terça-feira, 11 de julho de 2017

CONTO: A PRINCESA E A ERVILHA E O CONTO: FIM DE SEMANA - COM GABARITO


CONTO: A PRINCESA E A ERVILHA

        Leia o texto com atenção:

        Era uma vez um príncipe que queria se casar com uma princesa, mas uma princesa de verdade, de sangue real meeeeesmo. Viajou pelo mundo inteiro, à procura da princesa dos seus sonhos, mas todas as que encontrava tinham algum defeito. Não é que faltassem princesas, não: havia de sobra, mas a dificuldade era saber se realmente eram de sangue real. E o príncipe retornou ao seu castelo muito triste e desiludido, pois queria muito casar com uma princesa de verdade.
        Uma noite desabou uma tempestade medonha. Chovia desabaladamente, com trovoadas, raios, relâmpagos. Um espetáculo tremendo!
        De repente bateram à porta do castelo e o rei em pessoa foi atender, pois os criados estavam ocupados enxugando as salas cujas janelas foram abertas pela tempestade.
        Era uma moça, que dizia ser uma princesa. Mas estava encharcada de tal maneira, os cabelos escorrendo, as roupas grudadas ao corpo, os sapatos quase desmanchando... que era difícil acreditar que fosse realmente uma princesa real. A moça tanto afirmou que era uma princesa que a rainha pensou numa forma de provar se o que ela dizia era verdade.
        Ordenou que sua criada de confiança empilhasse vinte colchões no quarto de hóspedes e colocou sob eles uma ervilha. Aquela seria a cama da “princesa”. A moça estranhou a altura da cama, mas conseguiu, com a ajuda de uma escada, se deitar.
         No dia seguinte, a rainha perguntou como ela havia dormido. Oh! Não consegui dormir - respondeu a moça -  havia algo duro na minha cama, e me deixou até manchas roxas no corpo!
         O rei, a rainha e o príncipe se olharam com surpresa. A moça era realmente uma princesa!
         Só mesmo uma princesa verdadeira teria pele tão sensível para sentir um grão de ervilha sob vinte colchões!!!
         O príncipe casou com a princesa, feliz da vida, e a ervilha foi enviada para um museu, e ainda deve estar por lá...
         Acredite se quiser, mas esta história realmente aconteceu!

(Adaptação do conto de Hans Cristian Andersen).

Questões 1 a 6 - Assinale a alternativa correta.
1. O assunto dessa história é:
(A) a organização do casamento de um príncipe.        
(B) como fazer uma cama de princesa
(C) como uma rainha descobriu uma princesa de verdade.  
(D) uma família real e seu castelo.  
                
2. Na frase:
"A moça tanto afirmou que era uma princesa que a rainha pensou numa forma de provar se o que ela dizia era verdade", a palavra grifada refere-se a:
(A) moça.               (B) rainha.    
(C) forma.              (D) verdade.

3. A rainha soube que a moça era uma princesa de verdade porque ela:
(A) conseguiu subir nos 20 colchões e dormir.  
(B) afirmou que a ervilha deixou seu corpo com manchas.
(C) merecia uma cama de "princesa".   
(D) afirmou que era uma princesa.

4. Em "Chovia desabaladamente", a palavra grifada tem o sentido de:
(A) levemente.           (B) repentinamente.   
(C) fortemente.          (D) raramente

5. No texto, o uso do sinal de exclamação (!) ocorre todas as vezes que o autor quer:
(A) reforçar uma situação.     
(B) demonstrar dúvida.
(C) dizer que a história continua.  
(D) causar medo.

6.O gênero desse texto é
(A) notícia.                            (B) reportagem        
(C) conto de fadas.               (D )fábula


     Compreensão de texto dissertativa:
1      1) Qual é o título do texto?
         A princesa e a ervilha
   2) Quais são os personagens do texto?
         O príncipe, a princesa, o rei, a rainha e os empregados.
       3)Quem é o autor desta história?
         O autor é Hans Christian Andersen
       4)Quantos parágrafos existem no texto?
         Este texto tem 11 parágrafos.
      5)O que o príncipe queria? Foi fácil atingir este objetivo?
        O príncipe queria se casar com uma princesa verdadeira. Isso não foi fácil, pois todas as que ele encontrava tinha algum defeito.
    6)  Como estava o tempo quando a moça bateu na porta do rei?
O tempo estava chuvoso, com trovoadas, raios e relâmpagos.
    7) Quem era esta moça?
         Ela era uma princesa.
    8)O que o rei fez para comprovar o que ela disse?
         O rei ordenou que uma criada empilhasse vinte colchões no
         quarto de hóspedes e colocasse sob os colchões uma ervilha.
     9) No texto existem três palavras grifadas, procure no dicionário seus significados e escreva abaixo.
         Desiludido: decepcionado, frustrado, desenganado, etc.
           Medonha: horrível, assustadora, terrível, etc.
1   10)           Faça uma ilustração da história.


 CONTO:
            FIM DE SEMANA
             O redemoinho disse basta pra si mesmo e ameaçou girar pro outro lado. Mas percebeu que seria a mesma coisa, mais cedo ou mais tarde falaria atsab até que um dia ia ver que as voltas que dava não levariam mais Ionge que a um galeão encalhado na areia mais funda do mar. O redemoinho sabia muito, mas não dava pra se livrar do nojo do cadáver inchado e cuspindo pra cima, que não saía de sua correnteza.
              
