sábado, 28 de abril de 2018

TEXTO: SEGURA A ONÇA QUE EU SOU CAÇADOR DE PREÁ - JOSÉ CÂNDIDO CARVALHO - COM GABARITO

Texto: SEGURA A ONÇA QUE EU SOU CAÇADOR DE PREÁ


        Não passava de um modesto caçador de preá. Era Bentinho Alves, dos Alves de Arió do Pará. Em dia de semana gastava os olhos no pilulador da Farmácia Brito. Em tempo de feriado consumia as vistas no rasto das preás. Até que resolveu caçar bicho de maior escama:
        --- Comigo agora é na onça! Ou mais que onça! Na tal da pantera negra.
        Foi quando deu em Arió do Pará um doutor de erva aparelhado para fazer os maiores serviços de mato adentro. Mediante uns trocados, o curandeiro botava macaco para desgostar de banana e tamanduá correr com perna de coelho. Bentinho, exagerado, mandou que o especial em erva preparasse simpatia capaz de fazer morrer na pólvora de sua espingarda as caças mais grossas, coisa assim no montante de uma capivara de banhado ou uma onça das mais pintadas. E no ardume do entusiasmo:
        --- Ou mais! É aparecer e morrer.
        O curandeiro tirou uma baforada do covil dos peitos e mandou que Bentinho largasse no rodapé do arvoredo mais galhoso uma figa de guiné de sociedade com fumo de rolo e pó de unha de tatu. Bentinho não fez outra coisa. E montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz de botica entrava no mato. E bem não tinha dado meia dúzia de passos já o trabalho do curandeiro fazia efeito na forma de uma onçona de três metros de barriga por quatro de raiva. Bentinho, diante daquela montanha de carne e pelo, largou a espingarda para subir de lagartixa pelo primeiro pé de pau que encontrou na alça de mira. E enquanto subia Bentinho falava para Bentinho:
        --- Curandeiro exagerado! Isso não é onça para aprendiz de farmácia. Isso é onça para doutor formado. Ou mais!
        E voltou para sua caça miúda de preá.

                    CARVALHO, José Cândido de. Os mágicos municipais.
                                      Rio de Janeiro, José Olympio, 1984. p. 24-5.

Entendendo o texto:
01 – Após a leitura atenta do texto, divida-o em apresentação, complicação, clímax e desfecho.
     Apresentação: do início até “... rastro das preás”.
     Complicação: de “Até que resolveu...” até “... pantera negra”.
     Clímax: surgimento da onça e fuga de Betinho.
     Desfecho: último parágrafo.

02 – Qual o tempo verbal que predomina na apresentação? Esse tempo é apropriado para indicar uma situação que se estende ao longo do tempo?
     É o pretérito imperfeito do indicativo (passava, era, gastava, consumia), tempo apropriado para exprimir uma ação que se prolonga por um período de tempo no passado.

03– Qual o tempo verbal que surge ao ter início a complicação? Qual a principal diferença entre esse tempo e aquele que domina a apresentação?
     É o pretérito perfeito do indicativo (resolveu), apropriado para exprimir ações pontuais no passado, ou seja, ações que ocorrem e se encerram num ponto (e não num período) do passado.

04– Releia atentamente o quinto parágrafo do texto e observe os tempos verbais que aí aparecem. Procure justificar seu emprego.
     Pretérito perfeito do indicativo (tirou, mandou e outros) – indica ações realizadas e completas num ponto do passado.
     Pretérito imperfeito do indicativo (entrava, fazia e outros) – indica ações que se prolongam por um período de tempo no passado ou que são concomitantes a outras ações passadas.
     Pretérito mais-que-perfeito (tinha dado) – indica ação passada em relação a outra ação passada.
     Imperfeito do subjuntivo (largasse) – usado numa oração subordinada.

05 – A fala de Bentinho para Bentinho (sexto parágrafo) pode ser considerada uma avaliação da narrativa? Comente.
     SIM, ela tem o valor de uma avaliação de todo o acontecido. Esse tipo de avaliação é, aliás, frequente na estrutura narrativa.

06 – Resuma a narrativa em três momentos: estado inicial, transformações e estado final.
     Estado inicial: Bentinho, pilulador e caçador de preás.
     Transformações: Bentinho metendo-se a caçador de onça e pantera negra; chegada do doutor de erva e realização de sua simpatia; encontro de Bentinho com a pintada.
     Estado final: Bentinho, caçador de preás.

