sexta-feira, 4 de maio de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): FLOR E O BEIJA-FLOR - HENRIQUE E JULIANO - COM PART. MARÍLIA MENDONÇA - COM GABARITO

Música(Atividades): Flor e o Beija-flor
                                     (Part. Marília Mendonça)
                                     Henrique e Juliano

Essa é uma velha história
De uma flor e um beija-flor
Que conheceram o amor
Numa noite fria de outono
E as folhas caídas no chão
Da estação que não tem cor

E a flor conhece o beija-flor
E ele lhe apresenta o amor
E diz que o frio é uma fase ruim
Que ela era a flor mais linda do jardim
E a única que suportou
Merece conhecer o amor e todo seu calor

Ai, que saudade de um beija-flor
Que me beijou, depois voou
Pra longe demais
Pra longe de nós

Saudade de um beija-flor
Lembranças de um antigo amor
O dia amanheceu tão lindo
Eu durmo e acordo sorrindo

Essa é uma velha história
De uma flor e um beija-flor
Que conheceram o amor
Numa noite fria de outono
E as folhas caídas no chão
Da estação que não tem cor

E a flor conhece o beija-flor
E ele lhe apresenta o amor
E diz que o frio é uma fase ruim
Que ela era a flor mais linda do jardim
E a única que suportou
Merece conhecer o amor e todo seu calor

Ai, que saudade de um beija-flor
Que me beijou, depois voou
Pra longe demais
Pra longe de nós

Saudade de um beija-flor
Lembranças de um antigo amor
O dia amanheceu tão lindo
Eu durmo e acordo sorrindo

O dia amanheceu tão lindo
Eu durmo e acordo sorrindo.

Entendendo a canção:
01 – Faça a leitura da música, e em seguida circule os artigos definidos e os indefinidos.
      Resposta pessoal do aluno.

02 – Observe os versos abaixo e grife todos os substantivos que encontrar:
a)   “Que conheceram o amor...”
b)   “E as folhas caídas no chão...”
c)   “E a flor conhece o beija-flor ...”
d)   “Numa noite fria.”
e)   “Da estação que não tem cor ...”

03 – Analise os verbos abaixo e grife os verbos:
a)   “Essa é uma velha história...”
Verbo de ligação – presente.

b)   “Que conheceram o amor...”
Pretérito.

c)   “E a flor conhece o beija-flor ...”
Presente.

d)   “E ele lhe apresenta o amor ...”
Presente.

e)   “E a única que suportou ...”
Pretérito.

04 – A letra da canção fala de um amor, de quem?
      De uma flor e o Beija-flor.

05 – Em que época foi o encontro entre a flor e o Beija-flor?
      Numa noite fria de outono.

06 – Qual foi o argumento eu o Beija-flor fez para a flor? retire do texto.
      “Que ela era a flor mais linda do jardim”.

07 – Quais os versos que expressa a tristeza da flor?
      “Ai, que saudade de um beija-flor
       Que me beijou, depois voou
       Pra longe demais
       Pra longe de nós.”

08 – Por que no verso: “Lembranças de um antigo amor”, quem é esse amor?
      O Beija-flor.

09 – No verso: “Eu durmo e acordo sorrindo”, o que quer dizer?
      Que ao amanhecer a flor está linda e cheia de vida.


CRÔNICA: EU SEI, MAS NÃO DEVIA - MARINA COLASANTI - COM GABARITO

Crônica: Eu sei, mas não devia
              Marina Colasanti


           Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
        A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
        A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
        A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
        A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
        A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
        A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
        A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
    A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
     A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

                                     Foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia",
                                  Editora Rocco – Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

Entendendo a crônica:
01 – A crônica apresenta uma questão relacionada ao cotidiano do homem urbano na atualidade.
a)   Qual é essa questão?
A questão da pressa, da vida corrida, a qual nos acostumamos e “deixamos de viver”.

b)   Que situações, acontecimentos e atitudes apontados no texto, no seu entender, a maioria das pessoas se habitua a ver sem refletir sobre elas?
Acordar cedo atrasado, tomar café de pé, ler jornal no ônibus, entre outras infinitas situações.

c)   Na sua opinião, por que a maioria das pessoas acostuma-se a agir assim?
Isso se torna parte da vida de um ser humano moderno que fica difícil não acostumar com essa rotina.