           Mas o culpado era ele mesmo. O pobre do sujeito estava feliz com sua boia de pneu, fingindo de herói pra família, que aplaudia suas bravuras sentada em volta de um piquenique. Uma braçada pra lá, três quatro mais pro fundo, dando só tempo de acenar e enfiando a cara na água. O cara parou pra respirar e medir o oceano que era só dele. Tirou a boia e encostou a cabeça, feliz.
            Na praia, a mulher, que conhecia o marido muito mais do que gostaria, tratou de virar as costas pro mar e pensar noutra coisa. Mas como? Há nove anos que ela tentava, e sempre que conseguia ele voltava do trabalho, do futebol, do banheiro. O casal amigo do escritório parou de rir. Zeca estava indo longe demais, ele mesmo tinha dito que não era dessas coisas nadando, como é que ia voltar daquela lonjura? O sogro se levantou e apontou o mar com uma perna de frango: mas aonde
vai aquele imbecil?
               O piquenique virou uma pergunta, Zeca virou um cadáver e o redemoinho parou de virar. De mar calmo, o domingo foi melhor ainda. Desagradável foi só à noite, o engarrafamento na serra, o rádio do carro quebrado e o Zeca fedendo daquele jeito.
Guilherme Cunha Pinto. Contos jovens-5.

1.Essa narrativa apresenta tempo e espaço delimitados. Identifique-os:
Tempo: O piquenique durante o dia.
Espaço: praia e o mar.
2.Qual é a personagem principal?
Redemoinho.
3. O redemoinho pode ser considerado uma personagem?
  ( X ) sim    (   ) não
Justifique sua resposta.
Porque o conto gira em torno do redemoinho.

4. Explique o uso da palavra destacada no trecho "mais cedo ou mais tarde falaria atsab, [...]"
É que o redemoinho estava cansado de girar só pra um lado.

5. Já no primeiro parágrafo aparece um elemento de tensão. Qual?
O afogamento de uma pessoa.

6. Releia o primeiro parágrafo. Quantos períodos há nesse trecho? Qual o sujeito do segundo período?
 Oito períodos. O sujeito é redemoinho.

7. Que situações reais da vida de Zeca ficam evidentes nos seguintes trechos?
a)  [...] fingindo de herói para a família.
     A alegria de ser aplaudido pelas suas bravuras.
b)[...] parou pra respirar e medir o oceano que era só dele.
     Por não saber nadar, e vir a morrer afogado.

8. Como Zeca era visto?
     a)  Pela mulher.
     Uma pessoa atrapalhada e irresponsável.
         b)   Pelos colegas de escritório.
Como uma pessoa divertida.
        c) Pelo sogro.
Como um imbecil e inconsequente.

9. Após a leitura do texto, e as respostas das questões 6 e 7, qual alternativa representa melhor o tema desse conto?
X )  Os perigos do mar.
(  )  Um piquenique na praia
(  )  A necessidade humana de mergulhar na fantasia.
(  )  O ser humano vencendo a natureza.

10. Desde o início do texto o leitor sabe o que aconteceu com o protagonista, mas no final do conto há um elemento surpreendente. Qual?
      “O Zeca fedendo daquele jeito”.







SIMULADO DE HISTÓRIA PERÍODO MILITAR - 1964 A 1985 - COM GABARITO


EXERCÍCIOS DE REVISÃO DE HISTÓRIA PERÍODO MILITAR - 1964 A 1985

01 - Considerando-se os fatores que contribuíram para a longevidade do regime militar no Brasil, é CORRETO afirmar que foi de grande relevância.


       a) a combinação entre a ordem constitucional, amparada pela Constituição de 1967, e a arbitrariedade, expressa em sucessivos Atos Institucionais.
       b) a manutenção de um sistema político representativo, com eleições indiretas em todos os níveis, exceto para a Presidência da República.
       c) o desenvolvimento econômico-social do País, acompanhado de um constante crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
       d) o rodízio de lideranças políticas entre as Forças Armadas, por meio de eleições diretas no âmbito do Comando Supremo da Revolução.

02 - Em 28 de agosto de 1979, foi sancionada pelo general João Baptista Figueiredo a chamada “Lei da Anistia”. Medida importante no processo de abertura política, tal anistia foi:
       a) ampla, geral e irrestrita, como reivindicavam os setores da oposição ao regime militar.
       b) restrita somente aos militares envolvidos em assassinatos e tortura de presos políticos de esquerda.
       c) extensiva somente opositores do regime condenados por crimes de sangue, sequestros e atos considerados terroristas.
       d) restrita somente aos exilados cujos direitos políticos haviam sido cassados antes da promulgação do AI-5.

03 - Em relação ao fim do Regime Militar no Brasil (1978–1985), considere as afirmativas abaixo.
I.                   Houve uma transição conduzida pelos generais, a manutenção do  SNI e eleição direta para presidente, no qual Tancredo Neves se elegeu.
II.                 Ocorreu eleição indireta para presidente, e houve a volta do pluripartidarismo.
III.              Ocorreu o fim dos Atos Adicionais e da indicação dos senadores biônicos, estratégia que visava garantir à ARENA maioria no Colégio Eleitoral.
IV.              Foi convocada uma Constituinte e realizadas eleições diretas para todos os cargos executivos e legislativos nas esferas federal, estadual e municipal.
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s)
a) I, II e III, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I e II, apenas.
d) IV, apenas.