07 – Que tipo de narrador o texto utiliza? Justifique sua resposta com trechos do próprio texto.
     O texto é narrado em terceira pessoa. O aluno deve apontar como justificativa qualquer passagem em que o narrador use a terceira pessoa (pronome ou nome próprio) para designar o personagem (por exemplo, “E montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz de botica entrava no mato.”).

08 – O primeiro período de texto nos apresenta o protagonista por meio de uma afirmação. Seu desenvolvimento confirma essa colocação inicial? Comente.
     Sem dúvida. A frase é quase um vaticínio, uma afirmação de um destino ao qual não se pode fugir.

09 – Quem exerce o papel de antagonista?
     A onça.

10 – De que forma é caracterizado o personagem coadjuvante?
     “... doutor de erva aparelhado para fazer os maiores serviços de mato adentro. Mediante uns trocados, o curandeiro botava macaco para desgostar de banana e tamanduá correr com perna de coelho.” Deve-se observar como o autor cria um tipo com rápidas pinceladas.


FÁBULA: A LEBRE A TARTARUGA - LA FONTAINE - COM GABARITO

FÁBULA: A LEBRE A TARTARUGA
                   La Fontaine

        “Apostemos, disse à lebre 
        a tartaruga esperta,
        que eu chego primeiro ao alvo 
        do que tu, que és tão ligeira!” 

        Dado o sinal de partida,
        estando as duas a par,
        a tartaruga começa 
        lentamente a caminhar.



        A lebre tendo vergonha
        de correr diante dela, 
        tratou a tal vitória 
        de mentira, sem valor.

        Deita-se, e dorme o seu pouco;
        ergue-se, e põe-se a observar
        de que parte corre o vento, 
        e depois torna a deitar. 

       Deita uma vista d’olhos
       sobre a caminhante lerda,
       inda a vê longe da chegada,
       e a dormir de novo torna.

      Olha, e depois que a vê perto, 
      começa a sua carreira, 
      mas então apressa os passos 
      a tartaruga esperta.

      À meta chega primeiro
     apanha o prêmio apressada,
     pregando à lebre vencida
     uma grande vaia.

     Não basta só haver posses
     para obter o que queremos.
     É preciso pôr-lhe os meios,
     senão, atrás ficaremos.

    O tamanho do frasco não desprezes
    do que pode nele existir,
    porque um anão acordado
    mata um gigante a dormir.

(Livro Fábulas de La Fontaine editora Martin Claret - adaptação)

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, é correto afirmar:
       A – ( ) A tartaruga venceu a corrida por ser um animal mais veloz do que a lebre.
       B – ( ) A lebre vaia a tartaruga quando esta apanha o prêmio no final da corrida.
       C – ( ) A humildade da lebre fez com que perdesse a corrida.
       D – (X) A lebre estava confiante, pois tinha certeza de sua vitória.
       E – ( ) No início da corrida, a tartaruga disparou.

02 – Identifique a relação estabelecida pelo conectivo destacado no verso abaixo: “para obter o que queremos.”
        A – ( ) consequência
       B – ( ) condição
       C – (X) finalidade
       D – ( ) solução
       E – ( ) explicação


REPORTAGEM: COMECE O ANO LETIVO COM O PÉ DIREITO - CORREIO BRAZILIENSE - COM GABARITO


REPORTAGEM: COMECE O ANO LETIVO COM O PÉ DIREITO


        Voltar à escola também pode ser tudo de bom. Você quer saber quem são os novos colegas da sala, quem é o professor… e ainda tem aquela curiosidade pelos segredos que os novos livros escondem. Todo ano é a mesma coisa, mas é tanta expectativa que sempre parece ser a primeira vez! Para começar o ano bem é preciso ter coragem e enfrentar todas as novidades. O que não pode é deixar a ansiedade e o medo das descobertas atrapalharem os estudos ou as amizades. Aproveite as dicas que o Super! preparou com a ajuda da terapeuta Daniela Faria. O retorno às salas de aula vai ser sem problema.
 […] 
Na sala de aula.
·        Anote as informações importantes dadas pelo professor. […] 
·        Não dê bobeira durante a aula, aproveite para anotar o conteúdo. Você vai precisar disso mais tarde! 
·       Se você estiver começando em uma escola nova, não precisa ficar assustado! Participe das aulas e, logo, logo, você já se sentirá em casa.
·       Caso o professor seja novo, escute com atenção tudo o que ele disser. Aqui também vale a dica de participar das aulas que, aliás, vale em qualquer situação. 
·        Quando você tiver dúvidas, pergunte! Não precisa ter medo ou vergonha, pergunte mesmo! É melhor perguntar logo do que ficar com a dúvida pra você.