02 – No texto, a cronista não se limita a descrever imparcialmente o cotidiano do homem urbano; ela narra expondo suas ideias e sua emoção a respeito dele.
a)   Que frase evidencia a consciência da cronista sobre o assunto?
“Eu sei, mas não devia”.

b)   Como ela se mostra diante das situações relatadas na crônica?
Se mostra como se tudo fosse normal para não sofrer.

03 – Nesse texto, a cronista apresenta seu ponto de vista sobre o fator de o ser humano acostumar-se a morar em apartamentos com janelas que têm vista para muros e paredes.
a)   Qual a consequência dessa situação?
A gente se acostuma com a rotina, sem questionar o mundo para poupar a vida, deixando de viver intensamente, passando a ser robôs.

b)   Na sua opinião, que outras situações do cotidiano podem ter essa mesma consequência para as pessoas?
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: É porque as pessoas só tem sua rotina e mais nada.

04 – No terceiro parágrafo, refere-se a comportamentos que fazem parte da rotina das pessoas.
a)   Que fatores justificam esses comportamentos, segunda ela?
Pelo fato da pessoa estar acostumada com tudo, as guerras, fome, e todas as desgraças mais.

b)   Que frase neste parágrafo resume (sintetiza) a vida de quem age assim?
“A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre as guerras. E aceitando a guerra aceita os mortos, e que haja números para os mortos”.

05 – No sexto parágrafo, a cronista revela o que pensa sobre a publicidade.
a)   Qual é a tese (ideia) dela?
A tese é que essas propagandas e essas infinidades de produtos nos lançam a comprar e comprando, nos endividamos cada vez mais.

b)   Você concorda ou discorda do ponto de vista apresentado? Por quê?
Sim, a ilusão das propagandas nos “fascinam” e essa “fascinação” nos leva a gastar e gastando temos que trabalhar para pagar os gastos, é esse trabalhar nos leva a essa vida corrida.

06 – O sétimo parágrafo é dedicado a poluição.
a)   Que recurso, na construção do texto, a cronista emprega para sensibilizar o leitor?
Ela fez uma crônica que fala sobre o dia-a-dia das pessoas. Ela nos fez refletir, pois nos acostumamos a tudo, inclusive a essa vida “virtual”.

b)   Das situações apresentadas qual mais o(a) sensibilizou? Por quê?
“Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.”
Essa frase me sensibilizou, pois de tanto acostumarmos a esse modo de vida, quando voltamos a um modo de vida saudável, nos damos conta que estamos completamente perdidos.

CONTO: COMO O GATO E O RATO SE TORNARAM INIMIGOS - ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA - COM GABARITO


CONTO: Como o gato e o rato se tornaram inimigos


        No tempo em que os gatos e ratos ainda eram amigos aconteceu uma grande enchente. Os rios transbordaram inundando os campos e as florestas.
        Um gato e um rato foram pegos de surpresa pela chuvarada enquanto colhiam mandioca. Ficaram ilhados no alto de um morro, não sabendo como voltar para a aldeia onde moravam:
        _ E agora? Perguntou o gato.
        _ Tenho umas ideias __ respondeu o rato. ___ Que tal construirmos uma jangada com os talos de mandioca?
        O bichano aprovou a proposta do companheiro e começaram imediatamente a preparar a improvisada embarcação com os talos de mandioca que haviam colhido durante o dia inteiro de trabalho.
        Logo que a jangada ficou pronta, os dois lançaram-na à água e puseram-se a caminho de casa. Como o rio estava muito cheio, tinham que ir remando devagarinho.
        Remaram e remaram até que o rato, morto de fome, resolveu comer um pedacinho da jangada.
        _ O que está fazendo? Perguntou o felino.
        _ Estou com fome e por isso vou roer um bocadinho da jangada __ respondeu o rato.
        _ Nada disso! __ gritou o parente da onça. __ Continue a remar! Quando anoiteceu, cansado também de remar, soltou um miado e acabou dormindo. O dentuço aproveitou-se do sono do colega e começou a roer. Roeu tanto, que terminou fazendo um buraco bem no meio da jangada e CATIBUM!!! Afundaram! Por sorte estavam perto da margem. Com muito esforço chegaram em terra firme, então, o dorminhoco, enfurecido, falou para o roedor.
        _ Agora quem vai te comer sou eu, seu desastrado!
        _ Mas estou todo enlameado. Espere aqui um pouquinho que eu vou me lavar __ disse o comilão ao mesmo tempo que desaparecia pela sua toca adentro.
        Para se vingar, o outro esperou um tempão até perceber que tinha sido enganado. E é por causa dessa briga que eles são inimigos até hoje.

ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA. Bichos da África 4.
São Paulo: Melhoramentos. 1.988
.
Entendendo o texto:
01 – No início da história, o gato e o rato têm um problema. Escreva o que se pede:
a)   Qual era esse problema?
A chuvarada.
b)   Que solução eles encontraram para resolvê-lo?
Construir uma jangada com os talos da mandioca.
c)   Quem deu a ideia dessa solução?
O rato.
d)   Qual a razão da briga entre o gato e o rato?
O rato estava com fome e começou a roer a jangada.
e)   Por que o gato não queria que o rato roesse a jangada?
Porque poderiam afundar.
02 - Enumere as frases ordenando-as de acordo com o final da história:
(3) O rato enganou o gato.
(2) O gato quis comer o rato.
(1) O gato dormiu.
(4) Os dois viraram inimigos
03 – Coloque as palavras abaixo em ordem alfabética
a)   Carneirada - carnaval - carnívoro – carne.
Carnaval – carne – carneirada – carnívoro.

b)   Naturalismo - naturalidade - natureza – naturalista.
Naturalidade – naturalismo – naturalista – natureza.
04 – Como era o relacionamento do gato e do rato no início e no final da história?
      O relacionamento do rato e do gato no começo era de bons amigos e no final se tornaram inimigos.
05 – Dê sua opinião a respeito:
a)   Da atitude do rato de comer parte da jangada;
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Não foi uma atitude boa, pois se ele não tivesse comido não teria ficado inimigo do gato e nem passado por apuros.
b)   Da atitude do gato de querer vingar do rato;
Apesar do ato do rato não ter sido legal, o gato não precisava se vingar e sim perdoar o ato.

c)   Da estratégia do rato para evitar de ser comido pelo gato;
Foi bem esperto, pois se não tivesse ido para sua toca iria ser morto.

06 – Algumas palavras da língua procuram reproduzir certos sons. É o caso de “atchim” e “toctoc”. Você sabe dizer qual é o nome desse recurso? Encontre no texto uma dessas palavras e explique que barulho ela tenta imitar.
      Se chama Onomatopeias e a que foi usada no texto é a “CATIMBUM”. Ela significa algo caindo na água ou afundando.

07 – Crie uma outra maneira que o rato poderia ter usado para se livrar do gato.
      Ele poderia se fingir de morto.

08 – Você conhece alguma outra história em que a personagem tenha usado a esperteza para se sair bem? Qual?
      Sim, a história do “Gato de Botas”.

09 – Você conhece uma dupla de desenho animado parecida com o conto lido? Qual? Que semelhanças há entre ela e as personagens do conto que você leu?
      Sim. Tom e Jerry. Tanto no desenho quanto na história, o gato tenta comer o rato, e o rato sempre usa a esperteza para fugir.

POEMA: A PROCURA - CORA CORALINA - COM GABARITO

POEMA - A procura
                  Cora Coralina

Andei pelos caminhos da Vida.
Caminhei pelas ruas do Destino –
Procurando meu signo.
Bati na porta da Fortuna,
Mandou dizer que não estava.
Bati na porta da Fama,
Falou que não podia atender.
Procurei a casa da Felicidade,
A vizinha da frente me informou
Que ela tinha se mudado
Sem deixar novo endereço.
Procurei a morada da Fortaleza.
Ela me fez entrar: deu-me veste nova,
Perfumou-me os cabelos,
Fez-me beber de seu vinho.
Acertei o meu caminho.

           CORALINA, Cora. Meu livro de cordel. 10. ed. São Paulo:
Global, 2002. P. 91.

