas pela luz, mostravam um vermelho de abóbora”; “nos dedos era possível pressentir o esqueleto”; a bochecha revelava suas “veiazinhas”.

06 – Complete indicando como cada animal reagia ao ser iluminado pela luz da lanterna:
·        Lagartixa: ficava imóvel.
·        Pernilongo: parava os “motores”.
·        Coruja: emudecia e olhava de perfil.
·        Bichinhos de asa: dançavam; perdiam a mania de pousar nas pessoas.
·        Sapo: parava seu passeio noturno.

07 – A luz da lanterna só era vencida por um elemento da natureza. Que elemento era esse?
      O céu negro da noite, que “engolia” a luz da lanterna.

CONTO: O BARCO - MARIA DINORAH - COM GABARITO

CONTO: O barco
                             Maria Dinorah

        Na verdade, o barco era meu mistério.
        Que coisa linda, aquele barco flutuando balançando nas águas, tendo o céu infinito por lençol!
        Desde que entrei nele pela primeira vez – era ainda pequena, e o pai nos levou para um passeio – que me apaixonei pelo seu aconchego.
        Era ninho e cometa.
        O sulco marcando as águas formava sua cauda; as espumas, seu halo.
        Nele eu virava anjo, pássaro.
        As paisagens se transformavam em novos e fantásticos mundos, onde a vegetação densa e as montanhas me intrigavam.
        Que haveria por trás delas?
        Dentro delas...?
        O céu era o palácio das cores.
        Cada dia uma.
        Ou várias, a um só tempo.
        À noite as sombras o invadiam, e o transformavam em susto.
        Mas quando as lanternas das estrelas acendiam seu pisca-pisca mágico, e a lua, mãe da poesia e do mistério, transbordava das trevas, era o delírio.
        E o barco seguia sendo meu herói, por que era dele que emanavam todos esses encantos.
        Às vezes, nos fins de semana, o pai me levava pra pescar.
        De caniço em punho eu ficava ali, adernando o barco no silêncio, mergulhando linha, anzol e isca na água.
        Marulho manso.
        Silêncio infinito.
        Lá pelas tantas, a água tremia.
        A linha tremia.
        Tremia meu coração.
        A isca fisgara o bichinho.
        Que coisa fantástica!
        Eu erguia o caniço devagarinho e o peixe surgia, a debater-se no ar, como ave desesperada...
        Sentia-me herói e bandido.
        Matar os bichinhos, judiaria!
        Mas o pai falava que era a lei da vida.
        E quando no dia seguinte a gente saboreava, à mesa, a delícia das postas de peixe assadas, com o sagrado tempero da mãe, confesso que esquecia o crime e vivia a glória da conquista.
        O barco...
        Berço e rima.
        Silêncio e música.
        Sim, quando beirávamos os barrancos, o sopro do vento balançando as árvores era poema, e os pios das aves, a mais ela melodia.
        Ah, como a vida era linda e transfigurada, através desse barco, rolando sobre a imensa serpente do rio!
        Eu era apaixonada por ele, sim.
        E meu grande sonho era dirigi-lo um dia, águas afora, sozinha com meu silêncio...
        Demorei a conseguir que o pai me ensinasse a mecânica do motor e, mais ainda, que me permitisse realizar esse sonho.
        Não foram poucas as travessias que fiz sob sua orientação, levando as mercadorias para o outro lado do rio.
        Com a calça de brim e o boné para me proteger do sol, eu me sentia, empunhando o leme, uma verdadeira barqueira.
        Mesmo sobre as águas, era como se flutuasse!
        Que deliciosa façanha a vida me dera a chance de cometer!
        E, quando isso ocorria, a situação mudava: eu era o herói, e o barco, meu comandado.
        Pois foi esse maravilhoso barco que me levou até a escola pela primeira vez.
        Ah, aprender a ler!
        Descobrir a magia da palavra!
        Minha cabeça era um remoinho de curiosidades a se iluminar de espanto.
        A professora era gordinha, baixinha e doce.
        Doce foi também a aprendizagem.
        E com que ternura eu ia decifrando o enigma das letras.
        Seu poder.
        Seu som.
        Falando comigo, nas frases e períodos.
        E o mais fantástico: me contado histórias.