04 - “Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresentou vários problemas. A inflação era alta e a recessão também. Enquanto isso, a oposição ganhou terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos. Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participaram do movimento das “Diretas Já”.”
                       (Retirado do site: http://www.historiadobrasil.net/ditadura/.
                                                                                          Acesso em 30/07/2006).
       Com base no texto acima, considere as afirmações corretas sobre o fim do regime militar e a redemocratização do Brasil:
I.                   O movimento das “Diretas Já” era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
II.                 No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal. Era o fim do regime militar.
III.              Tancredo Neves ficou doente antes de assumir e acabou falecendo. Assumiu o vice-presidente José Sarney. Em 1988, foi aprovada uma nova constituição para o Brasil, que apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.
Estão corretas somente:
a) II e III.
b) I e III.
c) I, II e III.
d) I e II.

05 - O Movimento "Diretas-Já" que, ao longo do ano de 1984, promoveu intensa mobilização popular a favor da eleição direta para Presidente da República, resultou na:
       a) Eleição de um governo popular e democrático chefiado por José Sarney.
       b) Eleição do candidato da oposição, Tancredo Neves, ainda pela via indireta.
       c) Eleição direta do Presidente da República, o primeiro em quase trinta anos, Fernando Collor
       d) Revogação dos Atos Institucionais, apesar da derrota da Emenda das Diretas.

06 - Considere a frase encontrada com frequência em adesivos colocados nos vidros dos carros, durante o ano de 1984: Não me venha com indiretas!
Considerando o contexto histórico brasileiro em que se insere a frase é correto afirmar que ela:
       a) era uma alusão à campanha de redemocratização do país por meio de eleições indiretas para Presidente da República.
       b) fazia uma indicação de apoio ao movimento que pretendia a aprovação da lei de anistia aos condenados políticos.
       c) representava uma defesa aos movimentos que lutavam pelas eleições diretas para os governadores de estados.
       d) fazia uma alusão à campanha que pedia o fim das eleições indiretas para a Presidência da República.

07 - Apesar de você (Chico Buarque-1978) “Hoje você é quem manda Falou tá falado, não tem discussão A minha gente hoje anda falando de lado E olhando pro chão E você que inventou este estado E inventou de inventar toda escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar o perdão Apesar de você, amanhã há de ser outro dia...”
Interpretando o texto, constata-se que a canção de Chico Buarque:
       a) Faz claramente referência a uma relação amorosa que não deu certo, por falta de diálogo e perdão.
       b) Descreve o período do segundo governo Vargas (1951-1954), com o fechamento do Congresso Nacional, a incineração das bandeiras dos estados, a prisão e a repressão aos comunistas.
       c) Apresenta uma análise sobre a origem da propriedade privada, relacionada com a invenção da obscuridade, mantendo, porém, a esperança na quebra dos laços de opressão.
       d) Protesta contra a repressão, a tortura e a censura, instauradas no país a partir de 1964, com o golpe militar, aludindo à esperança em um futuro de democracia e liberdade.

08 - No dia 13 de dezembro de 1968, o governo brasileiro baixou o Ato Institucional nº 5 (AI – 5). Em fevereiro de 1969, surgiu o decreto-lei nº 477. O governo, com estas duas medidas jurídicas, pretendia:
       a) anistiar os envolvidos com a guerrilha do Araguaia e iniciar um período de distensão política.
       b) consolidar as reformas iniciadas pelo vice-presidente Pedro Aleixo, permitindo, respectivamente, o funcionamento dos partidos políticos e das entidades estudantis.
       c) institucionalizar a repressão, suspendendo as garantias constitucionais e individuais, e cassar, prender, exilar todos que eram contra o regime militar.
       d) isolar os generais que defendiam um endurecimento do regime militar e preparar o país para a “abertura política” realizada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.

09 - O período militar brasileiro recente (1964-1985):
       a) Destacou-se pelo forte crescimento econômico nacional, associado à aplicação de vários projetos voltados à diminuição das diferenças sociais e à superação das barreiras entre as classes.
       b) Ocorreu simultaneamente à presença de ditaduras militares em outros países latino-americanos, como a Argentina, o Chile e o Uruguai, o que caracteriza uma fase militarista na história latino-americana.
       c) Caracterizou-se pela preservação da democracia, a despeito da disposição autoritária de alguns grupos militares, que desejavam suprimir direitos políticos de membros da oposição.
       d) Iniciou-se com o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e encerrou-se com as eleições presidenciais diretas e a convocação da Assembleia Constituinte ao final do governo Médici.

10 - A respeito do quadro partidário brasileiro, é correto afirmar:
       a) Ao final de 1965, os partidos políticos existentes foram extintos pelo regime militar e, no ano seguinte, foi estabelecido o bipartidarismo com a formação da Arena e do MDB.
       b) PCB, PC do B, PSB e PDT foram legalizados em 1985, durante o governo de José Sarney.
       c) Em 1980, a formação do PDS, PMDB, PSDB, PT e PTB marcou o retorno do pluripartidarismo.
        d) O processo de fusão entre o PT e o PDT foi proibido pela legislação eleitoral da Ditadura Militar, receosa da criação de uma forte agremiação de esquerda.

11 - A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970:
       a) Não teve qualquer repercussão no campo político, por se tratar de um acontecimento estritamente esportivo.
       b) Alentou o trabalho das oposições que deram destaque à capacidade do povo brasileiro de realizar grandes proezas.
       c) Propiciou uma operação de propaganda do governo Médici, tentando associar a conquista ao regime autoritário.
       d) Favoreceu o projeto de abertura do general Geisel, ao criar um clima de otimismo pelas realizações do governo.