 Em casa
 […] 
·        Converse com a sua família e crie uma rotina em casa. É importante ter um horário certinho para as refeições, para o lazer, para dormir e… para estudar! 
·       Procure formas mais saudáveis de diversão. Ler um livro ou um gibi, por exemplo, pode ser mais legal do que você imagina e ainda te ajuda a conhecer melhor a nossa língua.
Com os colegas:

·       Nunca aceite participar de uma brincadeira violenta ou perigosa. Além de se machucar, você pode machucar algum amigo. A violência nunca é divertida e sempre acaba mal! 
·       As brincadeiras sempre são melhores quando muita gente participa. Não deixe nenhum colega para trás, você com certeza não gostaria que fizessem isso com você! 
·       Se alguém lhe irritar ou for arrumar alguma confusão com você, respire fundo, conte até 10 e… deixe o bobão metido a valente de lado! Brigar nunca compensa! Mas se ele tentar bater em você, chame a professora e conte para os seus pais. Não precisa ficar com medo, ninguém vai ficar contra você!
·       Se o problema é a timidez ou a dificuldade para fazer amigos, tente mostrar suas qualidades e tudo aquilo que você tem de melhor. Sempre tem outra criança bem legal esperando para conhecer novos amiguinhos.
                                         Fonte: Correio Braziliense, 29 de janeiro de 2011.

Entendendo o texto:
01 – Identifique a única dica não dada, ao aluno, pelo Texto, quanto ao início do novo ano letivo e o retorno das aulas:
     A - ( ) Fazer registro escrito das informações dadas e conteúdos ensinados nas aulas.
       B - ( ) Ter participação ativa nas aulas.
       C - ( ) Usar a leitura de livros e gibis como uma forma de se divertir em casa.
       D - (X) Brincar apenas com colegas que mais lhe agradam, excluindo os mais tímidos das brincadeiras.

02 – Assinale a opção cujo vocábulo grifado não é um substantivo:
       A - ( ) “… é preciso ter coragem e enfrentar todas as novidades.”
    B - ( ) “… não pode é deixar a ansiedade e o medo das descobertas atrapalharem…”
      C - (X) “Nunca aceite participar de uma brincadeira violenta ou perigosa.” 
       D - ( ) “Se o problema é a timidez ou a dificuldade para fazer amigos…”


CRÔNICA: MÃE COM MEDO DE LAGARTIXA - ANA MARIA MACHADO - COM GABARITO

CRÔNICA: Mãe com medo de lagartixa

        Era uma vez uma mãe que tinha medo de lagartixa. No resto, era valente: ficava sozinha, cantava no escuro, tomava sopa quente.
        Era mesmo corajosa: enfrentava barata, discutia com o chefe, tomava injeção toda prosa.
        De bicho de pena e de bicho de pelo, ela gostava muito. Filho dela podia ter cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário, porquinho da índia. Nem que fosse tudo ao mesmo tempo, ela não se incomodava, até animava, mais ainda inventava.
        Peixe e jabuti, também ela deixava como ninguém. E tinha aquário redondo com peixe vermelho e tinha varanda vermelha com jabuti redondo.       Se os filhos descobrissem macaco de asa, ela era capaz de deixar em casa.     
       Se para uma vaca encontrasse lugar, não ia ser ela quem ia atrapalhar.  
        Mas sapo? Minhoca? Perereca? Camaleão? Nem queria saber. Disfarçava e ia se esconder. Os filhos explicavam:
        __ Mamãe, que é que tem? Um bicho tão bonzinho, não faz nada, olha aí!
        Ela olhava. Mas não gostava.
        E aqueles lagartinhos nas pedras-do-sol?
        __ Um bichinho à toa, mãe deixava de ser boba!
        Mas aí ela era boba. Tão boba que, no caminho da praia, pelo meio de matinho ia pisando forte e falando alto, fazendo barulho só para assustar os lagartinhos – que saíam correndo, morrendo de medo de uma mulher tão grande e barulhenta.
        Mas o medo maior era o que a mãe tinha de lagartixa.

                                                                           Ana Maria Machado.