Entendendo o poema:
    01 – Releia os três primeiros versos do poema. Tendo em vista o título do texto e esses versos, pode-se concluir que o eu lírico não se acomodou diante da vida.
a)   Interprete o sentido da palavra signo no contexto e explique o que o eu lírico buscava.
      O eu lírico busca algum sinal ou símbolo que represente uma pista sobre a realização de sua vida e de seu destino.

b)   De acordo com os primeiro e segundo versos, de que modo o eu lírico agiu em sua busca? Justifique sua resposta.
      Com decisão e perseverança, pois trilhou lugares diferentes, durante longo tempo, e enfrentou situações difíceis.

    02 – Nos versos seguintes, o eu lírico relata a luta em busca de seus sonhos.
a)   Como se percebe que, durante certo tempo, a vida foi-lhe adversa?
      Devido às várias tentativas frustradas do eu lírico para encontrar seu caminho, em que recebeu apenas indiferença e negativas.

b)   Explique por que há substantivos simples e abstratos, com letra maiúscula, empregados no poema.
      Esses substantivos estão personificados no poema e apresentam um sentido absoluto, universal.

c)   Observe o emprego dos seguintes verbos no texto: andei, caminhei, bati, procurei. Que efeito eles acrescentam à ideia de busca?
      São verbos que expressam ação, movimento, e que está em incessante atividade, à procura de seu caminho.

TEXTO: A INVENÇÃO DO TELEFONE - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO

Texto: A INVENÇÃO DO TELEFONE
            Carlos Eduardo Novaes


         Garotinho ainda, o escocês Graham Bell dizia aos pais que quando crescesse queria ser inventor. Mas vocês sabem, querer ser inventor na Escócia é algo assim como nascer com vocação para astronauta em São Luís do Maranhão. A Escócia não é exatamente um país de inventores. Os poucos que pretendiam sê-lo, no caminho de casa para a oficina acabavam sempre entrando num bar e na oitava dose da maior invenção escocesa já não lembravam mais o que queriam inventar. Graham Bell salvou-se porque não bebia. De qualquer maneira não via muito futuro na Escócia onde tudo o que se poderia inventar já tinha sido inventado: a bicicleta, o uísque, a gaita de fole e a saia escocesa.
        Contrariado com essa falta de perspectiva, Bell um dia chegou em casa e anunciou que iria para os Estados Unidos, “país onde estão inventando as coisas”. Arrumou sua maleta (parecida com a dos funcionários da Telerj), passou uns tempos na Alemanha, no Canadá e, finalmente, instalou-se em Boston onde depois de se naturalizar norte-americano deu um pulinho no Registro de Inventos e Patentes e, muito seguro de si, perguntou ao funcionário: “Por obséquio, eu gostaria de saber o que está faltando ser inventado aqui”. O funcionário pediu para aguardar um pouco e consultou uma longa lista: “Bem, ainda não apareceu ninguém para inventar o telefone”.
        – Então, deixa comigo – afirmou Bell cheio de confiança.
        Na realidade, Bell quase teve de inventar outra coisa para ver seu nome nas enciclopédias. Antes dele outro americano, Page, já desconfiava que as ondas elétricas podiam transmitir o som; um francês, Bourseul, afirmou que as palavras podiam ser levadas tanto pelo correio como pela eletricidade e o alemão João Felipe chegou a construir um telefone e só não tirou patente porque seu dinheiro acabou e ele não pôde construir o outro aparelho: com um aparelho só, como poderia falar no telefone?
        Mas o grande adversário de Graham Bell foi um eletricista de Chicago chamado Elisha Gray. No dia 12 de fevereiro de 1876 Bell entrou no Escritório de Registros de Invenções de Boston com seus telefones debaixo do braço, sem saber que naquele mesmo dia Elisha fazia a mesma coisa em Chicago. Os dois se proclamaram inventores do telefone. A polêmica tomou conta do país e foi parar no tribunal, que deu vitória a Bell. Segundo o juiz, Bell só se tornou o inventor oficial do telefone porque conseguiu linha primeiro.
        A invenção repercutiu por todo o mundo. Dia seguinte já havia uma multidão na porta da casa de Graham Bell querendo conhecer aquele aparelhinho misterioso. E formou-se então a primeira fila para falar no telefone. Bell, que investiu todo o seu dinheiro na invenção, não esperava tamanho sucesso. “Se soubesse que ia ser assim”, confidenciou a uns amigos, “teria tratado de inventar antes a ficha do telefone”. As pessoas se aproximavam entre curiosas e amedrontadas, observavam aquele aparelhinho em cima da mesa e perguntavam a Bell: “Pra que serve mesmo?”
        – Pra falar com outra pessoa.
        – Posso tentar?
        Bell deixava o cidadão à vontade. O aparelho, evidente, era daqueles modelos antigos, com o bocal na própria haste, separado da parte onde encaixa o ouvido. O cidadão pediu à sua mulher para que se afastasse, pegou o aparelho e sem experiência no manejo colocou o bocal no ouvido e o fone na boca. DE início tentou colocar dentro da boca, como se fosse uma banana, mas, percebendo que o som não saía, afastou-o e disse: “Mulher, está me ouvindo?”. A mulher, a três metros de distância, respondeu: “Estou”.
        – Que que você acha desse telefone? (As pessoas ainda não estavam familiarizadas com o nome do aparelho.)
        – Maravilhoso! – exclamou parada, enquanto observava o marido trêmulo segurando o aparelho.
        – Incrível – berrou o marido, ao ouvir a resposta da mulher. – É fantástico. Inacreditável. Ele ouve mesmo.
        Bell, que havia se ausentado da sala, voltou e perguntou ao cidadão: “Como é? Falou?”
        – Falei. Claro que falei. Falei com minha mulher. Ela ouviu tudinho.
        – Mas esse aparelho é para você falar com as pessoas à distância.
        – Ela estava distante. Estava lá perto da porta.
        – Eu me refiro a longas distâncias.
        – Ah, é? Então, Mary – ordenou o marido -, vá lá para o outro lado da ponte.
        – Não adianta – corrigiu Bell. – Ela tem que ter um aparelho também.
        – Também? Ora, então qual é a graça? Assim qualquer um fala. Quero ver é você inventar uma conversa a longa distância sem aparelho.