12 - “O movimento guerrilheiro do Araguaia é uma página gloriosa do nosso povo.” João Amazonas “A guerrilha, a guerra subversiva, ela é uma guerra suja.” Ex-ministro Jarbas Passarinho. As duas afirmativas acima refletem posições opostas quanto à análise de um movimento da história brasileira pouco estudado até hoje - a Guerrilha do Araguaia, que:
a)     colocou em lados opostos os seguidores de Antônio Conselheiro e os representantes do governo da República Velha, atemorizados com a expansão do movimento guerrilheiro.
b) representou uma das formas encontradas por parte da esquerda brasileira para reagir à ditadura militar implantada pelo golpe de 1964.
 c) representou os interesses de posseiros e grileiros sem qualquer tendência ideológica na tentativa de obter vantagens territoriais.
d) consistiu numa das muitas revoltas do período regencial no Brasil, como uma forma de reação ao centralismo político implantado pelo Império após a independência.

13 - Recentemente o jornal Folha de São Paulo classificou a ditadura civil-militar brasileira (1964– 1985), de “ditabranda”, alegando que em outros países do cone sul os militares tinham sido mais severos. Essa versão também é defendida por muitos oficiais da reserva que, inclusive, se opõem às indenizações pagas aos civis atingidos por suas ações, numa tentativa clara de esconder as 50.000 prisões, os 10.000 exilados e as centenas de mortos e desaparecidos. É certo que nem todos os brasileiros foram atingidos com a mesma intensidade pelos órgãos da repressão, mas algumas categorias sofreram, de forma avassaladora, seus efeitos, dentre os mais atingidos destacam-se:
       a) Empresários e banqueiros que tiveram suas atividades cerceadas pelos militares.
       b) Deputados, senadores, governadores e prefeitos que tiveram seus projetos e recursos cortados pelas medidas de contenção adotadas, para equilibrar a balança de comércio exterior.
       c) Estudantes, sindicalistas, artistas e militantes políticos de esquerda, vistos pelos militares como “inimigos internos” do Brasil.
       d) Integrantes do Movimento dos Trabalhadores sem Terras, porque com suas mobilizações desestabilizavam o setor produtivo do país.

14 - Considere os versos do refrão da música Para Não Dizer que Não Falei das Flores (“Caminhando”) de Geraldo Vandré, lançada em um festival de música popular, em 1968, e que se tornaria símbolo da canção de protesto do engajamento político no Brasil. “Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer” Considerando o contexto político específico em que é lançada a canção de Vandré, a exortação do artista no refrão constitui um dramático chamamento:
       a) Ao abandono do país pelos artistas e intelectuais.
       b) À resistência armada ao regime militar.
       c) À mobilização nacional na campanha das Diretas-Já.
       d) À unificação das oposições em um só partido no Congresso.

15 - Leia o texto. “Que sonha com a volta do irmão do Henfil, com tanta gente que partiu, num rabo de foguete, chora, a nossa pátria mãe gentil, choram Marias e Clarices, na noite do Brasil”. (João Bosco e Aldir Bianc, O Bêbado e o Equilibrista) Essa canção, entoada nas manifestações políticas do Brasil contemporâneo, foi utilizada como manifesto contra:
       a) A ineficiência da política governamental de combate a AIDS.
       b) A política migratória dos brasileiros atingidos pela crise econômica.
       c) O alto índice de incidentes com morte ocorridos nas prisões brasileiras.
       d) O exílio e o luto imposto aos brasileiros contrários à ditadura militar.

16 - “A anistia, portanto, não é apenas um reencontro de pessoas. É também uma luta onde trabalhadores, estudantes e intelectuais, profissionais liberais, bancários, comerciários e todos os que se movem hoje no Brasil, vão se encontrar para trocar suas ideias, para juntar suas forças. Anistia é união. Unir brasileiros já em um passo da luta contra a ditadura que desde 64 não busca outra coisa a não ser a separação, seja pela morte, seja pela cadeia, seja pelo exílio ou mesmo pela desconfiança, o medo e a delação.” (Fernando Gabeira, 1978) Sobre a anistia política brasileira pós~64, é incorreto afirmar que:
       a) A lei de anistia, de agosto de 1979, possibilitou o retorno de muitos exilados e banidos políticos, entre estes o educador Paulo Freire, o ex-governador Leonel Brizola e o dirigente comunista Luís Carlos Prestes;
       b) As lutas pela anistia política reuniram diferentes grupos sociais em prol da reorganização da vida democrática no Brasil;
       c) A lei de anistia, de agosto de 1979, beneficiou os que foram condenados por crimes de terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal".
       d) Foi resultado apenas da vontade civil-militar da ditadura, que fez dela um marco do momento de abertura lenta e gradual proposta por Geisel.

17 - O regime militar no Brasil começou a ser abalado quando o modelo de desenvolvimento econômico começou a dar sinais de esgotamento. Além de problemas inerentes ao modelo, um fator externo foi fundamental para a crise. Esse fator foi:
       a) a guerra do Vietnã
       b) a Guerra Fria
       c) o choque do petróleo
       d) a invasão do Kuwait pelo Iraque.

18 - As sessões de tortura, no DOI-CODI de São Paulo, que provocaram a morte do jornalista Vladimir Herzog (1975) e a do operário Manoel Fiel Filho (1976), a criação do Movimento Feminino pela Anistia (1976) e a invasão da PUC-São Paulo durante o III Encontro Nacional dos Estudantes (1977) são característicos do período em que o Presidente da República era:
       a) Ernesto Geisel
       b) João Figueiredo
       c) Eurico Dutra
       d) Garrastazu Médici.