Entendendo o Texto
01 – Qual é o título do texto? E o autor?
      Mãe com medo de lagartixa. Ana Maria Machado.

02 – Qual era o maior medo da mãe? E sua mãe tem algum medo?
      Medo de lagartixa. Resposta pessoal do aluno.

03 – Quais os bichos que aparecem no texto?
      Cachorro, gato, coelho, periquito, curió, canário, porquinho da índia, peixe e Jabuti.   
  
04 – Você tem medo de alguma coisa? De quê?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Escreva como é sua mãe:
      Resposta pessoal do aluno.

06 – O texto fala...
(A) da lagartixa             
(B) do medo da mãe                
(C) dos bichos.

07 – “A mãe só tinha medo de lagartixa”. A afirmação acima é:
(X) verdadeira               (   ) falsa.

08 – Complete as frases com as palavras abaixo:
Mães – presente – beijos – cartão – bonita.

1 – Mamãe não é feia, ela é bonita.
2 – Vou dar para minha mãe no seu dia um presente.
3 – Comprei um cartão para colocar no presente.
4 – Vou cobri-la de mil beijos.
5 – Comemoramos no segundo domingo de maio o dia das mães.

09 – Marque com um X as frases afirmativas.
a) Ana Paula gosta de ler. (X)                            
b) Sandra não fez a tarefa. (    )
c) Carla fez o dever de casa. (X)                       
d) Júlia não fez bagunça hoje. (    )
e) Isabela gosta de pular corda. (X)                   
f) Não gosto de televisão. (    )

10 – Escreva C para encontro consonantal e V para encontro vocálico:
(C) genro                            (V) cavaleiro                          (C) grata
(V) baile                             (C) príncipe                            (V) juiz
(C) ladra                             (C) comadre                          (C) pente
(C) arco                              (V) avião                               (V) caixa.

11 – Separe as sílabas das palavras e classifique-as quanto ao número de sílabas: 
Passarinho: Pas-sa-ri-nho = polissílabas.            
Bala: Ba-la = dissílabas.
Árvore: Ár-vo-re = trissílabas.             
Cachorro: Ca-chor-ro = trissílabas.
Animal: A-ni-mal = trissílabas.              
Jornal: Jor-nal = dissílabas.


sexta-feira, 27 de abril de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): MEU GURI - CHICO BUARQUE DE HOLANDA - COM GABARITO

Música(Atividades): Meu Guri
             HOLANDA, Chico Buarque de.


Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)

Entendendo a canção.

01 – Quem fala nessa música? Para quem se fala? Comprove sua resposta com elementos da letra.
           Quem fala na música é uma mãe que se dirige ao “seu moço”, o qual parece representar a comunidade em geral. Para se dirigir ao povo, ela faz o uso de uma espécie de vocativo: “Seu moço,”. Esse povo pode ser também uma pessoa apenas, como por exemplo, um policial que aparece no desfecho da história, ou um jornalista, a contar a verdade desse guri para essa mãe. E há passagens que comprovam que se trata de uma mãe, como, por exemplo: “Nasceu meu rebento” e “Ai o meu guri, olha aí!”. O uso do pronome possessivo ‘meu’, nos dois trechos, revela que se trata de uma mãe a falar do filho. Além disso, os personagens dessa música podem servir de metonímia daqueles que não têm projeção social nem perspectiva de vida na sociedade contemporânea, uma vez que os personagens não têm nome, podem, portanto, representar a história de qualquer um.

02 – O que significa dizer: “Não era o momento dele rebentar”?
           Significa que, no momento em que o guri nasceu, a mãe não estava preparada para recebê-lo nem para cuidar dele, seja psicológica ou financeiramente falando. Com isso, pode-se perceber que ela teve uma gravidez não planejada e sem a presença do pai da criança.


03 – Quais são as possíveis condições socioeconômicas do eu lírico? Justifique sua resposta com elementos da música.
          Provavelmente o eu-lírico possui condições socioeconômicas precárias. Podemos perceber isso por meio da realidade que se revela em trechos como: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar//Como fui levando//Não sei lhe explicar//Fui assim levando//Ele a me levar”; “...e uma penca//De documentos//Pra finalmente//Eu me identificar”; “Chega no morro”. Tais trechos nos mostram que essa mãe mora na periferia, ao utilizar a palavra ‘morro’, e que ela sequer tinha documentos, embora já mais madura. Além disso, quando ela diz: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar”, o ‘nem’ revela que havia outras coisas, além do nome, que ela também não podia dar ao filho, como, por exemplo, comida, escola, qualidade de vida.