          DINORAH, Maria. Um pai para Vinícius. São Paulo: FTD, 1995. p. 3-40. (Título nosso).

Entendendo o texto:
01 – Tente explicar o significado das palavras destacadas. Se precisar, consulte um dicionário:
a)   “O sulco marcando as águas formava sua cauda; as espumas, seu halo.”
·        Sulco: quebra da superfície da água produzida pela passagem de embarcações.
·        Halo: círculo luminoso em torno de um objeto; brilho.

b)   “Mas quando as lanternas das estrelas acendiam seu pisca-pisca mágico, e a lua, mãe da poesia e do mistério, transbordava das trevas, era o delírio.”
·        Transbordar: sair fora das bordas.
·        Trevas: escuridão completa.
·        Delírio: grande entusiasmo (sentido figurado).

c)   “De caniço em punho eu ficava ali, adernando o barco no silêncio [...]”
·        Adernar: inclinar.

d)   “E com que ternura eu ia decifrando o enigma das letras.”
·        Decifrar: compreender ou interpretar o sentido de algo.
·        Enigma: mistério.

e)   “E o barco seguia sendo meu herói, porque era dele que emanavam todos esses encantos.”
·        Emanar: originar-se.

f)    “As paisagens se transformavam em novos e fantásticos mundos, onde a vegetação densa e as montanhas me intrigavam.”
·        Densa: espessa.
·        Intrigar: encher de curiosidade.

g)   “Desde que entrei nele pela primeira vez [...] que me apaixonei pelo seu aconchego.”
·        Aconchego: abrigo que gera bem-estar, amparo, proteção.

02 – Assinale a alternativa mais adequada ao texto lido:
(   ) Trata-se de um texto em que o narrador conta o que aconteceu em um dia específico de sua vida.
(   ) Trata-se de um texto em que o narrador descreve detalhadamente todos os locais importantes da vida dele.
(X) Trata-se de um texto em que o narrador apresenta suas reflexões, sobre uma experiência vivida por ele.
(   ) Trata-se de um texto em que o narrador ensina a arte de navegar.

03 – Assinale a(s) alternativa(s) correta(s). Pode-se dizer que a personagem:
(   ) Não se mostra interessada em pilotar o barco.
(X) Sentia-se emocionada ao observar os elementos da natureza quando estava em seu barco.
(X) Sentia-se herói e bandido quando pescava.
(   ) Quando comia o peixe, ficava triste por tê-lo pescado.

04 – Releia este trecho do texto prestando atenção à expressão destacada:
        “Ah, como a vida era linda e transfigurada, através desse barco, rolando sobre a imensa serpente do rio!” Com essa expressão, o narrador do texto quis dizer que:
(X) O rio era muito grande e, além disso, fazia curvas como o corpo se uma serpente.
(   ) Havia uma serpente muito grande que vivia no rio.

05 – Além da personagem-narrador, outras personagens são mencionadas no texto.
a)   Quem são elas?
O pai, a mãe e a professora da menina. Além disso, no trecho “Desde que entrei nele pela primeira vez – era ainda pequena, e o pai nos levou para um passeio [...]”, o pronome nos convida a supor que, talvez, outras pessoas da família da menina, como irmãos, tios, primos, etc., também estão mencionados no texto.

b)   Sublinhe os trechos do texto em que essas personagens aparecem.
Resposta pessoal do aluno.

c)   Releia a resposta que você deu ao item (a) e verifique se pretende alterá-la ou mantê-la, depois de ter sublinhado os trechos pedidos no item (b).
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Com isso é possível perceber aspectos que passam despercebidos numa leitura superficial.

06 – Pode-se dizer que, em certos trechos, o barco é referido como se fosse uma pessoa, isto é, como se tivesse características humanas. Copie do texto um trecho que comprove essa afirmação.
      “E o barco seguia sendo meu herói”; “Eu era apaixonada por ele, sim”; “E, quando isso ocorria, a situação mudava: eu era o herói, e o barco, meu comandado”.