 Carlos Eduardo Novaes. A língua de fora. 2a Edição,
Rio de Janeiro, Editorial Nórdica, 1979.

Entendendo o texto:
01 – O Autor é, sobretudo, irônico. O que quis dizer com “… querer ser inventor na Escócia é algo assim como nascer com vocação para astronauta em São Luís do Maranhão.”?
      Quis dizer que é uma aspiração quase impossível de ser concretizada em decorrência da situação de desenvolvimento de conhecimento existente no lugar.

02 – Se não havia perspectiva na Escócia, o que Graham Bell decidiu fazer?
      Saiu do país onde nasceu e foi para os Estados Unidos.

03 – Por que Graham Bell “… quase teve que inventar outra coisa para ver seu nome nas enciclopédias”?
      Porque vários cientistas também estavam pesquisando no mesmo sentido do invento do telefone.

04 – O texto informa que duas pessoas se proclamaram inventores do telefone. Quem foram?
      Graham Bell e Elisha Gray.

05 – As pessoas se sentiam à vontade ao experimentar o telefone?
      Não. Achavam o invento maravilhoso mas ficavam nervosas ao utilizá-lo.

06 – Para você, o que representou a invenção do telefone?
      Resposta pessoal do aluno.

07 – Que aspectos da vida humana, na sua opinião, foram modificados pelo telefone? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

08 - Os inventos, em geral, decorrem de uma necessidade. Se você fosse um inventor, que tipo de invento você faria para ajudar as pessoas? Explique.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Cite três invenções que revolucionaram o mundo nos últimos cem anos.
      Resposta pessoal. Há um grande números de invenções que foram feitas durante o século XX em decorrência da evolução da organização das sociedades. Ex.: a lâmpada elétrica, o avião, o rádio, a televisão, os adubos químicos, a fogão a gás, a geladeira, a máquina de lavar roupa, etc.