04 – Quando se diz: “Como fui levando/Não sei lhe explicar/Fui assim levando/Ele a me levar”, quais os possíveis sentidos do verbo levar aí? Levar o quê?
           Os trechos “como fui levando” e “fui assim levando” denotam que a mãe foi criando o filho sem ter boas condições financeiras. Nessas expressões, o verbo ‘levar’ se relaciona à criação do filho, ao modo como ela ia sobrevivendo. Já no trecho “Ele a me levar”, o verbo ‘levar’ apresenta outros sentidos, o sentido de que o filho ajudava a mãe em casa e também no sentido de que ele a enganava, ato ao que, popularmente, referimo-nos por meio de expressões como: “levar no bico/no papo/na lábia”.

05 – A expressão “Chegar lá” é muito comum na nossa sociedade. Qual sentido ela adquire na letra d’O meu guri?
           A expressão “Chegar lá”, muito comum na nossa sociedade, significa ascender socialmente, financeiramente e, talvez, intelectualmente, ou seja, chegar em um patamar que nos permite ter boa qualidade de vida. Além disso, pessoas que ‘chegam lá’, pessoas bem sucedidas costumam aparecer no jornal. Na letra d’O meu guri, a expressão diz respeito a uma ascensão social, entretanto, para ascender socialmente, o guri se valia de meios ilícitos, que vão contra as regras sociais, ou seja, ele queria ter qualidade de vida sem esforço, queria ganhar dinheiro facilmente.

06 – A expressão “Olha aí” aparece várias vezes durante a música. Ela aparece sempre com o mesmo sentido? Explique.
          Não. Ora ela aprece com o sentido de “Olha bem”, “Preste atenção”, ora com o sentido de “Olhe na fotografia”.

07 – Que visão a mãe tem do filho e do trabalho dele?
          A mãe enxerga de forma inocente o “trabalho” do filho. Ao vê-lo sair de casa sempre muito cedo, chegar sempre cansado, suado e com muitas coisas para a casa, ela imaginava que ele era um rapaz cujo trabalho era honesto, o que, na verdade, não era.

08 – O guri parece ser um rapaz trabalhador? Justifique sua resposta.
          Aparentemente, sim. Uma vez que ele sempre sai de casa cedo, o que é comum na vida de muitos trabalhadores, e sempre chega cansado e suado, uma característica muito associada, nos dias de hoje, a pessoas que trabalham muito, arduamente. Por outro lado, é possível desconfiar do “trabalho” desse guri, uma vez que, em momento algum se fala onde ele trabalha, com o que ele trabalha, e, ainda assim, ele sempre chega com artigos de valor em casa.

09 – O guri levou para a mãe uma “bolsa já com tudo dentro”, e ela, inocentemente, achou que era um presente. E você, no lugar da mãe, como interpretaria essa situação?
           Nessa questão, o professor deve levar os alunos a problematizarem a postura dessa mãe, ou seja, julgarem se ela agia corretamente, se ela sabia, de fato, ou não das coisas que o filho fazia e se, hoje, é possível existir uma mãe assim, com essa postura.

10 – Explique os possíveis sentidos que o trecho “Chega suado / E veloz do batente” pode ter.
           A princípio, pode se imaginar que o guri chega suado por ter trabalhado muito, isso porque a palavra ‘batente’ é associada a trabalho. Entretanto, quando se diz que ele chegava suado e veloz, isso pode significar que ele estava fugindo, ou da polícia ou de outras pessoas, já que roubava. Mas, para a mãe, ele vinha do ‘batente’, e, como a história da música é contada sob a perspectiva da mãe, utilizou-se a palavra ‘batente’ para se referir ao “trabalho” pesado que o guri desempenhava.

11 – Veja o seguinte trecho: “Um lenço e uma penca / De documentos / Pra finalmente / Eu me identificar”. Que sentido a palavra finalmente traz para o trecho em questão?
           A palavra mostra que a mãe, dada sua situação socioeconômica, ainda não tinha documentos. O ‘finalmente’ nos mostra que essa identificação vem de forma tardia, já que o natural é termos essa identificação desde crianças.