07 – Pode-se dizer também que, no texto, o barco adquire características mágicas aos olhos da menina. Copie um trecho que comprove essa afirmação.
        É possível transcrever muitas passagens do texto em que isso ocorre. Eis algumas: “o barco era meu mistério”; “Era ninho e cometa”; “Nele eu virava anjo, pássaro”; “Berço e rima”; “Silêncio e música”; “Como a vida era linda e transfigurada, através desse barco”.

08 – A personagem não menciona a passagem do tempo, mas podemos perceber que ela cresceu do início para o fim do texto. Qual fato citado no texto comprova que ela cresceu?
       Foi o barco que a levou à escola pela primeira vez. Esse fato deixa claro que a convivência com o barco começara antes de ela entrar na idade escolar.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

POEMA: ONTEM, EU CHOREI ... - NEIVA DARIVA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: ONTEM, EU CHOREI...

Ontem, chorei...
Ao me deparar com alguém
Que buscava na incerteza
A certeza de nada encontrar
E assim pude ler
Naquele olhar
A sua alma
Que pedia socorro
Um olhar de ódio pela humanidade
Um olhar de ódio pela vida
Um olhar de ódio por ele mesmo
Um olhar de ódio por mim
Um olhar frio, distante, fugaz
Que ficou registrado
Na minha memória
E minha alma se desnorteou
Se a vida lhe foi cruel
É porque sua “alma é pequena”
E nessa incerteza estava ali
Para buscar um sentido para a vida
Todavia, nada encontrou
E do nada desapareceu
Para se encontrar novamente
Na escuridão da sua alma
E por isso, eu chorei...

Autora: Neiva Dariva – Professora PDE - Ano 2006. Poema escrito como registro vivenciado pela professora e um aluno da penitenciária, que preferiu voltar para a cela a assistir as aulas de Português.

Entendendo o poema:
01 – O título do poema significa:
a)   Pedido de socorro.
b)   Busca de sentido para a vida.
c)   Certeza de um futuro melhor.
d)   Fuga da vida.

02 – O texto é:
a)   Conativo.
b)   Propaganda.
c)   Poético.
d)   Reportagem.

03 – É porque a sua “alma pequena”. Qual o significado da expressão entre aspas?
a)   Grande tristeza.
b)   Ironia.
c)   Sem significado.
d)   Pequena em tamanho.

04 – Identifique o poema quanto ao conteúdo (narrativo descritivo ou dissertativo):
      Narrativo descritivo.

05 – Que função de linguagem prevalece no poema?
      Função emotiva ou expressiva, pois transmite suas emoções.

06 – Quem era este aluno? Por que ele reagiu desta forma?
      Era um aluno da penitenciária. Não tinha esperança que nada na sua vida podia melhorar, então estudar pra quê.

07 – Por que a autora do poema chora?
      Ao deparar com alguém que pedia socorro, com um olhar de ódio pela humanidade, pela vida e por mim, olhar frio e minha alma desnorteou e chorei...

08 – Você já ouviu falar em “solário da prisão”?
      Sim, significa lugar adaptado para banhos de sol.

09 – A expressão um olhar de ódio pela humanidade, utilizada no poema, é uma maneira de comunicação mais apropriada para ser usada em:
a)   Textos poéticos.
b)   Documentos comerciais.
c)   Reuniões sociais.
d)   Telegrama.

10 – O que significa “escuridão da sua alma”?
      É quando a pessoa sente perdida, confusa, desorientada, sensação de angústia, de desamparo, de reflexões sobre a morte, da falta de fé na vida.



CRÔNICA: MILA - CARLOS HEITOR CONY - COM QUESTÕES GABARITADAS

Crônica: Mila           

              Carlos Heitor Cony

      Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
  Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
        Amá-la — foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.
        Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu "fumos fidalgos'; como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
        No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.
        Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
        Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.


Entendendo a crônica:
01 – Nesse texto, o cronista revela o enorme sentimento de amor entre ele e seu cão, do momento da adoção até o dia em que o levou para o sacrifício. 

a) Que trecho do texto revela o primeiro e o último contato entre o cronista e seu cão? 
      Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
     
b) Você já viveu ou vivencia experiência semelhante?
      NÃO. Resposta pessoal do aluno.

02 – Com que propósito, na sua opinião, o cronista publicou essa história em um jornal? 
      Para mostrar que essa história era bonita e interessante.