19 - Leia atentamente as afirmações abaixo, sobre a República Militar Brasileira:
       I – Em dezembro de 1968, foi criado o Ato Institucional nº. 5 (AI-5) que passou a censurar sistematicamente revistas, jornais, rádio e TV. A censura era realizada por telefonemas e bilhetes ameaçadores ou através da “censura prévia”, quando eram instalados, nos órgãos de imprensa, agentes censores.
       II – O Poder Executivo exercido por militares e aliados civis se outorgou plenos poderes, cassando vários representantes do Legislativo e interferindo nas decisões do Judiciário.
       III – O modelo de desenvolvimento sócio econômico implantado nesse período foi marcado pela redução dos investimentos governamentais nos setores de infraestrutura econômica, sobretudo energia, transporte e comunicação.  
Dessas afirmações:
        a) somente I e III estão corretas
        b) somente II e III estão corretas
        c) somente I e II estão corretas
       d) I, II e III estão corretas.

20 - São características dos governos militares, EXCETO:
        a) Proibição de manifestações públicas, políticas e civis, após o golpe de 64.
        b) Censura aos jornais alternativos, controlados por grupos de esquerda.
       c) Restrição à propaganda eleitoral nos meios de comunicação adotada no governo Geisel.
       d) Limitações impostas aos programas de rádio e televisão pelo DIP.


domingo, 9 de julho de 2017

TEXTO: O ENCANTADOR DE GOLFINHOS - KLESTER CAVALCANTI -COM GABARITO

     
  O ENCANTADOR DE GOLFINHOS
      
               A história do homem que se dedica a estudar e preservar os golfinhos de Fernando de Noronha. Em troca, eles já salvaram sua vida.
 (…)
O primeiro encontro foi em setembro de 1990. Era uma bela manhã ensolarada e José Martins já estava observando Luíza, a distância, havia quase duas horas. Aproximou-se lentamente, sem deixar transparecer o interesse. A menos de 2 metros de distância, percebeu que ela tinha um peculiar sinal no ventre. Ficou ainda mais interessado. Quando a olhou nos olhos, Luíza virou-lhe as costas e afastou-se. José Martins, persistente, ainda tentou segui-la. Mas ela foi mais rápida e sumiu na imensidão azul. Hoje, exatamente 13 anos mais tarde, José Martins está com 40 anos, é solteiro e sonha em ser pai. Luíza acabou de completar 18 anos e tem dois filhos lindos: Ubiratan, de 10 anos, e Vera, 7. José Martins é o oceanógrafo gaúcho que há mais de uma década dedica-se a estudar os golfinhos rotadores de Fernando de Noronha. E Luiza é um dos animais que o trabalho de Zé – como ele é mais conhecido – ajuda a proteger. A relação do pesquisador com os golfinhos mudou completamente a sua vida e tem sido fundamental para a preservação da espécie. O Brasil é um país único! Afinal, qual outro lugar no mundo carrega tantas riquezas como o nosso? Mas nossos principais patrimônios são a diversidade cultural e ambiental. E os responsáveis pela preservação de tudo isso serão as crianças, os futuros adultos do amanhã. Desde janeiro de 1989, Zé Martins vive em Fernando de Noronha. Todo seu trabalho é dedicado aos golfinhos rotadores, seres que encantam a todos com suas acrobacias aéreas e aparência dócil. Graças às suas pesquisas, tem-se hoje amplo conhecimento sobre como vivem esses animais. O hábito de dar saltos extraordinários para fora da água, girando em torno do próprio eixo – razão do nome “rotador” –, por exemplo, não tem nada de exibicionismo. Quando fazem isso, os golfinhos estão comunicando aos outros integrantes do grupo o que deve ser feito. “Cada salto corresponde a uma determinada atividade, como aumentar a velocidade de deslocamento, agrupar os bichos ou definir uma rota a ser percorrida”, explica Martins. “Quanto maior o impacto do salto, mais intensa é a resposta dos outros animais.” Mas como os outros golfinhos podem ver as manobras realizadas fora da água? Eles não podem. A mensagem é traduzida por um sofisticado sistema de bio-acústica – semelhante a um sonar –, que faz com que os animais “leiam” o que deve ser feito por meio das bolhas d’água provocadas pelo impacto. Para chegar a essa conclusão, Zé Martins precisou de mais de dois anos e centenas de mergulhos entre os bichos. É nesse ambiente submarino que o pesquisador se sente mais à vontade. “O silêncio, a riqueza da vida subaquática de Fernando de Noronha e a companhia dos golfinhos são como uma terapia para mim”, diz. Mas foi também embaixo d’água que Martins passou por alguns dos maiores sustos da sua vida. Certa vez, ele estava mergulhando na Baia dos Golfinhos – local onde eles chegam pela manhã para descansar, copular e cuidar dos filhotes – quando apareceu um tubarão bico-fino, de 2 metros de comprimento. A fera partiu na direção do pesquisador, de 1,63 metro de altura. De repente, Martins ouviu um som que já lhe era bem familiar: o canto dos golfinhos. Cerca de dez animais que estavam a 100 metros de distância da cena perceberam o perigo que o cientista corria e saíram em sua defesa. Juntos, espantaram o tubarão e ainda ficaram por perto até o bicho sumir da área. “Foi uma das maiores emoções que tive durante todos esses anos de convívio com eles”, conta.