CRÔNICA: AMARREM OS CINTOS E NÃO FUMEM - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO

CRÔNICA: AMARREM OS CINTOS E NÃO FUMEM
                      Carlos Eduardo Novaes

     
  “Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”. Me despedi rapidamente das duas tias, três primos, uma cunhada, ouvi as apressadas recomendações de minha mãe para que ficasse sempre atento olhando pela janelinha e antes de entrar ainda acenei dos degraus do ônibus. Instalei-me, obedecendo ao painel luminoso que dizia “aperte os cintos e não fume”. Logo depois o motorista acionou os motores, (…) e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem.
        Não tínhamos ainda nem fechado dez carros e o trocador veio à frente do ônibus explicando que como iríamos passar pela orla marítima teríamos que aprender – para qualquer emergência – a colocar o colete salva-vidas. O senhor ao meu lado ouvia atento o trocador. Pensei que talvez estivesse fazendo sua primeira viagem de ônibus.
        – É verdade, para o Leblon é a primeira. – E interrompido por uma brusca freada, aproveitou para perguntar se a viagem era toda assim.
        – Só nos sinais – respondi.
        – E tem muitos sinais até o Leblon?
        – Uns 500. Deve ter mais sinal do que rua.
        À minha frente, uma senhora quis saber do trocador se estávamos no horário. “Estamos atrasados uns quinze minutos” - disse ele. “E se não pegarmos mais do que seis congestionamentos poderemos chagar ao Leblon por volta das oito horas”. Para quebrar um pouco a tensão da viagem, aproveitei e perguntei à senhora o que iria fazer no Leblon.
        – Vou visitar uma tia. E o senhor?
        – Eu vou a negócios (se for bem sucedido – pensei, mas não disse – volto de táxi).
        Era evidente que o meu vizinho não estava preparado para a viagem. Quando abalroamos o terceiro carro, ameaçou saltar. Levantou-se, mas ao olhar para fora percebeu que estávamos em cima do viaduto. Ficou lívido. Querendo distraí-lo, ainda comentei: “É bonita a vista daqui, não?” – Ele não me ouviu. Estava preocupado com os roncos e os mais estranhos ruídos que saíam do ônibus: “Que barulho é esse?” indagou.
        – É do ônibus mesmo – disse um cidadão sentado atrás.
        – Mas esse ônibus está em péssimo estado – comentou meu vizinho.
        – É verdade – voltou o cidadão que gostava de frases feitas – mas não se esqueça que cada coletividade tem um coletivo que merece.
        A viagem prosseguiu normal, ou seja: cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudências – a curva que fizemos ao entrar na Barata Ribeiro foi de deixar envergonhada a Esquadrilha da Fumaça. Às 11 horas, então, desembarcamos no Leblon. Antes do ônibus parar, observei pela janelinha que todos os meus parentes que moram no bairro estavam me aguardando. Me despedi do motorista, do trocador e desci à procura de um telefone.
        – Um telefone para quê? perguntou meu primo que pratica surf.
        – Pra avisar lá em casa que cheguei vivo.

CARLOS EDUARDO NOVAES. Travessia da Via Crucis.
Rio de Janeiro, Editorial Nórdica, 1975.

Entendendo o texto:
01 – Damos algumas definições através das quais você deve localizar, no texto, as palavras que se enquadram nelas.
a) pôr em movimento: Acionar.
b) beira, margem: Orla.
c) algo acontecido, ocorrido: Sucedido.
d) ir de encontro, chocar-se violentamente: Abalroar.
e) pálido: Lívido.
f) que surgem sem ser previstas: Súbitas.

02 – Ao dizer: “Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”, o Autor está ironizando, utilizando a forma de convocar os passageiros de outro veículo de transporte. Que veículo é esse?
      O avião.

03 – Em que outros momentos do texto o Autor compara, ironicamente, o ônibus ao avião? Transcreva os trechos.
      “Aperte o cinto e não fume”; “… e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem”; “…colocar o colete salva-vidas.”

04 – O que são frases feitas? Retire um exemplo do texto.
      São frases organizadas com determinadas palavras que encerram uma ideia. São também conhecidas como “ditos populares” tais como: “Cada macaco no seu galho”, “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. No texto encontramos: “Cada coletividade tem o coletivo que merece”.

05 – O que o Autor entende por viagem normal, no texto?
      Viagem “cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudência…”

06 – Que tipo de crítica faz o Autor no texto?
      Critica a velocidade exagerada dos ônibus, na cidade do Rio de Janeiro.

07 – Qual a sua opinião e o que deve ser feito a respeito de um motorista de ônibus que exagera na velocidade ao dirigir o veículo?
      Resposta pessoal do aluno.