03 – É comum a ideia de que são as pessoas que escolhem os seus animais de estimação. Segundo o cronista, no momento da adoção foi Mila que o escolheu como dono.
a) Por que você acha que o cronista inverteu essa ideia? 
      Porque talvez no momento que Mila seria adotada ela deve ter feito algo que mostrasse ao personagem que ela tinha gostado dele.

b) Em que outro momento o cronista confirma essa ideia?
      No momento que Mila chegou nos joelhos do personagem... como se estivesse dando consolo para o dono.

04 – Leia os versos a seguir. A partir da ideia ou imagem que transmitem, estabeleça uma associação com alguma situação narrada na crônica de Cony. 

Observação: para cada estrofe faça uma associação com a situação do texto, isto é, terá três associações. 

a) "A estrela cadente
     me caiu
    ainda quente
    na palma da mão.
       [...]"
                     (Paulo Leminski)
      O momento em que o personagem pega Mila nas mãos.

b) "O vento está dormindo na calçada,
      O vento enovelou-se como um cão...
      Dorme, ruazinha... Não há nada..."

                                              (Mário Quintana)
      Quando ele sentia medo do vento.

c) "Aquilo que ontem cantava
      já não canta.
     Morreu de uma flor na boca:
    Não do espinho na garganta."

                                        (Cecília Meirelles)
      Quando Mila morreu.

05 – Localize, na crônica, expressões que caracterizam:
a)   O narrador como carinhoso e amigo.
O momento em que ele a beija chorando e quando ele a leva para seus braços e lhe dá um abraço forte.

b)   Mila como pequena e carinhosa. 
Na primeira vez em que ela a pega nas mãos e no dia em que ela o olha nos olhos e o aceita.



HISTÓRIA: OS LEITÕES TINHO E QUINHO - COM QUESTÕES GABARITADAS


História: Os leitões Tinho e Quinho


        Tinho e Quinho são dois leitões que adoram brincar na fazenda em que moram. Eles têm muita energia e, por isso, disputam o leite de mamãe-porca com muita vontade. Tem sempre um irmão deles passando por cima de outro e querendo ser o primeiro a encher a barriguinha de leite. Mas Tinho e Quinho são sempre os primeiros.
        Depois da mamada, eles se dedicam às brincadeiras. No verão, rolam na lama para se refrescar. Assim, afastam aqueles insetos inconvenientes.
        Tinho e Quinho gostam mesmo é de espalhar lama pela grama verdinha das vacas. Elas não gostam disso, mas nunca descobrem os autores...
       Quinho é um leitãozinho sonhador. Gosta de ouvir os pássaros, enquanto Tinho continua a brincar na lama. Um dia, Quinho foi brincar com os passarinhos e a lebre, seus novos amiguinhos. Correu tanto que até ficou cansado. Resolveu descansar ouvindo o canto dos passarinhos. Aí, sentiu vontade de dormir.
        Quinho percebeu que tinha se distanciado demais da mamãe-porca e ficou desesperado, porque não sabia mais voltar. Estava perdido mesmo!
        Ainda bem que a mamãe-porca reconheceu o rastro de lama do seu leitãozinho preferido. E todos começaram a rir de Quinho. De uma coisa a mamãe-porca tem certeza: Ela sempre encontrará Tinho e Quinho. Bem... a não ser que, um dia, eles fiquem limpos de repente. Ah! Mas isso nunca vai acontecer.
        Tinho e Quinho se sentem os leitões mais felizes da fazenda. Todos descobrem onde eles estão. Por isso, podem ir aonde quiserem. Agora tudo será só brincadeira!

Entendendo a história:

01 – Quais são os personagens da história?
      Tinho, Quinho, mamãe-porca, vacas, pássaros e a lebre.

02 – Quem são Tinho e Quinho?
      São dois leitões que adoram brincar na fazenda em que moram.

03 – Quais as brincadeiras que eles se dedicavam no verão?
      Rolar na lama para se refrescar.

04 – Por que Quinho é considerado um leitãozinho sonhador?
      Porque ele gosta de ouvir os pássaros.

05 – Como mamãe-porca achou o Quinho?
      Reconheceu o rastro de lama do seu leitãozinho.