        PROBLEMAS NO PARAÍSO → Depois de tantos anos de intenso relacionamento, pesquisador e pesquisados parecem se conhecer muito bem. Zé Martins não tem dúvidas de que os bichos o reconhecem. Golfinhos se aproximarem de mergulhadores é natural. Mas, com Martins, a relação vai mais fundo. Os animais cercam o cientista gaúcho, não demonstram incômodo com sua presença e costumam encará-lo, olhando-o nos olhos – o que é raríssimo. Não seria exagero dizer que existe uma certa amizade. O convívio com Luíza – a fêmea que abre esta reportagem – é o melhor exemplo. Poucas pessoas no mundo já tiveram o privilégio de ver uma fêmea de rotador amamentando em ambiente natural. Zé Martins é uma delas. Luíza não só permitiu que ele se aproximasse como ficou tranquila e acalmou o filhote, preocupado com a presença humana. O momento rendeu uma das fotos que Martins considera especiais. Engana-se, porém quem pensa que é tudo azul na vida desse encantador de golfinhos. Em 1997, ele teve sua licença de pesquisa cassada e foi proibido de dar sua palestra semanal no auditório do Ibama, em Fernando de Noronha. As punições duraram um ano e meio e foram motivadas pelos protestos que Zé Martins estava fazendo contra exploração com dinamite de uma pedreira na ilha principal do arquipélago, a apenas 5 metros da área onde começa o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. As autoridades do lugar tinham liberado as obras e não gostaram da intervenção do cientista. “Foram tempos bastante difíceis”, recorda. Para não interromper o trabalho, Martins passou a pesquisar fora dos limites do parque, onde as condições não são tão favoráveis para o estudo dos bichos como na Baía dos Golfinhos. Para complicar ainda mais, o dinheiro acabou. Amigos e familiares o aconselharam a sair da ilha. “Eles diziam que, depois de sete anos de total dedicação, eu não podia aceitar ser tratado daquela forma”, conta Zé Martins. O pesquisador persistiu e foi ajudado por um amigo ilustre em julho de 1997, o francês Jacques Mayol, o primeiro homem a descer a mais de 100 metros de profundidade sem oxigênio, depositou na conta bancária de Martins o que chamou de “uma pequena ajuda”: 100 mil dólares. A ajudinha foi suficiente para financiar os trabalhos da equipe do projeto Golfinhos Rotador (três pesquisadores, dois educadores ambientais, um administrador e uma advogada ambiental) durante os 18 meses do castigo.

        PATRIMÔNIO NATURAL → A influência dos estudos de Martins na preservação de Fernando de Noronha e, sobretudo, na vida dos golfinhos é nítida. Com o apoio do Ibama, ele tem conseguido excelentes resultados. O texto enviado à Unesco, solicitando que o arquipélago recebesse o título de Patrimônio Natural da Humanidade, foi escrito por Zé Martins e o pedido, acatado pela Unesco. Em 1990, o pesquisador criou o projeto Golfinho Rotador, destinado ao estudo e à conservação da espécie. Há quatro anos, ele obteve mais uma vitória na defesa dos golfinhos. Desde dezembro de 1999, não é mais permitido mergulhar entre os animais, como centenas de turistas costumavam fazer próximo ao porto da ilha. Por tudo isso, a Baía dos Golfinhos é hoje o lugar mais provável do mundo para ver esses mamíferos oceânicos em grandes quantidades. Os números comprovam. Até 1995, a maior quantidade de animais avistados simultaneamente, na Baía dos Golfinhos era de 750 bichos. Em 2001, foram mais de 2 mil num só dia.
 (…)
        CIÚME DOS BICHOS → Ainda há muito a ser descoberto sobre os golfinhos. Sabe-se, por exemplo, que eles têm o cérebro maior que o dos humanos e com 50% a mais de neurônios. No entanto, o modo pelo qual toda essa fabulosa massa encefálica trabalha é pergunta ainda sem resposta. O idioma dos golfinhos, elaborado com base nos sons que eles emitem, tampouco foi traduzido pela ciência. Por tudo isso, as pesquisas de Zé Martins não devem se esgotar tão cedo. Seus planos são de continuar trabalhando e vivendo na ilha com os golfinhos, mas ele não esconde de ninguém o desejo de assumir a chefia do Parque Nacional de Fernando de Noronha. “Conheço este lugar como poucos e sei que posso ajudar ainda mais”, afirma. A obstinação desse oceanógrafo gaúcho pelos golfinhos e por Noronha é tamanha, que afeta diretamente sua vida pessoal. Desde que chegou à ilha, teve quatro relacionamentos sérios. Todas as mulheres tinham ciúme dos golfinhos. O namoro mais longo, com uma médica paulistana, durou cinco anos. O trabalho de Zé Martins tomava muito o seu tempo e a relação foi, digamos assim, por água abaixo. Hoje, a médica está casada com outro e vive no Recife. Martins prossegue com seus estudos com os golfinhos, entre análises em seu apertado escritório na ilha e mergulhos na mar azul-turquesa de Noronha. Numa das últimas vezes que mergulhou na Baía dos Golfinhos, encontrou sua velha amiga Luíza. Ela parecia feliz, acompanhada pelos dois filhotes e por outros oito animais. Zé Martins estava sozinho. Mas nem por isso menos feliz.
       Klester Cavalcanti. In: Os caminhos da Terra, ano 12, n.137. São Paulo: Peixes, setembro/ 2003.
         Vocabulário:
    • copular → manter relação sexual.
    • simultaneamente → ao mesmo tempo.