12 – O trecho “É o meu guri e ele chega! / Chega estampado / Manchete, retrato / Com venda nos olhos / Legenda e as iniciais” revela uma cena. Que cena é essa? O que aconteceu?
          Trata-se de uma cena em que a mãe vê o filho morto no jornal. Provavelmente em uma tentativa de fuga, o filho não escapara e fora morto. Por isso, o nome dele e a manchete noticiando o fato no jornal.

13 – Por que, depois dessa cena, o guri apareceu com venda nos olhos e, na legenda, só apareceram as iniciais?
          Porque o guri era menor de idade. Quando se é menor de idade, em casos policiais, não se podem divulgar o nome da pessoa nem a imagem nítida de seu rosto em meios de comunicação.

14 – Por que, depois dessa cena, o eu lírico diz: “Desde o começo eu não disse / Seu moço! / Ele disse que chegava lá!”? Ele realmente chegou lá? Explique.
      Como o “chegar lá” possui vários sentidos, há várias possibilidades, tanto sob a perspectiva da mãe quanto sob a perspectiva do filho. A expressão ode se referir a se tornar o chefe dos bandidos, virar celebridade, ficar famoso, ficar rico, etc. Nessa questão, o professor deve levar os alunos a perceberem as dificuldades existentes hoje para se ascender socialmente. Para isso, pode-se discutir: a exclusão social, os meios de se ascender socialmente hoje, o que leva algumas pessoas a roubarem, como se pode resolver essa situação hoje, etc.


FÁBULA: A RAPOSA E AS UVAS - JEAN DE LA FONTAINE - COM GABARITO

Fábula: A RAPOSA E AS UVA
             Jean de La Fontaine


       A raposa vinha pela estrada quando viu uma parreira carregada de suculentas uvas vermelhas. 
        "Essas uvas já estão no papo", pensou. 
        Doce ilusão. A raposa tentou de tudo, mas os cachos estavam tão altos que não conseguiu apanhar um bago que fosse. 
        Matreira, ela comentou para quem quisesse ouvir: 
— Reparando bem, essas uvas estão muito verdes. Raposas não comem uvas verdes, pois dão dor de barriga. 
        E foi embora. 
       Quando já tinha percorrido algumas léguas, um vento forte começou a soprar. Então a raposa voltou depressinha e pôs-se a farejar o chão em busca de bagos de uva. 

        Moral da história: Quem desdenha quer comprar. 

Jean de La Fontaine Fábulas de Esopo.
Adaptação de Lúcia Tulchinski. São Paulo: Scipione.

Parreira: pé de uva com galhos apoiados numa grade de varas
Matreira: que encontra solução para tudo: astuta, esperta, sabida
Bago: fruta pequena e redonda de um cacho
Légua: medida de extensão equivalente a seis quilômetros
Desdenhar: mostrar ou ter desdém por, desprezar, descuidar

Entendendo a fábula:

01 – Por não conseguir alcançar os cachos de uva suspensos em uma parreira, a raposa afastou-se, comentando que estavam verdes. As uvas estavam mesmo verdes? Justifique.
     Não. As uvas estavam suculentas e a raposa só as desdenhou por não conseguir apanhá-las.

02 – O que fez com que a raposa voltasse à parreira?
       Quando a raposa percebeu o vento soprando, pensou que ele poderia ter derrubado algumas uvas e voltou rapidamente para averiguar.

03 – Como toda fábula, está também apresenta uma moral - uma reflexão sobre o comportamento humano. O que você entendeu da moral da fábula "A raposa e as uvas"? 
      Algumas pessoas, quando não conseguem o que querem, desistem e fingem que não estavam interessados no objeto desejado.

04 – Releia esta frase da fábula: "Essas uvas já estão no papo", pensou. Para que foram usadas as aspas?
     Para indicar o pensamento da raposa.

05 – Releia um trecho. 
"Matreira, ela comentou para quem quisesse ouvir:
— Reparando bem, essas uvas estão muito verdes. Raposas não comem uvas verdes, pois dão dor de barriga." 

Por que você acha que a raposa fez questão de comentar em voz alta que as uvas estava m verdes? 
      Por que ela não quis admitir que não iria conseguir pegar as uvas.

06 – Faria diferença se a palavra matreira não fizesse parte da frase? Escolha uma das alternativas.
a) Sim, pois a palavra matreira informa ao leitor o motivo de a raposa ter feito o comentário em voz alta. 
b) Não, pois a palavra matreira não acrescenta uma informação importante sobre a personagem.