  • massa encefálica → massa do cérebro.

A partir da leitura do Texto , realize as questões propostas.

 1 - “Para chegar a essa conclusão, Zé Martins precisou de mais de dois anos…” 
 O pronome demonstrativo grifado acima refere-se à conclusão de que os golfinhos:
       A – ( ) gostam de exibir-se dando saltos giratórios.
       B – (X) usam os saltos como uma forma de comunicação com os outros animais de sua espécie.
       C – ( ) ao verem os saltos dados fora da água por um companheiro, compreendem a mensagem transmitida.
       D – ( ) comunicam-se através dos sons que emitem quando dão saltos.
       E – ( ) saltam para demonstrar o quanto são agressivos e perigosos.

2 - “O texto enviado à Unesco, solicitando, que o arquipélago recebesse o título de Patrimônio Natural da Humanidade, foi escrito por Zé Martins e o pedido, acatado pela Unesco.”
O vocábulo grifado só não indica que o pedido foi:
       A – ( ) aceito.
       B – ( ) obedecido.
       C – ( ) atendido.
       D – (X) rejeitado.
       E – ( ) considerado.

3 - “A obstinação desse oceanógrafo gaúcho pelos golfinhos e por Noronha é tamanha, / que afeta diretamente sua vida pessoal.” Pode-se estabelecer entre as orações acima a respectiva relação de:
       A – ( ) fato e causa.
       B – ( ) fato e finalidade.
       C – (X) fato e consequência.
       D – ( ) fato e condição.
       E – ( ) fato e solução.

4 - A reportagem relata algo que o cientista gaúcho, Zé Martins, ainda ambiciona. Identifique-o:
       A – ( ) Dar ao arquipélago de Fernando de Noronha o título de Patrimônio Natural da Humanidade.
       B – (X) Ser chefe do Parque Nacional de Fernando de Noronha e também pai.
       C – ( ) Ter a velha amiga Luíza como seu animal de estimação.
       D – ( ) Casar-se com uma advogada ambiental.
       E – ( ) Justificar o nome “rotador” atribuído aos golfinhos daquela região.

5 - “…a relação foi, digamos assim, por água abaixo.” 
 A expressão grifada só não indica que a relação:
       A – ( ) desfez-se.
       B – ( ) acabou.
       C – (X) solidificou-se.
       D – ( ) dissolveu-se.
       E – ( ) fracassou.

6 - “Engana-se, porém, quem pensa que é tudo azul na vida desse encantador de golfinhos.”
Identifique a opção que não exemplifica um problema enfrentado por Zé Martins em sua estada em Fernando de Noronha:
           A – ( ) Por um período, faltou dinheiro para manter o trabalho do projeto Golfinho Rotador.
           B – ( ) Ter, temporariamente, sua licença de pesquisa suspensa.
       C – ( ) Ser proibido por um ano e meio a dar palestras semanais no auditório do Ibama.
         D – ( ) O tempo dedicado ao trabalho com os golfinhos causava ciúmes nas mulheres com as quais Zé se relacionava.
       E – (X) Tornou, possivelmente, a Baía dos Golfinhos o lugar em que há maior aglomeração de golfinhos no mundo.

7 -  Só não se pode provar a amizade especial de Zé Martins e os golfinhos rotadores com a seguinte afirmativa:
           A – ( ) Os golfinhos olham nos olhos de Zé Martins.
       B – ( ) Zé Martins teve o privilégio de ver Luíza, um golfinho fêmea, amamentando.
          C – ( ) Os golfinhos cercam o oceanógrafo quando está na água.
          D – ( ) A presença do cientista gaúcho não incomoda os golfinhos.
         E – (X) Os golfinhos expuseram o mergulhador ao ataque de um tubarão de dois metros de comprimento.

REPORTAGEM:O MISTÉRIO DOS BRINQUEDOS DESAPARECIDOS - FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO


Meninos e meninas que estão saindo da infância e entrando na adolescência ainda gostam de brincar, mas, muitas vezes, sentem vergonha disso e até brincam em segredo.


REPORTAGEM: O MISTÉRIO DOS BRINQUEDOS DESAPARECIDOS 

Meninos e meninas que começam a sair da infância contam que ainda gostam de brincar – mas em segredo. Responda rápido: boneca ou show da Avril Lavigne? Carrinho ou videogame? Bola ou bate-papo na internet? [...] “Ou” é uma palavra que quer dizer “alternância, exclusão, dúvida e incerteza”. É a palavra que bem define uma fase vivida por meninos e meninas com nove, dez e onze anos de idade, quando a boneca, a bola e o carrinho já nem sempre estão nas listas de “melhores amigos”, mas ainda não foram parar no fundo do armário ou no quartinho da bagunça. É quando a palavra “criança” já começa a ficar pequena para alguém que esticou, mudou de preferências e começa a virar pré-adolescente, um ensaio para a adolescência. É ser “meio-termo, nem criança nem adolescente”, define Sophia, 10. E aí os objetos da infância – os brinquedos – até viram um segredo guardado a sete chaves. Assim acontece com Dora, 9, dona da boneca Lili, um presente da avó da menina, num tempo em que ela só gostava de bonequinhas. De vez em quando, lá está ela brincando com a Lili, seu brinquedo de estimação. Mas Dora conta isso meio baixinho: “Acho que não tenho mais idade para brincar de boneca, eu fico com vergonha”. Para as amigas, ela explica que Lili é só “enfeite” 01 05 10 15 .2. do quarto. “Eu não sei se elas [as colegas] ainda brincam, vai que elas já pararam e só eu que brinco”, raciocina. Às vezes, criança e, às vezes, mocinha, Clara, 10, gosta de “trocar roupinhas da boneca” e curte o som de Avril Lavigne, cantora que arrastou a menina para seu primeiro show de rock. “Não brinco mais que a boneca é minha filhinha, essas coisas, mas gosto de escolher a roupa que ela vai usar”, explica. Gabriella, 11, conta que as meninas de sua idade têm mesmo vergonha de falar que gostam de boneca porque isso “é infantil”. Ela mesma diz que hoje prefere ficar conversando com as amigas. Falando de quê? “Sobre... sobre... sei lá, às vezes, sobre meninos.” Já Thiago, 10, diz que não tem vergonha de inventar corrida com os carrinhos que coleciona. Coloca os carros em fila, faz barulho de motor em movimento: “Vruum, vruum, vruum!”, e planeja: “Só vou deixar de brincar de carrinho com 12 anos, aí vou estar mais velho”. A menina Ana, 9, explica um pouco como são essas mudanças: “A gente vai crescendo e deixando os brinquedos de lado, porque cansa”. “Quase adolescente” tem Dia da Criança O menino Kevin, 10, diz que a vantagem de ser pré-adolescente – ou “um quase adolescente” – é ter ainda Dia da Criança. Carrinho ou bonequinho de presente? Não, ele já encomendou para a avó um game de futebol. Seu amigo de escola, Mathias, 9, está na mesma onda: vai ganhar um videogame novinho. E não são só eles: Carolina escolheu uma bolsinha, Sophia deseja um toca-MP3 e Thiago quer uma fita do Harry Potter. Ninguém pediu brinquedo. [...] Gabriela Romeu.

        Folhinha, suplemento infantil do jornal Folha de S. Paulo, 8 de out. 2005. p.4-5.

        A partir da leitura do Texto, “O mistério dos brinquedos desaparecidos”, faça as questões a seguir.
1 -  O Texto afirma que “Meninos e meninas que começam a sair da infância contam que ainda gostam de brincar – mas em segredo”. A origem de manter a brincadeira em segredo é:
      A – ( ) a dificuldade de achar um lugar calmo.
      B – ( ) a preocupação de estragar o brinquedo.
      C – ( ) o medo de serem criticados pelos amigos.
      D – (X) o prazer de ficar sozinho.
      E – ( ) a má vontade de emprestar o brinquedo.

2 -  O verbo esticar, em “... para alguém que esticou...” (l. 7), significa:
      A – (X) trocar de posição.  
      B – ( ) mudar de lugar.
      C – ( ) consertar a postura.
      D – ( ) tornar-se maior.
      E – ( ) ajeitar o corpo.  

3 -  De acordo com as informações contidas na reportagem, só não se pode afirmar que:
      A – ( ) a incerteza é uma das características das fases vividas pelos meninos e meninas com idade entre 9 e 11 anos.
      B – ( ) as aspas foram usadas com uma única finalidade: reproduzir a fala dos entrevistados.
      C – (X) o texto revela que os “melhores amigos” dos jovens não ficaram esquecidos dentro dos armários.
      D – ( ) todos os entrevistados são crianças de, no máximo, 11 anos de idade.
      E – ( ) a expressão “segredo guardado a sete chaves” é um exemplo de linguagem figurada.

4 -  Em “E aí os objetos de infância – os brinquedos – até viram...” (l. 10), o emprego do duplo travessão:
      A – ( ) introduz uma explicação sobre o termo anterior.
      B – ( ) introduz uma descrição física.
      C – ( ) separa o vocativo do resto da frase.
      D – ( ) estabelece uma ideia de comparação.
      E – (X) intercala a fala do personagem.

5 - “Seu amigo de escola, Mathias, 9, está na mesma onda...” (l. 33) É correto afirmar que, de acordo com a passagem acima, estar na mesma onda é:
      A – ( ) fazer algo diferente da maioria.
      B – (X) não pedir brinquedo no Dia da Criança.
      C – ( ) preferir as brincadeiras infantis.
      D – ( ) não aceitar a entrada na pré-adolescência.
      E – ( ) permanecer com atitudes que caracterizam as crianças pequenas.

6 -  Entre o mundo das bonecas e o universo das mocinhas, ela já começou a frequentar espetáculos musicais. A que menina referem-se as características acima?
      A – ( ) Dora
      B – ( ) Gabriella
      C – (X) Sophia
      D – ( ) Clara
      E – ( ) Ana .

 7 - O vocabulário destacado em cada frase a seguir pode significar: somente, apenas ou sozinho(a). Em que opção ele assume o último significado citado?
      A – ( ) Ela só gostava de bonecas.
      B – ( ) A boneca é só um enfeite.
      C – ( ) Você só quer brincar de boneca?
      D – (X) As amigas delas só falam sobre os meninos.
      E – ( ) Ele brinca e não se sente só.

8 - É correto afirmar que o texto lido:
      A – ( ) oculta o comportamento dos pré-adolescentes.
      B – ( ) desvenda e explica o mistério anunciado no título.
      C – (X) cria ainda mais mistério para o leitor.
      D – ( ) aponta o entrevistado Kevin como o único que não vê vantagem em ser pré-adolescente.
      E – ( ) mostra a igualdade de atitude dos entrevistados Thiago e Dora, em relação aos brinquedos que possuem.